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quarta-feira, 25 de maio de 2016

Uma caminhada feita há uma década e meia atrás: de Lumiar ao Sana




Interessante como que a internet nos faz guardar algumas lembranças do passado! Ainda mais quando temos o hábito de escrever muito e compartilhar as nossas experiências como eu costumava fazer no começo da década passada em relação às saudosas caminhadas por Nova Friburgo e região (na época eu morava na serra), registrando- as num fórum de debates do UOL. E eu chegava a passar dias viajando pelas áreas rurais com a mochila nas costas

Pois bem. Nesta manhã, ao abrir a minha caixa de email, deparei-me com a mensagem de outro aventureiro que havia lido um de meus antigos relatos que foram republicados posteriormente e resolveu fazer a trilha que vai de Boa Esperança de Lumiar, 5º Distrito de Nova Friburgo, até o Sana, já no município de Macaé. Ele me escreveu o seguinte:

"Olá rodrigo,
vi no site trilhas e aventuras o relato da sua travessia de boa esperança até o sana.
Estou pensando em fazê-la no sábado agora. Pretendo passar a noite na serra queimada, porém estou muito preocupado com relação a me perder na trilha. Ela é tranquila? bem demarcada? Existe algum tracklog pra minimizar o risco?
muito obrigado, abs"  

Respondi então ao rapaz, alertando que a caminhada teria ocorrido há um tempão, as coisas poderiam ter se modificado, haveria riscos de ele se perder em alguns trechos da trilha e que não deveria fazer o passeio sozinho, lembrando da vez em que havia me perdido no Parque Nacional da Tijuca:

"Caro Marcus,
Certamente tem mais de 10 anos este relato que o referido site republicou . Na época, nem 30 anos eu deveria ter. Agora estou com 40 e já não moro mais em N. Friburgo. Se não me engano, deve ter sido em 2002 e as coisas podem ter se modificado bastante.
Bem, pelo que me recordo, a trilha se passa (ou se passava) pela zona rural, dentro de propriedades. É usada mais pelos moradores que vivem por ali do que pelos eventuais ecoturistas. O caminho é longo, bem cansativo e não possui sinalização suficiente em todo o trajeto que deu umas seis horas até S. Bento.
Lembro que a maior dificuldade enfrentada foi quando comecei a descer a Serra Queimada e atravessei uns pastos, quando a trilha some nos lugares descampados. E aí gastei um tempinho para achar onde ela continuava adiante.
Quando fiz a trilha, fui sozinho, porém não recomendo ninguém a imitar essa maluquice. Depois que me perdi no Parque da Tijuca em 2012, passei a respeitar mais as trilhas. Porém, se for em grupo, com barraca e lanterna, vale a pena o passeio.
Passar a noite na Serra Queimada deve ser legal. Nas vezes em que fiz a trilha, segui direto. Saí tipo de manhã e cheguei ao Sana no final da tarde. Se for no sábado e dormir na Serra Queimada, vai estar no Sana só no domingo, dia de voltar pra casa.
De qualquer modo, vá preparado e em grupo, sabendo que precisará perguntar aos moradores de Boa Esperança de Baixo onde começa a trilha pro Sana e contando com a possibilidade de talvez nem haver mais caminho porque, com o tempo, alguns sitiantes podem ter deixado a região, o caminho desaparecido para dificultar a passagem de caçadores, criarem áreas de preservação ambiental, etc... Talvez não custe tanto ir lá pra saber. Depois me conta!"
Tendo lhe enviado a mensagem, fiquei curioso para conferir qual o ano exato do meu passeio (descobri ter sido em agosto de 2001) e ler esse relato no tal site que o Marcus havia informado de modo que, com a ajuda do Mr. Google, não foi difícil achar o artigo Travessia de Boa Esperança do Lumiar até Sana a pé, republicado em 02/02/2014, o qual passo a compartilhar com vocês com algumas poucas correções textuais e atualizações em colchetes, porém sem alterar o conteúdo:


Travessia de Boa Esperança de Lumiar até o Sana a pé


Dia 1 de agosto [de 2001], quarta feira, fiz uma deleitosa caminhada a partir de Boa Esperança de Lumiar até a região de Sana e serras macaenses. Meu passeio durou três dias e fiz todo o percurso sozinho, atravessando as mais diversas paisagens além de enfrentar um sol forte sobre o rosto apesar de estarmos na estação fria. Tudo começou às 11:30 quando tomei o ônibus saindo do centro de Friburgo cujo destino final é Boa Esperança de Cima, uns 4 km pra lá de Lumiar.

Devo ter iniciado a andança lá por volta de 12:30 ou 12:45 quando saltei em Boa Esperança de Baixo, justamente perto do local onde a santa teria aparecido na década de 50, segundo uma plaqueta que vi pelo caminho. Peguei uma estrada e fui subindo morro acima até dobrar à esquerda na primeira bifurcação, passar duas pontes, virar à direita e pegar a trilha ao lado da primeira porteira. Este ano cheguei a passar pelo mesmo trecho inicial quando fui a São Romão, porém logo no comecinho da trilha os trajetos se diferenciam de modo que precisei dobrar à esquerda e novamente à direita afim de ir em direção à Serra Queimada e sair no Sana.

A subida é bastante cansativa e íngreme causando a impressão de que eu estava subindo uma montanha do Nepal sem neve. A mata encobre todo o visual, mas em alguns trechos é possível avistar os outros montes. Há poucas fontes d`água junto à trilha sendo que somente bem lá nas partes mais altas foi possível encontrar dois filetes dessa importante substância líquida responsável pela constituição do corpo humano. Ouvi vozes de duas pessoas ali perto e os ruídos de um rádio comunicador, mas não cruzei por ninguém até romper pro outro lado. Fiquei na dúvida se os dois homens seriam moradores, turistas ou alguém do governo atuando em serviço. Como na última vez em que vi um guarda florestal no meio do mato, tive um revólver apontado pra minha cabeça por ser confundido com um caçador, desejei não encontrá-los naqueles instantes.

Com quase duas horas de pernada, cheguei até o alto da Serra Queimada na divisa de Nova Friburgo com Macaé, embora ambas as cidades estejam mais de 100 km distanciadas pelas rodovias. Contudo, a vista é surpreendente e compensa todo o esforço. O local é naturalmente descampado e permite o excursionista enxergar desde os Três Picos de Salinas, que fazem limite com Teresópolis, até o Litoral no outro lado junto com a Lagoa de Juturnaíba em Silva Jardim e o Pico Peito do Pombo em Sana, cuja escalada é feita por audaciosos montanhistas após 4 horas de trilha. Eu me desmontei ao contemplar aquela beleza sem limites sentindo por dentro uma imensa alegria em ter vencido mais um desafio físico. Tal conquista me trouxe a sensação de ter aprimorado um pouco mais o meu conhecimento geográfico sobre a região na qual eu vivo, algo que muita gente do local não dá o devido valor.

Se eu estivesse com barraca e todo o equipamento necessário para suportar a longa noite fria, talvez eu ficasse ali para ver as cidades do litoral todas iluminadas e depois sentir os primeiros raios da manhã do segundo dia do mês. Então, despedi-me minutos após daquela magnífica visão e prossegui morro abaixo em direção à cabeceira do São Bento, um dos afluentes do rio Sana. Novamente mergulhei num outro trecho de mata até chegar num imenso pasto. Foi por ali que encontrei um homem conduzindo um garoto montado num burrinho. Cumprimentei o viajante tirando com ele alguns momentos de prosa.

É incrível como tenho a facilidade de me confundir em terrenos de pasto! Vi rastros de boi pra tudo quanto é lado e que não levam pra lugar algum. Tive que contornar pelo acero da propriedade acompanhando uma cerca de arame farpado até localizar uma porteira mais adiante que dava acesso à continuação da trilha num outro pedaço de mata. Segui por ela até chegar num segundo pasto e reconhecer uma salvadora estrada. Nela, ao ver o primeiro poço no rio, aproveitei para tomar um banho e relaxar a cabeça.

Alguns moradores de São Bento me informaram sobre um atalho que me deixaria mais perto do Sana sem que fosse preciso andar por muito tempo pela estrada principal. Após passar por uma árvore alta, fiz conforme me orientaram de modo que subi um pequeno morrinho, atravessei depois uma pinguela e saí próximo à Pousada São Pedro. Dali em diante seriam somente uns 20 minutos, mas rapidamente o dia escureceu. Devo ter gastado pouco mais do que cinco horas para completar a minha exaustiva travessia, a qual não aconselho ninguém a fazer sozinho caso não tenha preparo ou desconheça a região.

Procurei pelo único estabelecimento que vendesse um PF [prato feito] à noite naquele dia e fui até a Pensão do Sol Nascente. Pra minha felicidade, peguei o Sana mais vazio e sossegado, entretanto, a regra não é a mesma para os finais de semana, feriados ou dias de alta temporada. Nessas épocas, os turistas do Rio e Niterói lotam os acampamentos, os bares enchem e o regue no estilo Jamaica-Brasil toma conta das noites. Aliás, a arte e a vida cultural são a tônica do Sana.

Colonizado por suíços no início do século 19, o lugar foi uma rica região produtora de café até 1930 quando houve a crise e Getúlio [Vargas] mandou suspender esta atividade. Depois os moradores que sobreviveram à urbanização passaram a viver da cultura da banana e agora suas principais fontes de renda são o turismo e a pecuária. Há muita gente de fora no Sana, inclusive ex-hippies, e que exploram o comércio local. Todavia, tudo seria paz e amor se não fosse o uso indiscreto de drogas pelos adolescentes e a necessidade de recuperação ambiental que conflita com as pastagens.

E foi justamente por causa do meio ambiente que eu tinha ido até lá, pois eu precisava me informar sobre a organização de um horto de espécies florestais nativas com a ONG Pequena Semente a fim de implantar uma sistemática semelhante em meu município. Eu precisava ver de perto como funciona um trabalho de reflorestamento, o qual não é tão simples como se imagina, pois exige dedicação e amor ao que é feito.

Dormi na casa do presidente da Pequena Semente, sr. Márcio do Nascimento. Com a visão atingida pela cegueira, Márcio enxerga mais do que muitos sobre a questão ecológica e mantém pelo seu ideal um precioso jardim de mudas muito bem equipado com uma sede, aparelhos para irrigação e empregados. Algumas mudas a ONG vende e outras são exclusivamente destinadas à regeneração da Mata Atlântica tais como o jequitibá rosa, o ipê amarelo, o cedro, o jacarandá, a quaresmeira, o para-raio, o pau-ferro, a sapucaia e a braúna. Vi fruteiras, as quais normalmente são atrativos para os pássaros como um alimento e costumam pegar dentro da mata como por exemplo os pés de ameixa, de cambucá, de jaca, de pitanga e de outras espécies. São frutas que hoje muitos jovens nem conhecem principalmente porque não há mais proveito comercial. Já as espécies arbóreas, ainda que não produzam alimentos, servem de abrigos para as aves que precisam de seus galhos para nidificarem. Assim todo ser vivo cumpre a sua função na formação do ecossistema.

Passei a manhã do dia 2 [de agosto de 2001] inteiramente na Fazenda Barra do Sana onde está situado o horto. Parte da gleba é tombada como RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) sendo que por aquela região existem outras propriedades que deram o mesmo exemplo de conservação. Algumas delas se encontram nos municípios de Casimiro de Abreu e de Silva Jardim participando do projeto de preservação do mico-leão-dourado. Nossas horas, no entanto, foram bem proveitosas porque pude trocar muitas ideias sobre como seria a montagem de um horto. Cheguei à conclusão de que é preciso vencer alguns obstáculos como a falta de recursos e o preconceito de algumas pessoas que sempre trabalham contra quem está fazendo algo bem feito.

[Partindo do Sana]

Despedi-me de Marcio e tomei um caminho que vai de Barra do Sana até Bicuda Pequena, porém não pela trilha e sim por uma estradinha na qual raramente passa algum automóvel. Peguei o forte sol do meio dia sobre a minha cabeça encarando uma serra quase tão alta quanto aquela de Boa Esperança. Do alto, descortina-se uma bela paisagem podendo observar o rio Sana esprimido pelos morros. Pro outro lado, dá pra ver o litoral com suas cidades, porém, bem mais próximos do que avistados da Serra Queimada. Talvez por isso a pequena localidade que encontrei mais adiante se chame Boa Vista, na qual vivem simples agricultores. Achei pelo caminho dois homens da CERJ (Companhia Energética do Rio de Janeiro) que me perguntaram se a fruta de uma determinada árvore seria laranja ou limão. Eles vinham de carro desde Bicuda Pequena analisando os medidores estavam com fome. Disse a eles que, na dúvida, evitassem forrar o estômago com a fruta, pois é o mesmo que levar um tiro chupar limão galego com a barriga vazia.

Com mais de duas horas caminhando passei por uma bifurcação na qual o caminho da direita vai para Serro Frio e o da esquerda descia para Bicuda Pequena. Tão logo avistei a Pedra da Bicuda, uma curiosa formação rochosa pontiaguda que pode ser conquistada após quase 3 horas de caminhada. O arraial de Bicuda fica num buraco de serra em baixas altitudes e à beira de um afluente do rio Macaé. Moram poucas famílias e cachoeiras brotam por toda parte ainda que escondidas do olho de quem anda naquela estrada. Almocei no único restaurante aberto e sem ânimo para continuar a minha peregrinação, fiquei conversando por ali até o final da tarde. A dona do estabelecimento me disse onde se situavam as duas pousadas do lugarejo.

O lugar pode não ter nada pra quem quer um agito noturno, mas é excelente para se ter paz e tranquilidade. O povo é muito religioso e as pessoas ou são batistas ou frequentam a Assembleia de Deus. Não conheci nenhum católico ali embora, no passado, todos fossem [seguidores do catolicismo], sendo que uma velha igreja aos poucos ia sendo apagada pelo tempo. Hospedei-me na agradável pousada de Lúcio e Bete, os quais me receberam super bem, têm um excelente papo e sabem dar a merecida atenção ao visitante. Ficamos horas falando sobre meio ambiente, política e da própria sociedade. Dormi lá pelas 21 horas e panquei como uma pedra.

Na sexta feira, dia 3/8 [de 2001], levantei cedo, tomei café com os donos da pousada, conversamos por alguns minutos, mas precisei por novamente os meus pés na estrada. Segui pra Cachoeiro de Macaé a fim de sair depois na rodovia Serramar que liga Casimiro de Breu a Lumiar. Foi uma caminhada mais leve porque não precisei enfrentar subidas pesadas e o horário estava propício. Em boa parte do trajeto acompanhei o rio Macaé em seus trechos de baixada, porém sempre subindo. Por uns breves instantes, tive a companhia de um jovem a cavalo que me informou sobre a difícil realidade de um trabalhador local que precisa se sujeitar a [receber] diárias de 10 reais para sobreviver. Graças às prosas com as pessoas do local, fui informado sobre um recente assentamento de [ex-] sem terras em Bicuda Grande e que, felizmente, tem progredido bem.

Em Cachoeiro de Macaé, fiquei assustado com o baixo volume d`água daquele majestoso rio cuja nascente é em Nova Friburgo. Para verificar melhor a situação, fui e voltei por uma ponte antiga construída com arames, cordas e madeira e que balança muito. Sobre ela vi o fundo do leito com suas pedras visíveis. Segundo os moradores, há cada vez menos peixes e atribuí este acontecimento ao esgoto dos povoados mais acima como Sana, Lumiar e São Pedro da Serra. Prosseguindo, vi mais acima uma balsa extraindo areia do rio causando dessa forma o seu rápido assoreamento junto com o aumento das pastagens.

Daquele ponto até a Figueira Branca, na rodovia Serramar, devo ter feito em meia hora o trajeto passando por um trecho em que o Macaé começa a se tornar encachoeirado deixando de ser um rio de planície. Dali pra cima, provavelmente as embarcações que trafegavam no tempo antigo não podiam mais prosseguir. No bar do Moisés, único ponto de referência de Figueira Branca, passei o tempo conversando com um historiador de Rio das Ostras sobre a origem indígena dos nomes e dos fatos que preencheram a colonização. Descobri que o rio Macaé separava as capitanias de São Vicente e de São Tomé por alguns anos do século 16. Nosso papo foi muito proveitoso porque aprendi bastante com aquele animado senhor que me pareceu ter um espírito bem jovem e que, assim como muitos idealistas, também se preocupa com a ecologia. Almoçamos por perto e nossa prosa durou até às 16 [horas] daquele dia.

Voltei de carona com um ex vizinho meu do [distrito friburguense de] Amparo que me reconheceu. Ele me trouxe boas notícias de lá, inclusive de um tomateiro que eu tinha plantado no princípio do ano e que agora estava carregado. Chegamos em Friburgo quando começava a anoitecer e, ao abrir a porta de minha casa, havia muita coisa para se fazer antes que minha noiva [Núbia] chegasse do Rio de Janeiro. Recolhi as cartas, lavei as panelas e fui tomar banho. Satisfeito com o passeio, comecei a escrever este texto.

PLANTAR FLORESTAS PARA TER ÁGUA!


OBS: Foto acima extraída de uma página da Prefeitura Municipal de Macaé, com créditos autorais a Robson Maia, conforme consta em http://www.macae.rj.gov.br/noticias/leitura/noticia/prefeitura-regulariza-entrada-de-visitantes-na-apa-do-sana

4 comentários:

  1. Nesse tempo eu era estudante de Direito no campus de Nova Friburgo da Universidade Estácio de Sá e ainda não tinha casado com Núbia. Éramos só noivos. Morava de aliguel num dos escadões que liga a Rua Augusto Severo ao bairro das Braunes.

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  2. Gostei muito do seu relato sobre a travessia, pois já subi muitas montanhas em Friburgo e andei por diversos lugares e sei como é maravilhoso. Agora, amigo, todas as semanas quando passo pela estrada Cachoeiras-Friburgo, nem olho mais para os lados, tal a devastação que esta ocorrendo. Com isso o Rio Macacu esta seco e as chuvas somente ocorrem no final do ano. Creio que a humanidade pirou de vez.

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    1. Olá, amigo.

      Primeiramente obrigado por sua leitura e comentários.

      Morei em N. Friburgo por 12 anos (fev/1999 a dez/2011) e, embora tenha testemunhado a criação da APA Est. de Macaé de Cima do Parque Est. dos Três Picos, também fui observando a devastação ambiental na RJ-116 bem como em outros lugares. Apesar das florestas terem aumentado nas áreas rurais que antes eram de produção, a especulação imobiliária passou a causar talvez o maior impacto. Tanto em N. Friburgo como nos municípios vizinhos.

      Nos tempos que morei lá, umas das caminhadas que mais fiz foi a travessia da antiga linha de trem hoje sem os trilhos que é paralela à rodovia. Por várias vezes fui caminhando de Theodoro de Oliveira até Cachoeiras de Macacu a pé, passando primeiro pelo asfalto atrás do posto policial na divisa dos dois municípios. Completava o roteiro eco-histórico em cerca de 7 a 8 horas, sendo que costumava frequentar a casa de um amigo cachoeirense muito conhecido naquela cidade - o Jorge Passarinho.

      Realmente é triste ver o estado do Macacu assim como da maioria dos rios de nosso país. Lembro que, quando conheci o Guapiaçu, o volume d'água já era baixíssimo. Antigamente, quando balsas de inhame subiam da Baía de Guanabara para lá, ambos os rios foram navegáveis em seus trechos de planície. Aliás, os imigrantes suíços chegaram ao pé da serra vindo de banco no começo do século XIX, antes mesmo da extinta ferrovia ter sido construída.

      É a História que passa, mas ainda tenho a esperança de que, aprendendo com as dificuldades que nossas gerações têm legado, nossos bisnetos e tataranetos talvez escrevam um outro futuro melhor lá para o século XXII. Isto é, se a humanidade conseguir sobreviver a ela mesma até ela. Espero que sim e planto semente pra isso.

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    2. Em tempo!

      Um outro relato sobre a região de Cachoeiras de Macacu e de Nova Friburgo que talvez vá gostar também seja este:

      Recordações das das viagens perto de casa, de 12/05/2014:

      http://doutorrodrigoluz.blogspot.com.br/2014/05/recordacao-das-viagens.html

      Abraços

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