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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

De braços abertos para o turista?

Estou morando há menos de duas semanas aqui no Rio de Janeiro, cidade que sediará as Olimpíadas de 2016 e também alguns jogos do Mundial de futebol de 2014. Porém, pelo que tenho observado, ainda falta muito para o Brasil atrair uma quantidade de turistas compatível com o seu potencial e que seja comparável com os países mais visitados.

Um dia desses, pensei em levar minha esposa ao Corcovado e, ao telefonar para a empresa responsável pelo transporte de passageiros, após ter aguardado indefinidamente pelo atendimento humano, em sucessivas ligações, não obtive a informação que desejava acerca do preço do trenzinho e se eles aceitam cartão de crédito. Uma das funcionárias que pegou a minha ligação, não sabia dar a resposta e pediu que eu aguardasse.

Uns dias atrás, escrevi um texto neste blogue sobre o nosso terminal rodoviário e os insatisfatórios serviços dos táxis. E verdade seja dita, o Poder Público parece não estar investindo o suficiente em serviços de orientação ao turista e nem em capacitação da população da cidade para que os comerciantes aprendam a lidar melhor com o público.

Pensando no turismo, que é uma indústria sem chaminés e capaz de se tornar uma das melhores alternativas de desenvolvimento para a cidade, percebo que, se alguém desembarca na Rodoviária Novo Rio, verá de cara uma péssima impressão do lugar e, dificilmente, conseguirá receber as informações que necessita. Por sua vez, os taxistas dali, que poderiam aproveitar a visita de alguém de fora para oferecer passeios pela cidade, nem ao menos vislumbram esta possibilidade de negócio.

Outra coisa absurda que vejo é a impossibilidade de alguém locomover-se pela cidade utilizando a bicicleta como seu meio de transporte. Enquanto muitos brasileiros já exploraram a Europa pedalando, eis que, no Rio de Janeiro, isto é praticamente inviável. E, mesmo se um morador da cidade, arriscar ir da Zona Norte até a Zona Sul em sua bike, o risco de vida devido à ausência de uma ciclovia e o desrespeito dos motoristas de veículos automotores tornam a aventura desaconselhável.

Ora, mas será que interessa aos governantes locais investir suficientemente no transporte alternativo?

Esta manhã, fui de ônibus de Vila Isabel até Caxias e, no trajeto, observei várias faixas de protestos contra o prefeito Eduardo Paes (PMDB) por ele não estar se importando com a Leopoldina, conforme prometera em campanha. Segundo os cartazes, o atual governante estaria se preocupando mais com a construção da TransCarioca do que com o saudável transporte ferroviário.

Lamentavelmente, é assim que os peemedebistas Eduardo Paes e Sérgio Cabral tratam o transporte público no Rio de Janeiro, de modo que chego a desconfiar de que estes políticos estejam privilegiando as empresas de ônibus. E, sendo assim, tenho também minhas dúvidas se uma presença maior de turistas na cidade não iria ajudar nas denúncias contra as decepcionantes autoridades locais e regionais.

Ano que vem, o Rio e os outros municípios brasileiros terão eleições, o que seria uma ótima oportunidade para o povo escolher representantes melhores. Há quem diga que a reeleição de Eduardo Paes é quase certa, o que não duvido muito, embora isto não me desanime a fazer oposição aos caciques do PMDB fluminense. E, como o mundo não vai acabar em 2012, já que o Brasil não tem estrutura suficiente para receber um evento deste porte, pretendo fazer campanha pelo voto consciente sem me vincular a qualquer partido.

De qualquer modo, a vitória nas urnas desses caras tem sido um reflexo da mentalidade e da acomodação de muitos cidadãos cariocas. Isto sem nos esquecermos do medo (irracional) de que uma Prefeitura comandada por alguém de um partido de oposição ao governador possa inviabilizar as obras dos eventos esportivos. Assim, cada vez mais estou convencido de que só revolucionaremos a cidade dando ao povo uma formação política para a cidadania, o que, inegavelmente, depende de uma educação de qualidade.

Desejo desde já boas festas a todos os que têm lido meus artigos aqui no blogue e que 2012 seja um ano de mudanças radicais. Tanto pro Rio de Janeiro quanto para o mundo todo.


OBS 1: A primeira ilustração acima refere-se à foto do Cristo Redentor, principal cartão postal da cidade, e pertence ao acervo da Riotur, tendo sido extraída de http://www0.rio.rj.gov.br/riotur/pt/atracao/?CodAtr=3903

OBS 2: A segunda imagem refere-se ao futuro trajeto da TransCarioca, um projeto metropolitano de Bus Rapid Transit da cidade do Rio de Janeiro que tem por objetivo ligar a Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional Tom Jobim. Foi extraída da Wikipédia, classificada como material de domínio público: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:NovasViasExpressasRJ.JPG

domingo, 18 de dezembro de 2011

Esculpindo vidas

“Em todo bloco de mármore vejo uma estátua como se ela estivesse de pé diante de mim, já formada e perfeita em atitude e ação. Só tenho de desbastar as paredes rudes que aprisionam a bela figura e revelá-la aos outros olhos que não podem vê-la”. (Michelângelo)


Michelângelo Buonarroti (1475-1564) foi certamente um dos maiores artistas da humanidade, sendo praticamente impossível falarmos na Renascença sem nos lembrarmos de algumas de suas famosas como Davi, Moisés, a Pietà ou O escravo moribundo. E o mais interessante era que, aos olhar para um pedaço de pedra, ele conseguia vem além daquela matéria informe figuras com formas que brotavam em sua mente criativa.

O pastor norte-americano Greg Cootsona, autor do excelente livro Aprenda a dizer não, publicado no Brasil pela editora Mundo Cristão, fez um interessante estudo da vida do artista. Segundo ele, Michelângelo

“discerniu, presa dentro do bloco rígido, uma beleza que tinha de ser libertada. Assim, trabalhou com toda a genialidade e persistência que podia reunir. Desde então, o que surgiu da pedra tem admirado e fascinado os espectadores. Há quem considere a estátua de Davi a maior escultura já criada. Michelângelo desvendou a beleza através daquilo que removeu (...) descobriu que poderia criar sua escultura somente removendo aquilo de que a figura não necessitava até alcançar a beleza de sua forma inerente (...) Olhando com mais intensidade o rosto de Davi de Michelângelo, você pode ver uma projeção idealizada do artista – não sua figura real, mas a criatividade que o impulsionava (..) A precisão da visão combinada com uma incrível determinação levou Michelângelo a olhar objetivamente através do bloco informe e enxergar ali dentro a figura na qual o mármore poderia transformar-se. (extraído das páginas 25 a 29 do livro)

Igualmente, nós também podemos ser considerados uma obra-prima viva do grande Artista do Universo. Bendito seja Ele! Todavia, não somos esculturas prontas e acabadas pois estamos todos em permanente construção (e desconstrução), precisando evoluir a cada dia.

Segundo o livro de Gênesis, quando Deus criou a Terra, ela estava “sem forma e vazia” (ARA), o que pode expressar um estado anterior de desordem e caos, como se observa pela compreensão dos termos hebraicos tohu e bohu. Ou seja, no princípio, tudo ainda era uma criação que aguardava ser formada até que o movimento determinado da Vida, o ruah, o “grande vento”, foi inteligentemente moldando todo o Universo. Uma criação que, teologicamente falando, podemos dizer que é ex nihilo, isto é, “do nada”, em que apenas o Eterno transcende.

Neste sentido, vale a pena meditarmos nesta valiosa passagem bíblica:

“Pela fé entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem” (Hebreus 11.3; ARA)

Uma outra tradução deste verso acima citado diz que “o mundo visível não tem sua origem em coisas manifestas” (Bíblia de Jerusalém). Isto significa que a realidade é algo muito mais abrangente do que as coisas perceptíveis pelos nossos cinco sentidos, sendo assim o visível uma mera sombra ou parte de um todo. E eu acredito que o mesmo pode ser aplicado ao ser humano quando analisado de um ponto de vista transcendente. Como o Criador de fato nos vê.

De que maneira temos olhado para nós mesmos ou para o nosso próximo?

Será que nos percebemos como blocos duros de mármore impossíveis de sermos trabalhados?

Ou será que dentro de cada um não existe uma bela pessoa desejada por Deus e que só está aguardando ser esculpida e libertada?

Precisamos permitir que o grande sopro do Criador, o Espírito Santo, trabalhe em nós sem oferecermos resistência ao projeto divino. Creio que Deus não abandona a sua criação e continua criando, expandindo o Universo, permitindo a evolução de novas formas de vida e esculpindo os corações dos homens. E isto Ele faz removendo tudo aquilo que impede a manifestação de nossa forma espiritual. A saber, retirando os rancores, a imoralidade, a inveja, a intolerância, a ignorância, o egoísmo, os maus hábitos, as máscaras e a falta de fé.

A obra divina em nossas vidas coincide com o que a Epístola aos Gálatas diz nos versos 16 ao 26 do seu capítulo 5 em que Paulo contrasta as “obras da carne” com o “fruto do Espírito”. Não que o texto estivesse se referindo ao corpo humano quando o apóstolo fala em “carne”, mas sim à nossa maldade, à “árvore do conhecimento do bem e do mal” situada dentro do nosso Éden interior, da qual muitas vezes preferimos nos alimentar ao invés de buscarmos a “árvore da vida”.

Inegavelmente esta é a grande diferença entre as obras de Michelângelo e nós que somos obra-prima de Deus. O brilhante escultor dos séculos XV e XVI não perguntava ao mármore se o material bruto queria transformar-se em Davi. Contudo, o Eterno respeita o nosso livre arbítrio e nos propõe escolher entre a vida e a morte, a benção e a maldição, o caminho estreito e o caminho largo. O seu reino está com as portas sempre abertas nos aguardando com abundante graça, cabendo à humanidade decidir se quer entrar nele ou permanecer na sua obscuridade espiritual.

Desejo que, nesta semana, você receba de Deus toda a sabedoria e a criatividade necessárias para que a divina obra se realize em seu viver, com muita paz e graça.


OBS: A imagem acima trata-se de uma foto da escultura Davi, tirada por Rico Heil, e se encontra na Galeria da Academia de Belas Artes de Florença, Itália. Foi extraída da Wikipédia na presente data.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Insatisfatório serviço de táxi na rodoviária Novo Rio


Lamentavelmente, o terminal rodoviário Novo Rio, umas das principais portas de entrada da Cidade Maravilhosa, ainda é um ponto esquecido no mapa das políticas governamentais.

Situada num local feio, fétido e poluído, a rodoviária é também um lugar isolado, sem contar com uma estação de metrô e que nem sempre pode dispor de opções confortáveis para transportar o passageiro com um padrão de qualidade satisfatório. É o que se vê, por exemplo, em relação aos serviços de táxi oferecidos ali.

Ontem (14/12/2011), ao desembarcar no terminal, pouco antes das 20 horas, fiquei por vários minutos aguardando um táxi da cooperativa para me levar até o Grajaú, mesmo pagando uma cara tarifa pré-fixada de R$ 26,00 com bandeira 2. Pois, logo após comprar o bilhete do táxi dentro da rodoviária, o consumidor ainda fica em pé numa fila no lado de fora da rodoviária esperando a sua vez de entrar no carro.

Há momentos em que é fácil conseguir um táxi comum. Mas, em outras ocasiões, não. E a fila pode durar muito tempo...

Nesta quarta-feira, além de ter chovido na cidade (fator que aumenta a demanda pelo serviço de táxi), parece ter havido também congestionamentos no trânsito, o que são acontecimentos previsíveis e corriqueiros nas grandes cidades brasileiras. Porém, segundo me informou o motorista, as filas podem chegar a dobrar quarteirões em épocas de feriado, como se vê nos dias quentes de final e começo de ano.

Ora, como que esta cidade pretende receber turistas nos eventos esportivos agendados para a presente década?

Ou será que na cabeça do prefeito Eduardo Paes as pessoas só vão ficar andando de avião durante a Copa de 2014?

Além do mais, não é justo que pessoas idosas, gestantes e mães com criança de colo sejam atendidas em condições tão absurdas. E, sendo assim, onde é que fica o direito à prioridade desses cidadãos e a observância do princípio constitucional da dignidade do ser humano?

Refletindo sobre a maneira pouco respeitosa em que o consumidor é tratado na rodoviária do Rio, concluí ser indispensável o Poder Público obrigar as empresas prestadoras de serviços de táxi a disponibilizarem ali uma sala de espera com ar condicionado e assentos. Deste modo, ao invés do passageiro ficar em pé e com sua bagagem formando fila numa calçada imunda, o usuário aguardaria sentado numa cadeira ergometricamente correta, esperando ser chamado conforme a numeração de sua senha.

Outrossim, este tipo de serviço precisa de novas e melhores regras que, através de lei municipal, assegure mais qualidade, segurança e respeito ao consumidor. Pois, tendo em vista o preço cobrado pelos taxistas, bem como os interesses da coletividade, nossas autoridades precisam adotar medidas que reduzam a vulnerabilidade do passageiro.

Entendo que, se o órgão local com poderes de regulação puder elaborar e aplicar um eficiente plano de metas de qualidade para ser gradualmente alcançado até 2016, a situação deste tipo de transporte poderá mudar consideravelmente em todo o município do Rio. Assim, todas as empresas e cooperativas passariam a fornecer protocolos padronizados que facilitariam bastante a fiscalização pelo Poder Público e pela sociedade. Neste caso, um chamado telefônico, em condições normais, teria que ser cumprido dentro de um prazo máximo. Qualquer atraso obrigaria o fornecedor a devolver imediatamente o dinheiro pago acrescido de uma multa a ser recebida pelo consumidor para compensar a perda de tempo, sem prejuízo de uma eventual reparação por danos material ou moral. E, caso a empresa ou cooperativa trabalhe com cartões de crédito ou de débito, teria que tratar todos os seus clientes com igualdade, não podendo dar um tratamento diferenciado para aquele que paga em dinheiro ou aceitar apenas esta forma de pagamento quando a procura aumentar em razão de fato extraordinário (houve vezes em que a cooperativa de táxis na rodoviária só estava aceitando pagamentos em dinheiro porque a demanda tinha disparado).

Independente de quaisquer mudanças na legislação aplicável aos táxis, o Poder Público deve também ser mais exigente na relação contratual no tocante à prestação desse serviço em terminais rodoviários, aeroportos, estações ferroviárias e de transportes aquáticos. Não apenas por causa do alto fluxo de pessoas, mas principalmente em razão das condições específicas do passageiro que, além de estar portando bagagem, também sofre o cansaço físico decorrente da viagem e necessita de um espaço adequado para aguardar pelo seu atendimento. E aí, se a lei passar a exigir esta cláusula para fins de validade contratual, bem como houver vontade política da Prefeitura, as coisas poderão começar a mudar.


OBS: A foto acima, cuja autoria é atribuída a Eliane Carvalho, foi extraída do site da Prefeitura do Rio de Janeiro em http://www.rio.rj.gov.br/web/smtr/exibeconteudo?article-id=1426064

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Atendimento demorado da Oi Fixo em Copacabana!

Mudei-me há poucos dias para o Rio de Janeiro e já estou arrumando minhas brigas com a Telemar, empresa conhecida também como Oi Fixo.

Ontem (12/12/2011), compareci ao atendimento presencial da empresa na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, na Zona Sul do Rio, afim de solicitar a transferência de titularidade da linha telefônica que era utilizada pela minha avó paterna, falecida em setembro deste ano, para o meu nome. O horário de chegada na loja da Oi se deu por volta das 16:18 horas, mas só consegui ser de fato atendido às 17:25 horas, tendo aguardado por um período superior a uma hora!

Acontece que o tempo de espera neste posto de atendimento da concessionária tem sido demasiadamente excessivo e viola frontalmente os direitos do consumidor e os princípios que norteiam o Plano Geral de Metas de Qualidade da ANATEL, motivo pelo qual, hoje mesmo, já registrei uma reclamação perante a agência reguladora sob o n.° 1802185.2011.

Conforme notei, através de conversas com outros consumidores presentes no local, a demora no atendimento parece ser uma constante nesta loja da empresa, valendo ressaltar que alguns serviços, como a transferência de titularidade de uma linha, só pode ser resolvidos presencialmente, tendo em vista as peculiaridades de determinados casos. Ainda mais quando o usuário encontra-se com um precário acesso à rede e sem internet ligada na sua casa, como é a minha situação nestes dias após a mudança.

De qualquer modo, a demora excessiva no tempo de espera é de todo injustificável porque causa atraso de vida ao cidadão, além de irritação, angústia, indignação, aborrecimentos, cansaço físico e outros transtornos que afetam os compromissos das pessoas. Principalmente quando estão relacionados ao trabalho do usuário que nem sempre tem a disponibilidade de ausentar-se por um período mais longo do seu emprego ou contar com algum patrão um pouquinho compreensivo.

Ora, pelo que pude observar nesta segunda-feira, eis que o posto de atendimento da empresa carece de mais funcionários para atender melhor ao público. O espaço do local chega a ser ocupado com outras atividades, sendo que a concessionária poderia muito bem ocupar toda a loja com o serviço de atendimento ao público, bem como direcionar o consumidor conforme o tipo de demanda apresentada, tendo em vista as hipóteses que precisam ser sanadas ali. Isto porque algumas solicitações, a exemplo da transferência de titularidade de uma linha, só podem ser tratadas em lojas próprias da Oi Fixo.

Como se sabe, atualmente a Oi Fixo tem procurado ampliar o seu atendimento presencial pela via da terceirização, o que tem sido um artifício para a concessionária não ter que dispor de um número maior de lojas próprias. E, no Rio de Janeiro, conforme a orientação que recebi pelo telefone na central 10331, só existiriam três lojas próprias da concessionária, as quais estariam situadas na Avenida Chile, em Copacabana e, salvo engano, em Bangu. Porém, se a informação dada pelos telefonistas procede, eis que não há nenhuma loja própria que presta o serviço Oi Atende na Zona Norte do município do Rio de Janeiro.

Prezado leitor, não dá para aceitarmos que, numa cidade no porte do Rio de Janeiro, futura sede dos jogos olímpicos de 2016, faltem postos de atendimento próprios da concessionária de telefonia fixa em bairros expressivos e populosos, os quais recebem um considerável fluxo de pessoas, a exemplo da Tijuca, Meyer ou Madureira. Pois, se uma cidade como Petrópolis, que tem uma população inferior a alguns bairros cariocas, dispõe de uma loja própria da Oi Fixo, por que este serviço, que eu chamaria de Oi NÃO Atende, não pode contar com uma loja própria na Zona Norte?

Além do demorado tempo de espera no posto de atendimento da Oi, que, por si só, já é um absurdo, deve-se considerar que o consumidor também sofre com o seu deslocamento, enfrentando trânsito, dependendo do precário transporte coletivo urbano ou tendo que achar um local adequado para estacionar o carro na rua. Isto se a pessoa não vier a pagar por um caro estacionamento no Rio, o que é caríssimo por aqui.

Acrescente-se ainda que a concessionária tem exigido que, nas hipóteses de alteração de titularidade da linha de telefone, o consumidor ainda precise fazer o reconhecimento de firma em cartório, não sendo suficiente pra eles a simples exibição dos documentos de identificação. E, com tais exigências fora do razoável, os gastos financeiros do usuário da telefonia e a perda de tempo tornam-se ainda maiores, já que o consumidor ainda tem que enfrentar outra fila no tabelionato de notas.

Será justificável tanta burrocracia só para alterar a titularidade de uma linha telefônica?

Indignado com o que assisti, resolvi ir hoje ao Ministério Público e protocolizei uma representação contra a Telemar lá no sétimo andar do número 26 da Rua Rodrigo Silva, onde está situado o atendimento das Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, visto que o problema afeta uma coletividade de cidadãos e diz respeito a um serviço essencial.

Não sei se o MP já está fazendo algo quanto ao insatisfatório atendimento da Oi Fixo aqui no Rio. É provável que sim e talvez já existam procedimentos investigatórios, termos de ajustamento de conduta ou até ação civil pública. Contudo, desejo que o problema se resolva para o bem de todos e que a Oi Fixo melhore o seu atendimento porque se trata antes de mais nada de uma questão de inteligência afim de agradar o cliente, permitindo que a vida possa fluir para todos dentro da sociedade, o que, certamente, será bom pra todo mundo. Inclusive para quem presta o serviço de telefonia.

OBS: Imagem extraída do site http://www.consumidorrs.com.br/rs2/inicial.php?case=2&idnot=15465 

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Procurando por vida longe de casa...

Os noticiários de ontem divulgaram a confirmação descoberta do telescópio da NASA que encontrou um planeta gêmeo da Terra em outro sistema solar distante em uns 600 anos luz daqui e que se enquadraria naquilo que os cientistas hoje denominam de "zona habitável".

O novo astro foi batizado de Kepler 22b (em razão do nome do telescópio norte-americano) e foi visto pela primeira vez no ano de 2009, tendo sido confirmado recentemente. E, de acordo com os cientistas, este planeta irmão seria maior do que o nosso, mas teria uma translação inferior ao ano terrestre com uma rota de 290 dias ao redor de sua estrela a qual, por sua vez, seria menos quente do que o sol.

Eu que sou um admirador das pesquisas espaciais desde a infância, quando já decorava os nomes de todos os planetas do nosso sistema solar (na época Plutão ainda não tinha sido destituído), sem dúvida que eu vibrei com a notícia. Principalmente porque a descoberta tem tudo a ver com o meu discurso teológico já que defendo abertamente dentro do meio religioso a existência de vida em outros planetas.

Contudo, logo depois que li esta notícia no Yahoo e fui até a sala comunicar à minha esposa, veio em minha cabeça um insight. Pois, enquanto o telescópio da humanidade fica olhando para bem longe a procura de vida, esquecemos da abundância de vidas humanas, animais e vegetais que estão se manifestando à nossa volta.

Este lampejo de luz ocorreu-me quando, por alguns instantes, minha mulher deixou de prestar a atenção no que eu falava para apreciar a imagem de um bebê mostrado na TV. Para ela, naquele momento, o sorriso de uma criança era mais interessante do que as descobertas espaciais da Agência Espacial dos Estados Unidos!

O que o homem está procurando tão longe? Será que a vida não está tão pertinho dele? Que valor estamos dando à vida que se manifesta no nosso próximo e dentro de nós? Não estaria o nosso olhar perdido no espaço?

Além dos ecossistemas aquáticos e terrestres, temos também um universo a ser explorado e que talvez seja infinitamente maior. Trata-se da mente humana.

Cada ser humano tem um imenso universo dentro de si a ser conhecido. Porém, nem sempre conseguimos valorizar a vida que existe bem pertinho. Uns ainda são capazes de derramar o sangue do seu semelhante, deixar crianças morrendo de fome, queimar florestas, fazer guerras e tem aqueles que matam de outras maneiras destruindo sentimentos.

Esta noite, estando a refletir, lembrei-me de passagem do Evangelho de João quando Jesus conversa com a mulher samaritana e assim lhe diz:

"aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna" (Jo 4.14; ARA)

Ou, como se verifica em outra parte do mesmo Evangelho:

"Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva." (Jo 7.38; ARA)

Nada contra as pesquisas espaciais. Muito pelo contrário. Mas certamente seria ótimo se direcionássemos o nosso "telescópio" também para mais perto. Inclusive para "dentro" de nós mesmos, afim de que possamos ter um encontro verdadeiro com a Vida e compreendermos o seu significado.


OBS: A origem da imagem, exibida em diversos jornais, acima é da Agência Espacial dos Estados Unidos – NASA.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Salmo 130 cantado em hebraico

O Salmo 130 é um dos cânticos de subida (ou romagem) que os peregrinos recitavam quando se dirigiam às festas de Jerusalém, na época em que o Templo judaico ainda existia. É também um salmo penitencial e que nos transmite esperança, exprimindo confiança no Deus Eterno, redentor nosso.

A seguir compartilho um excelente vídeo do Youtube em que podemos ouvir o Salmo cantado no seu idioma original hebraico com traduções em espanhol:



"Este salmo é um queixume de um tipo especial, visto que o autor não pediu a destruição do inimigo, mas mansamente voltou-se para Deus, pedindo o perdão de seus próprios pecados" (Bíblia de Genebra)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Despedindo-me desta inesquecível cidade

Neste primeira quinzena do mês de dezembro, estou deixando a cidade, com a mudança já agendada para o dia 11/12.

Foram quase 13 anos em Nova Friburgo desde que cheguei aqui para dar continuidade aos meus estudos na área jurídica, quando me transferi do Instituto Viana Júnior, em Juiz de Fora, para o campus local da Universidade Estácio de Sá.

Praticamente a metade desse tempo na cidade passei como estudante, formando-me só no final de 2004. E, quanto à outra parte dos meus anos, foi como um profissional do Direito através do exercício da advocacia autônoma, sem escritório próprio.

Foi em Nova Friburgo que me casei, mas não com uma moça daqui. Encontrei Núbia poucas semanas após ter me mudado pra cá, em 1999, durante o Carnaval, num lugar próximo do município chamado Sana (distrito serrano de Macaé). Ela, niteroiense, também estava a passeio com suas amigas. Dali em diante, passamos a nos encontrar tanto em Nova Friburgo quanto em Niterói.

Morando aqui é que descobri o enorme prazer das caminhadas. Sem ter muito o que fazer, pois são poucas as opções de lazer tradicional na cidade, tive que inventar o meu próprio passatempo. Assim, meus primeiros anos de faculdade foram marcados por incríveis passeios solitários pelo meio rural, percorrendo trilhas, estradas de chão, caminhos por dentro de fazendas, levando às vezes uma corrida de boi, ou sendo assustado por um cachorro latindo. Porém, eu sempre estava a descobrir novidades e experiências. E, após ter andado por todos os distritos e explorado a maioria dos roteiros, vim também conhecer os outros municípios da região.

Espiritualmente falando, este lugar me fez muito bem. Sem fazer loucas mistificações, posso dizer que, durante estes anos, pude olhar mais pra dentro de mim, arrepender-me de erros cometidos em Juiz de Fora, re-significar valores, retornar à fé que tinha deixado no final da adolescência e começado a lidar melhor com o álcool. E aí não posso me esquecer da força recebida de um vizinho do AA no bairro Cordoeira e também proprietário do primeiro imóvel onde morei aqui, alugando, na época, por apenas R$ 160,00 com água, luz e impostos incluídos.

Ao todo, habitei cinco residências em Nova Friburgo. Ao deixar o imóvel do seu Naélio, em agosto de 2000, fiquei uns sete meses numa casa situada no distrito de Amparo, numa área pouco afastada do perímetro urbano da vila, em estrada de terra. Depois, retornei pra sede do Município e vivi por quase dois anos numa apertada quitinete, num escadão que vai do Centro ao bairro Braunes. Dali, passei pra um lugar maior nas Braunes e numa distância menor da faculdade. Somente em meados de 2006, quando já estava casado e exercendo a advocacia, é que vim para o apartamento atual, situado numa área boa do Centro, no último andar de um prédio de cinco pavimentos sem elevador, tendo encontrado a sorte de pagar um aluguel que, hoje em dia, após os devidos reajustes, está ainda em torno dos seus R$ 400,00 mensais, sem contar condomínio e outra despesas.

Profissionalmente falando, posso dizer que, assim como a maioria dos moradores daqui, não fui muito feliz. Tentar a advocacia num mercado restrito, pobre e saturado de advogados pode tornar-se algo frustrante. E, com o tempo, veio o desânimo com a rotina da profissão e os problemas de saúde da esposa. Depois da tragédia climática de 12/01/2011, a economia regional ficou ainda pior.

Dia 27/09, vovó faleceu e herdei o seu imóvel de dois quartos onde ela residia no Rio de Janeiro, após minha tia renunciar a parte dela. Com isto, mesmo não pagando muito caro no aluguel, achei por bem voltar ao Rio, cidade onde nasci, afim de procurar melhores oportunidades de trabalho.

Sei que vou sentir saudades daqui e deste gostoso clima frio de serra que se torna bem suportável no verão, mas gelado no inverno. Também sentirei falta das deliciosas vendidas por aqui, da boa comida e da relativa tranquilidade de uma cidade de médio porte se comparada com a agitada metrópole do Rio de Janeiro.

Porém, a vida anda. Nestes dez primeiros dias do mês vou ficar absorvido com os preparativos da mudança junto com o pagamento das contas do mês e com o meu trabalho. Não sei se terei tanto tempo pra internet. Estou já transferindo os processos que tenho para outro advogado, buscando não deixar nenhuma pendência para trás e ainda me despedir de algumas pessoas. Depois da mudança, prevista para um domingo, preciso retornar outra vez para a entrega das chaves na imobiliária e, daí por diante, talvez só volte a Friburgo como turista.

Desejo o bem desta cidade e das pessoas que moram aqui. Como cidadão, tentei contribuir com minha ideias (escrevi por uns tempos no jornal local A Voz da Serra) e atuei também na política partidária até 2009, sem ter me candidatado a nada e nem ocupado cargos públicos. Assim, deixo Friburgo com a consciência limpa de que minha presença aqui tenha ajudado mais do que prejudicado, esperando que o povo friburguese possa cuidar bem deste pedacinho do nosso planeta e se reconstruir em todos os aspectos após esta última tragédia das chuvas, prevenindo-se também contra outras catástrofes naturais.

Boa sorte, Nova Friburgo!


OBS: A foto acima foi extraída do site da Câmara Municipal de Nova Friburgo em http://www.camaranf.rj.gov.br:8180/cmnf/noticias/camara-aprova-projeto-de-lei-que-proibe-a-poluicao-visual-em-nova-friburgo