Há pouco mais de um ano atrás, eu estava comentando neste blogue sobre o sucesso das manifestações ocorridas no dia 13/03/2016 (clique AQUI para conferir). Naquela ocasião, segundo a Polícia Militar, mais de 3,3 milhões de pessoas compareceram aos protestos ocorridos em pelo menos 250 cidades.
Entretanto, neste último domingo (26/03/2017), em 63 cidades, foram para as ruas apenas 55 mil pessoas, segundo os organizadores, sendo que a Polícia Militar estimou ainda bem menos: 20 mil manifestantes no total. No Rio de Janeiro, de acordo com o relato de uma representante do Movimento Vem pra Rua ao portal de notícias G1, o público lá teria sido de 2 mil pessoas.
Como explicar essa redução na frequência aos protestos para um número bem inferior do que os 1% (um por cento) que tomaram parte nas grandes manifestações de março de 2016?!
Teria a sociedade brasileira cansado de lutar contra a corrupção?!
O principal motivo das manifestações há uma ano atrás seria praticamente o impeachment da presidente Dilma?!
O interesse do povo pela política reduziu?!
Pelo que pude observar, os protestos deste domingo teriam sido mais uma demonstração de apoio à Operação Lava Jato ainda que outros temas fossem tratados também, dentre os quais o modelo eleitoral de lista fechada, as tentativas de mudança das Dez Medidas contra a Corrupção e o fim do foro privilegiado.
A meu ver, acredito que a pauta política da nação agora inclua assuntos mais preocupantes e urgentes como, por exemplo, a reforma da previdência discutida no Congresso Nacional. Tudo bem que muitos brasileiros desejam ver o enterro da "velha política", como fizeram simbolicamente os criativos manifestantes que se reuniram em frente à Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Só que, no momento, há necessidades mais imediatas a serem resolvidas por quem se sente indignado. E aí , no meu entender, esses grupos erraram feio como se lê na transcrição de um trecho dessa reportagem da EBC que cita a fala de um representante do Movimento Vem pra Rua:
"Sobre a reforma da Previdência, os grupos ainda não têm posição fechada. Para o Vem pra Rua, reformas são necessárias, mas não devem ser feitas sem participação popular. "Não dá para manter benefícios para os políticos, o Judiciário, os militares. A regra tem que valer para todos. E também achamos pesado 49 anos de contribuição para alcançar a aposentadoria integral. É o que posso te adiantar, mas ainda não temos uma posição fechada e estamos estudando", diz Kátia Pegos." (destaquei)
Suponho que agora a sociedade brasileira possa estar levemente se inclinando para a esquerda por causa das medidas impopulares defendidas pelo governo Temer. E, apesar do impeachment ter ocorrido há menos de um ano, Lula tornou-se o pré-candidato a presidente com maior intenção de votos para as eleições de 2018 (ver AQUI notícia sobre a pesquisa divulgadas em meados de fevereiro).
Torço para que a Lava Jato não acabe em pizza e que todos os políticos envolvidos nessas maracutaias divulgadas diariamente pela TV sejam responsabilizados. Mas para isso a população brasileira precisa entender o quanto a corrupção é prejudicial aos interesses da coletividade sendo a questão ética o que se encontra por trás dos maus serviços prestados nas áreas de educação, saúde, segurança, transportes e ainda de muitas medidas impopulares.
Mais do que nunca a sociedade brasileira precisa caminhar unida, em que os militantes de esquerda e os ativistas conservadores deveriam estar unidos para defenderem causas em comum. E, neste sentido, a corrupção será sempre algo inaceitável. Pouco importa o partido ou a ideologia do bandido.
OBS: Créditos autorais das imagens acima atribuídos respectivamente a Antonio Cruz (Brasília) e Fernando Frazão (Rio de Janeiro), sendo ambos da Agência Brasil.