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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

As tristezas e alegrias de cada um



"O coração conhece a sua própria amargura,
e da sua alegria não participará o estranho."
(Pv 14:10; ARA) 

Lendo o versículo bíblico acima durante esta semana, observei como que os sábios da Antiguidade não deixaram de refletir sobre o estado de humor do ser humano ao estudarem o comportamento das pessoas nas relações estabelecidas entre elas. Mesmo há uns três milênios atrás, sentimentos como a alegria e a tristeza também fizeram parte da temática do autor sagrado, o que se verifica não apenas no livro de Provérbios como na literatura dos Salmos, em Eclesiastes, no Cântico dos Cânticos e de um modo geral nas narrativas e ensinamentos das Escrituras.

É muito difícil entendermos o que se passa com o outro. Os próprios psicólogos e psiquiatras conhecem as limitações desse campo quando lidam diariamente com os pacientes nos seus consultórios. Eles sabem que há coisas da vida impossíveis de ser comunicadas verbalmente e nem sempre conseguem traçar um diagnóstico completo do indivíduo ainda que lhe atribua um CID. Ou então, mesmo quando percebem algo na vida da pessoa, precisam deixar que o paciente compreenda a si próprio.

De fato, há aspectos da vida da gente que são pessoais e particulares de modo que ninguém poderá fazer nada para resolvê-los por nós. Procurar terapia certamente pode ajudar em muito e acho que todo ser humano deveria ter acesso a esse serviço independente de estar doente porque muitos serão os benefícios do auto-conhecimento. E embora existam religiosos resistentes a se tratar com um psicólogo, preferindo recorrer exclusivamente à assistência de um ministro eclesiástico, ou às orações, jamais devemos nos esquecer das limitações de um padre ou pastor quando o problema exige o apoio de um profissional especialista, sendo certo que a cura divina também é alcançada pelo intermédio de um terapeuta independentemente de qual for a crença deste (ou se o médico for ateu).

Muitos falam ser a depressão o mal deste século, ideia que também compartilho, evitando, porém, uma abordagem isolada sem levar em conta o nosso contexto psicossocial: ambientes de trabalho prejudiciais, relações familiares neuróticas, agressões recebidas na infância, estilos de vida estressantes, valores errados que cultivamos, etc. A cada ano, milhões de pessoas enfermam tornando-se inaptas para fins laborais e até dependentes de pesados medicamentos controlados. Por isso concordo plenamente com o artigo Agenda política do século XXI e a depressão escrito por Fabio Feldmann no seu blogue em que o autor questionou a falta de debates acerca desse tema sobre saúde mental durante a campanha política desse ano. Pois mais do que nunca vamos precisar de políticas públicas eficientes que se mostrem capazes de tratar e de prevenir os transtornos psíquicos em nossa sociedade adoecida:

"(...) Como é sabido, estou coordenando a temática de sustentabilidade e meio ambiente da campanha de Aécio Neves. Quando tomei conhecimento sobre o suicídio de Robbin Williams me perguntei se este tema deveria ou não ser contemplado neste campo. Ou eventualmente no que tange à saúde. Pesquisei também os outros programas das outras candidaturas e me convenci de que há uma omissão clara em relação à matéria. A agenda de século XXI tem que tratar a depressão na complexidade que ela exige. A exemplo de outros temas complexos e contemporâneos, estou convicto de que o assunto merece uma atenção da Presidência da República. Por que? Em primeiro lugar, por exigir uma abordagem holística, assegurando com isso que não se torne matéria de domínio exclusivo de um ou dois ministérios. Além disso, é importante que se colete o mais amplo conjunto de informações sobre como o tema tem sido tratado pela ciência no mundo e no Brasil. E quais políticas públicas são mais eficazes para o diagnóstico, prevenção e tratamento da doença nas várias esferas da vida das pessoas (...)"

Outrossim, há que se considerar o sentimento de tristeza como algo normal e capaz de coexistir com a alegria. Trata-se muitas das vezes do estado de melancolia com o qual as gerações que nos antecederam até umas cinco ou seis décadas atrás parecem ter lidado com maior naturalidade. Pois da mesma maneira como a luz precisa da escuridão para revelar seu brilho, também não conheceríamos a alegria sem experimentarmos também um pouco da tristeza. E aí qualquer religioso que afirma jamais ficar triste porque diz seguir a Deus, certamente está negando o enfrentamento da realidade.

"Até no riso tem dor o coração,
e o fim da alegria é tristeza."
(Pv 14:13) 

Finalmente, há que se considerar a diferença entre alguém ser feliz e ter seus momentos passageiros de alegria. E, embora eu não tenha condições de caracterizar suficientemente a felicidade (talvez nem devamos tentar padronizá-la), pondero dizendo que a verdadeira satisfação pessoal não se encontra nas coisas materiais. É até provável que a realização de algumas atividades proporcionem alegria a ponto de se incentivar na atualidade as chamadas terapias ocupacionais. Porém, acredito que nos tornamos homens e mulheres realmente felizes quando passamos a produzir coisas de valor espiritual. Em outras palavras, seria quando ajuntamos os tesouros celestiais permanentes através da prática desinteressada do amor ao próximo. Pois como um dia ensinou o nosso Senhor Jesus Cristo, tratam-se de bens depositados onde a traça e a ferrugem não corroem e onde ladrões nem escavam e nem roubam (conf. Mateus 6:19-21).

Tenham todos um excelente final de semana com a paz, a graça e a alegria do nosso Deus!


OBS: Ilustração acima extraída de http://www.vitoria.es.gov.br/noticias/noticia-9866

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Como lidar com a esperança adiada?!



"A esperança que se adia faz adoecer o coração,
mas o desejo cumprido é arvore de vida."
(Provérbios 13:12; ARA)

A Bíblia é surpreendentemente um livro sábio! Uma obra que, se for cuidadosamente estudada, pode proporcionar ao homem um elevado conhecimento acerca de si mesmo e da realidade que o envolve.

Umas das maiores dificuldades que temos é aprender a lidar com as frustrações do cotidiano. A nossa natureza humana é dependente da obtenção de resultados pois, se as coisas não acontecem como desejamos, temos a tendência infantil de desanimar, perder o rumo, mudar de posição, trocarmos o bem pelo mal, negar a Deus, ficar desesperançados, etc.

Ora, o livro de Provérbios reconhece tudo isso e o autor sagrado considerou que as expectações, quando frustradas, fazem "adoecer o coração". E, se pensarmos bem, esta é uma constante na vida de quem se dispõe a servir ao Senhor porque nem tudo é alcançado nesta vida em sua plenitude. Trabalhamos pelo Reino do Eterno lutando contra toda sorte de males, mas os nossos corpos descem à sepultura sem que os olhos naturais tenham testemunhado a mudança já concretizada.

Em relação à política, meus amigos, posso dizer a mesma coisa. Mudar o mundo, o país e as nossas cidades faz parte desse processo de construção do Reino, o qual não se opera apenas nos limites do individual. A cada eleição, sofremos uma frustração. Eu mesmo, neste segundo turno, acabei tendo que escolher entre os menos piores candidatos para o Rio de Janeiro e para o Brasil. Só que, como as verdadeiras mudanças não se fazem colocando A ou B no poder, sabia que mesmo com o melhor dos presidenciáveis no Palácio do Planalto, a sociedade civil precisa se organizar consistentemente e exercer o seu poder de pressão sobre as autoridades das três funções estatais (executiva, legislativa e judiciária) e dos três entes federativos (União, estado-membro e município).

Bem, eu votei na Marina no primeiro turno e, se fosse ela a candidata vitoriosa neste último domingo, duvido que conseguiria governar totalmente para o povo (considerando que fosse esta a sua intenção). Infelizmente, a maioria do nosso eleitorado não tem consciência sobre seus direitos e deveres, sendo que falta também às pessoas condições de acompanhar a vida política da nação, defender as melhores propostas e saber fiscalizar os governantes. A nossa defasagem educacional é grande assim como existem questões de ordem ética e cultural a serem sanadas aqui na base já que o próprio cidadão comum tenta em todo tempo obter vantagens exclusivas para si.

Diante desse quadro potencialmente desanimador, torna-se a fé o firme fundamento de quem é um construtor do Reino. Não alcançamos de maneira visível a sua plenitude nesta vida, mas a desfrutamos interiormente pela Divina Presença em nossos corações. Lembrando do brado vitorioso de Jesus na cruz, segundo o texto do 4º Evangelho, consideramos as lutas antecipadamente consumadas (conf. Jo 19:30).

Posso dizer, meus leitores, que ter fé não significa alienação e tão pouco iludir a mente com providências sobrenaturais. Muito pelo contrário! Diante de uma luta desigual entre pobres e ricos, ou entre pessoas desarmadas e governos que possuem poderosas mísseis capazes de causar uma destruição em massa, bem como entre o bem e o mal (tendo este sua forte influência sobre as nossas emoções carnais), é justamente a fé que nos sustenta e nos faz prosseguir adiante tal como agiram os homens do passado quando enfrentaram reis. Seriam os exemplos bíblicos de Moisés e do profeta Elias.

Termino este texto lembrando que o combate continua, sendo que Deus age restaurando os nossos corações feridos afim de que a esperança se renove. Como disse, podemos gozar no presente, dentro de nós, a essência do Reino, como um vislumbre no temporal daquilo que é eterno. E, se temos esta confiança, não vamos desanimar, mas permaneceremos firmes sabendo que hoje estamos mais perto do amanhecer do que quando antes cremos.

Uma boa terça-feira para todos!


OBS: A ilustração acima trata-se de uma pintura feita em 1886 pelo artista inglês George Frederic Watts (1817 – 1904) pertencente à era vitoriana. Extraí a imagem do acervo virtual da Wikipédia conforme consta em http://en.wikipedia.org/wiki/Hope#mediaviewer/File:Assistants_and_George_Frederic_Watts_-_Hope_-_Google_Art_Project.jpg

domingo, 26 de outubro de 2014

Que não nos falte discernimento neste dia!




Faltam algumas horas para as seções eleitorais abrirem muito embora, em outros lugares do planeta, eleitores brasileiros residentes no estrangeiro já estão votando para presidente.

Esta, sem dúvida, foi umas das mais empolgantes campanhas que acompanhei, praticamente tão animada quanto a de 2002, quando foi a contagiante eleição do Lula. Ambas, talvez, só percam para a disputa de 1989 em que milhões de compatriotas votaram pela primeira vez para presidente. E a apuração demorou vários dias porque a nossa democracia ainda não contava com o auxílio da informática. Na época, eu tinha ainda os meus 13 anos e cursava a 6ª série do então primeiro grau no Colégio da Companhia de Maria, situado na Zona Norte do Rio de Janeiro, bairro Grajaú. Logicamente seria impossível comparecer às urnas, mas participei de brincadeirinhas na escola em que os alunos puderam se manifestar por meio de simulações organizadas pelos professores.

Bons tempos aqueles, não? Recordo-me da grande pluralidade de candidatos no primeiro turno juntamente com figuras históricas como Ulysses Guimarães e Leonel Brizola. Este, então, era um dos que melhor se saía nos debates enquanto Fernando Collor preferiu fugir de diversos enfrentamentos com seus adversários. Tinha também o saudoso Mário Covas representando um PSDB ainda menos distante dos anseios populares.

Também aquela eleição foi recordista de baixarias, coisa que, lamentavelmente, assistimos no corrente ano. Pois, ao buscarem a adesão do eleitor, os candidatos até hoje apelam para os argumentos mais rampeiros e desprovidos de lógica. Fazem tudo conforme o nível de consciência dos destinatários de seus discursos de modo que determinados temas de caráter mais elevado, entre os quais a política externa do nosso país, ficaram de fora dos principais debates.

Como se trata de um segundo turno, nenhum dos meus candidatos já definidos (para governador e presidente) significam escolhas de coração. Antes representam a opção pelo que estou considerando como a menos pior. Desejo ver transformações acontecerem, mas não encontrei em nenhum dos respectivos opositores aos meus candidatos aquelas mudanças que a nação tanto necessita. Muito pelo contrário! Por isso, voto hoje para tornar a ser oposição no dia seguinte, desejando que, nos próximos quatro anos, a nossa sociedade possa de fato construir o novo.

Triste foi saber que uma importante revista que circula nas bancas fez da sua liberdade de imprensa uma libertinagem. Parece até coisa de jornal de cidade do interior! Contudo, lamento também pelos atos de vandalismo cometidos por uma associação de jovens ditos "socialistas" contra a sede da editora a ponto de sujarem o local do prédio despejando lixo e fazendo pichações, um ato contra o qual até a presidenta Dilma condenou. Pois, afinal de contas, existe o constitucional direito de resposta e os meios jurídicos próprios de exercê-lo. As vias públicas e o patrimônio privado não podem virar alvos do sentimento de indignação que se apodera do ser humano diante de certas leviandades escritas por aí.

Concluo esse artigo desejando que haja em nós discernimento quando estivermos de frente para a maquininha. Votar num candidato não se trata de escolher alguém pela sua pessoa (se é simpático ou bonitinho). Trata-se de definir qual será o governo que iremos ter pelos próximos quatro anos, o que inclui o grupo político-econômico que dele participará junto com as suas propostas, muitas das quais não chegam a ser claramente apresentadas na TV. Logo, é importante ter senso crítico e não se deixar levar por falácias, analisando criteriosamente o que cada qual representa. E aí, no caso dos que estão disputando a Presidência, essa verificação fica, a meu sentir, ainda mais fácil porque sabemos nada haver de novo debaixo do sol. Ou seja, os fatos já falam por si só.

Desejo a todos os que me acompanham um excelente domingo e boas eleições!

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Votar em Aécio seria insanidade!



"Insanidade é continuar a fazer o que você sempre fez, desejando obter resultados diferentes." (James C. Hunter no livro O Monge e o Executivo)

Incrível como que os marqueteiros de campanha do Aécio têm a cara de pau em dizer que o candidato do PSDB representa alguma mudança! Porém, mais incrível ainda é alguém que não seja mais tão jovem acreditar numa mentira dessas.

Mas de fato Aécio é mudança. Não a mudança que represente o anseio de quem foi às ruas em junho/2013, mas, sim, uma mudança para pior. Um retrocesso! Uma volta à era FHC tendo como programa econômico o Sr. Armínio Fraga, traduzindo-se numa réplica do thatcherismo dos anos 1980.

O fato é que, hoje, 75% da população brasileira está nas classes A, B e C, enquanto que, em 2002, no último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, o percentual era de 45%. E não é só isso! A população nas classes D e E recuou de 55%, em 2002, para 24% neste ano.

Ora, na verdade Aécio representa é desemprego e arrocho salarial! Pois foi isto que o PSDB fez quando esteve no poder. FHC com a sua política de juros altos massacrou o desempenho da indústria, impediu o Brasil de crescer conforme o potencial que tem e ainda colocou milhões de funcionários públicos na rua.

Por isso, meus leitores, nada de retrocesso. No domingo, quando for às urnas, vou digitar o 13 e confirmar. É Dilma presidente e Pezão governador! Mudar pra pior, nem pensar. Chega de insanidade!


OBS: Imagem acima extraída do site www.paranacomdilma.com

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O nosso trato com os animais



"O justo atenta para a vida dos seus animais,
mas o coração dos perversos é cruel."
(Provérbios 12:10; ARA)

Quem diria que, há quase três mil anos atrás, o escritor bíblico poderia expressar uma preocupação tão admirável para a sua violenta época de guerras, escravidão e matanças praticadas contra a própria espécie?! Sem dúvida o autor sagrado manifestou um pensamento que continua sendo elevado até para a ética dos nossos dias e que faz lembrar aquela célebre frase do Mahatma Gandhi em que a grande alma da Índia afirmou ser o grau de civilização de uma sociedade medido pela maneira como ela trata os seus animais.

É possível que o rei Salomão tenha sido o mais ecologista de todos os homens da Bíblia. Seja pelo dito de sabedoria acima citado, pelo que teria escrito em Eclesiastes 3:19-21 e também pelo estudo que teria empreendido acerca das plantas e dos animais (conf. 1Rs 4:33). Acho provável que o seu interesse pela natureza tenha servido de inspiração para ele ordenar as relações sociais e os elementos de seu governo em Israel.

Acredito que o respeito pela vida tende a ser desenvolvido quando aprendemos a admirar/reverenciar todas as suas formas. Uma criança que, desde cedo, é ensinada a cuidar carinhosamente dos bichos, reconhecendo o direito de viver e de ser livre dos animais, terá boas chances de se tornar um adulto tolerante em relação às demais pessoas em sua volta, aceitando melhor as diferenças, as escolhas alheias e o jeito de ser de cada um. Inclusive o próprio ideal de justiça no indivíduo pode ser despertado a partir daí, cabendo aos educadores aplicarem a Declaração Universal de Defesa dos Animais, da qual o nosso país é signatário (ler a reprodução de seu texto integral no final da postagem).

Apesar de ter já definido os meus candidatos no segundo turno destas eleições para governador e presidente, lamento não ter ouvido ainda de nenhum deles algum discurso satisfatório em defesa dos animais. E, por via de regra, os posicionamentos dos políticos sobre meio ambiente ainda vão de encontro a uma visão de mundo utilitarista bem distante de um biocentrismo que, por necessidade e evolução da humanidade, deverá marcar a ética do terceiro milênio. E isto poderá acontecer depois de passarmos pelo atual processo de sobrevivência planetária, o qual promete ser caótico para as gerações do presente e do futuro.

Outra lamentação que faço diz respeito ao direito civil brasileiro que ainda trata os animais como coisas (bens semoventes) ao invés de serem reconhecidos como sujeitos pelo legislador. Isto é, o nosso código de 2002, na equivocada conceituação de seu artigo 82 sobre os bens móveis, permite que os seres sencientes tornem-se objetos passíveis de ser propriedade, o que, conforme a posição de alguns juristas animalistas, constitui uma violação de princípios da Carta Magna. Trata-se, pois, de um tremendo atraso mental como bem ensina Haydeé Fernanda Cardoso ao falar acerca do assunto:

"Não se pode ver como coisa seres viventes, pois tais elementos mostram a existência de vida não apenas no plano moral e psíquico, mas também biológico, mecânico, como podem alguns preferir, e vice-versa. O conhecimento jurídico-dogmático hoje encontra-se ultrapassado, não apenas em função de animais considerados inteligentes, mas sim em função de todos os seres sencientes, capazes de sentir, cada um a seu modo" (Os animais e o Direito: novos paradigmas. Revista Animal Brasileira de Direito, ano 2 - 2007, pág.132. Disponível em: http://www.animallaw.info/policy/pobraziljourindex.htm)

Felizmente o artigo 225, §1º, inciso VII, da nossa Constituição cita a proteção dos animais pelo Poder Público contra atos de crueldade, o que nos dá alguma esperança quanto ao futuro quando os representantes das três funções estatais (Executivo, Legislativo e Judiciário) passarem a respeitar melhor as outras formas de vida além da nossa espécie. Porém, isso só irá de fato acontecer quando começarmos a desenvolver uma nova visão a respeito da vida que enxergue todos os seres sencientes como sujeitos de direitos visando o bem estar desses nossos irmãos já que tanto a elaboração de normas como a interpretação destas depende da valoração coletiva da sociedade. Enfim, pode-se dizer que estamos diante de uma questão de justiça como bem reconheceu a Bíblia há muito tempo atrás ao tratar da conduta do homem justo...


OBS: A ilustração acima refere-se a uma manifestação de ativistas vestidos com máscaras de animais e fantasias quando se reuniram em frente ao Ministério de Ciência e Tecnologia para protestarem contra os testes realizados nos animais. Os créditos da imagem são atribuídos a Marcelo Camargo/Agência Brasil, conforme consta em http://pt.wikipedia.org/wiki/Direitos_dos_animais#mediaviewer/File:Protestoanimais.jpg


A N E X O  :


DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DOS ANIMAIS PROCLAMADA PELA UNESCO EM SESSÃO REALIZADA EM BRUXELAS, EM 27 DE JANEIRO DE 1978

Preâmbulo:

Considerando que todo o animal possui direitos;

Considerando que o desconhecimento e o desprezo desses direitos têm levado e continuam a levar o homem a cometer crimes contra os animais e contra a natureza;

Considerando que o reconhecimento pela espécie humana do direito à existência das outras espécies animais constitui o fundamento da coexistência das outras espécies no mundo;

Considerando que os genocídios são perpetrados pelo homem e há o perigo de continuar a perpetrar outros;

Considerando que o respeito dos homens pelos animais está ligado ao respeito dos homens pelo seu semelhante;

Considerando que a educação deve ensinar desde a infância a observar, a compreender, a respeitar e a amar os animais,

Proclama-se o seguinte

Artigo 1º 

Todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência.

Artigo 2º 

1. Todo o animal tem o direito a ser respeitado.

2. O homem, como espécie animal, não pode exterminar os outros animais ou explorá-los violando esse direito; tem o dever de pôr os seus conhecimentos ao serviço dos animais

3. Todo o animal tem o direito à atenção, aos cuidados e à proteção do homem. 

Artigo 3º 

1. Nenhum animal será submetido nem a maus tratos nem a atos cruéis. 

2. Se for necessário matar um animal, ele deve de ser morto instantaneamente, sem dor e de modo a não provocar-lhe angústia. 

Artigo 4º 

1. Todo o animal pertencente a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu próprio ambiente natural, terrestre, aéreo ou aquático e tem o direito de se reproduzir.

2. Toda a privação de liberdade, mesmo que tenha fins educativos, é contrária a este direito. 

Artigo 5º 

1. Todo o animal pertencente a uma espécie que viva tradicionalmente no meio ambiente do homem tem o direito de viver e de crescer ao ritmo e nas condições de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie.

2. Toda a modificação deste ritmo ou destas condições que forem impostas pelo homem com fins mercantis é contrária a este direito. 

Artigo 6º 

1. Todo o animal que o homem escolheu para seu companheiro tem direito a uma duração de vida conforme a sua longevidade natural. 

2. O abandono de um animal é um ato cruel e degradante. 

Artigo 7º 

Todo o animal de trabalho tem direito a uma limitação razoável de duração e de intensidade de trabalho, a uma alimentação reparadora e ao repouso.

Artigo 8º 

1. A experimentação animal que implique sofrimento físico ou psicológico é incompatível com os direitos do animal, quer se trate de uma experiência médica, científica, comercial ou qualquer que seja a forma de experimentação.

2. As técnicas de substituição devem de ser utilizadas e desenvolvidas. 

Artigo 9º 

Quando o animal é criado para alimentação, ele deve de ser alimentado, alojado, transportado e morto sem que disso resulte para ele nem ansiedade nem dor.

Artigo 10º 

1. Nenhum animal deve de ser explorado para divertimento do homem. 

2. As exibições de animais e os espetáculos que utilizem animais são incompatíveis com a dignidade do animal. 

Artigo 11º 

Todo o ato que implique a morte de um animal sem necessidade é um biocídio, isto é um crime contra a vida.

Artigo 12º 

1. Todo o ato que implique a morte de grande um número de animais selvagens é um genocídio, isto é, um crime contra a espécie.

2. A poluição e a destruição do ambiente natural conduzem ao genocídio. 

Artigo 13º 

1. O animal morto deve de ser tratado com respeito.

2. As cenas de violência de que os animais são vítimas devem de ser interditas no cinema e na televisão, salvo se elas tiverem por fim demonstrar um atentado aos direitos do animal. 

Artigo 14º 

1. Os organismos de proteção e de salvaguarda dos animais devem estar representados a nível governamental.

2. Os direitos do animal devem ser defendidos pela lei como os direitos do homem.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Decidi meu voto pela Dilma!



"Era uma vez uma ovelha chamada Maria.
Onde as outras ovelhas iam, Maria ia também.
As ovelhas iam pra baixo, Maria ia pra baixo.
As ovelhas iam pra cima, Maria ia pra cima.
Um dia, todas as ovelhas foram para o Pólo Sul.
Maria foi também.
Ai, que lugar frio!
As ovelhas pegaram uma gripe!!!
Maria pegou gripe também. Atchim!
Maria ia sempre com as outras.
Depois todas as ovelhas foram para o deserto.
Maria foi também.
Ai, que lugar quente!
As ovelhas tiveram insolação.
Maria teve insolação também. Uf! Uf!
Maria ia sempre com as outras.
Um dia, todas as ovelhas resolveram comer salada de jiló.
Maria detestava jiló. Mas, como todas as ovelhas comiam jiló,
Maria comia também. Que horror!
Foi quando, de repente, Maria pensou:
“Se eu não gosto de jiló, por que é que eu tenho que comer salada de jiló?”
Maria pensou, suspirou, mas continuou fazendo o que as outras faziam.
Até que as ovelhas resolveram pular do alto do Corcovado pra dentro da lagoa.
Todas as ovelhas pularam.
Pulava uma ovelha, não caía na lagoa, caía na pedra, quebrava o pé e chorava: mé!
Pulava outra ovelha, não caía na lagoa, caía na pedra, quebrava o pé e chorava: me!
E assim quarenta e duas ovelhas pularam, quebraram o pé, chorando: me, me, me!
Chegou a vez de Maria pular.
Ela deu uma requebrada, entrou num restaurante e comeu uma feijoada.
Agora, mé, Maria vai para onde caminha o seu pé!"
(História Maria vai com as outras - Sylvia Orthof)

Como muitos que me acompanham sabem, apoiei Marina Silva no primeiro turno defendendo a sua candidatura como sendo a melhor opção para o Brasil. Já havia votado nela em 2010 e, no ano passado, ajudei-a recolhendo algumas assinaturas para que a Rede Sustentabilidade fosse então criada como um novo partido político. Não cheguei a me filiar formalmente à nova agremiação, mas continuei acompanhando os trabalhos e compreendi a necessidade dela entrar no PSB vindo como vice na chapa de Eduardo Campos. Quando este morreu no acidente aéreo de agosto, continuei firme com minha candidata na corrida presidencial não cessando de publicar mensagens na internet em favor de sua campanha.

Entretanto, chegou o dia 05/10 e Marina não ganhou. Tão pouco conseguiu ir para o segundo turno pois, em seu lugar, uma parcela significativa do eleitor brasileiro preferiu Aécio Neves do PSDB para concorrer com a presidenta Dilma. E, naquela mesma semana, várias lideranças e partidos que davam sustentação a outras candidaturas começaram a declarar apoio ao tucano, entre os quais o PV de Eduardo Jorge, o PPS de Roberto Freire, o PSC do Pastor Everaldo e até o PSB de Campos e de Marina. Já a Rede manifestou-se de maneira bem contraditória permitindo que os seus filiados optassem por Aécio, por votarem nulo ou em branco, mas não na candidata do PT.

Desde então, confesso que fiquei em dúvida sobre em quem votar. Anular eu sou contra porque, mesmo entre duas opções ruins, podemos escolher a que for menos pior. Logo, ou eu ficaria com Dilma, ou com Aécio, ou, se ainda permanecesse indeciso até o dia 26, votaria em branco deixando que a maioria do eleitorado decidisse no meu lugar. Aí comecei a refletir acerca de cada candidatura analisando os prós e contras de cada um, trocando umas ideias com outras pessoas e ponderando sobre as vidraças que tanto o PT quanto o PSDB têm, visto que ambos os partidos já foram governo. Inclusive o próprio Aécio já administrou Minas Gerais não tendo feito nada de tão excepcional por lá.

Bem, a conclusão que cheguei foi que de fato nenhum outro governo desenvolveu tantas políticas públicas na área social capaz de tirar dezenas de milhões de brasileiros da pobreza. Foram mais de 30 milhões de brasileiros beneficiados! E, embora o país e o mundo precisem de mudanças, de modo algum podemos identificá-las com a candidatura de Aécio cujo partido já governou o Brasil por oito anos e adotou uma política econômica bem impopular trazendo arrocho salarial, desemprego, demissões em massa e juros altos.

Certamente que o PT terá pela frente um grande desafio que é dar continuidade às mudanças desejadas pela maior parte da população brasileira como melhorias no ensino, na saúde, na qualidade dos transportes públicos e na promoção do lazer. Também terá que investir mais na criação de novas tecnologias bem como dar um novo rumo à economia para que possamos continuar crescendo e nos inserindo no mundo globalizado de maneira ativa. Fora isto, precisará adotar um diálogo mais próximo do cidadão e cuidar melhor das nossas florestas.

Com todo respeito às posições de Marina Silva e do Eduardo Jorge (outro candidato nestas eleições que admirei), não posso apoiar Aécio Neves no segundo turno. Diferentemente das quarenta e duas ovelhinhas que se jogaram do alto do Corcovado, não quero quebrar meu pé. Vou com Dilma neste domingo! E pra governador, Pezão. Nada de ter Armínio Fraga como ministro da Fazenda para depois chorar mé.


OBS: Ilustração acima extraída de http://umaseoutrasjoicy.blogspot.com.br/2011/10/maria-vai-com-as-outras.html

domingo, 19 de outubro de 2014

Um governante deve estar disposto a ouvir!



"Não havendo sábia direção, cai o povo,
mas na multidão de conselhos há sabedoria.
(...)
Onde não há conselhos fracassam os projetos,
mas com os muitos conselhos há bom êxito."
(Pv 11:14,15:22; ARA) 

Hoje pela manhã, ao estudar o livro bíblico de Provérbios junto com minha esposa Núbia, lemos acidentalmente na sequência o primeiro versículo acima citado.

Trata-se de mais um dito antigo de sabedoria, no meio de tantos outros, e que, sem dúvida, tem muito a ver com o momento político atravessado pelo Brasil. Pois vivemos numa época em que os representantes do povo têm se mostrado homens insensatos. São governantes e parlamentares que não costumam ouvir de fato a população e têm feito da participação social uma fachada.

Ao contrário dos políticos da nossa nação, o rei Davi foi um homem disposto a ouvir a voz de Deus e de seus conselheiros. Ele não partia para uma batalha contra os adversários sem antes consultar o Senhor! E, apesar de ter cometido falhas, foi um monarca justo e que não dava espaço para homens traiçoeiros.

Nos tempos do Império, D. Pedro I parava um dia na semana para ouvir os reclames da população em audiência pública (parece-me que era toda sexta-feira). Eu não o considero como um governante sábio visto que, por sua causa, o Brasil viveu momentos de grandes instabilidades nos primeiros dez anos após a proclamação formal da Independência. Só que a prática de escutar presencialmente as demandas sociais, certamente inspirada em outros reis, pareceu-me algo útil e apropriado para aquela época.

Este ano, muito se falou no Parlamento acerca do Decreto de n.º 8.243/2014 que institui a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS). Deputados oposicionistas criticaram o ato da presidenta alegando, dentre outras coisas, que os conselhos populares por ela criados estariam invadindo o espaço de competência da democracia representativa que, segundo eles, deve ser exercida pelo Congresso Nacional. Para Mendonça Filho (DEM-PE), a medida estaria aproximando a democracia brasileira de modelos autoritários, como os praticados na Venezuela e na Bolívia.

A meu ver, foi um tremendo equívoco da oposição. Aliás, tais críticas não passaram de um oportunismo demagógico em ano de eleição, sendo certo que esses organismos colegiados não seriam nada novo no cenário político brasileiro visto já existirem conselhos de participação aos montes no âmbito dos municípios. Pois há décadas que tanto o PT quanto os partidos da própria oposição já criaram espaços em suas prefeituras para as lideranças sindicais, patronais, comunitárias e estudantis contribuírem para a formulação de políticas públicas por meio de seus posicionamentos. Um ótimo exemplo seria a área da saúde.

Mas será que basta um governante criar conselhos de participação popular e fingir que ouve a sociedade?!

E o que dizer das inúmeras ouvidorias que não resolvem nada e acabam servindo para afastar mais ainda o cidadão de seus representantes eleitos ao invés de promover a devida aproximação?

Modernamente, pode-se dizer que a palavra ouvidor adquiriu uma significação bem próxima do termo estrangeiro ombudsman. Este foi um cargo público criado na Suécia, na primeira metade do século XVIII, com a finalidade de aliviar o trabalho do monarca daquele país que se ausentava frequentemente de seu reinado por motivo de viagens. Era, portanto, um representante estatal junto à população. Só que, com o tempo, os órgãos e as entidades governamentais, bem como as empresas privadas, também passaram a se valer das suas próprias ouvidorias como importantes canais de relacionamento com o público. Através do atendimento desses organismos, o cidadão ganhou a oportunidade de fazer o encaminhamento de seus requerimentos, pedidos de informações, críticas, sugestões, elogios e reclamações. E cada vez mais o serviço foi se aprimorando, incorporando as ferramentas da informática e integrando todas as formas de acesso possíveis a ponto de várias administrações no país unificarem num sistema só as demandas recebidas pelas ligações telefônicas, e-mails, cartas comuns, além daquelas registradas presencialmente por funcionários.

Pois bem. Com tantos recursos tecnológicos era para a modernidade estar contribuindo para o cidadão ter um espaço maior junto aos governos, mas, infelizmente, não é o que está acontecendo no nosso Brasil. Isto porque, na verdade, o que temos é uma filtragem burocrática em que dificilmente alguém com poder decisório irá tomar conhecimento de uma crítica ou sugestão avaliando a proposta do colaborador. A mensagem enviada acaba ficando esquecida num banco de dados tornando-se mais um número conforme a classificação feita no sistema e quem responde ao cidadão apenas dá um retorno geralmente fundamentado na política da chefia, agindo como um propagandista oficial.

Certamente aí está a grande percepção de um governante que, consciente de não poder estar em todos os lugares do território administrado no mesmo momento, bem como não conseguir atender a todas as pessoas de uma só vez, busca nos seus auxiliares representantes confiáveis para o conhecimento e o tratamento das demandas da sociedade. E o resultado de uma ouvidoria bem trabalhada não será outro senão a satisfação do eleitor.

Dentro de sete dias, estaremos indo às urnas afim eleger em segundo turno quem irá governar o país e os nossos respectivos estados federativos. Mais do que nunca a passagem bíblica em comento mostra-se atual para o problema da falta de diálogo que tanto aflige o Brasil. Cada eleitor deve perguntar a si mesmo se o seu candidato é alguém capaz de ouvir as demandas sociais e se ele/ela conhece de perto o drama do trabalhador que acorda de madrugada para ir diariamente pro seu serviço tendo que enfrentar transportes super lotados. Se o tal político sabe compartilhar dos sofrimentos de quem é portador de alguma doença crônica e, constantemente, depara-se com a falta de médicos e de remédios nas unidades de saúde, tendo que recorrer à Justiça na defesa de um direito constitucionalmente assegurado porque as coisas não funcionam a contento neste país.

Meus caros leitores, vamos pedir a Deus que nos dê coração sábio afim de que possamos fazer a melhor escolha no próximo domingo, dia 26. Não dá para largar o Brasil nas mãos de qualquer um! Se um político não ouve a população, mas toma decisões por si mesmo, ou baseado somente num pequeno grupo que o cerca, tal homem/mulher não tem condições de administrar uma cidade e muito menos um estado ou um país. Portanto, vamos avaliar criteriosamente quem é o melhor (ou o menos pior) dentre as opções que estão aí.

Um ótimo domingo para todos!


OBS: Ilustração acima extraída de um site do governo do Paraná, conforme consta em http://www.nre.seed.pr.gov.br/amnorte/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=25

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Neste 2º turno, sou Pezão!




Foi muito difícil votar no 1º turno para governador no meu Rio de Janeiro. As opções estavam difíceis de engolir e acabei ficando com um candidato pouco representativo por não ter simpatizado com os quatro primeiros nas pesquisas. E acho que muita gente acabou apoiando o Prof. Tarcísio Motta do PSOL por motivo de protesto.

Pois bem. As eleições do dia 5 já passaram e, no último domingo do mês, os cidadãos fluminenses precisarão escolher entre dois candidatos: Luiz Fernando Pezão e Marcello Crivella. Isto é, quem comparecer às urnas ou irá votar no atual governador, ou no seu opositor, ou nulo, ou em branco.

Como aqueles que me acompanham há mais tempo no blogue sabem, fui um crítico do governo Sérgio Cabral. Porém, entendo que política não se faz ressentindo mágoas, olhando somente para o passado e nem levando as coisas para o lado pessoal. Pezão faz parte do mesmo grupo partidário do ex-governador, o PMDB, mas hoje é a melhor opção que temos para o Rio.

Por sua vez, o fato de Crivella ser identificado como um cristão evangélico em nada me convence a apoiá-lo. Pois para mim, não tem essa de crente ter que votar em alguém da mesma religião ou segmento religioso. Muito menos apoiar A ou B só porque o pastor de sua igreja assim orientou. Aliás, considero uma péssima ideia eleger um fundamentalista e que tem fortes ligações com o líder de uma seita cujas práticas, a meu ver, não se harmonizam com o Evangelho de Jesus.

Além do mais, tenho um bom motivo para estar com Pezão que é a continuidade do programa das UPPs nas comunidades pacificadas do Rio, algo que precisa ser ampliado e chegar também nas cidades do interior. Penso que tais áreas devem permanecer sob os cuidados do Estado, recebendo não só apoio policial ostensivo como também serviços nas áreas social, de educação e de saúde. Isto sem nos esquecermos de políticas públicas como a habitação popular, indispensável para dar uma moradia digna ao povo do meu estado.

Portanto, meus amigos, independentemente do meus posicionamentos anteriores contra o governo Cabral e das questões religiosas, faço a escolha pela candidatura que melhor pode administrar o estado do Rio de Janeiro - Pezão. Dia 26/10, quando estiver diante da maquininha, apertarei o número 15!


OBS: A imagem acima mostra a visita do governador Pezão no Conjunto Residencial Nova CCPL, em Manguinhos, conforme consta no seu site de campanha em http://www.pezao15.com.br/noticia/minha-alianca-e-com-o-povo-afirma-pezao-moradores-da-nova-ccpl/

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O Rio não poderá negar água para São Paulo!




Sou um ambientalista carioca, vivo aqui no litoral sul-fluminense e, a princípio, não concordo com a transposição das águas dos rios já que se trata de uma medida altamente danosa para a natureza pois importa numa inevitável perda de vasão. Principalmente quando se trata de suprir a demanda de uma outra bacia hidrográfica.

No primeiro semestre do ano, Alckmin propôs interligar a represa de Jaguari, na bacia do Paraíba do Sul com a de Atibainha, construindo uma estação de bombeamento e um túnel num trecho de serra. Confesso que, na época, não me agradou a ideia do governador paulista, entendendo ser necessário primeiramente buscar outras alternativas menos agressivas para o meio ambiente, as quais importariam no combate ao desperdício e no reaproveitamento da água já utilizada. Também me preocupou o fato de que essa transposição poderia afetar o consumo da região metropolitana do Rio de Janeiro que depende essencialmente do sistema Guandu, o qual, por sua vez, é abastecido pelo Paraíba.

Acontece que o sistema Cantareira está numa situação bem crítica em que a Sabesp já está fazendo uso controlado da chamada reserva técnica da represa sendo que, recentemente, a Justiça determinou que a ANA e o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo revejam as vazões de retiradas, proibindo também a captação de água da segunda parte do volume morto dos reservatórios Jaguari, Jacareí e Atibainha, abaixo da cota de 815 metros e 777 metros.

Conforme previsto na Lei Federal n.º 9.433/97, "em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais" (art. 1º, III). Ou seja, diante de crises como esta que São Paulo está atravessando, o abastecimento das cidades, mesmo feito precariamente, deve prevalecer sobre outros interesses. Inclusive em relação à manutenção de uma vazão mínima que é importante para se preservar os ecossistemas na foz dos rios.

O fato é que nós cariocas também retiramos água do Paraíba do Sul bombeando este precioso líquido para o rio Guandu de onde a Cedae faz o tratamento e a distribuição para as unidades consumidoras do Rio de Janeiro. E, devido a isso, a foz do Paraíba já sofre há décadas com o avanço do oceano sobre a região de São João da Barra no norte fluminense. Logo, se a ANA passasse a proibir essa necessária transposição, a Cidade Maravilhosa ficaria praticamente sem nenhuma alternativa e teria que dessalinizar a água do mar.

Pois é, meus leitores, a coisa é complicada. Devido ao aquecimento global, estamos vivendo agora uma primavera atípica e que está sendo quase tão quente quanto foi o verãozão deste ano. Uma época que deveria ser chuvosa aqui no Sudeste e com índices pluviométricos moderados, está se apresentando bem seca neste mês de outubro. E, se continuar assim, faltam previsões sobre como poderá estar o sistema da Cantareira no fim do ano, não tendo como a Sabesp evitar o esgotamento da primeira parte da sua reserva técnica antes de 30 de novembro.

Assim, com muita cautela, opino favoravelmente à transposição de águas da bacia do Paraíba do Sul para o sistema Cantareira, desde que o uso das águas se dê parcimoniosamente e em situações bem extremas (quando a Sabesp já estiver utilizando a segunda parte da reserva técnica). Só que jamais poderemos nos esquecer que São Paulo precisa tomar medidas urgentes como reduzir o seu consumo, combater a poluição dos mananciais, adotar normas punitivas contra o desperdício/mau uso e promover a reutilização nas casas, escolas, empresas, órgãos do governo, etc.

Finalmente, por ser a água um recurso natural limitado e dotado de valor econômico, ainda que considerada como "bem de domínio público", não seria injusto o mais rico ente da federação compensar financeiramente o Rio de Janeiro por uma eventual transposição do Paraíba do Sul. Afinal, estamos falando de algo que pode impactar tanto a nossa economia como o conforto da população carioca, além de gerar prejuízos ambientais consideráveis. Portanto, não se trata nem de lucrar em cima da necessidade dos paulistas, mas, sim, de manter as coisas num certo estado de equilíbrio.


OBS: Foto acima Divulgação/Sabesp.

domingo, 12 de outubro de 2014

É preciso cautela diante das pesquisas eleitorais!





Curioso como as pesquisas eleitorais andam falhando ultimamente?!

O fato é que, no primeiro turno de 2010, Dilma venceu o Serra com 43,1%. Já este ano, ela caiu para 37,7%, o que significa uma perda de 5,4 pontos percentuais. Isso é fato comprovado! Não é fruto de pesquisas e nem de projeções.

É certo que Aécio e Marina cresceram pouco em relação às eleições presidenciais passadas, comparando-se o PSDB com seu candidato anterior José Serra e a Marina Silva consigo mesma quando ela veio pelo PV. Só que os nulos e brancos dessa vez somaram 10,44%. Já a abstenção que, em 2010, fora de 18,12%, subiu em 2014 para 19,39%.

Pois bem. Vamos pegar o Datafolha como exemplo. Em 08/10/2010, nas pesquisas de segundo turno, esse instituto mostrou Dilma com 48%, Serra com 41% enquanto os brancos, nulos e indecisos somavam ao todo 11%. Este mês, logo após o primeiro turno de 2014, mostraram Aécio com 46%, o que seria um crescimento de 5 pontos sobre Serra, enquanto a Dilma só teria 44%, importando numa suposta queda de 4 pontos sobre os dados de 2010.

Realmente é curioso como que, em tão pouco tempo, Aécio teria crescido 15,7 pontos sobre o primeiro turno enquanto Dilma apenas subiu 6,3 pontos! Isso significa que o tucano teria aumentado uns 70% sobre os 21,6% que Marina e os demais candidatos tiveram no primeiro turno enquanto somente 30% foram para Dilma. Surpreendente, não? Entretanto, como a metade dos eleitores inscritos não votou em nenhum dos dois no primeiro turno, tem-se aí um sugestivo campo para ficções estatísticas.

Inegavelmente uma pesquisa precisa ser analisada por gênero, instrução, renda, faixa etária, religião, região, etc. Na verdade, o que os institutos podem fazer agora é avaliar os potenciais de migração de votos, nunca retratar a realidade.

Não dá para o Datafolha ir a um bairro de classe A de SP e entrevistar os eleitores do lugar como sendo eles representativos do país todo!

Ora, não estaria o Nordeste em sua maioria com Dilma?!

E o que esperar dos mineiros que acabaram de eleger um governador petista e que, certamente, não vão querer contar com a hostilidade de um governo federal tucano no repasse de verbas para o estado deles?!

Assim, é quanto aos potenciais de votos que os institutos precisam fazer suas respectivas avaliações, coisa que não pode ser concluída em tão pouco tempo. Por exemplo, aquele eleitor evangélico que, no 1º turno, votou no Pastor Everaldo ou na Marina tende a identificar no Aécio alguém representativo de seus anseios políticos. Mas nada impede que Dilma venha a fazer o mesmo na conquista desse voto sendo certo que temos aí quem sabe cerca de 1 milhão de eleitores considerando que nem todo crente necessariamente vai votar em quem o pastor mandou. E este é um terreno que, por experiência, posso dizer que é bem diversificado sendo um erro alguém falar generalizadamente "os evangélicos" (confiram o artigo Afinal, quem são "os evangélicos"? de autoria do Ricardo Alexandre e que foi publicado dia 08/09 lá no blogue da Confraria dos Pensadores Fora da Gaiola).

De qualquer maneira, estamos diante de um quadro bem recente de modo que não podemos afirmar agora se será Dilma ou Aécio quem irá ser eleito(a). Se o candidato do PSDB possui uma curva ascendente e, supostamente, maior intenção de votos no momento, é preciso que a tendência se cristalize até dia 26. E, como bem escreveu o cientista político César Maia em seu informativo eletrônico, "a campanha eleitoral na TV e no boca a boca que provoca é que vai ajustando ou sedimentando esta reação inicial".

Por outro lado, temos hoje na sociedade brasileira um forte sentimento de mudança que é notadamente maior que em 2010. Neste cenário, pode-se considerar que essa tendência seria capaz de tirar muitos votos de Dilma, caso o eleitor venha a identificar Aécio com a renovação que o país necessita, mesmo tendo o PSDB já governado de 1994 a 2002. Só que, como as pessoas não votam em partidos, mas sim em candidatos, existe alguma chance para o Aécio assim como Dilma também pode vencer. E, neste sentido, pouco importa se o PSB, Eduardo Jorge, Pastor Everaldo, Eymael e até a própria Marina Silva declararem algum apoio político ao tucano porque não existe uma transferência automática de votos. Quando o cidadão entra na urna eletrônica da seção eleitoral e fica de frente para aquela maquinha, são as suas próprias razões/convicções que irão determinar o voto.

Que Deus ilumine a consciência do eleitor brasileiro!


OBS: Ilustração acima extraída da página oficial do Casseta & Planeta no Facebook.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Valeu a pena "marinar"



"Meu objetivo não era destruir a Dilma ou o Aécio. Era somente construir o Brasil que merecemos, acabar com essa polarização que leva o país aos extremos" (Marina Silva)

Não me arrependo de ter votado em Marina no primeiro turno destas eleições presidenciais. Eu já havia "marinado" em 2010 e, desta vez, acabei me envolvendo mais ainda com a sua campanha.

Apesar de todos os esforços, novamente a disputa política pelo governo federal repete-se polarizada entre PT e PSDB, sendo o resultado de Aécio não muito diferente de José Serra há quatro anos atrás quando este havia alcançado 33% dos votos válidos.

Entretanto, há que se considerar o grande número de eleitores que se abstiveram bem como os que votaram em branco ou anularam. Ou seja, uma parcela considerável de pessoas não se prontificou a tomar parte neste importante processo decisório de maneira que ainda não foi desta vez que houve uma satisfatória identificação com a minha candidata.

Considerando os votos válidos, não podemos nos esquecer de que Marina subiu um pouco em relação a 2010, indo de 19 para 21 pontos percentuais. É claro que o seu crescimento nas pesquisas, depois da morte de Eduardo Campos, seguido por um declínio a partir de setembro, tratou-se de um apoio flutuante. Algo que foi de base essencialmente emocional até retornar ao clima de frieza que antes já pairava no ar.

Por outro lado, importa reconhecer que Dilma caiu. Se em 2010 ela chegou a 47% dos votos válidos, agora teve 42%, representando uma queda de significativos 5 pontos percentuais. Em outras palavras, pode-se dizer que o PT já não demonstra a mesma força.

Passado o primeiro turno, Marina agora tem nas mãos a possibilidade de contribuir com enorme relevância tanto para o resultado final das eleições quanto para a nova política que é aquilo que mais desejamos. É certo que agora ela se encontra a um passo de fundar um novo e promissor partido - a Rede Sustentabilidade. Deste modo, se o seu posicionamento afastar-se da vontade das bases, existe o fundado risco de ocorrer um irreversível esvaziamento. E aí concordo plenamente com a minha candidata quando ela insiste em dizer que "não vale ganhar a qualquer custo".

Ainda esta semana Marina e a Rede deverão definir uma posição sobre quem apoiar no segundo turno e aí defendo que a base no diálogo precisa ser mesmo construída a partir do programa de governo apresentado pela candidatura. Pois essa deve ser a visão da nova política que busca o melhor para o país ao invés das velhas negociatas sobre nomeações para cargos, loteamento de ministérios, troca de apoio nas eleições seguintes, dinheiro, etc. Logo, se Marina agir em conformidade com tal pensamento, as boas ideias já estarão sendo postas em prática.

Torço para que caminhemos juntos com Marina!


OBS: Foto acima extraída do site da Rede em http://redesustentabilidade.org.br/marina-silva-e-rede-se-reunem-nesta-semana-para-definir-posicao-no-2o-turno/

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Uma boa eleição para todos!




Os que me acompanham neste blogue certamente já sabem pela postagem anterior quais são os meus candidatos nestas eleições e, como hoje não tem mais a propaganda de primeiro turno na TV, deixo por hora de fazer campanha aqui para qualquer um deles. No entanto, comento apenas sobre o debate de ontem na Rede Globo que, embora não tenha contribuído em nada para a definição de meu voto, serviu para animar a noite de quinta-feira.

Gostei muito da postura tanto da Marina quanto do Aécio. Ambos tiveram um bom desempenho ainda que o tucano tenha mostrado maior tranquilidade do que a minha candidata, sendo mais certeiro nos seus ataques ao governo. Já a Dilma, como bem observou o César Maia na edição de hoje do seu informativo eletrônico (o Ex-Blog), esteve "inacreditavelmente nervosa, tropeçando nas palavras e sem roteiro claro, ziguezagueando".

Penso que o debate não influenciou decisivamente os eleitores e acho mais provável que tenhamos um segundo turno para presidente, o que deve acontecer também aqui no Rio de Janeiro para governador, conforme as pesquisas de opinião. As chances de Marina permanecer na disputa continuam sendo maiores do que as de Aécio e, na minha análise, é ela quem pode dar mais trabalho para o PT com capacidade de atrair uma fatia maior dos eleitores do terceiro colocado visto ser menor a sua rejeição.

Mas como disse, não vou fazer campanha hoje na minha página. O meu recado para este final de semana é que possamos ir às urnas no domingo com liberdade de consciência pois se trata de um importante momento da história brasileira. Sei que ainda há muitos indecisos quanto à escolha de seu senador, deputado federal ou deputado estadual e, por isso, peço que ninguém aceite qualquer tipo de sugestionamento quando estiver indo votar. Não permita que ocorra o assédio eleitoral! E, se na hora em que estiver diante daquela maquinha, você não tiver ainda um candidato definido, deixe em branco. Melhor permitir que a maioria decida do que fazer uma escolha errada e que irá envergonhar as nossas casas legislativas.

Mas atenção! Votar em branco não é a mesma coisa que anular. O voto em branco é aquele em que o eleitor não manifesta preferência por nenhum dos candidatos. Antes do aparecimento da urna eletrônica, para votar em branco bastava não assinalar a cédula de votação, deixando-a em branco. Hoje em dia, para votar em branco é necessário que o eleitor pressione a tecla "branco" na urna (lado esquerdo) e, em seguida, aperte "confirma".

De qualquer modo, fica aí a minha dica para os indecisos. Se você já tem um candidato a presidente e não sabe em quem votar para deputado federal, pense em apoiar nomes da coligação afim de lhe proporcionar boas condições de governabilidade caso ele/ela venha a ser eleito. Em relação ao deputado estadual, faça o mesmo se já tiver o seu governador. Por exemplo, se estou com a Marina, escolho os da Coligação Unidos pelo Brasil. Se quero o professor Tarcísio Motta do PSOL no Palácio da Guanabara, escolho alguém do mesmo partido dele pra estadual. E é possível ainda votar na legenda que, neste caso, vai corresponder ao mesmo número do nome que estiver disputando o cargo para a chefia do Poder Executivo.

Finalmente, peço a todos que orem pelo Brasil. Podemos ter os nossos candidatos e algum envolvimento direto com política, mas nunca podemos nos esquecer de que o Altíssimo é o Senhor da História. Portanto, vale a pena colocarmos na pauta de nosso papo com Deus que:

1) as eleições corram tranquilas, sem violência nas ruas, sem fraudes, bebedices ou manipulações de eleitores;
2) sejam escolhidas pessoas idôneas para ocuparem os cargos que postulam;
3) a Igreja de Cristo continue gozando de plena liberdade religiosa para anunciar o Evangelho em terras brasileiras sem sofrer perseguição ou restrições injustas nas suas atividades;
4) os próximos representantes eleitos importem-se em promover o bem estar coletivo, a justiça social e a sustentabilidade do meio ambiente;
5) nossa economia continue aquecida, possa recuperar-se da desaceleração do crescimento e do aumento da inflação;
6) a democracia seja preservada apesar da necessidade de se reformar a política. Ou seja, que esta não venha a ser usada como pretexto pelos próximos governantes e parlamentares afim de implantarem um regime com características de ditadura totalitária de esquerda;
7) nossa política externa não seja mais baseada na hipocrisia e nem na demagogia, afim de que deixemos de nos comportar como um "país anão" no exercício da diplomacia. 

Um abraço a todos, tenham um excelente final de semana e votem com atenção no domingo!


OBS: Foto acima TSE / Divulgação