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quarta-feira, 29 de julho de 2015

Será apenas ficção de uns cientistas de Oxford?!




Já faz alguns anos que pesquisadores do Instituto do Futuro da Humanidade, da Universidade de Oxford, Reino Unido, têm alertado o mundo sobre os riscos de extinção da raça humana. De acordo com esses cientistas matemáticos e filósofos, a nossa espécie pode desaparecer ainda neste século XXI!

O fato é que novas tecnologias vão surgindo e hoje, além da preocupante questão ecológica, fala-se em potenciais ameaças que nós mesmos inventamos usando a inteligência dada pelo Criador: a manipulação genética, a nanotecnologia para fins bélicos e a inteligência artificial.

Imaginem nossos filhos e netos amanhã (ou se bobear nós mesmos) tendo que proteger o espaço aéreo de suas residências de um ataque de "drones" armados que seriam usados por mentes criminosas?! Pois, se algo assim virar rotina das páginas policiais do futuro, possivelmente a humanidade terá que viver abrigada nos subterrâneos ou, se bobear, no espaço cósmico. 

Segundo os pesquisadores de Oxford, não se trata de mera ficção científica! Em 2013, eles argumentaram em um texto acadêmico chamado Riscos Existenciais como Prioridade Global que autores de políticas públicas devem atentar para os riscos que podem contribuir para o fim da espécie humana. E foi o diretor do instituto, o sueco Nick Bostrom, quem afirmou existir uma possibilidade plausível de que este venha a ser o último século da humanidade!

Bostrom comparou as ameaças existentes a uma arma perigosa nas mãos de uma criança. Ele disse que o avanço tecnológico superou a nossa capacidade de controlar as possíveis consequências. Assim, experimentos em áreas como biologia sintética, nanotecnologia e inteligência artificial estariam avançando para dentro do território do não intencional e o imprevisível. Por exemplo, a nanotecnologia, se realizada a nível atômico ou molecular, poderia também ser altamente destrutiva ao ser usada para fins bélicos. Por isso ele tem escrito que governos futuros terão um grande desafio ao controlar e restringir usos inapropriados.

Há ainda temores em relação à forma como a inteligência artificial ou maquinal possa interagir com o mundo externo. Esse tipo de inteligência orientada por computadores pode ser uma poderosa ferramenta na indústria, na medicina, na agricultura ou para gerenciar a economia, mas enfrenta também o risco de ser completamente indiferente a qualquer dano incidental...

Sinceramente, meus leitores, não sei por quanto tempo ainda deve durar a democracia e os direitos fundamentais do indivíduo tal como conhecemos. Em nome de uma necessidade de segurança, a humanidade pode experimentar um tremendo retrocesso político até que saibamos lidar com a nova realidade. Aliás, vejo como inevitável termos amanhã um governo mundial e um rígido controle sobre os direitos de ir e vir dos cidadãos. 

Apesar de tudo, confio no Evangelho e na propagação dos valores do Reino de Deus para que a humanidade consiga vencer esse desafio que é de ordem ética. Para isso devemos continuar trabalhando com fé, foco e amor a fim de que o mundo seja alcançado pelas boas novas de Cristo.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Parabéns, Caetano e Gil!





"Todas as questões difíceis que as pessoas dessa região precisam enfrentar ficaram mais claras para mim e para o Gil também" (Caetano Veloso)

Achei bem madura a atitude dos cantores brasileiros Caetano Veloso e Gilberto Gil em não cancelarem o show agendado em Israel nesta brilhante turnê que estão fazendo pelo mundo em comemoração ao meio século de carreira artística da dupla. 

Conforme a imprensa tem noticiado, alguns artistas internacionais, inclusive o Roger Waters, ex-cantor do Pink Floyd, pressionaram Caetano e Gil para que cancelassem o show em protesto contra a política israelense de construir assentamentos em terras palestinas. Os dois brasileiros, porém, decidiram primeiro tirar suas próprias conclusões. Caetano havia respondido que não desistiria do evento musical, a menos que estivesse totalmente contra o país.

Inteligentemente, assim fizeram ambos tendo visitado ontem (27/07) a Susiya, um vilarejo palestino de 340 pessoas que tem chamado a atenção do mundo após o governo israelense anunciar a demolição das casas de famílias que vivem ali há mais de um século. Também estiveram com o ex-presidente de Israel Shimon Peres e depois ainda foram para um hotel à beira da praia da capital Tel Aviv onde se reuniram com ativistas e músicos a favor do diálogo com os palestinos. Ou seja, foram conhecer pessoas vivendo dentro do Estado de Israel que, assim como eles e o Roger Waters, querem uma nova política israelense. 

Agindo com sensatez, Caetano decidiu não aderir a esse boicote a Israel, apesar de ter discursado contra a ocupação dos territórios palestinos. Manteve seu show porque preferiu "dialogar", conforme podemos ler numa postagem feita no perfil oficial do cantor no Facebook:

"Um basta à ocupação, um basta à segregação, um basta à opressão... Nós enfrentamos a pressão para não vir para Israel e cancelar o show que faremos amanhã, mas decidimos não cancelar, porque preferimos conversar, dialogar..."

Com esse grandioso exemplo, Caetano e Gil estão ensinando ao mundo sobre a importância de não tomarmos atitudes radicais. O boicote, embora seja uma posição pacífica e válida também deve ser repensado para não se tornar incoerente em determinados casos, sendo cabível sempre avaliar os riscos de uma equivocada generalização. Do contrário, o próprio ativista pode se tornar também um preconceituoso e não exercitar mais o seu livre pensar, passando a ceder a pressões externas que, a meu ver, são capazes de caracterizar um assédio de opinião.  

Que o show da dupla hoje em Israel seja um grande sucesso! E que, aprendendo com Caetano e Gil, muitos não deixem de sonhar com a possibilidade de ainda vivermos numa "frátria" global com espaços e oportunidades para todos. Torço para que a mensagem musical produza esse efeito no mundo rompendo as fronteiras territoriais e de pensamento.


OBS: Foto mostrando Caetano Veloso e Gilberto Gil visitam território palestino durante turnê para show em Tel-Aviv.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Visitando a Ilha da Marambaia



Há tempos que eu pretendia conhecer a Ilha da Marambaia, um dos lugares mais interessantes dentro do território de Mangaratiba e do Estado do Rio de Janeiro. Quando era criança e vinha passar uns dias na casa de minha avó paterna em Muriqui (minha residência atual), desejava um dia visitar as ilhas que avistava da praia, dentre as quais destaco a de Jaguanum, parte da Ilha de Itacuruçá, a Marambaia e a Ilha Grande, sendo esta última pertencente ao município vizinho de Angra dos Reis. Pena que os adultos nunca realizaram o meu sonho de pisar numa ilha ainda na infância. Só por volta dos doze anos, sendo já um pré-adolescente, foi que meu avô me levou para conhecer Paquetá, na Baía de Guanabara.

Um dia cresci e, ao me tornar um adulto, pude traçar metas para realizar as coisas que tanto queria fazer. Acabei indo primeiro na Ilha Grande (1999) e, quatro anos depois, dei a volta a pé na Ilha de Itacuruçá (2003). Passando a morar em Muriqui, no segundo semestre de 2012, consegui percorrer Jaguanum em 2014 e só recentemente, após começado a trabalhar na Câmara Municipal de Mangaratiba (no mês maio), é que pude entrar na Marambaia. Porém, foi uma viagem a trabalho, ainda que eu tenha tentado unir o útil ao agradável.

Por ser uma área militar utilizada pela Marinha, o acesso à Marambaia é restrito. Somente os servidores da instituição, as famílias residentes e os visitantes habituais destas podem ingressar com facilidade no local. Do contrário, por via de regra, é preciso aguardar uma prévia solicitação, mesmo indo de embarcação própria. E tem que haver algum motivo justificável pois não pode o interessado simplesmente querer e ponto, supondo que o seu direito de ir e vir seja exercido de maneira absoluta em todo o território nacional como muitos pensam erroneamente.

Para que eu conseguisse visitar a Marambaia, foi preciso expedir um ofício assinado pelo vereador José Maria de Pinho (Zé Maria), com quem trabalho na Câmara Municipal, explicando quais as razões de minha ida lá. Estas consistiram basicamente na interação com a comunidade local e no conhecimento das necessidades sócio-ambientais do lugar. Inclusive porque, no mês passado, apresentamos um projeto de lei dispondo sobre a atividade turística nas porções insulares de Mangaratiba, conforme exposto no artigo Planejando o turismo nas ilhas do Município, publicado no blogue do Zé dia 11/06).

Assim, após ter agendado com antecedência a data da viagem e conseguido hospedagem no hotel de trânsito da Marinha, embarquei dia 20/07 (segunda-feira) no primeiro barco que parte de Itacuruçá para a Marambaia apelidado de "Borjão". Precisei acordar bem cedo para dar tempo de tomar meu café e colocar na mochila o restantes das coisas de uso pessoal que estavam pendentes como a escova de dente, o aparelho de barbear e o chinelo de dedo.


A travessia de barco na Baía de Sepetiba, de Itacuruçá para a Marambaia, dura cerca de uma hora. A paisagem é muito bonita pois permite contemplar diversos cenários diferentes, inclusive de ilhas menores que encontramos pelo caminho. Até a vista do continente, com as matas do Parque Estadual do Cunhambebe ao fundo, torna-se um atrativo interessante pois nos ajuda a compreender o lugar onde moramos de um outro ângulo de observação. E, além desta pequena porção da Serra do Mar, deu para reconhecer os morros isolados da Zona Oeste do Rio de Janeiro e a Ilha Grande. Acho até que vi um pedacinho da Pedra da Gávea, caso não esteja enganado.



Tendo o barco atracado na Marambaia, os fuzileiros navais conduziram-me ao Centro de Adestramento da Ilha da Marambaia (CADIM), comandado pelo capitão-de-mar-e-guerra Guilherme César Stark de Almeira. Tomei um segundo café da manhã com os militares e logo me juntei a uma equipe da Superintendência do IBAMA do Rio de Janeiro numa palestra feita por um almirante, o qual também veio da capital estadual. Era também aguardada a chegada de um pessoal do INCRA e do secretário municipal de meio ambiente, porém estes cancelaram a visita.


Após a apresentação, o comandante Stark nos levou até alguns dos assentamentos da população remanescente dos quilombolas da Marambaia. Tratam-se de áreas ocupadas pelos descendentes dos escravos do antigo dono daquelas terras, o comendador Joaquim José de Sousa Breves (1804 — 1889). Por motivo de justiça histórica, o artigo 68 do ADCT da Constituição Federal diz que "aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos". E, por sua vez, o Decreto n.º 4887, de 20 de novembro de 2003, regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação dessas terras.

Consta que o primeiro documento formal da posse da Ilha da Marambaia data de 1856, em nome do Comendador Breves. Durante o período da escravidão, a ilha era mantida por seu dono como local de "engorda" de escravos contrabandeados afim de serem depois vendidos para outras fazendas. Pouco antes de morrer, em 1889, Breves doou, verbalmente, toda ilha para os ex-escravos que ainda permaneciam nela. Porém, tal decisão não foi respeitada e, com a abertura do processo de inventário, as terras acabaram sendo transmitidas para sua viúva Dona Maria Isabel de Morais Breves. No ano seguinte, a ilha foi vendida à Companhia Promotora de Indústrias e Melhoramentos e, posteriormente, em 1896, por motivo de liquidação forçada da referida Cia, a propriedade restou transferida para o Banco da República do Brasil. Com a aquisição da Ilha da Marambaia pela União Federal, a região foi colocada à disposição da Marinha do Brasil que instalou ali a Escola de Aprendizes-Marinheiros, em 1908. Na década de 1940, durante a era Vargas, a comunidade da ilha veio a ser beneficiada com um instituto de pesca. Segundo informações constantes no site da Marinha,

"(..) através do Decreto-Lei nº 5.760, uma parte da ilha da Marambaia foi cedida à Fundação Abrigo do Cristo Redentor, para a instalação da Escola de Pesca Darcy Vargas. Nessa época, ocorreu um fluxo migratório de trabalhadores e familiares oriundos do continente em busca de emprego e oportunidades, ocupando determinados pontos da ilha. Esta porção, de 8,5 km², fio incorporada ao patrimônio da citada fundação entre 1944 à 1971, quando, por força do Decreto 68.224, de 12 de fevereiro de 1971, foi reintegrada ao patrimônio da União, por meio de um novo Termo de Entrega para a Marinha do Brasil, bem como todo o acervo móvel, imóvel e contratos de trabalho da escola de pesca. Durante o período em que a Escola de Pesca permaneceu na Ilha, a Marinha contava com o Campo de Aviação da Armada, que ocupava o restante da Ilha. No mesmo ano, 1971, ocorreu a ativação do Campo da Ilha da Marambaia, no local onde ficava a extinta escola de pesca. Em 1981, foi criado o Centro de Adestramento da Ilha da Marambaia (CADIM), lá situado até os dias de hoje." (extraído de http://www.mar.mil.br/cgcfn/marambaia/index.htm)

Baseando-se no artigo 68 do ADCT da Carta Magna, o Ministério Público Federal propôs a ação civil pública de n.º 2002.51.11.000118-2 em favor dos remanescentes quilombolas, a qual resultou na assinatura de um Termo de Ajustamento de Condutas (TAC) em 27/11/2014. Neste acordo, foram reconhecidos vários direitos da população tradicional, dentre os quais a titulação de áreas coletivas para fins de moradia seria o principal.

Durante a visita que fizemos, fui apresentado a três representantes da Associação da Comunidade dos Remanescentes de Quilombo da Ilha da Marambaia (ARQIMAR). O presidente da entidade, Sr. Nilton Alves, falou-me das dificuldades que os moradores estão tendo com a construção emergencial de 24 casas mais a sede da entidade devido à necessidade de transporte do material de obra. Conforme constatei, a embarcação da Marinha, que já ajuda na travessia gratuita de pessoas da comunidade entre a ilha e o continente, não tem condições de trazer grandes quantidades de tijolos, sacos de cimento e outros produtos necessário para o início das edificações.


Além disto, fui observando outras necessidades da ilha e senti que precisava percorrer as áreas ocupadas pela população tradicional. E foi o que fiz no dia seguinte após pernoitar no hotel de trânsito dos oficiais da Marinha cujo restaurante funciona numa antiga senzala, aquela utilizada para engordar dos escravos quando chegavam da África.



Na terça-feira (21/07), levantei cedo e, antes mesmo do café da manhã ser servido às 7:30, fiz uma caminhada rápida até uma gruta que fica uns 600 metros do hotel. Tendo então me alimentado, fui logo conhecer o litoral sul da ilha (sempre pela parte voltada para a Baía de Sepetiba) andando a pé 4.300 metros até à Praia do Sino, a qual fica já em mar aberto e de frente para a Ilha Grande. 

Tal praia é mesmo um paraíso devido à sua extraordinária beleza embora, infelizmente, a correnteza carregue para o local o lixo que pessoas mal educadas descartam indevidamente no oceano. Aliás, o banhista deve ter cautela naquelas águas, não sendo aconselhável tentar nadar até uma ilhota que tem logo em frente. Inclusive, é proibido que pessoas não autorizadas desembarquem ali, havendo placas informando a respeito.


Como eu não estava fazendo um passeio ecológico, nem houve tempo para tomar um banho de mar, comecei em seguida a minha caminhada de retorno e fui procurar o Sr. Paulo, presidente da Associação de Pescadores e Maricultores da Marambaia (APMIM). Soube ali na comunidade de Pescaria Velha sobre as dificuldades de transporte da população ao continente e também dos estudantes que cursam o ensino médio em Muriqui. Pois, quando a maré enche e o volume do córrego aumenta, os moradores ficam ilhados e precisam de uma embarcação para fins de locomoção, necessitando também de combustível. Porém, eles não recebem nenhuma ajuda da Prefeitura neste sentido sendo que, mesmo com o transporte da Marinha, os alunos acabam chegando na escola com atraso e passam o dia inteiro no continente até à segunda partida do "Borjão" de Itacuruçá, entre o final da tarde e começo da noite.



Após o almoço, percorri o lado norte da ilha caminhando até à Praia da Armação situada uns 5.500 metros do hotel de trânsito. Saí com sol e voltei com o céu todo encoberto começando a chuviscar. Esse trajeto chega a ser bem mais cansativo do que o primeiro porque, além da distância ser maior, é preciso passar pelo Morro do Fuzileiro entre as praias Suja e do Caju.

Na Praia do Caju, vive apenas uma família com três pessoas. Contudo, prosseguindo até à Praia da Armação, existem dez residências nas praias do Sítio e João Manoel, compreendendo a 4ª área do assentamento, conforme o acordo celebrado na ação judicial. Já na Praia da Armação, segundo os termos do ajuste, embora não se destine mais à habitação de pessoas, teve um espaço de 1.320,48 m² para manifestações culturais e religiosas.


No meu ponto de vista, esse TAC foi realmente uma grande vitória da sociedade ainda que nem toda a área anteriormente ocupada pelos descendentes dos quilombolas tenha sido contemplada. Afinal, foi preciso conciliar os diversos interesses em jogo como os imperativos da Defesa Nacional (art. 142 da Constituição), os direitos fundamentais à moradia e à identidade cultural da população nativa, juntamente com a necessidade de preservação da biodiversidade do ecossistema da Ilha da Marambaia. Logo, para que esse inédito assentamento feito em área militar pudesse ser realizado com sucesso, cada parte precisou ceder um pouco.

Na quarta-feira (22/07) não deu para fazer muita coisa devido ao mau tempo e a necessidade de preparar as coisas para retornar ao continente. Felizmente, consegui fazer praticamente tudo o que intencionava, faltando apenas atestar a boa preservação ambiental na trilha do Pico da Marambaia e na região da Lagoa Vermelha, locais em que necessitaria do acompanhamento de um guia. Também não deu para verificar a situação da escola de ensino fundamental da ilha porque professores e alunos estavam de férias.



Não sei quando terei outra oportunidade de retornar a Marambaia, mas pretendo continuar acompanhando a situação por lá, sendo que, conforme relatado por várias pessoas do local, as autoridades municipais precisavam ser mais presentes na ilha. Na prática, o prefeito da ilha tem sido o comandante Stark! Pois, além da execução de vários serviços em prol da comunidade, eis que, quando alguém passa mal ou se acidenta, é a Marinha quem presta o socorro imediato podendo, conforme o caso, transportar o paciente numa lancha até o Hospital Victor de Souza Breves, no Centro de Mangaratiba. 

Se pararmos para refletir, veremos que tanto o meio ambiente quanto a segurança da comunidade na Marambaia encontram-se melhor protegidos do que em Ilha Grande graças à presença dos militares. Por isso, entendo que o turismo ali só seria viável por meio de visitas guidas pela Fundação Mário Peixoto, que é uma entidade da Administração Indireta de Mangaratiba, e/ou pela ARQIMAR. Mas antes de algo assim acontecer, considero necessário haver primeiramente a implantação de um conselho local de desenvolvimento sustentável de caráter consultivo onde as ideias seriam discutidas entre representantes da sociedade civil, dos pescadores, da Marinha, da Prefeitura, dos órgãos ambientais e de ONGs ecológicas. Desse modo, teríamos lá uma democrática instância de gestão compartilhada. Afinal, é através do diálogo aberto que as coisas poderão evoluir neste século XXI e torço para que essa joia do Município, que é a Marambaia, avance cada vez mais.



OBS: Todas as fotos acima foram produzidas por mim durante a visita que fiz na Ilha da Marambaia, entre os dias 20 a 22/07/2015, sendo que dedico as imagens ao domínio público, podendo ser divulgadas livremente desde que citada a fonte.

sábado, 18 de julho de 2015

Omissões benéficas



"Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora" (Evangelho de João 16:12; versão e tradução ARA)

Geralmente consideramos as omissões como sendo condutas equivocadas, medrosas e, em determinados casos, mal intencionadas. Acreditamos, se alguém deixa de compartilhar uma informação que tem conhecimento, estará prejudicando uma outra pessoa ou até à sociedade da qual pertence.

No entanto, as regras podem ter exceções e, no referenciado capítulo 16 do 4º Evangelho, encontramos um esclarecedor exemplo nas palavras de Jesus. Ali o Mestre, durante a última noite em que esteve com os seus seguidores antes da crucificação, decidiu confortá-los acerca dos acontecimentos futuros. Coisas que ele não havia falado no começo do discipulado, tipo a hostilidade dos próprios compatriotas, vieram a ser reveladas (verso 4). Porém, ainda restavam outros assuntos para comunicar e estes seriam ensinados posteriormente pelo "Espírito da verdade" (v. 13).

Em seu livro Coragem para evoluir, o administrador de empresas e estudioso da consciência Luciano Vicenzi descreve aquilo que chamou de "omissões superavitárias". Estas, segundo o autor, ocorrem

"Quando a consciência possuidora de maior lucidez e maturidade, conhecendo mais a fundo a realidade consciencial e um contexto e, portanto, com maior visão de conjunto, compreende que a revelação de determinada informação a outrem não ajudaria. Conforme a situação, poderia até causar um estupro evolutivo no outro, fato possível de ocorrer quando alguém recebe um nível de informação além do que é capaz de absorver, colocando-a num conflito íntimo desestabilizador. A omissão, neste caso, é pautada pelo uso do discernimento na dosagem correta da informação, visando a melhor assistência possível para aquele contexto, demonstrando maturidade na comunicabilidade." (1ª ed. Rio de Janeiro: IIPC, 2001, págs. 95 e 96) 

Refletindo acerca desses pensamentos, lembrei-me da inutilidade que há no excesso de críticas dirigidas a uma pessoa do nosso convívio, ainda que de maneira amorosa ou pretensiosamente com fins edificantes. Muitas vezes queremos corrigir o nosso próximo e resolvemos dizer-lhe tudo o que achamos a seu respeito. Porém, toda aquela carga de informações acaba sendo danosa pois, ao invés de auxiliarmos, geramos uma paralisadora perplexidade a ponto de bloquearmos o discernimento do receptor. Aí aquela palavra que fora dita buscando o bem acaba não produzindo o fruto esperado prejudicando mais o aprendizado do nosso irmão.

Voltando ao 4º Evangelho, observamos ali que a obra de transformação é operada pelo Espírito de Deus no coração do ser humano. Nós não convertemos e nem salvamos ninguém! É cada um em seu auto-aprendizado que se convence dos erros, daquilo que é justo e do triunfo do bem sobre o mal. E aí entendo que o próprio Jesus soube reconhecer a sua limitação como homem, admitindo que o trabalho por ele empreendido teria continuidade pela experimentação espiritual dos discípulos. Pois estes, na ocasião oportuna, seriam capazes de se lembrar das lições do passado e interpretariam as boas novas para as necessidades presentes (conf. Jo 14:26), compreendendo as mudanças que viriam no futuro.

Durante a nossa curta passagem por este mundo, percorremos um ou mais níveis de maturidade, sendo certo que todos temos o direito de progredir ou estagnar o próprio crescimento espiritual (cada qual é responsável pelas escolhas que faz). E podemos até ser ultrapassados por quem antes considerávamos um retardatário, surpreendendo-nos com as primeiras colocações dos últimos. Todavia, o sábio magistério da Vida mostra o quanto precisamos agir com sensibilidade diante das variadas situações, aguardando o tempo da colheita e o momento certo de falar na medida certa. Pois como bem ensina o capítulo 3º do livro bíblico de Eclesiastes, existe ocasião certa "para cada propósito debaixo do céu"...

Uma ótima semana para todos!


sexta-feira, 17 de julho de 2015

Um passo para começar a fortalecer os partidos




Umas das poucas coisas boas que gostei nessa reforma política feita pelo Congresso Nacional diz respeito ao fim da coligação nas eleições proporcionais, além da proposta do voto facultativo. Esta, infelizmente, não teve a mesma acolhida que a primeira pelos homens que dizem nos representar em Brasília.

Considero que para uma democracia tornar-se sólida é preciso haver instituições fortes. Isto significa que devemos ter um Estado forte, sindicatos fortes, associações de moradores fortes, ONGs fortes e partidos fortes, coisas que, na política brasileira, ainda não existem por enquanto. Pois, pelo que se tem visto, as inúmeras agremiações partidárias presentes no Congresso têm se mostrado entidades débeis em diversos sentidos, sem compromisso ideológico, com pouca participação interna envolvendo as bases, sem influência decisória sobre a atuação dos seus parlamentares, sem prestígio na sociedade e muitas das vezes distantes dos anseios principais da população.

Em seu recente artigo QUE DESDOBRAMENTO POLÍTICO-INSTITUCIONAL DA CRISE? SUPERAR O PRESIDENCIALISMO DE CLIENTELA!, o cientista político e ex-prefeito do Rio de Janeiro Dr. César Maia criticou duramente a pulverização do parlamento brasileiro, apontando a falência do sistema atual:
        
"Numa Câmara de Deputados onde o partido majoritário hoje não tem 15% das cadeiras e que há muitos anos não tem 20%, estabeleceu-se espontaneamente o que politólogos chamaram de Presidencialismo de Coalizão. Aliás, uma expressão exagerada, pois coalizão mesmo, desde a democratização, nunca existiu. O que existe é a formação de maiorias movidas pelo clientelismo e, assim mesmo, que só funcionam dentro de ciclos econômicos favoráveis (...) Os espaços políticos possíveis na Câmara de Deputados, com o seu perfil de hoje e dos últimos anos, só poderia ser levado aos limites da reforma política recém-votados. No entanto, um governo de coalizão nacional, com o peso da responsabilidade do encurtamento da crise múltipla, terá que construir uma nova estrutura institucional executivo-legislativo. Com o sistema atual ainda se conviverá com um parlamento pulverizado." (Extraído da edição de 15/07/2015 do informativo Ex-Blog do César Maia)

No entanto, confesso que o fim da coligação me trás alguma esperança quanto ao futuro. Não em relação a atual legislatura, mas a partir das próximas eleições! Acredito que a mudança tende a fortalecer os partidos e, com isto, diminuir essa preocupante pulverização, estimulando até novas fusões entre os grupos partidários com alguma afinidade ideológica ou que tenham se coligado nas últimas campanhas. Suponho que, dentro de algumas legislaturas, teremos no máximo uns 3 ou 4 partidos fortes que, juntos, deverão conquistar mais de 75% das cadeiras do Congresso. 

Todavia, é preciso comentar que não basta apenas acabarmos com as coligações! Precisamos de leis que reforcem mais a fidelidade partidária finalizando com as "janelas" e também permitindo a perda do mandato do parlamentar que esteja votando contrariamente à orientação do partido bem como violando regras estatutárias que o penalizem. Por exemplo, se um deputado da oposição votar em projeto do governo contra a vontade partidária, ou defender posições incompatíveis com o programa da entidade pela qual foi eleito, correria o risco de sofrer um processo interno de que teria como consequência a perda do cargo.

Finalmente quero destacar a importância da participação popular dentro dos partidos, sem o que tais agremiações permanecerão distantes da sociedade. Para o cidadão indignado com os rumos da política brasileira não há outra alternativa senão a partidarização, passando a acompanhar todo o processo de elaboração de programas de governo, as propostas legislativas, as reformas estatutárias e, principalmente, a escolha dos próximos candidatos que irão disputar as eleições. Para isso os partidos precisarão não só atrair mais filiados como também se tornarem mais democráticos, fazendo reuniões com maior frequência e adotando mecanismos de controle mais transparentes.


OBS: Créditos autorais da foto acima atribuídos a Jefferson Rudy/Agência Senado, conforme consta em http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2015/03/24/fim-das-coligacoes-nas-eleicoes-proporcionais-passa-no-senado-e-segue-para-camara

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Quadros de um bisavô que não conheci




Neste último final de semana, fui a Juiz de Fora (MG) visitar a Sra. Diva Lopes Ancora Luz, a qual considero como minha segunda mãe, visto ter sido ela quem ajudou a me criar a partir da época em que entrei na 2ª série do ensino fundamental. Viúva há uma década de meu saudoso avô paterno Sylvio Ancora da Luz, ela completou recentemente seus 88 anos e esbanja muita saúde e disposição. Durante esse rápido passeio em Minas, aprovei para fotografar uns quadros que meu bisavô Francisco Ancora da Luz (pai desse avô) havia pintado, os quais encontram-se muito bem conservados na residência de Diva.

Não cheguei a conhecer esse bisavô, por ter ele falecido bem antes de meu nascimento, mas sei que foi oficial da Marinha durante a República Velha e também morou numa fazenda na localidade de Formoso (divisa entre o Rio de Janeiro e São Paulo), o que talvez ajude a explicar o seu gosto artístico por embarcações e paisagens campestres. Tal como o interessante navio à vela na foto acima pois, ao que parece, mesmo no começo do século XX, a nossa Marinha ainda deveria fazer uso da força dos ventos apesar de já existir o navio à vapor desde os tempos do Império.

Já neste outro navio do quadro abaixo, meu biso o teria pintado quando viajou para o Chile e passado pela chamada "Terra do Fogo", nome meio que incoerente para uma região tão gelada. E, naquele tempo da República Velha, fazia-se muito mais viagens pela Marinha do que na atualidade. Creio que por isto este bisavô sabia falar vários idiomas. Segundo vovô contava, seu Francisco era um homem culto, escrevia em jornais da época, muito embora tenha deixado as Forças Armadas e vivido seus últimos anos pobre.



Mas ele não andou apenas por lugares frios. Dentre os quadros que estão na casa da Diva (há mais pinturas com outros parentes meus), achei um que talvez se refira a um pedacinho de Fernando de Noronha. A paisagem retratada abaixo parece ser o Morro do Pico, ponto mais alto do arquipélago, com 323 metros, numa época em que os políticos brasileiros nem pensavam em transformar aquela colônia penal num parque ecológico como é hoje.



O vovô contava que o pai dele não suportava a vida militar pois gostava tanto da liberdade a ponto de um dia ter fugido do quartel para assistir a uma apresentação de ópera. Além disso, esse bisavô tinha uma paixão pelo campo de modo que resolveu pedir exoneração das Forças Armadas a fim de trabalhar na fazenda que pertencia à sogra. Conforme me relataram, morou por aproximadamente meia década nesta propriedade que se situava em Formoso, perto da divisa entre Rio de Janeiro com São Paulo. Nesto quadro a seguir, temos a bucólica paisagem do meio rural, porém numa época em que não havia tantos agrotóxicos nas lavouras e o gado pastava livre pelos campos sem que a carne desses animais fosse tão castigada pelas doses de hormônio.



Devido a uma controvérsia familiar, seu Francisco acabou deixando a fazenda e retornou ao Rio de Janeiro onde passou a trabalhar no extinto Lloyd. Foi morar com a esposa e os cinco filhos numa casa na Tijuca (acho que pagando aluguel) dependendo de um salário bem restrito. No entanto, não deixou de lutar para que seus filhos vencessem na vida. O primogênito Arnaldo tornou-se empresário. Já meu avô e o irmão mais novo Mário ingressaram no Exército e seguiram a carreira militar até o final. As duas irmãs foram pessoas honestas e de respeito na sociedade. E, apesar de todas as dificuldades, esse meu bisavô continuou pintando quadros e de modo algum não perdeu o gosto pelas artes. Continuou caminhando. Ou melhor dizendo, navegando...



OBS: Imagens feitas dia 11/07/2015 na casa da Diva, sendo todos quadros pintados pelo meu bisavô Francisco Ancora da Luz, alguns com restaurações posteriores feitas por terceiros amigos da família, inclusive por Jurema que foi minha fonoaudióloga quando tinha oito anos. Seu pai Francisco Carlos Ancora da Luz (1858-1888), assim como o meu Francisco Carlos Ancora da Luz (1946-1983), foi também engenheiro e faleceu prematuramente em Minas Gerais quando construía uma estrada de ferro do governo imperial. Devido a isso, o bisavô Francisco veio a ser criado também pelo avô dele, o rigoroso militar, político e ex-combatente da guerra do Paraguai, Francisco Carlos da Luz (1830 - 1906), mais conhecido na história de Santa Catarina como o Marechal Luz, onde existe até hoje um forte em sua homenagem. Todavia, nos primeiros anos da República Velha, a família já morava há tempos numa chácara situada nos subúrbios da então capital federal que era o Rio de Janeiro, considerando que Brasília não passava de um sonhado projeto.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Quando Deus nos abençoa por mãos estranhas




Em minha leitura sequencial do livro de Isaías, cheguei hoje aos sete primeiros versos do capítulo 45, quando o autor fala do rei Ciro da Pérsia como sendo o novo libertador do povo israelita. 

Possivelmente o profeta deve ter chocado os seus ouvintes quando se referiu a um rei estrangeiro como sendo um "pastor" de Deus (44:28) e mais ainda chamando-o em seguida de "ungido" (45:1). Isto porque o termo hebraico nas Escrituras que traduzimos como "ungido" não se costumava usar em qualquer outro lugar a não ser em relação a Israel. Para conhecimento do leitor, informo que a unção era derramada sobre os sacerdotes e os monarcas do próprio povo, a exemplo do que fizera Samuel com Saul e Davi, ou quanto a Salomão por Zadoque e Natã (ver referências bíblicas em Ex 28:41; 29:4-9; Lv 4:3,5,16 sobre os sacerdotes e 1Sm 2:10; 9:16: 10:1; 1Rs 1:34 acerca dos reis). Ocasionalmente, talvez profetas passassem por esse ritual como fizera Elias com o seu sucessor Eliseu (1Rs 19:16).

"(...) A palavra hebraica traduzida em português por 'ungido' tornou-se um termo técnico para indicar os ungidos do Senhor, geralmente com conotações régias. Esse título é, normalmente, traduzido por 'messias'. A palavra grega para 'ungido' é Christos (em português, Cristo, Mt 1:17)" - Comentários teológicos da Bíblia de Estudo de Genebra a 1Rs 1:34, 2ª ed., SBB, págs. 390 e 391)

Fazendo um mergulho na História, saberemos que, no século VI a.e.c, os judeus foram invadidos e levados cativos pelo exército babilônico. Esse exílio durou 70 anos e significou um período de muitas humilhações e opressões para o povo israelita como se lê abundantemente na literatura dos profetas referente à época. Aliás, o próprio Salmo 137 expõe isso de maneira bem clara ao iniciar em seu primeiro verso com estas palavras: "Junto aos rios da Babilônia, ali nos assentamos e choramos, quando nos lembramos de Sião".

Diferentemente do Êxodo egípcio, quando o Mar Vermelho teria milagrosamente se aberto e Israel foi guiado com prodígios no deserto árabe por intermédio de Moisés, eis que o livramento da Babilônia veio através de um rei estrangeiro. Ciro II teria sido um governante que, segundo o texto sagrado, nem a Deus conhecia (Is 45:4) e ainda assim foi um instrumento divino para abençoar a esmagada nação israelita tornando-se um tipo de messias para aquela geração desesperada.

O aprendizado que tiro dessa passagem bíblica em comento é que muitas soluções em nossas vidas podem vir de onde menos imaginamos ou aguardamos. Pessoas de outras culturas, religiões diferentes e de estilos de vida que não são o nosso muitas vezes surgem em nosso caminho para nos servir de auxílio nas mais diversas circunstâncias. Por exemplo, o cristão pode vir a receber um excelente emprego de algum patrão homossexual seguidor de outro credo (ou ateu) e ainda ser melhor tratado do que por um chefe que se diz "irmão". Outra situação que deve ser considerada é que a cura divina pode chegar até nós por meio da ciência, seja pelos médicos ou até pelo conhecimento empírico baseado nas tradicionais experiências de povos tidos como "pagãos" (discordo de quando alguém diz ser a acupuntura ou a homeopatia "coisas do diabo").

A leitura do texto de Isaías que estudei hoje nos mostra a superioridade do Criador bendito sobre tudo o que há no Universo. A fé monoteísta de que Deus é Um impede que se faça de qualquer outra criatura, mesmo do diabo, um outro ser divino. Por isso, a atitude sensata do cristão deve ser a colocação de todas as coisas debaixo do soberano propósito e governo do Senhor, livre de qualquer polarização que nossa mente faz:

"Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas." (Is 45:6-7)

Que possamos reconhecer o agir de Deus em nossas vidas e aceitarmos as soluções que o Rei dos reis coloca à nossa disposição!

Uma ótima quinta-feira a todos!


OBS: A ilustração acima refere-se a uma iluminura feita pelo pintor francês Jean Fouquet (1420 — 1481), mostrando Ciro II e os hebreus. Extraí do acervo virtual da Wikipédia em https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciro_II#/media/File:Cyrus_II_le_Grand_et_les_H%C3%A9breux.jpg

terça-feira, 7 de julho de 2015

E os gregos disseram "NÃO"...




Achei bem corajoso o resultado do plebiscito na Grécia ocorrido neste último domingo (05/07). Contrariando o que diziam as pesquisas de opinião, mais de 60% dos eleitores que foram às urnas rejeitaram as medidas de austeridade econômica impostas pela UE em troca de uma ajuda financeira.

De acordo com as agências de notícias, a votação ocorreu normalmente. Estima-se que 65% dos eleitores tenha comparecido à votação. Após a apuração, o "não" ficou com 61,31% dos votos. E, levando-se em conta que a  taxa de abstenção foi praticamente a mesma das últimas eleições parlamentares (cerca de 35%), pode-se considerar que o apoio ao partido do governo de Aléxis Tsípras cresceu de 37% para mais de 50% nesses poucos meses de gestão.

Inegavelmente que 2015 está sendo um marco na história do país! A Grécia que, no período compreendido entre 1967 e 1974, foi submetida a um regime militar de direita (a chamada "ditadura dos coronéis"), teve pela primeira vez um partido de esquerda chegando ao poder - o SYRIZA. Todavia, isto não significa que o povo grego esteja aderindo a um regime de esquerda ou tão pouco a fim de deixar a zona do euro, ou deixar a União Européia. E aí devemos ponderar que a decisão pró "não" de domingo significa apenas que a população está indisposta a aceitar as condições sacrificantes dos credores, as quais importariam em desemprego, cortes de benefícios e no aprofundamento da crise.

Ontem, apesar da reação negativa dos mercados, em que as bolsas de valores abriram em queda (Paris: – 2,06 % / Frankfurt: – 2,1 % / Milão: – 3 % / Londres: – 1,07 % / Madrid: – 2,41 %), tendo ainda o euro se desvalorizado perante o dólar, eis que as autoridades europeias posicionaram-se flexivelmente. Reconhecendo a vontade amplamente majoritária do povo grego, tudo indica que a durona chanceler alemã Angela Merkel dessa vez aceitará rever o acordo com a Grécia. Por sua vez, o presidente francês, François Hollande, declarou à imprensa que "a porta está aberta para discussão".

Verdade é que os eleitores gregos precisaram vencer o terrorismo psicológico de que a economia do país entraria em colapso, caso votassem pelo "não". Porém, como disse Tsipras, "mesmo nas circunstâncias mais difíceis, a democracia não pode sofrer chantagem", considerando o resultado do referendo "uma grande vitória em si mesma". E assim agradeceu à população de seu país:

"Independentemente de como tenham votado, hoje nós somos um (...) O mandato que vocês me deram não pede uma ruptura com a Europa, mas me dá mais força para negociar (...) Os gregos fizeram uma escolha corajosa. Sua resposta vai alterar o diálogo existente com a Europa" 

De qualquer modo, não se pode ignorar a realidade. De fato, esse resultado da consulta popular confere um poder maior de barganha ao país em suas negociações com os credores, mas nunca podemos nos esquecer de que a Grécia continua necessitando de uma nova ajuda antes que os seus bancos fiquem sem dinheiro bem como precisará definir a situação de sua dívida perante o Banco Central Europeu (no dia 20/07 vence uma parcela de € 3,5 bilhões). Acredito que o socorro provavelmente virá do FMI e a solução dependerá de uma corajosa atitude de reajuste nos gastos, ainda que em condições mais suaves. Ou seja, algum acordo terá que ser cumprido.


OBS: Imagem acima extraída do site do SYRIZA.

domingo, 5 de julho de 2015

Em memória de um grande herói




Vi há pouco no comecinho do Fantástico a interessante reportagem sobre um grande homem, falecido dia 01º deste mês, aos 106 anos, que salvou 669 crianças judias na época da 2ª Guerra, tendo se mantido por uns 50 anos no anonimato. Trata-se do britânico Nicholas George Winton. Ele organizou o resgate dos menores na antiga Checoslováquia, antes das suas deportações campos de concentração nazistas, livrando-as da morte certa em 1939.

O que acho bem interessante é que, durante cinco décadas, Nicholas não revelou esse trabalho humanitário para ninguém! Sua história só foi a público quando a esposa, Greta, descobriu no sótão da casa uma pasta que continha a lista das crianças salvas e cartas para os pais delas.

No ano de 1988, a rede britânica BBC surpreendeu Winton ao reunir alguns sobreviventes do Holocausto resgatados por ele. O encontro foi emocionante e arrancou lágrimas do próprio Nicholas. Confira o momento em que ele descobre a surpresa:



Que as gerações do presente possam mirar-se no seu exemplo de bondade e de coragem!


OBS: A imagem acima refere-se a Sir Nicholas Winton, em outubro de 2014 (Foto: Michal Cizek/AFP

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Precisamos de um Estatuto Geral dos Ambulantes!!!!!!!!!




Há uma categoria de trabalhadores até hoje muito discriminada no país. Trata-se dos vendedores ambulantes!

Embora o comércio ambulante seja disciplinado por leis municipais em cada cidade, há que se ter um interesse nacional a fim de que essas pessoas que trabalham nas vias e logradouros públicos tenham um mínimo de segurança jurídica em suas atividades. Pois como se sabe, a falta de transparência nas autorizações, muitas vezes concedidas para atender a interesses eleitoreiros das autoridades locais, cuida-se de um dos pontos que o legislador federal poderia dar enfrentamento ao estabelecer critérios universais para todas as prefeituras.

Assim sendo, a disciplina e a fiscalização do exercício do comércio ambulante e da prestação de serviços em vias e logradouros públicos deveriam obedecer rigorosamente aos seguintes princípios por parte dos agentes públicos municipais em todo o país:

1) a razoabilidade na definição das áreas de atuação do comércio ambulante e de prestação de serviços, bem como dos próprios pontos determinados para o seu exercício, levando-se em conta os interesses dos comerciantes regularmente estabelecidos, dos ambulantes, as necessidades sociais e econômicas da coletividade, a segurança e a saúde pública, a circulação de pedestres, a conservação e a qualificação da paisagem urbana, bem como a adequada disciplina urbanística da ocupação dos bens públicos municipais;

2) o respeito integral aos direitos dos que exercem o comércio ambulante e a prestação de serviços nas vias e logradouros públicos, com o reconhecimento pleno da sua cidadania e da sua dignidade humana e profissional;

3) a isonomia, a publicidade e a plena transparência dos critérios e procedimentos adotados para a cessão de pontos fixos e móveis de comercialização ou de prestação de serviços nas vias e logradouros públicos, com atendimento rigoroso ao que dispuser a lei local, nos regulamentos e demais atos administrativos;

4) a capacitação e o controle rigoroso dos atos funcionais de todos os agentes públicos direta ou indiretamente envolvidos com o exercício destas atividades, com a consequente tomada das medidas disciplinares cabíveis em casos de transgressões ao princípio da moralidade administrativa;

5) a função social do comércio ambulante como uma oportunidade de inclusão social imediata geradora de renda familiar.

É certo que não caberá ao legislador federal dispor sobre questões de interesse local, mas poderá uma lei geral impor limites aos abusos cometidos por muitos prefeitos. Em outras palavras, os critérios adotados pelos municípios terão que ser mais transparentes quanto à fiscalização e à concessão de licenças e aos prazos de resposta sobre requerimentos de autorizações.

Portanto, meus amigos, fica aí minha sugestão aos nossos excelentíssimos deputados a fim de que tomem uma atitude quanto a esse importante assunto.

As causas dos gays e as necessidades do povo brasileiro




O psicólogo norte-americano Abraham Maslow (1908 - 1970) até hoje é muito citado nas universidades e nos trabalhos de pesquisas (inclusive das empresas e governos) pela sua proposta sobre a hierarquia das necessidades. Segundo ele, as necessidades de nível mais inferior devem ser satisfeitas antes das necessidades de um patamar superior. Cada indivíduo tem de "escalar" uma hierarquia de necessidades para atingir a sua auto-realização, como expôs formatando uma pirâmide.

Em resumo, seriam cinco os conjuntos de necessidades sugeridos por Maslow: 

1) Necessidades fisiológicas (básicas), tais como a fome, a sede, o sono, o sexo, a excreção, o abrigo;

2) Necessidades de segurança, que vão da simples necessidade de sentir-se seguro dentro de uma casa a formas mais elaboradas de segurança como um emprego estável, um plano de saúde ou um seguro de vida;

3) Necessidades sociais ou de amor, afeto, afeição e sentimentos tais como os de pertencer a um grupo ou fazer parte de um clube;

4) Necessidades de estima, que passam por duas vertentes, o reconhecimento das nossas capacidades pessoais e o reconhecimento dos outros face à nossa capacidade de adequação às funções que desempenhamos;
5) Necessidades de auto-realização, em que o indivíduo procura tornar-se aquilo que ele pode ser: "What humans can be, they must be: they must be true to their own nature!" (Tradução: "O que os humanos podem ser, eles devem ser: Eles devem ser verdadeiros com a sua própria natureza).

Seria neste último nível da pirâmide que Maslow considerou que a pessoa tem que ser coerente com aquilo que é na realidade. "Temos de ser tudo o que somos capazes de ser, desenvolver os nossos potenciais", ensinava o psicólogo.

Embora essa teoria de Maslow recebeu críticas desde a época em que ele a teria formulado (há quem entenda ser possível uma pessoa estar auto-realizada e não conseguir, contudo, uma total satisfação de suas necessidade fisiológicas), penso tratar-se de uma importante ferramenta a fim de que podermos entender melhor as aspirações da nossa sociedade. Algo que os políticos precisam refletir sempre, quer sejam oposicionistas ou governistas, progressistas ou conservadores. E aí, quando falo dos políticos, não me refiro apenas aos ocupantes de cargos eletivos ou pretensos candidatos aos mesmos, mas incluo também as ONGs e os movimentos sociais em geral como os ambientalistas, as feministas, os ativistas gays, os sindicalistas das mais diversas categoria, os líderes estudantis, os defensores de animais, etc.

Pois bem. Quando olho para a sociedade brasileira de hoje, percebo que estamos passando do nível "fisiologia" para "segurança". Acabamos de sair nesta década do vergonhoso "Mapa da Fome", de acordo com o relatório global da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), divulgado em Roma no dia 16/09/2014 (ver documento sobre insegurança alimentar no mundo aqui). E mesmo assim ainda estamos experimentando um considerável retrocesso em 2015 devido à crise econômica, a qual espero ser passageira durando uns dois ou três anos no máximo.

Ora, neste momento que estamos vivendo, o que o nosso povo mais quer é manter suas conquistas, ter o seu direito à saúde respeitado (muita gente ainda sofre aguardando atendimento nas unidades do SUS), conseguir uma escola de qualidade para seus filhos, comprar a tão sonhada casa própria, andar num transporte público decente e comer um pouco melhor. E aí fico a pensar como um trabalhador pai de família, que ainda tem que acordar às quatro da madrugada para viajar naquele ônibus lotado (e ainda levar bronca do patrão por ter chegado com atraso no emprego), poderá simpatizar com as bandeiras defendidas pelo movimento LGBT?!

Oras, não seria esse um dos erros cometidos pela esquerda brasileira que parece estar se esquecendo de suas origens no movimento sindical?!

É certo que temos também gays pobres no Brasil e no mundo. Porém, quem mais luta pelos direitos de ter a sua intimidade sexual respeitada geralmente são os homossexuais ricos, ou os que pertencem a uma classe média mais ou menos endinheirada. Isto é, pessoas que já têm algum conforto básico em seu cotidiano ainda que possa ter falta de algumas coisas em casa e não conseguir comprar um automóvel 0 km.

A meu ver, hoje os gays não estão mais na mesma situação de uns 25 anos atrás. Inúmeras conquistas eles já obtiveram entre as quais a de adotar crianças, receber pensão do INSS em caso de morte do companheiro(a) falecido(a), concorrer à herança com os demais parentes do mesmo, viver em união estável e até se casarem no civil. Se algum deles for de fato ofendido em razão da orientação sexual podem, conforme o caso, processar o agressor por crime de injúria e, independentemente, pedir uma indenização por danos morais dentro da esfera cível. Sendo empregado de uma empresa, ou funcionário público, deve ser respeitado igual aos outros colegas de trabalho assim como, num estabelecimento comercial, tem o direito de ser atendido como os demais consumidores heterossexuais. E, quanto à saúde, podem fazer pelo SUS aquela cirurgia de transgenitalização (mudança de sexo) mesmo que em vários hospitais faltem remédios, gazes, esparadrapos, leitos para internação emergencial, equipamentos de raio-x, etc.

Nada contra os direitos da minoria gay. São seres humanos iguais a mim e que apenas sentem e percebem o mundo de maneira diferente sentindo atração por quem é do mesmo sexo que eles. Só que aí faço a minha ponderação sobre a importância estratégica do movimento LGBT "pegar mais leve" nas suas reivindicações e manifestações depois de terem obtido diversas conquistas perante o Estado. Ainda mais agora que estamos passando por uma crise na economia e o brasileiro não quer perder os benefícios que conseguiu após a Constituição de 1988 com FHC, Lula e Dilma. Por isso, entendam, meus leitores, que de modo algum pretendo incitar o restante da sociedade contra os gays, mas quero chamar todos ao bom senso.

Para finalizar, vale lembrar aqui das palavras do grande líder da revolução bolchevique (1917), Vladimir Ilitch Lenine (1870 - 1924), o qual pregava ser preciso voltar "um passo atrás para dar dois à frente". Em sua visão política e filosófica, tratava-se de um recuo tático, o que permitiria avanços posteriores e, certamente, tem tudo a ver com a marcha dialética de uma sociedade. Logo, para que seja possível influenciar a condução do processo histórico, faz-se necessário reconhecer esse movimento de idas e vindas, deixando que certos eventos possam acontecer a seu tempo (ou criando condições para que elas ocorram).

Portanto, para que a sociedade brasileira alcance o seu desejado ponto de equilíbrio e haja paz, não é bom que se intensifique essas polarizações entre gays e conservadores, conflito este que só oportuniza a popularização dos malafaias, felicianos e bolsonaros da vida. Por isso sugiro aos ativistas homossexuais que deixem de lado a ideia da desnecessária aprovação do casamento igualitário no Congresso, algo que o STF já reconheceu, bem como adiem as mudanças que desejam discutir no Plano Nacional de Educação (PNE), procurando agora consolidar as conquistas já alcançadas. Afinal de contas, o Estado hoje oferece o suficiente para que cada qual viva a sua orientação sexual dignamente, cabendo apenas à sociedade respeitar o direito individual alheio. E acredito que chegaremos lá!

Um ótimo final de semana a todos!


OBS: Imagem acima extraída do acervo virtual da Wikipédia.

A vez da privatização da Rio-Santos




Conforme li no blogue do vereador angrense Eduardo Jorge Mascote, está marcada uma Audiência Pública para esta sexta-feira (03/07) com o objetivo de debater o assunto que versa sobre a privatização da Rodovia Rio-Santos. A reunião será no espaço do Centro Cultural Casa Laranjeiras, Praça Zumbi dos Palmares, Centro de Angra dos Reis, às 18 horas.

No dia 09/06, o governo federal havia anunciado a privatização de mais um pedaço da BR-101 dando continuidade ao seu Programa de Investimentos e Logística (PIL). Trata-se dos 357 km de extensão da rodovia Rio-Santos entre o Rio de Janeiro e Ubatuba, no litoral norte paulista. A previsão é que o leilão se realize em 2016 e sejam investidos R$ 3,1 bilhões, incluindo também o Arco Metropolitano, o qual liga a BR 101, no município de Itaboraí, à Baixada Fluminense.

A meu ver, a concessão desta estrada à iniciativa privada, além constituir de uma alternativa para a conclusão das obras do Arco Metropolitano, poderá ser benéfica para o desenvolvimento de um turismo de qualidade aqui na região da Costa Verde. Isto porque, com os investimentos previstos, teremos a ampliação de capacidade da Rio-Santos até Ubatuba, o que incluirá a totalidade o trecho que atravessa Mangaratiba. Ou seja, um número maior de pessoas poderão visitar as nossas praias, ilhas, cachoeiras, sítios históricos e parques ambientais.

Além disso, há que se pensar na segurança dos motoristas que usam a BR-101 pois, como se sabe, a rodovia Mário Covas é bastante sinuosa e possui pista simples, sendo muitos os acidentes registrados anualmente aqui. Por isso, deve-se se promover obras de alargamento que permitam a duplicação da pista, o que torna fundamental a perfuração de novos túneis, medida que aliviaria muito os engarrafamentos aqui em Mangaratiba (nos trechos perto de Muriqui e da Praia do Saco).

Cercada por áreas de Mata Atlântica, a rodovia corta diversos destinos turísticos, como Paraty, Angra dos Reis, Mangaratiba e Caraguatatuba, conduzindo o viajante a cenários incríveis. Em diversos pontos dá para avistar locais como a Marambaia e Ilha Grande, numa beleza de tirar o fôlego. Principalmente por causa da proximidade entre montanhas e praias, havendo ainda alguns recantos paradisíacos.

A meu ver, é importante que essa privatização tenha por foco o desenvolvimento da atividade turística. Há que se incluir no projeto a construção de uma ciclovia, ideia que já apresentei no blogue Propostas para uma Mangaratiba melhor em 17/09/2013 (ler artigo Que tal uma ciclovia para a Rio-Santos?). Devemos lembrar que uma das tendências dos países de Primeiro Mundo é permitir que as pessoas possam viajar pedalando nas suas bicicletas. É o que muitos jovens costumam fazer passeando pela Europa. Logo, se o governo federal atentar para isto, poderemos fazer com que a Rio-Santos venha a se tornar uma verdadeira estrada-parque.

Havendo interesse do governo a esse respeito, nós moradores dessa região ganharíamos mais qualidade de vida, tendo uma opção segura, ecológica e saudável de lazer. Isto sem nos esquecermos de que a bicicleta é ainda um meio de locomoção usado por vários trabalhadores e estudantes em suas rotinas diárias dentro de cada distrito daqui de Mangaratiba. Ou seja, com uma ciclovia na Rio-Santos, os riscos de atropelamento na estrada ficariam menores e nos tornaríamos menos dependentes dos serviços prestados pelas empresas de ônibus ao nos deslocarmos entre as localidades mais próximas.

Enfim, para resumir posso dizer que a população anseia por algo a mais do que apenas obras de duplicação e pedágios, sendo certo que essa audiência pública será uma grande oportunidade para os interessados expressarem suas opiniões.


OBS: Ilustração acima sobre a BR-101 extraída de uma página da Prefeitura Municipal de Ubatuba em http://www.ubatuba.sp.gov.br/licitacao-da-duplicacao-da-br-101-tem-menor-proposta-em-r-470-milhoes/