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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Compras imprudentes pela internet: uma dor de cabeça a um click


A cada ano as compras pela internet aumentam. Com a popularização da rede de computadores, mais e mais consumidores brasileiros têm experimentado a aventura de adquirir produtos à distância por preços bem acessíveis e sem precisar sair de casa. Só que, às vezes, o barato pode sair bem caro.

Geralmente é nesta época do ano, logo após o Natal, que as reclamações aumentam no PROCON. Basta terminar o recesso forense, no dia 06 de janeiro, para que as ações de defesa do consumidor pipoquem nos Juizados Especiais Cíveis, abarrotando o Judiciário de novos casos que nem sempre conseguem ser solucionados.

É muito arriscado comprar pela internet quando não se tem boas referências da empresa fornecedora. Adquirir produtos em sites como o "Mercado Livre" jamais será algo totalmente seguro porque não sabemos quem está do outro lado. E, salvo algumas exceções, entendo que o Mercado Livre não poderá ser responsabilizado pela má conduta de terceiros nas hipóteses de demora na entrega ou não recebimento da encomenda, produtos com defeito, etc.

Mesmo com as grandes lojas na internet, é preciso sempre ter atenção e cuidado nas negociações, pois os mesmos problemas mencionados anteriormente também podem ocorrer com toda e qualquer empresa, inclusive fraudes, falhas sistêmicas, eventuais extravios durante o processo de transporte e o mal atendimento no SAC. Logo, é recomendável salvar ou imprimir todos os comprovantes, anotar números de protocolos e armazenar os e-mails até o satisfatório recebimento da compra junto com a nota fiscal.

Quanto à possibilidade de troca, esta nem sempre será absoluta apesar da escolha ter sido feita à distância, exceto se estiver previsto na política de relacionamento da empresa.

Em que pese o artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) prever o direito de desistência, se exercido formalmente dentro de sete dias a contar do recebimento do produto, entende-se que este dispositivo da lei só se aplica quando o cliente não tem condições de certificar-se quanto às especifidades do bem que está adquirindo. É o que leciona o jurista Nelson Nery Júnior, um dos autores do anteprojeto do CDC que fala sobre as contratações por telefone, situação análoga às compras pela internet:

“(...) O Código protege o consumidor contra toda e qualquer contratação realizada fora do estabelecimento comercial, concedendo-lhe o prazo de sete dias para arrepender-se do negócio, sem nenhum ônus. O caso concreto é que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeita ao direito de arrependimento ou não. Se for dos usos e costumes entre as partes a celebração de contratos por telefone, por exemplo, não incide o dispositivo e não há direito de arrependimento. O consumidor pode ter relações comerciais com empresa que fornece suporte para informática e adquirir, mensalmente, formulários contínuos para computador, fazendo-o por telefone. Conhece a marca, as especificações, e o fornecedor já sabe qual a exigência e preferência do consumidor. Negociam assim há seis meses continuados, sem reclamação por parte do consumidor. Nesse caso, é evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores, não há o direito de arrependimento. Havendo mudança da marca do formulário, ou das especificações sempre exigidas pelo consumidor, tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexão. O direito de arrependimento existe, independentemente de o produto haver sido encomendado por pedido expresso do consumidor. O Código lhe dá esse direito porque presume, juris et de jure, que possa não ter ficado satisfeito e ter sido apanhado de surpresa quanto à qualidade e outras peculiaridades do produto ou serviço.” (Código brasileiro de defesa do consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto. 8ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004, págs. 550 e 551)

Considero fundamental que as compras realizadas na internet passem a ter um regramento próprio previsto em lei federal afim de que haja o estabelecimento de um padrão uniformizador nas relações virtuais capaz de proporcionar mais segurança ao consumidor.

No momento da finalização da compra online, o site da loja deveria emitir um comprovante em condições de ser salvo no computador e/ou impresso junto com o envio de uma cópia automática para o e-mail do consumidor, informando este sobre o nome do produto, suas características, qual o prazo previsto para entrega e o código da transação, conforme muitas empresas sérias já praticam. Então, a partir daí, o consumidor seria obrigatoriamente notificado por correio eletrônico sobre todas as etapas seguintes até a efetiva entrega do bem no local de destino, sendo facultada a possibilidade de acompanhamento pela área restrita do site da loja, mediante o uso de seu login e senha pessoal cadastrados.

Além disso, considero necessário prever o prazo máximo para a entrega dentro do território nacional, bem como a obrigatoriedade das lojas disponibilizarem a opção de presentear terceiros e o direito de pagamento pelo boleto bancário sem nenhum acréscimo extra. Isto porque que nem todos podem ser obrigados a usar cartão de crédito ou trabalhar com débito em conta corrente. Do contrário, seria o mesmo que um estabelecimento comercial negar-se a receber pagamentos em moeda corrente.

Outra coisa que precisa ser regrado é o atendimento virtual via chat que, no caso das grandes empresas, precisa ser uma ferramenta de comunicação obrigatória, mesmo que terceirizada. Penso que todos os contatos devem ficar gravados, podendo ser acessados pelo consumidor com a finalidade de impressão e assegurando o direito de receber cópia via e-mail do diálogo digitado. E o tempo de espera para ser atendido no canal do chat não poderia jamais exceder a cinco minutos, devendo ser gerado um protocolo referente ao contato logo que ocorrer o acesso ao serviço.

Todavia, mesmo propondo a criação de novas leis, não espero que a simples normatização das relações de consumo, que são dinâmicas, irá servir de solução para os problemas atualmente enfrentados. Principalmente enquanto vigorar na sociedade brasileira o desejo de só tirar vantagem em todas as situações e a ética continuar ausente entre as pessoas.

É certo que qualquer lei conduz a um inevitável aprisionamento, mas se trata de uma garantia jurídica dentro de uma sociedade extremamente injusta como a nossa. Aliás, vale a pena lembrar que foi devido ao Código do Consumidor que houve uma considerável melhoria nos produtos nacionais oferecidos ao mercado brasileiro, o que afastou a ideia de que as coisas importadas são melhores.

Portanto, tendo em vista o aumento cada vez maior de compras feitas pela internet, mostra-se necessária a criação de novas normas protetivas que acompanhem as evoluções da tecnologia e da economia do país.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Natal de 2010


Neste ano, acho que tive o Natal mais simples de minha vida e, pela primeira vez, passei a véspera, bem como o próprio dia 25, só na companhia de minha esposa (e de Deus é claro). Porém, no domingo, dia 26, reuni-me com os meus irmãos em Cristo na igreja no final da tarde.

Sempre fiquei com a família no Natal. Quando criança, esta era uma das épocas que eu mais gostava porque sempre ganhava presentes pela manhã. Às vezes, quando acordava, encontrava vários embrulhos de brinquedos no meu quarto. Diziam-me que foram deixados por um tal de “Papai Noel”.

Mesmo depois de ter descoberto por volta dos 7 anos que o Papai Noel não existia, continuava a receber presentes dos adultos. Desta vez, porém, eu já sabia quem eram os presenteadores. Alguns presentes começaram a chegar com um pouco de atraso porque nem sempre as pessoas da minha família estavam com dinheiro.

Quando morei com meu avô paterno, em Juiz de Fora (anos 80 e 90), costumávamos almoçar juntos no dia 25. Geralmente não se fazia muita coisa na véspera porque vovô sempre gostou de dormir cedo. Pois, assim que acabava o Jornal nacional, meu velho já começava a se preparar para dormir e o restante da casa costumava acompanhá-lo depois do final da novela das oito.

Assim, antes de meu avô Sylvio falecer, às vezes eu ficava com meus familiares no Rio de Janeiro, onde mora minha mãe e as duas avós. Ou, em outras ocasiões, viajava para Juiz de Fora. Porém, depois que já estava morando aqui em Nova Friburgo e tinha conhecido minha esposa Núbia, apenas por duas vezes recebi a sogra e a cunhada em minha casa, deixando de ir para o Rio.

Entretanto, quando descia para o Rio de Janeiro nesta época, eu acabava me separando por alguns dias de Núbia pois, enquanto ela estava com sua mãe em Niterói, eu ficava com a minha no outro lado da baía de Guanabara. E a nossa estadia não durava muito tempo pois, geralmente no dia 26, sempre voltávamos para a serra. No ano passado (2009), aproveitei para rever alguns irmãos da Primeira Igreja Batista de São Francisco Xavier de onde fui membro na época de adolescente e levei minha avó materna comigo afim de assistir uma linda cantata de Natal.

Em 2010, não foi possível irmos ao Rio e nem receber a sogra. Devido aos problemas reumáticos de Núbia, optamos por não sair da cidade (houve épocas este ano em que ela ficou tão incapacitada devido as dores nos joelhos que até para andar algumas centenas de metros até a clínica tínhamos que pegar táxi e não conseguia subir os degraus do ônibus). Então, resolvemos fazer o nosso Natal por aqui mesmo e convidar a sogra.

Infelizmente a mãe e a irmã de Núbia não puderam vir. Na semana do Natal, minha sogra ficou doente e telefonou dizendo que precisava ficar em Niterói. Aí, não tivemos outro jeito senão passar o Natal só nós dois, Deus e a gata Sofia que criamos desde o Natal de 2007.

Nossa ceia do dia 24 foi bem tropical e sem aquelas guloseimas típicas da festa. Por causa do severo regime de Núbia, evitei comprar coisas que pudessem prejudicar sua saúde. Preferimos comer pão árabe com pasta de grão de bico mais uma boa quantidade de frutas que não engordam tanto. Nada de panetone, peru, pernil, bacalhau, nozes, castanha portuguesa ou amêndoas. Desfrutamos de um delicioso abacaxi fatiado em rodelas e a única fruta seca ingerida foi a ameixa.

O tempo ficou instável, porém relativamente quente. Não aquele calorão do Rio pois aqui na serra, mesmo no verão, as temperaturas são mais amenas. Às vezes chovia e tinhas horas que o sol saía para aquecer o ambiente. Para aproveitar o tempo, alguei cinco DVDs de vídeo, dentre os quais um filme europeu, um japonês, duas comédias românticas norte-americanas para assistir com ela e uma produção religiosa sobre o relacionamento de um filho com o pai. De todos, gostei mais do drama japonês “A Partida”. Porém, o “Lemon Tree”, do diretor israelense Eran Riklis, também é imperdível. Principalmente para quem é advogado como eu (assistam o vídeo abaixo).

Mesmo desfrutando do sossego do Natal deste ano, senti um pouco a falta da companhia de outras pessoas. Então, no domingo, dia 26, fui com Núbia para a celebração na igreja, ocasião em que também fizemos uma ceia coletiva (não era a Santa Ceia) e um sorteio de amigo secreto que acabou sendo meu único presente do Natal de 2010 que considerei – alguns pares de meias. Durante o culto, compartilhei com meus irmãos qual o significado do nascimento de Jesus para mim, juntamente com outras pessoas.

No final, como previsto, foi aquela comilança em que cada família tinha ficado de contribuir com alguma coisa. Teve bastante bolo, panetone, um pudim, figos secos, ameixas e refrigerantes. Entretanto, o mais importante foi termos passado o Natal em união com meus irmãos louvando e cantando hinos para Deus. E, apesar de nosso encontro ter sido no dia 26, o Natal deve acontecer sempre. Aliás, foi o que escreveu em seu site o nosso irmão blogueiro Auriberto Feitosa e que também tem acompanhado esta minha página:

“O Natal ocorre todos os dias quando Cristo nasce no coração de alguém, quando alguém tem um encontro pessoal e salvífico com Ele” (artigo “Feliz Natal”,de 25/12/2010, extraído de http://auriberto.blogspot.com/2010/12/feliz-natal.html em 27/12/2010).

E aí? Conte-me como foi o seu Natal?

Para concluir, desejo que todos os dias você possa festejar o Natal em seu coração, com seus familiares, amigos e irmãos em Cristo, alegrando-se com os anjos sobre cada novo nascimento.

Segue um trailer de filme “Lemon Tree”, o qual a todos recomendo:.




Rodrigo Phanardzis Ancora da Luz

sábado, 25 de dezembro de 2010

E Ele veio para morrer...


“Depois disto, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, ainda que ocultamente pelo receio que tinha dos judeus, rogou a Pilatos lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. Pilatos lho permitiu. Então, foi José de Arimatéia e retirou o corpo de Jesus. E também Nicodemos, aquele que anteriormente viera ter com Jesus à noite, foi, levando cerca de cem libras de um composto de mirra e aloés. Tomaram, pois, o copo de Jesus e o envolveram em lençóis com aromas, como é de uso entre os judeus na preparação para o sepulcro. No lugar onde Jesus fora crucificado, havia um jardim, e neste, um sepulcro novo, no qual ninguém tinha sido ainda posto. Ali, pois, por causa da preparação dos judeus e por estar perto o túmulo, depositaram o corpo de Jesus.” (Evangelho de João 19.38-42; ARA)


Não me leve a mal se hoje, no dia de Natal, resolvo escrever justamente sobre o sepultamento de Jesus. Porém, não vejo muito sentido em falar sobre o seu nascimento sem nenhum tipo de conexão com sua obra redentora que, inevitavelmente, passa pela morte e pela ressurreição do Messias. Isto porque o seu nascimento ocorreu com um propósito bem grandioso que já havia sido profetizado há muitos séculos antes de sua chegada. Aliás, este recado foi muito bem expresso por Simeão, na passagem de Lucas 2.25-35, no dia em que Jesus, ainda menino, foi apresentado no Templo judaico por seus pais em cumprimento da lei mosaica. Aquele homem já estava informado pelo Espírito de Deus acerca da missão que aguardava a criança vista por seus olhos.

Muitas das vezes, quando tudo caminha bem, usamos os vocábulos vida e morte sem nenhuma significação, jogando ao vento palavras vazias. Porém, quando vamos a um sepultamento, temos a consciência do que representa a morte, isto é, a separação de alguém cujo rosto nunca mais veremos nesta vida. Ali, num triste velório, temos um encontro não com o falecido, mas com nós mesmos, de modo que extraordinariamente somos capazes de desenterrar emoções até então esquecidas dentro dos nossos corações, declarando sentimentos que, talvez, jamais foram ditos antes para a pessoa que se foi.

Não é por menos que algumas famílias são capazes de gastar fortunas para enterrar seus entes, seja para preservar o status do clã perante a sociedade, ou tentar lidar com o sentimento de culpa, na busca de substituir os gestos simples que foram negados em vida por uma extravagância que já não fará mais nenhum sentido para o morto. Em outras culturas diferentes da nossa, as lamentações funerais podem durar muito mais tempo do que no Ocidente e se tornam um evento social com a prática de inúmeros rituais (é milenar e muito comum a prática de raspar a cabeça por causa de um morto em outros lugares).

De fato, as expressões de lamento na ocasião de um enterro são importantíssimas para que possamos nos recobrar do trauma da perda e renovar as esperanças. A Bíblia diz que, na ocasião da morte do patriarca Jacó, o filho José lançou-se sobre o pescoço do pai e chorou sobre o seu corpo, beijando-o (Gênesis 50.1). E diz também o texto que o período de luto durou setenta dias (verso 3).

Ao morrer, Jesus despertou os sentimentos de dois discípulos que lhe seguiam às escondidas: José de Arimateia e Nicodemos (o mesmo do capítulo três de João que havia se encontrado com o Senhor na calada da noite). Ambos eram pessoas de posição na sociedade israelita daquele tempo e o Evangelho de Marcos refere-se a José como um ilustre membro do Sinédrio (o conselho religioso dos judeus). Porém, quando o Mestre tornou-se um cadáver, nenhum deles se incomodou com a ocasião festiva da Páscoa judaica que exigia pureza cerimonial dos participantes, sendo possível que eles próprios tivessem envolvido o corpo de Jesus com os lençóis de linho quando o retiraram da cruz e o puseram no túmulo dentro da rocha.

Antecipadamente, o profeta Simeão, descrito no Evangelho de Lucas, bem consciente do significado da vinda do Messias, foi capaz de reconhecer sua morte e sua vida através da atitude de grata adoração, aceitando também a própria morte:


“Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo,
segundo a tua palavra;
porque os meus olhos já viram a tua salvação,
a qual preparaste diante de todos os povos:
Luz para revelação aos gentios,
e para a glória do teu povo de Israel.”
(Lc 2.29-32; ARA)


Certamente aquela foi uma autêntica maneira de se comemorar o Natal! Contemplando o Messias ainda bebê, o idoso Simeão estava compreendendo a amplitude do plano de Deus e o cumprimento de promessas feitas há séculos para o seu povo pelos antigos profetas. Naquele momento, ele pôde enxergar além de seus próprios dias e tocar na eternidade. Ele poderia morrer em breve, mas o tão desejado reino de Davi seria restabelecido pelo novo ungido que seus olhos tinham acabado de ver.

Contrariando as expectativas do povo judeu do primeiro século, Jesus não estabeleceu o reino messiânico de imediato com as aparências físicas que estavam no imaginário das pessoas. A obra do Messias mostrou-se muito mais complexa, tendo como uma primeira etapa a conquista dos corações dos homens pela pregação do Evangelho. Assim, com a morte de Jesus e seu respectivo sepultamento, foi-se a esperança de muitos quanto ao homem que viria libertar Israel do domínio estrangeiro. É o que disseram os discípulos no caminho de Emaús: “Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam” (Lc 24.21; ARA).

Sem que os dois discípulos percebessem, Jesus estava caminhando ao lado deles e explicou que o Messias precisaria padecer antes de entrar na sua glória, pois ambos estavam com os olhos do coração ainda fechados para a obra feita por Deus, ignorando a ressurreição.

Mas por que o Messias precisava morrer?

Quando criança eu não me conformava com a morte do Senhor. Ficava triste quando lia os textos dos Evangelhos e chagava na parte em que aquela pessoa maravilhosa que foi Jesus era retirada do convívio humano. Alegrava-me brevemente com a sua ressurreição, mas a seguir sentia novamente a dor da perda quando, passados os quarenta dias, Jesus deixava os discípulos e ia para os céus. Mesmo a promessa de Mateus 28.20b, de que Ele estará sempre conosco até o fim do mundo, era incapaz de me consolar porque eu sentia necessidade de sua presença física.

Por outro lado, hoje sei que proveito algum haveria para o nosso crescimento espiritual se Jesus tivesse usado seus super poderes para neutralizar os soldados que vieram prendê-lo e, através de algum tipo de mágica, vencido os romanos tornando-se o rei de Israel de onde passaria a governar todo o mundo. Se tivesse seguido este atalho, que lhe fora proposto pelo diabo durante a tentação, faltaria aprendizado aos seus discípulos e aos demais homens que continuariam cometendo as mesmas injustiças, as mesmas que foram praticadas nos tempos de Davi e pelos monarcas posteriores.

Acontece que não é neste mundo onde encontraremos uma felicidade perfeita e Jesus mostrou para todos nós que o caminho da eternidade passa pela cruz. Com sua morte, ele sofreu toda a punição referente aos nossos pecados e mostrou que o sentido da vida está na prática do amor ao próximo.

Ao ressuscitar, Jesus apresentou-se com um corpo transformado que não temos condições de descrever. Novamente o Messias podia ser tocado, mas aparecia e desaparecia misteriosamente na frente de todos. E, após a ascensão, houve ocasiões em que outros tiveram o privilégio de vê-lo novamente, seja por sonhos ou visões, como foi com o apóstolo Paulo (At 9.3-6; 1Co 15.8) e com o João do Apocalipse (Ap 1.17-18), além de vários testemunhos de aparições atuais que ouvimos até nos nossos dias sem que se dê tanta credibilidade.

Sem dúvida que a fé não é gerada nos corações por causa de uma aparição sobrenatural de Jesus. É por quem Ele é (pelo seu caráter) que o Messias quer ser reconhecido pelos homens. E, nos nossos dias, não vejo outra maneira de apresentarmos o Messias senão pela presença de seu amor em nosso comportamento, ou do contrário a nossa evangelização não passará de mais uma lenda no meio de uma geração cética que se baseia nos pareceres da ciência.

Os cristãos de hoje precisam compreender que o caminho é a cruz! Pois, assim como Jesus veio parar morrer, nós também aprender sobre o que é dar a vida. Temos que começar a amar o nosso próximo, principalmente os que estão perto como as pessoas da família, da nossa vizinhança e da nossa cidade. Também temos que morrer para os nossos desejos carnais egoístas. Afinal, se o grão de trigo não morrer, ele fica só. Porém, isto só pode ser compreendido pela fé ou do contrário não teremos estímulo para crucificar a nossa natureza carnal.

Que neste Natal a vida possa renascer em seu coração e o Espírito do Messias encha você com seu amor, sua alegria e sua doce paz.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Cantor Cristão: uma fantástica riqueza musical dos nossos antepassados


Na primeira semana do mês de novembro, passei numa loja de artigos evangélicos e resolvi adquirir um exemplar do hinário “Cantor Cristão”.

Fiz esta compra não apenas para relembrar o passado e muito menos usar nos cultos da congregação da qual faço parte (na IBS usamos projeções computadorizadas), mas sim para pesquisar sobre determinadas músicas e seus compositores já que a maioria das canções eu desconheço.

Atualmente cada vez se usa menos os hinários nas congregações cristãs. Já nos anos 90, a projeção de louvores novos escritos em transparências já estavam sendo preferidos dentro das igrejas denominadas como “renovadas”. E, hoje em dia, com os avanços da informática, os retroprojetores puderam ser substituídos pelos modernos computadores em que comunidades de diversas concepções teológicas já aderiram às invenções técnicas e aos novos cânticos.

Entretanto, não foi a tecnologia em si ou os movimentos de renovação carismática que mandaram para escanteio os velhos hinos do passado. O ritmo da vida moderna alterou-se no decorrer do século XX, tornando o cotidiano mais agitado e menos contemplativo. Com isto, tanto as músicas seculares como as religiosas foram influenciadas conforme o estilo de um público que experimenta emoções fortes, despertado não mais pelo toque do piano e sim ao som da guitarra.

A grande maioria dos louvores do Cantor Cristão vem do século XIX e várias composições surgiram no século XVIII, antes mesmo da Revolução Francesa. Não são em sua maioria canções brasileiras, mas foram adequadamente traduzidas para o nosso idioma e entoadas por muitas décadas no meio evangélico, influenciando gerações. E, mesmo refletindo uma europeirização dos costumes nacionais (não se pode negar que o protestantismo no Brasil atendeu a interesses de dominação cultural), devemos considerar as boas lembranças despertadas por cada uma das músicas.

Penso que devemos louvar a Deus conforme o contexto dos nossos dias afim de realmente estabelecermos uma identificação com aquilo que se faz nas nossas congregações. A cultura, por ser um fenômeno permanentemente em mudança, exige um acompanhamento contínuo de maneira que os cânticos entoados não podem desconectar a Igreja com o ambiente humano das nossas relações.

Contudo, nunca é bom esquecer as riquezas produzidas no passado e de um hinário que trás lindas músicas que foram escritas numa época em que o romantismo inspirava multidões em quase todo o mundo, inclusive na literatura e nas artes em geral, marcando a primeira metade do século XIX. E, neste sentido, não podemos negar que, sob um certo aspecto, a cultura religiosa do cristianismo se romantizou.

Num momento em que, nas próximas décadas, as edições impressas do Cantor Cristão tendem a um desaparecimento, talvez nos restem umas versões gravadas na internet e nos futuros substitutos dos CDs e DVDs. Porém, não acho nada bom que as canções dos hinários façam parte apenas de um museu virtual que acabará sendo visitado apenas por um grupo de internautas interessados. Isto porque não parece proveitoso que as gerações de hoje percam quase todos os vínculos com o passado de seus bisavós, tataravós e outros ancestrais anteriores.

Vale a pena lembrar que, nos nossos tempos, pouco se sabe a respeito dos hinos que eram cantados na Igreja primitiva e acredito que se trate de algo que seria de grande preciosidade para os cristãos do século XXI. Aliás, é bom lembrar que, de acordo com os estudiosos da Bíblia, algumas epístolas de Paulo contêm fragmentos correspondentes a músicas que talvez possam ter sido entoadas pela Igreja no primeiro século como o caso de Filipenses 2.6-11 (sobre a kenosis de Cristo), bem como Colossenses 1.15-20, 1Tm 3.16 e 2Tm 2.11-13. Porém, todos estes hinos vieram a se perder e o que se sabe mesmo é que os salmos deveriam integrar o canto cristão tradicional.

Conforme o próprio Paulo exortou as igrejas, ceio que devemos ter em nosso meio salmos e também muita música “entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais” (Efésios 5.19; ARA), não deixando de lado os hinos clássicos que marcaram gerações, os quais marcaram a vida de muitos jovens e podem se tornar uma verdadeira oportunidade para louvarmos a Deus somente com a voz na ausência de determinados instrumentos como os CDs e os DVDs.

Para o Natal, podemos encontrar no Cantor Cristão algumas letras voltadas especificamente para esta época. Dentre elas, gostaria de transcrever a seguir a inesquecível composição “Nasce Jesus” do baiano Manuel Avelino de Souza (1886-1962) que é a de numero 29 do hinário. Trata-se de um verdadeiro louvor ao Autor da nossa salvação:


1. O povo, sim, coberto
De densas trevas perto
Do abismo e não desperto
Vê surpreso um grande e divinal clarão.

Coro:
É Jesus que nasce, autor da salvação,
Cristo amado a todos traz a redenção!
O coro angelical, num hino triunfal,
Proclama o Cristo, com adoração!


2. Cumprindo as profecias
Nos nasce o Rei messias,
Em horas tão sombrias
Cada povo em trevas vê o seu clarão!

3. Jesus o Rei da glória
Humilde em sua história,
A todos dá vitória;
Vinde ver o Cristo em sua humilhação!

4. Oh! nova alegre e boa
No céu azul ressoa,
Que Cristo nos perdoa.
Aceitai-O, ó povos; dai-Lhe o coração!



Obrigado pela visita!

Rodrigo Phanardzis Ancora da Luz

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Suficiente graça

“Com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação” (Fp 4.13; NTLH)

O verso 13 do capítulo 4 da epístola de Paulo aos filipenses, quando o apóstolo diz “tudo posso naquele que me fortalece” (conforme as traduções de João Ferreira de Almeida, da Nova Versão Internacional ou da Bíblia de Jerusalém), tem sido uma das citações bíblicas mais papagaiadas pelos evangélicos, embora seja também muito incompreendida pelos que a repetem. Na maioria das vezes, o seu contexto é ignorado e os teólogos da prosperidade logo distorcem o versículo para iludirem seus ouvintes, dando a entender equivocadamente que podemos realizar milagrosamente todas as coisas como um super crente, sem jamais sermos derrotados.

Entretanto, basta uma breve leitura a partir do verso 10 para que possamos entender, ao menos com a mente, o que Paulo estava querendo dizer aos destinatários de sua carta, os irmãos da Igreja na cidade de Filipos, os quais se mostravam sempre interessados para apoiarem o seu ministério:


“Alegro-me grandemente no Senhor, porque finalmente vocês renovaram o seu interesse por mim. De fato, vocês já se interessavam, mas não tinham oportunidade para demonstrá-lo. Não estou dizendo isso porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem-alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece.” (Fp 4.10-13; Nova Versão Internacional – NVI)


Como eu disse, posso entender com a mente o sentido do que Paulo teria escrito aos filipenses, mas para dizer a verdade acho que a vida inteira ainda é pouco para que todos, inclusive eu, compreendamos em sua totalidade que tudo podemos naquele que nos fortalece, crendo e descansando na suficiência da graça de Deus. Pois para mim que, se comparando ao apóstolo Paulo, suportei pequeníssimas tribulações, estou falando de coisas que, obviamente, não experimentei quando tagarelo tudo poder em Deus.

Todavia, passamos a nossa vida inteira procurando entender com o coração o que é a graça de Deus. Somos salvos por esta graça maravilhosa, sem nada merecermos, e recebemos de Deus a vida eterna que inclui inúmeras bençãos, as quais podem se manifestar também enquanto estamos vivendo aqui nesta terra. Só que a graciosa salvação vinda de Deus não nos isenta de atravessarmos dificuldades. Aliás, é isto que Jó responde à sua esposa, a qual, conhecendo a integridade do marido aconselha-o a amaldiçoar Deus e morrer (talvez cometer um suicídio):


“Saiu, pois, Satanás da presença do SENHOR e afligiu Jó com feridas terríveis, da sola dos pés ao alto da cabeça. Então, Jó apanhou um caco de louça e com ele se raspava, sentado entre as cinzas. Então sua mulher lhe disse: 'Você ainda mantém a sua integridade? Amaldiçoe a Deus, e morra!' Ele respondeu: 'Você fala como uma insensata. Aceitaremos o bem dado por Deus, e não o mal?' Em tudo isso, Jó não pecou com seus lábios.” (Jó 2.7-10; NVI)


Quando mencionei a possibilidade de que a mulher de Jó tivesse lhe sugerido o suicídio é porque na cultura oriental não é incomum alguém resolver tirar a própria vida ao enfrentar determinadas situações vergonhosas de derrota. Nas guerras e rebeliões, era comum os revoltosos cometerem um suicídio coletivo para não serem capturados pelo exército inimigo. Porém, não há como negar que o suicídio pode significar também uma atitude de auto-justificação, ou de auto-piedade, em que o indivíduo decide pela auto-destruição numa resistência à restauração do ser proposta pela graça.

A graça nos dá condições para lidarmos com toda e qualquer situação, afim de que, semelhantes a Jó, respondamos com esta indagação: “se recebemos de Deus os bens, não deveríamos receber também os males?” (Bíblia de Jerusalém - BJ)

A graça nos basta! Foi isto que o Senhor disse a Paulo depois que o apóstolo pediu pela terceira vez que lhe fosse tirado o “espinho na carne”, conforme podemos ler na segunda epístola à Igreja em Corinto:


“E para que eu não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.” (2Co 12.7-10; ARA)


Não quero perder tempo tentando decifrar o misterioso espinho na carne de Paulo e acho que quanto mais pudermos generalizar esta expressão, aplicando-a nas mais diversas situações da vida, melhor será a nossa compreensão da suficiência da graça, o que é fundamental para o crescimento e para a maturidade do seguidor de Jesus. Se for por causa das perseguições, a graça basta. Se o problema for alguma enfermidade que os médicos e as orações não curam, a graça basta. Se é falta de dinheiro, a graça basta. E se o nosso espinho é o contínuo desejo de pecar que não conseguimos eliminar, a graça também basta porque o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza humana (no reconhecimento de que somos fracos para vencermos os obstáculos com a própria força).

Nós cristãos, que cremos na salvação pela graça, confessamos sempre isto. Porém, os muçulmanos devotos também recitam diariamente que Deus é “clemente” e “misericordioso”, mas desenvolvem um relacionamento com o Divino baseado no medo de serem castigados na “Geena” (o inferno). Quase todas as suras do Alcorão começam dizendo “Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso”, porém os versos que sucedem o primeiro negam tal misericórdia e pregam, na prática, uma salvação por obras:


“Mas quando chegar a catástrofe maior,
No dia em que o homem se lembrar de seus esforços,
E a Geena for visível para todos os que podem ver,
Aquele que tiver prevaricado,
E preferido a vida terrena,
Terá a Geena por morada.”
(Sura 79.34-39, tradução de Mansour Challita)


Ou então:


“Uns acreditam em Muhamad; outros afastaram-se dele.
Basta a estes o fogo da Geena.
Os que rejeitam Nossos sinais, breve jogá-los-emos no Fogo.
Cada vez que suas peles forem queimadas, substituí-las-emos por outras para que continuem a experimentar o suplício.
Deus é poderoso e sábio.”
(Sura 4.55-56; op. cit.)


Que horror! Será que Deus quer que o homem se converta a Ele por medo de sofrer um castigo doloroso? Ou não é um relacionamento amoroso que Ele anseia desenvolver conosco?

Acontece que, enquanto não aplicamos a graça em todos os aspectos de nossas vidas, continuamos agindo como os muçulmanos, caindo nos enganos da auto-justificação e pensando que devemos conseguir algo porque somos bons homens. Aí quando a provação chega, ficamos a indagar por que aquela situação está acontecendo de modo que deixamos de usufruir de todos os benefícios da salvação de Deus.

Não acho que tenha sido fácil para Paulo e para Jó terem passado por tudo aquilo que sofreram. Porém, ambos compreenderam a extensão da graça e o contentamento de um lindo relacionamento com Deus. E, ao final, Jó declara: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem” (Jó 42.5; ARA).

Creio num Deus que não quer ser adorado pelas bençãos que Ele nos concede ou porque dará a seus filhos uma porção no paraíso. Ele quer que nós o amemos pelo que Ele é. Desde o início da criação, Deus sempre desejou um relacionamento amoroso com a humanidade e manifestou este amor pela graça que foi revelada em Jesus de modo que somos aceitos por Ele incondicionalmente, o que independe daquilo que fazemos. Aliás, é quando estamos conscientes de que nada podemos oferecer a Deus é aí que melhor compreendemos o quanto Ele realmente é misericordioso e compassivo, o que aperfeiçoa a nossa relação com o Eterno.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Melhorando o blogue durante as férias


Sou meio devagar para assimilar os recursos da tecnologia, inclusive os da informática, mas eu já estava com vontade de fazer alguns melhoramentos neste blog. Então, aproveitei estes dias do recesso forense para testar umas inovações e, obviamente, tentar descansar.

Ontem à tarde, finalmente, tomei a iniciativa. Logo que cheguei do médico com minha esposa, passei horas do dia mexendo no computador e no multifuncional da HP afim de transferir fotos do mundo real para o virtual (se bem que algumas outras imagens já eram virtuais e estavam na internet).

Não gosto muito de usar imagens de terceiros que caíram no domínio público e tenho minhas precauções com os direitos autorais. Mesmo quando acho um vídeo no Youtube, procuro verificar quem foi a pessoa que colocou aquele material na internet afim de poder reproduzi-lo. Isto porque se não for o próprio autor (ou titular dos direitos autorais) quem disponibiliza uma música pode-se considerar legalmente como uma usurpação.

No caso dos louvores, não sou muito a favor do cantor valer-se de seus direitos autorais porque entendo que sua música deve ser dedicada a Deus para promover a edificação de um número maior de pessoas. Porém, não é isto que diz a lei e eu prefiro evitar conflitos. Logo, só tenho disponibilizado aqui vídeos musicais do Asaph Borba já que é a sua própria gravadora, a Adorarnet, quem tem transformado em domínio público algumas de suas canções no Youtube.

Atualmente estou bem eufórico porque, até que enfim, aprendi a inserir imagens nos meus textos e estou tendo o maior gosto de colocar aqui fotos pessoais e de minha família, sabendo que não serei processado por violação de direito. Aliás, eu como advogado sei do problemão que pode causar alguém colocar a foto de uma outra pessoa na internet, fato que pode dar ensejo ao recebimento de boas indenizações na Justiça.

Por enquanto, pretendo continuar com o antigo editor de textos do blogspot, pois seus limitados recursos têm atendido às necessidades que tenho de compartilhar minhas ideias e espero poder fazer isto cada vez melhor, dentro do meu ritmo, e sem perder o gosto.

Rodrigo Phanardzis Ancora da Luz

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A responsabilidade por cartão de crédito roubado


O Natal está aí e o consumidor precisa ficar atento com o seu cartão de crédito, prevenindo situações de roubo, furto e extravio.

Em abril deste ano, o deputado Colbert Martins (PMDB-BA) propôs o Projeto de Lei (PL) n.º 7121/10 que isenta o consumidor de responsabilidade por eventuais débitos em sua conta na hipótese de ter seu cartão de crédito furtado, roubado, extraviado ou clonado, desde que comunique à administradora do cartão no mesmo dia.

O projeto, que tramita apensado ao PL n.º 4804/01 do deputado Edinho Bez (PMDB-SC), que regulamenta a atividade de empresas emissoras de cartões de crédito, chegou a ser aprovado pela Comissão de Defesa do Consumidor, na forma de um substitutivo, mas foi rejeitado pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, aguardando agora os pareceres de duas outras comissões antes de seguir para a votação no Plenário da Câmara.

Particularmente sou favorável à ideia pois beneficiará o consumidor, dando segurança mais comodidade para que as pessoas possam comunicar o fato à administradora e fazer contato com as autoridades policiais.

Por sua vez, parece-me que o mercado de consumo e a própria atividade das administradoras de cartões de crédito também serão beneficiados pois a tendência é que haja um aumento no uso deste tipo de serviço. Isto porque, com as pessoas se sentindo mais seguras, elas andarão mais vezes nas ruas com os seus cartões de crédito e, obviamente, gastarão mais.

Eu mesmo posso dizer que, neste ano de 2010, utilizei muito mais o meu cartão Visa da Credicard porque já tenho um seguro de proteção contra perda e roubo automaticamente incluso e que não me acarreta nenhum custo a mais.

Caso a proposta seja aprovada pelo Congresso, é bem possível que algumas administradoras de cartões contratem um seguro junto aos bancos, ou suportem por sua conta os riscos, repassando seus novos custos através de um aumento na anuidade de todos os consumidores. Porém, mesmo que isto venha a acontecer, suponho que, com o tempo, as empresas do setor perceberão o benefício de assumir o ônus porque o consumidor usará mais o seu cartão.

Atualmente, na ausência de uma lei ou de qualquer cláusula contratual específica que beneficie expressamente o consumidor, este é o responsável direto pelo uso indevido de seu cartão nas hipóteses de roubo, furto ou qualquer tipo de extravio de modo que muita gente sensata, nas grandes cidades, evita sair de casa portando o cartão de crédito. A única exceção tem sido nas hipóteses de fraudes como a clonagem em que a administradora responde pelos débitos não realizados pelo consumidor.

Quanto ao texto do projeto, penso que a redação de seu segundo artigo ficaria melhor desta maneira: “O consumidor que, dentro de vinte e quatro horas do furto, roubo ou extravio de seu cartão de crédito ou débito, comunica o fato à administradora, não pode ser responsabilizado por despesas realizadas por terceiros, mediante falsificação de sua assinatura ou utilização indevida de sua senha.”. Isto porque, na atual redação, se o consumidor for roubado às onze e cinquenta e nove da noite, ele só vai dispor de um minuto para telefonar para sua administradora e avisar sobre o fato.

Finalmente, compartilho que, nas hipóteses de sequestro, o prazo para a comunicação pelo consumidor só deve ser contado a partir da soltura da vítima (detalhe que precisa ser previsto em lei). Acho também que, se o motivo for uma simples perda do cartão, a administradora pode muito bem cobrar uma multa contratual razoável para não estimular a irresponsabilidade de algumas pessoas.

Segue na íntegra o texto do projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados:



Art. 1º. Esta lei exime o consumidor da responsabilidade pelo pagamento de débitos decorrentes de furto, roubo, extravio ou clonagem de cartão magnético emitido em seu nome nos casos que especifica.

Art. 2º. O consumidor que, no mesmo dia do furto, roubo ou extravio de seu cartão de crédito ou débito, comunica o fato à administradora, não pode ser responsabilizado por despesas realizadas por terceiros, mediante falsificação de sua assinatura ou utilização indevida de sua senha.

§ 1º. São nulas as cláusulas contratuais que impõem ao consumidor a responsabilidade absoluta por compras realizadas com cartão de crédito furtado, roubado ou extraviado até o momento da comunicação do fato.

§ 2º. Os valores referentes a despesas ou saques, contestados pelo consumidor em razão de clonagem do cartão de crédito ou débito por terceiros, serão ressarcidos ao titular do cartão.

Art. 3º. Cabe à administradora de cartões, em parceria com a rede credenciada, a verificação da idoneidade das compras realizadas, utilizando-se de meios que dificultem ou impossibilitem fraudes e transações realizadas por estranhos em nome de seus clientes.

Art. 4º. Será assegurada indenização por dano moral ao consumidor que tiver seu nome inscrito nos serviços de proteção ao crédito, pelo não pagamento de débitos contestados nos termos do caput e § 2º do art. 2º.

Art. 5º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O Natal e o nosso desencontro com a Vida


É mais um Natal que os cristãos comemoram! Aqui em Nova Friburgo, vejo alguns enfeites pelas praças, ruas cheias de gente, supermercados com produtos direcionados para as festas de final de ano e ouço quase todos os dias o som do ensaio dum coral na matriz católica, bem próxima à minha residência.

Nada muito extravagante desta vez e acho até uma pena que a Prefeitura não esteja incentivando os moradores da cidade a enfeitarem suas residências, pois seria uma atração turística a mais para a região que tanto precisa melhorar sua condição econômica. Contudo, por outro lado, penso que o atrativo maior do Natal não está numa mera organização familiar ou coletiva da festa, mas sim na pessoa de Jesus, na vinda do Messias, o salvador do mundo. Alguém que, na maioria das vezes, celebramos como sendo o personagem romanceado de uma tradição cristã, lembrando-nos da imagem presepial daquela pobre criança nascida numa manjedoura que, a seguir, é visitada pelos pastores e pelos reis magos dos quais recebe os três presentes: ouro, incenso e mirra.

Nesta época, muitas famílias gostam de se reunir. Parentes que, durante o ano inteiro, às vezes nem se vêem, agora são obrigados a se encontrar novamente na casa dos pais, dos avós ou dos sogros, numa convivência nem sempre desejada e que, em determinados casos, acaba até em confusão. Aí, mal termina o Natal, aquelas mesmas pessoas já se mobilizam para duas comemorações “pagãs” (o Ano Novo e o Carnaval) que acabam sendo mais interessantes do que a reunião natalina. Aliás, aqui mesmo em Nova Friburgo, desde 1993, já virou tradição alguns jovens passarem o resto da madrugada num show de música popularmente conhecido como Rock Noel logo depois de cearem com a família.

Mas como é que as pessoas podem celebrar o nascimento de Jesus e o tratarem como se na verdade ele fosse para elas um um ser da tradição histórica ocidental ou da mitologia cristã? Que significado, afinal, isto tem para elas? E qual o valor desses encontros formais com os nossos parentes se, instantes depois, retornamos às nossas relações superficiais e egoístas como se estivéssemos presos dentro de nossa própria emoção?

Penso que deveríamos transformar esse Natal de presépio em algo mais espontâneo, sincero e reflexivo em que as pessoas reconsiderem seus relacionamentos, onde haja menos vinho ou presentes, e mais calor humano. Um Natal em que convidemos Jesus para fazer parte de nossas vidas todos os dias, passando a seguir seus passos e estabelecendo com Ele uma amizade eterna.

Para resumir de uma vez, digo que não precisamos da celebração do Natal e sim de Jesus! Ele é a própria Vida, a resposta para todas as nossas necessidades. Pois é Jesus quem dá significado à existência humana de modo que, quando compreendemos sua Palavra, a nossa vida passa a fazer sentido e aí todos os dias passam a valer mais do que meras comemorações natalinas, de modo que a nossa família torna-se verdadeiramente extensiva porque Nele todos são irmãos, irmãs, pais, mães, filhos e filhas.

Que neste Natal, Jesus seja uma realidade para você e a cada dia tenhamos um novo encontro com a Vida!

Boas festas para você e sua família!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Os espinheiros que nós elegemos

"Certo dia as árvores saíram para ungir um rei para si. Disseram à oliveira: 'Seja o nosso rei!' A oliveira, porém, respondeu: 'Deveria eu renunciar ao meu azeite, com o qual se presta honra aos deuses e aos homens, para dominar sobre as árvores?' Então as árvores disseram à figueira: 'Venha ser o nosso rei!' A figueira, porém, respondeu: 'Deveria eu renunciar ao meu fruto saboroso e doce, para dominar sobre as árvores?' Depois as árvores disseram à videira: 'Venha ser o nosso rei!' A videira, porém, respondeu: 'Deveria eu renunciar ao meu vinho, que alegra os deuses e os homens, para ter domínio sobre as árvores?' Finalmente todas as árvores disseram ao espinheiro: 'Venha ser o nosso rei!' O espinheiro disse às árvores: 'Se querem realmente ungir-me rei sobre vocês, venham abrigar-se à minha sombra; do contrário, sairá fogo do espinheiro e consumirá os cedros do Líbano!'" (Juízes 9.8-15; NVI)


Se você acha que vou escrever um novo texto religioso por ter causa da transcrição acima, está muito enganado. Vou falar de POLÍTICA!

Embora a passagem acima citada esteja incluída na Bíblia, ela tem tudo a ver com uma situação de luta pelo poder que aconteceu na história do povo israelita, quando aquela nação, passivamente, havia permitido que um homem perverso chamado de Abimeleque reinasse sobre o país.

Muitas vezes reclamamos dos políticos que nos governam e legislam em nome da população brasileira. Contudo, consentimos que eles sejam eleitos e ainda re-eleito, o que me acaba sendo muito pior. E assim como o espinheiro mentiu prometendo sombra, mesmo sendo uma árvore baixa, caímos nas lábias desses mentirosos oportunistas, os quais oferecem coisas que jamais poderão ser concretizadas.

O pior de tudo é que o povo brasileiro vota nessa corja mesmo sabendo da impossibilidade de suas promessas. Aliás foi o que assisti em nível local, aqui em Nova Friburgo, no ano de 2008. Foi quando o então o candidato a prefeito, Dr. Heródoto Bento de Mello, eleito por 47% dos votos, propôs os mais mirabolantes projetos em nada condizentes com a realidade de uma cidade relativamente pobre como a nossa. Um deles, por exemplo, tratou-se de um moderno trem suspenso de alta velocidade que trafegaria sobre o rio principal da cidade. Só que a maioria do eleitorado não foi capaz de questionar sobre a necessidade de recursos no mínimo cinco vezes mais elevados do que a arrecadação anual do município para a construção do então denominado "Trem do Futuro".

Suponho que coisas semelhanças aconteçam também em outras cidades do país, sejam elas pequenas, médias e grandes. Até os anos 80, isto ainda era muito comum mas não podemos esquecer que, de tempos em tempos, o Zé Promessa reaparece porque a memória do eleitor é curta.

Mas por que elegemos sempre o espinheiro ao invés da oliveira, da figueira ou da videira? Será que os homens de bem não querem nada com a política?

Neste ano de 2010, vi uma mulher que me pareceu ser pessoa de bem candidatando-se à Presidência da República pelo Partido Verde. De Norte a Sul, ela percorreu o país e expunha suas propostas num curtíssimo tempo de televisão. Porém, infelizmente, o eleitorado brasileiro nem ao menos lhe deu a chance de disputar o segundo turno e ainda houve evangélicos que a difamaram injustamente, caindo nas lábias de um certo pastor-espinheiro.

Não sou contra que os cristãos verdadeiros (aqueles que de fato seguem a Cristo) coloquem seus nomes à disposição para disputarem cargos eletivos. Penso que, se for da vontade de Deus, a eleição de uma pessoa íntegra pode até cumprir um propósito bem significativo, pelo menos durante um período na história (infelizmente até á volta de Jesus as coisas só tendem a piorar). Todavia, o que não podemos fazer é sermos omissos a ponto de, praticamente, concordarmos com ascensão do espinheiro ao poder. Ainda mais se vivemos dentro de um regime democrático em que temos direito de votar e dar nossas opiniões.

Desejo que a população brasileira fique mais atenta contra a demagogia daqui para frente e que sejamos capazes de expulsar de nossas cidades, bem como do nosso país, todo político espinheiro.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A libertação dos homens peixes


Andando à beira do mar da Galiléia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Eles estavam lançando redes ao mar, pois eram pescadores. E disse Jesus: “Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens”. No mesmo instante eles deixaram as suas redes e o seguiram. Indo adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Eles estavam num barco com seu pai, Zebedeu, preparando suas redes. Jesus os chamou, e eles, deixando imediatamente seu pai e o barco, o seguiram. (Evangelho de Mateus 4.18-22; Nova Versão Internacional - NVI)


Se, nos dias de hoje, Jesus passasse por dois pescadores na Baía de Guanabara e os chamassem dizendo que faria deles “pescadores de homens”, a expressão talvez pegasse muito mal dentro da nossa cultura maliciosa. Seu convite não seria compreendido, pois apenas temos o conhecimento do significado desta imagem pela leitura textual dos Evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) de modo que, sem a Bíblia, pescar homens não faria muito sentido no Brasil.

Por várias vezes, tentei refletir por mim mesmo sobre aquele chamado para que Pedro e André se tornassem os pescadores de homens. Buscava obter um entendimento mais profundo da passagem bíblica em comento do que aquilo significasse, mas não chegava a nenhuma conclusão, suspeitando apenas de uns meses para cá que pescar homens talvez fosse algo relacionado ao linguajar dos judeus nos séculos I e II da nossa era.

De fato, se quisermos empreender uma exegese dos Evangelho, torna-se aconselhável estudar a Tanak, isto é, a Bíblia hebraica, a qual corresponde aos livros do Antigo Testamento cristão, visto que Jesus e os autores do Novo Testamento utilizavam-se de expressões comuns da tradição dos judeus presentes no cotidiano da época.

Lendo o livro “O Autêntico Evangelho de Jesus”, de Geza Vermes, pude então confirmar que, realmente, a locução “pescadores de homens” já era algo existente na cultura dos judeus, mas que fora empregada por Jesus de uma maneira brilhante para chamar alguns de seus primeiros seguidores.

De fato, os profetas Jeremias e Habacuque também fizeram uso dessa imagem verbal, como se pode observar nas seguintes passagens de juízo dirigidas aos israelitas por volta do século VI a.C:

“Mas agora mandarei chamar muitos pescadores”, declara o SENHOR, “e eles os pescarão. Depois disso mandarei chamar muitos caçadores, e eles os caçarão em cada monte e colina e nas fendas das rochas. (Jr 16.16; NVI)
Tornaste os homens como peixes do mar, como animais, que não são governados por ninguém. O inimigo puxa todos com anzóis, apanha-os em sua rede e nela os arrasta; então alegra-se e exulta. (Hc 1.14-15; NVI)

Curiosamente, os pescadores e os caçadores mencionados por Jeremias podem ser identificados como os inimigos de Israel (os caldeus) e aparecem como executores do julgamento de Deus contra a impiedade de seu povo, o qual é capturado como se fosse peixe.

Ainda segundo Geza Vermes, pode-se também encontrar uma metáfora semelhantes a do profeta nos manuscritos de Qumran em que o poeta hebreu “vê os filhos da iniquidade pegos na rede de pescadores ou capturados por caçadores”, confirmando que, numa época que antecedeu o surgimento do cristianismo e do judaísmo rabínico, a pesca de homens fazia mesmo parte do cotidiano da sociedade judaica na Palestina. Todavia, os rolos do Mar Morto já não se referem à nação israelita, mas sim aos homens que andam no caminho da perversidade, dando a entender que, no decorrer dos séculos, tal ideia dos escritos proféticos expandiu-se na cultura judaica até os tempos de Jesus.

De qualquer maneira, pode-se observar facilmente que as perturbadoras palavras de Jesus mencionadas nos Evangelhos deram um novo sentido à expressão “pescadores de homens” e não tenho dúvidas de que aquele chamado possa mesmo ter despertado o interesse de Simão Pedro e André quando eles receberam o convite para acompanharem o Messias.

Certamente aquele convite de Jesus era bem enigmático e a sua pessoa talvez não fosse desconhecida para Pedro e André. De acordo com a passagem de João 1.35-42, Jesus poderia ter sido apresentado a ambos como sendo o Messias, o “Cordeiro de Deus”, a partir do testemunho de João Batista numa ocasião que, provavelmente, fosse anterior ao episódio narrado em Mateus 4.18-22. Então, depois que João Batista já estava preso, o Senhor retornou para a Galileia (Mt 4.12) e, caminhando pelas margens do lago, encontra novamente Pedro e André.

O chamado de André, Pedro, Tiago e João podem ser comparados ao do profeta Eliseu quando Elias encontra-o arando o campo de sua família e conduzindo a décima segunda parelha de bois (uma coincidência com o número de apóstolos de Jesus e das doze tribos de Israel). Então Elias joga sobre Eliseu seu manto. Este deixou os bois e foi correndo atrás de Elias, atendendo ao chamado (1Rs 19.19-20).

Da mesma maneira, aqueles quatro pescadores da Galileia deixaram de lado suas redes e foram seguir o Messias, crendo que se tornariam “pescadores de homens”. Provavelmente, eles estavam desejando saber o sentido da expressão usada por Jesus e também ansiosos por conhecer o sentido da Vida.

Ainda assim, no que consistiria ser um "pescador de homens"?

A meu ver, a resposta é dada de maneira bem prática nos versículos seguintes que relatam resumidamente o início da obra de Jesus:


Jesus foi por toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas deles, pregando as boas novas do Reino e curando todas as enfermidades e doenças entre o povo. Notícias sobre ele se espalharam por toda a Síria, e o povo lhe trouxe todos os que sofriam de vários males e tormentos: endemoniados, loucos e paralíticos; ele os curou. Grandes multidões o seguiam, vindas da Galiléia, Decápolis, Jerusalém, Judéia e da região do outro lado do Jordão. (Mt 4.23-25; NVI)


Em Marcos, a passagem que segue a vocação dos quatro primeiros discípulos é o ensino de Jesus com autoridade num dia de sábado na sinagoga de Cafarnaum, onde liberta um homem possesso de demônios (1.21-28) e, após o por do sol, tendo já livrado a sogra de Pedro de uma febre (vv. 29-31), efetuou diversas outras curas entre o povo (vv. 32-34).

Pelo poder do Espírito Santo, após seu batismo, Jesus cumpriu o começo do seu ministério com curas milagrosas e expulsando demônios, o que significou a confirmação de sua obra messiânica, a qual consiste na libertação dos homens das redes de Satanás. Ou seja, até a manifestação de Jesus, o povo desviado de Deus fora capturado pelos anzóis dos inimigos e agora estava sendo liberto por quem de fato em poder para libertar.

Numa metáfora, os caldeus e os povos invasores de Israel, anunciados pelos profetas como instrumentos do juízo divino, representam também o domínio espiritual do diabo sobre os homens. Porém, com a chegada do Messias e do Reino de Deus, o adversário é expulso, pois Jesus, com sua autoridade, dá ordens ao demônio que saia. A pesca, a partir de então, passa a ser a pescaria de Deus para a liberdade e salvação das pessoas.

Nos dias de hoje, muitos líderes religiosos dizem ser pescadores de homens, mas nem todos realmente são. Aliás, melhor dizendo, nenhuma religião pesca para libertar as pessoas e sim para oprimir, escravizar, iludir. Trata-se de uma maneira de homens dominarem outros homens.

Confesso que, dentro das igrejas, já ouvi pastores usando a expressão “pescar no aquário do vizinho” para externarem um sentimento de indignação e de reprovação pelo fato de outro líder religioso ter vindo tirar pessoas de seus currais eclesiásticos. Para eles, pescar consiste em aprisionar os homens dentro das suas instituições.

Jesus veio justamente libertar seu povo das garras do adversário, visto que, nos tempos de seus ministério, os homens estavam aprisionados pelas enfermidades, pelos demônios e também pela religiosidade, o que é muito pior. Logo, Deus não quer que sejamos peixes de aquário.

Que se quebrem os aquários!


Em Cristo,

Rodrigo Phanardzis Ancora da Luz

Não deixes teu sonho morrer!

Deus coloca sonhos nos nossos corações. Sonhos ministeriais para que façamos a sua vontade nesta terra e a sua Luz brilhe através de nós para a glória Dele.

Durante a caminhada, muitas coisas acontecem. Surgem dificuldades, barreiras, a rotina e aí vem o desânimo.

Mas se Deus colocou um sonho no seu coração, não deixe que nada roube isso de você.

Não importa o que aconteceu. Persevere! Siga em frente! Lute! Confie! Creia!

Expressando muito bem este sentimento, compartilho a seguir mais um louvor de Asaph Borba disponibilizado no Youtube pela própria Adorarnet.

Que Deus ressuscite os sonhos que um dia Ele gerou em seu coração!


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Cuidado com os golpes de final de ano! Acorda Brasil!

Prezado leitor,

Não pense que neste artigo vou escrever sobre os riscos de assaltos nas cidades, contra os estelionatários que saem por aí passando cheques sem fundo nas lojas e usando a identidade de outras pessoas, ou quanto aos maus comerciantes que vendem coisas falsificadas, geralmente contrabandeadas do Paraguai. Tudo isso pode ser muito ruim, mas creia-me que há roubos ainda piores.

Quero, através deste texto, alertar à sociedade brasileira dos astuciosos assaltos que os nossos políticos de terno e gravata costumam praticar justamente no final do ano, aprovando coisas que vão contra o interesse da população, enquanto a nossa atenção está focada no oba-oba frenético do consumismo ao animado som de dingobel.

Provavelmente você deve pagar ao seu município a famosa taxa de iluminação pública que aparece todo mês em sua fatura de energia elétrica, sendo quase sempre arrecadada pela concessionária prestadora do serviço. E isto já dura muitos anos, mas agora estamos acamodados como se este tributo fosse coisa normal do cotidiano.

Esta contribuição da qual eu falo é prevista pelo artigo 149-A da nossa Carta Magna, o qual foi surpreendentemente acrescentado ao texto constitucional pela golpista Emenda n.º 39/2002, cujo texto assim diz:


Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.



Pois bem (ou pois mal), esta norma, para quem não sabe, foi aprovada pelo Congresso Nacional no dia 19 de dezembro de 2002, justamente quando a população brasileira não estava preparada para se mobilizar e se opor à criação de mais um novo tributo que, na prática, só veio sangrar as riquezas da nação em benefício da concentração de dinheiro praticada pelo nosso pesado Estado.

Não vou aqui debater se a contribuição de iluminação pública é constitucional ou não para não perder o foco sobre os males contra os quais precisamos nos prevenir já que, lamentavelmente, nossos representantes nos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) são um bando de corruptos, traidores do povo, mercenários, corporativistas, individualistas, mentirosos, assassinos e profanos. Homens que são colocados por nós para defenderem os interesses da coletividade, mas, quando tomam posse de seus cargos, pensam primeiramente neles, no sustento de suas respectivas corjas, no agrado aos empresários ladrões que os apoiaram durante a campanha e agora esperam receber quintuplicada a grana que investiram, recebendo o retorno através de um favoritismo nas direcionadas licitações do governo.

Precisamos ficar de olho nas pautas que vão aparecer de última hora não somente no Congresso, mas também nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais! Aliás, ontem ao falar pelo telefone com um vereador da oposição aqui na minha cidade, ele me relatou que, na última sessão desta quinta-feira (09/12/2010), entrou em discussão em Regime de Urgência na Casa Legislativa um Projeto de Lei Complementar, de autoria da Mesa Diretora, para a criação de mais 16 cargos de livre nomeação no Legislativo Municipal. Cada um desses postos, que não exigirão concurso e são de livre escolha do presidente, terá uma remuneração de R$ 1.835,38.

"Se o PLC 9084 for aprovado e as contratações efetivadas, haverá uma despesa de mais de R$ 382 mil nas contas da Câmara para o próximo ano. Segundo as Leis Complementares 32 (2007) e 36 (2008), a Câmara de Vereadores tem 107 cargos - 42 para concursados e 65 de livre nomeação. Com a aprovação do PLC 9084, o número de não concursados subirá para 81", denuncia o vereador Cláudio Damião.

Tal projeto será rediscutido na sessão de hoje (14/12) e, segundo este vereador de oposição, a proposta havia sido do agrado da maioria dos edis do Legislativo local na reunião de quinta, de modo que a Câmara de um Município pequeno como Nova Friburgo, provavelmente passará a ter 81 cargos de livre nomeação, o que significa um verdadeiro “trem da alegria” dentro de uma cidade que é relativamente pobre, com crianças estudando em turmas multi-seriais na zona rural (numa mesma sala de aula a professora ensina simultaneamente crianças de 1ª à 4ª séries) e unidades de saúde com seríssimas deficiências. Só este mês entrei com uma ação judicial de um homem idoso que está há sete meses esperando que o SUS autorize o seu pedido de exame de polissonografia que é feito em Petrópolis mesmo existindo uma clínica que preste o serviço aqui em Nova Friburgo a um preço mais acessível.

Entretanto, quando caminho pelas ruas, vejo o povo como se estivesse alegre e satisfeito, gastando o que tem e o que não tem em suas compras de Natal. Quase ninguém é capaz de parar afim de refletir sobre os problemas da cidade. Nossos políticos fazem um verdadeiro bacanal com o dinheiro público, achando que o Estado é Papai Noel, mas o povo brasileiro ainda continua deitado eternamente em berço esplêndido, vivendo só de festas e comemorando os gols do futebol (só neste domingo os torcedores do Fluminense foram capazes de organizar uma linda carreata, mas ninguém se mobiliza por coisas mais importantes).

Até quando, Brasil?! Vamos acordar e tomar uma atitude contra estes golpistas.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Apocalipse arrebatado


“E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida. O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho.” (Apocalipse 21.5-7; ARA)


Se alguém perguntar qual o meu entendimento acerca de determinados pontos de vista escatológicos polêmicos, tipo o reino milenial de Cristo, a grande tribulação e o arrebatamento da Igreja, confesso que não tenho hoje mais nenhuma posição fechada a respeito dessas coisas cujo cumprimento só a Deus pertence.

Há uns vinte anos atrás, quando tinha me tornado um adolescente fanático, fazia frequentes estudos escatológicos por conta própria e, influenciado pelas lideranças com as quais identificava, apoiava-me na corrente pré-milenista e pré-tribulacionista. Ou seja, eu acreditava que Jesus, em algum dia, iria arrebatar sua Igreja para o céu antes do começo de uma terrível tribulação de sete anos na terra, período em que haveria muita dor, perseguições brutais contra os cristãos que permanecessem para uma segunda chance de arrependimento e enormes catástrofes, as quais durariam até a Parusia (manifestação de Cristo ao mundo em sua segunda vinda). Aí então seria dado início ao tão esperado reino messiânico na terra até o Juízo Final em que os homens ímpios, que rejeitaram a Deus, seriam lançados num terrível lago de fogo e enxofre afim de sofrerem tormentos por toda a eternidade, enquanto que os crentes herdariam o paraíso da Nova Jerusalém.

Além disso, eu alimentava outras crenças escatológicas que não tinham base bíblica exclusiva e foram elaboradas conforme a imaginação de autores de livros. Entendia que a besta que emerge do mar de Apocalipse 13 seria o anticristo, o qual, por sua vez, corresponderia ao “homem da iniquidade” mencionado por Paulo na sua segunda epístola aos tessalonicenses (cap. 2). Então, juntando esta passagem com o Apocalipse e outras partes da Bíblia, eu montava na minha mente um verdadeiro cenário de horror, imaginando a formação de um futuro governo mundial com um perverso líder querendo a todo custo marcar as mãos e as testas das pessoas com o número 666. E aí, quem não resistisse, estaria para sempre condenado a arder no lago de fogo enquanto que os cristãos arrebatados ficariam livres daquela provação.

Ao lado de tudo isso, eu ainda segui a ensinos de que, antes do aparecimento do anticristo, o mundo ainda seria preparado para adorar a besta pelos místicos seguidores da Nova Era de Aquário, com o apoio de todas as religiões (menos dos cristãos verdadeiros), as quais seriam representadas pelo falso profeta que é a segunda besta de Apocalipse 13. Quando lia sobre a economia mundial em processo de globalização na década de 90, entendi ser aquilo um indício do temido governo mundial que seria dominado pelos europeus através da ONU (até os anos 80 eu achava que seria o comunismo soviético) e daí tinha minhas aversões aos movimentos pacifista, ecológico, ecumenista e de defesa dos homossexuais. Para a minha cabecinha atormentada, o código de barras estampado nos produtos do supermercado já era a tal marca da besta que, dentro de algum tempo, iria ser tatuada nas pessoas como uma espécie de identidade única, reconhecível pelo leitor ótico de um computador conectado à internet, e funcionando ao mesmo tempo como um cartão de crédito e débito na própria pele do consumidor, sem o qual ficaria impossível comprar ou vender qualquer bem porque, em tal circunstância, a moeda já não mais circularia pelas ruas.

Curiosamente, todo esse conhecimento de doutrinas e especulações sobre o fim do mundo era incapaz de me proporcionar uma compreensão da graça de Deus. Eu vivia com muito medo achando que Jesus iria arrebatar a Igreja a qualquer tempo e eu ficaria para trás por causa dos meus pecados afim de ser perseguido pelos soldados do anticristo. Tinha os mais terríveis pesadelos com isso, sonhando como se realmente estivesse vivendo no período da grande tribulação, sobrevivendo às escondidas dentro das cidades, vendo alguns parentes sendo marcados pelo capeta, tendo que me proteger das bombas nucleares e precisando resistir às mais dolorosas torturas. Quando dormia, sempre fechava a palma das mãos porque temia em meu imaginário que um demônio pudesse aparecer no quarto, marcar minha mão direita e eu perder qualquer possibilidade de ser salvo. Enfim, era um drama terrível e suponho que muitas pessoas também sofreram (ou ainda sofrem) por causa dessas teologias amedrontadoras de botequim.

Graças a Deus eu fui modificando a minha maneira de compreender o Apocalipse e o sentido das profecias bíblicas que falam dos últimos dias.

Hoje em dia, o Apocalipse é para mim algo muito mais simbólico do que literal, o que torna a sua profecia riquíssima em termos de significado espiritual para conhecermos a misericórdia de Deus e o seu controle sobre a história da humanidade. Aliás, o Apocalipse não deve ser estudado sem lermos também os profetas do Antigo Testamento que falaram por diversas vezes à nação de Israel trazendo um recado de Deus ao seu povo de acordo com o momento, ainda que com aplicações analógicas aos nossos dias.

A diferença entre o Apocalipse e os profetas hebreus é que agora Deus, através de Jesus Cristo e o Anjo, revela à Igreja seu plano de salvação, trazendo conforto, esperança e também advertências para aqueles irmãos que viveram durante o domínio de Roma. Aliás, foi para os cristãos da Ásia Menor (atual Turquia) que aquela carta profética circular foi escrita, servindo como uma grande motivação para as pessoas manterem a fé, pois todo o sofrimento suportado por tais comunidades iria ser transitório e a morte não passava de mera aparência.

Neste sentido, pode-se dizer que, para os tempos do Apocalipse, a tal besta com suas sete cabeças e dez chifres representava nitidamente Roma, a capital de um império que combatia cristãos e judeus. A adoração à besta simbolizava o culto à pessoa do imperador que, nas cidades da Ásia Romana, chegou a ser praticado com muito mais aceitação do que na Grécia e na Península Itálica a ponto da participação do indivíduo tornar-se quase que indispensável para ele integrar as corporações comerciais da época, ou do contrário jamais conseguiria comprar ou vender mercadorias e prosperar. Logo, enquanto alguns adoradores de César e sua imagem viviam debaixo da expectativa de acúmulo de talentos (moeda de maior valor que equivale hoje a milhões), os servos de Jesus teriam que viver apenas com os seus denários (a diária de um trabalhador braçal) e, periodicamente, ainda eram massacrados pelas mais cruéis perseguições promovidas pelos reis com a ajuda das autoridades locais.

Se pensarmos por esta ótica, o Apocalipse pode muito bem ter sido um livro subversivo para os séculos II, III e começo do IV. Seria uma literatura a grosso modo comparável com o Manifesto Comunista na era industrial em que o julgamento da Babilônia (capítulos 17 e 18) simbolizaria a conquista do império romano que supunham ser através dos partos numa equivalência ao fim do Estado burguês nos dias de Karl Marx.

Evidentemente que a minha comparação do Apocalipse com a literatura marxista mais popular limita-se apenas ao campo da contestação pois, enquanto Marx propôs a luta armada, João encorajou seus irmãos a serem pacientes na tribulação, aguardando a vingança do Cordeiro contra os seus adversários. Além do mais, se o Apocalipse não tiver o seu real significado adulterado, ele se torna uma mensagem permanentemente subversiva até que todos estejam vivendo com Deus na eternidade, enquanto que os livros de Marx, após as revoluções socialistas do século XX, passaram a ser utilizados pelos novos regimes totalitários que surgiram nos respectivos países.

Meditando sobre o que foi o socialismo na prática, fico a indagar se a ex-URSS, as repúblicas da Europa do Leste e a China de Mao Tsé-Tung não teriam se tornado novas Babilônias assim como foi a Alemanha de Hitler? E do que adiantou uma revolução armada na Rússia se depois o povo amargou um regime mais cruel do que o czarismo na época de Josef Stálin?

Não importa em que época vivemos, sei que precisamos saber identificar qual o sistema babilônico que atua nos nossos dias, o qual, com os seus tentáculos espirituais, tenta tragar os corações dos homens para um abismo individual e coletivo. E, se na época de João, a besta poderia ser associada ao Império Romano, hoje a forma do mal tem sido a corrupção, os tráficos de armas e de drogas, a miséria, as guerras, a exploração de crianças, a perversão sexual, a destruição do meio ambiente, o institucionalismo religioso que sé colocado acima das pessoas e as rebeliões do homem contra Deus.

Qualquer que seja a ocasião, a mensagem do Apocalipse nos ensina que cabe ao crente abraçar a escolha de sujeitar-se à vontade de Deus e não fazer parte do sistema podre desse mundo. Somos chamados para sairmos da Babilônia para não nos tornarmos cúmplices de seus pecados e nem participarmos de seu julgamento.

Se Jesus mandasse João escrever uma carta para as igrejas do Brasil no século XXI, o que será que o Senhor iria nos dizer sobre a promiscuidade entre pastores evangélicos e candidatos políticos nas eleições? Será que Ele aprova o uso de seu Nome nas mercenárias campanhas pela prosperidade de líderes evangélicos que, ao invés de pregarem as Boas Novas, resolvem devorar o rebanho de Deus? Como seria a atitude de Jesus quanto aos padres católicos que deixam famílias nordestinas debaixo da ignorância da idolatria, incentivando procissões atrás de imagens de escultura e consentindo com inegáveis adorações à Virgem Maria e Padre Cícero como se fosse possível haver outros intercessores perante o Pai além do Filho? Ora, como elogiar os cantores gospel que baseiam seus trabalhos num marketing religioso cheio de falsidades e pseudo-espiritualidade, mais preocupados com um mercado musical do que anunciarem verdadeiramente a Palavra?

Acredito que o Senhor Jesus não deve estar nem um pouco satisfeito com o comportamento acomodado, hipócrita e ganancioso dos nossos dias que revelam uma falta de temor pela sua pessoa, de modo que, sob este aspecto, o que João escreveu para os cristãos da Ásia Menor nos tempos de Roma parece aplicar-se ao tempo de hoje.

Amados, não podemos deixar que a correta compreensão do Apocalipse seja arrebatada dos corações dos homens por causa de especulações fantasiosas de pessoas sensacionalistas que, no final das contas, acabam distorcendo o significado da profecia!

Para mim, parece inútil alguém debater sobre qual a concepção teológica correta a respeito do milênio messiânico (se é o pré-milenismo, o pós-milenismo ou o a-milenismo). Igualmente não tem a mínima importância as discussões estéreis se a Igreja experimentará ou não um arrebatamento antes, durante ou após a grande tribulação ou ainda se esta já se cumpriu na época de Roma. Pois, ao invés das pessoas tentarem fazer previsões do futuro, especulando pateticamente se o Bill Gates ou o Bono Vox, vocalista do U2, vai se revelar como o anticristo, elas deveriam se converter verdadeiramente à graça salvadora de Jesus, arrependendo-se de seus pecados, praticando o amor e pregando o Evangelho. Aliás, como iniciei e termino meu texto, a mensagem do Apocalipse é uma bela revelação da graça:


“O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida.” (Ap 22.17; ARA)

Despedida de um valoroso irmão em Cristo

Numa solenidade ocorrida esta quinta-feira, dia 09/12/2010, o 1° sargento Isaías Henrique de Oliveira, comandante do Tiro de Guerra de Nova Friburgo, entregou o cargo ao 2° tenente Francisco Everaldo Lima Gonçalves, por motivo de transferência para a cidade de Juiz de Fora, o que foi motivo de notícia no jornal local A Voz da Serra deste final de semana.

Entretanto, não tenho motivos para recordar-me de Isaías como comandante do TG. Até porque nunca servi nas Forças Armadas mesmo sendo de uma antiga família de militares, de modo que conheci o irmão Isaías através da Igreja Evangélica Maranata onde me congreguei por praticamente cinco anos.

Junto com o irmão Isaías o pastor Sérgio Eduardo Boy e outros irmãos, passamos a organizar a celebração dos cultos semanais da rede dos homens, os quais tinham deixado de ocorrer há algum tempo.

Às vezes, após as reuniões dos homens lá na igreja, ele me levava em casa de carro e conversávamos sobre experiências de vida. Porém, só recentemente, quando houve estas operações do BOPE no Complexo do Alemão é que fiquei sabendo sobre sua infância lá, quando ele pediu que orássemos por aquela situação de guerra que estava ocorrendo no Rio de Janeiro.

Nesta sexta, pude despedir-me dele num churrasco que meus irmãos da Maranata organizaram num sítio aqui nos arredores de Nova Friburgo. E foi um encontro super legal.

Por coincidência, a transferência de Isaías foi determinada justamente para a cidade onde morei por vários anos e também onde meu falecido avô, Sylvio Ancora da Luz, terminou sua carreira de artilheiro no Quartel General (QG) que fica ao lado do museu Mariano Procópio.

Quando morei com meu avô paterno, ele já estava na reserva desde 1973. Porém, conheci através dele, o quanto é tumultuada a vida de um militar que, frequentemente, é obrigado a ser transferido para outras regiões, comprometendo a vida social de sua família e os estudos dos filhos. Inclusive, recordo de como o meu avô contava sobre os amigos que fizera na fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina, em cidades como São Borja, Uruguaiana e Alegrete.

Compartilho a seguir, trechos publicados no referido jornal local em homenagem ao amado irmão Isaías, desejando-lhe muitas bençãos de Deus na cidade para a qual deverá morar:


Após diversos anos de serviços prestados na chefia do Tiro de Guerra de Nova Friburgo, o 1° sargento Isaías Henrique de Oliveira foi transferido para o município de Juiz de Fora, em Minas Gerais.
(...)
Em seu discurso de despedida, o sargento Isaías relembrou sua trajetória.
“Se encerra um ciclo em minha vida pessoal e profissional. Durante muito tempo, citar minha origem era algo que me constrangia. Fui criado no Complexo do Alemão e em 1987, quando ingressei no Exército, minha vida mudou. O ambiente que eu vivia nunca influenciou na educação dada pelos meus pais” revelou.
De acordo com ele, transmitir os conhecimentos adquiridos na vida militar sempre foi um de seus maiores objetivos. Além disso, fez um balanço dos anos que morou em Nova Friburgo.
“Procurei em todo esse tempo transmitir minha experiência aos atiradores. Nunca poderia imaginar o que me aconteceria quando vim morar aqui. Foram grandes momentos, fiz muitos amigos. Nova Friburgo é uma cidade maravilhosa e eu valorizo muito este lugar” afirmou. Em suas palavras finais, o sargento, visivelmente emocionado, garantiu: “Não deixo uma despedida, mas um até breve a todos vocês”.


Íntegra da matéria em http://www.avozdaserra.com.br/noticias.php?noticia=12464

Prefeito de Nova Friburgo sanciona Lei proibindo os rodeios!


Agora vai ser pra valer!

Depois da Câmara Municipal de Nova Friburgo ter aprovado a Lei Municipal de n.º 3.883/2010, a cidade tornou-se a primeira do interior fluminense a proibir a prática de rodeios dentro do Município, servindo de exemplo para toda a região onde este espetáculo de crueldades ainda ocorre nas exposições agropecuárias e demais festas populares.

Aqui em Nova Friburgo, porém, cada show era precedido por protestos de defensores dos animais (em alguns eu estava presente), além da atuação do Ministério Público Estadual. Inclusive, o assunto chegou a fazer parte das discussões do novo Código Municipal de Posturas ainda não aprovado. Só que sempre houve um ou outro político envolvido e com interesses em tais eventos como foi em agosto de 2007, quando a empresa de um ex-secretário municipal de turismo contratou uma equipe da Região dos Lagos para se apresentarjunto com cantores nacionais. E também ocorreu outro rodeio, numa data posterior, com o apoio do então deputado Sr. Jorge Babu que na época era filiado ao PT.

Finalmente, um vereador local conhecido como Manuel do Pote (PSB) entrou com um projeto de lei, com um texto simples e objetivo (apenas dois artigos), que, por unanimidade, passou pelo Plenário da nossa Câmara Municipal.

Daqui por diante caberá à sociedade e ao Poder Público zelarem pelo cumprimento da nova norma que, embora não tenha previsto nenhuma penalidade para o infrator, tem plena aplicação. Seja pela fiscalização municipal ou pelo próprio Ministério Público quando acionado por qualquer pessoa.

Comemorando esta vitória dos ambientalistas e protetores dos animais para a qual tive o prazer de contribuir, desejo que, em algum dia, esta coisa horrorosa que copiamos dos cowboys norte-americanos, chamada de rodeios, fique terminantemente proibida em todo o território nacional. Afinal de contas, rodeio não é cultura. É tortura!


LEI MUNICIPAL Nº 3.883
A CÂMARA MUNICIPAL DE NOVA FRIBURGO decreta e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei Municipal
PROÍBE A REALIZAÇÃO DE RODEIOS, TOURADAS OU EVENTOS SIMILARES QUE ENVOLVAM MAUS-TRATOS E CRUELDADES CONTRA ANIMAIS NO MUNICÍPIO DE NOVA FRIBURGO
Art. 1º – Fica proibida, em todo o Município de Nova Friburgo, a realização de rodeios, touradas ou eventos similares que envolvam maus-tratos e crueldades contra animais.
Art. 2º – Esta Lei Municipal entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Nova Friburgo, 02 de dezembro de 2010.
DERMEVAL BARBOZA MOREIRA NETO
PREFEITO

domingo, 12 de dezembro de 2010

Um Papai Noel pouco conhecido

Não posso dizer que sou fã desta época do ano, pois, se vivesse em outro país com pessoas que tenham uma visão de mundo diferente da nossa, pouco me importaria com as hipócritas comemorações natalícias e ficaria mais em paz longe desse consumismo exagerado. Porém, como não sou um sujeito radical e vivo num país de cultura cristã, procuro fazer deste momento uma oportunidade para lembrar da mensagem autêntica do Evangelho, centralizando o Natal em Jesus.

Para surpresa de muitos religiosos de mente fechada (principalmente alguns do meio evangélico), no meu Natal pode também rolar árvore, presépio, vinho e até Papai Noel. E quanto aos que dizem por aí que o velhinho não passa de um mito, respondo que Papai Noel existe sim e foi um cara muito maneiro que viveu entre os séculos III e IV da nossa era.

Obviamente que não estou me referindo à figura daquele homem rechonchudo, de barba branca e trajando roupas que, nas noites de 24 de dezembro, deixa a Lapônia e viaja pelo mundo montado num trenó puxado por suas renas voadoras afim de distribuir presentes para as crianças bem comportadas.

Nada disso! O meu Papai Noel não tinha poderes mágicos e muito menos ajudava apenas as crianças que fossem bem comportadas como se os pequeninos tivessem que merecer os presentes que recebiam.

Nicolau de Mira, que também é conhecido como Nicolau de Bari, foi um valoroso irmão que muito contribuiu para a obra de Cristo na terra. Sofreu perseguições de Roma, durante o reinado de Diocleciano, chegando a ser preso. Depois, foi vítima da própria Igreja Católica que hoje o considera santo. Pois, logo depois que o imperador Constantino converteu-se ao cristianismo, Nicolau passou a se opor com firmeza à corrupção eclesiástica a ponto de ter sido excluído pela cúpula religiosa daqueles tempos.

Seguindo os passos de Jesus, Nicolau continuou a fazer a obra de Deus com simplicidade e foi aí que ele se tornou o Papai Noel quando dedicou seus esforços pelo bem das crianças necessitadas e dos pobres em geral.

Muitos relatos surgiram acerca de Nicolau de Mira, inclusive sobre milagres incríveis que teriam acontecido no exercício de seu ministério. Porém, tenha ele ressuscitado crianças ou não, importa-me é que sua vida foi voltada para glorificar Cristo, pois o seu alvo foi fazer a vontade do Senhor Jesus.

Infelizmente as nossas crianças pouco conhecem a respeito do verdadeiro Papai Noel. Mesmo entre aquelas que são criadas dentro de uma família católica. Já entre os evangélicos, pouco se prega a respeito de santos posteriores ao primeiro século por causa de uma repugnante disputa religiosa entre o catolicismo e o protestantismo em que o alvo de muitos pastores, no final das contas, acaba sendo o discipulado de pessoas para o meio evangélico e não para Cristo. Contudo, desejo que possamos olhar para os bons exemplos de Nicolau de Mira, o qual não negociou sua fé. Antes mostrou-a pela sua perseverança e pelo amor que teve para com os pobres.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Saudades da Ilha Grande




Um dos lugares por onde andei e que sinto muita vontade de voltar, com certeza é a Ilha Grande!

Desde criança, eu já tinha uma enorme fascinação pelas ilhas. Quando ia à praia, desejava nadar até elas e imaginava encontrar um tesouro escondido na areia conforme assistia nos desenhos animados. Porém, bastava eu me afastar alguns metros da costa que logo um adulto da família vinha chamar a minha atenção para que voltasse e não morresse afogado.

Talvez minhas ideias fossem até alimentadas pelo seriado “A Ilha da Fantasia”, de Aaron Spelling e Leonard Goldberg, que passou na TV brasileira entre o final dos anos 70 e início da década de 80. Ou, quem sabe, não foi pelos filmes do "Simbad, o Marujo", que, por diversas vezes, assisti na Sessão da Tarde?

Entretanto, nos meus tempos de infância, bem antes de inventarem a impressionante série de “Lost”, já não ouvia falar muito bem da Ilha Grande. Na época, ainda existia um presídio de segurança máxima lá e, quando passava dias na casa de minha avó paterna em Muriqui, ela me apavorava com a possibilidade quase improvável de que bandidos fugidos da penitenciária, após atravessarem a Baía de Sepetiba, fossem capazes se esconder nos povoados de veraneio ao longo da rodovia Rio-Santos para invadir o nosso quintal e, justamente, nos assaltar.

Depois da exibição de uma reportagem da Glória Maria no Fantástico sobre as belezas da Ilha Grande, comecei a ficar muito curioso por conhecer o lugar. Ansiava bastante por estar numa ilha onde pudesse encontrar praias paradisíacas, rios e cachoeiras com águas limpas, morros elevados, ruínas históricas e vilarejos com gente morando.

Finalmente, em janeiro de 1999, realizei este meu antigo desejo de passeio juntamente com tantos outros destinos. Aliás, aquela foi uma época da minha vida em que passei a maior parte do mês só viajando e cheguei a descobrir lugares surpreendentes nos estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, conseguindo colocar meus pés em vários lugares diferentes em tão pouco tempo. E fiz tudo aquilo sozinho, tendo visitado, além da Ilha Grande e Angra dos Reis, as seguintes localidades das quais me recordo: Visconde de Mauá, Maringá, Maromba, Airuoca, São Tomé das Letras, Três Corações, Mariana, Ouro Preto, Poços de Caldas, Miguel Pereira e Paty do Alferes.

Pelo que me lembro, fiquei umas três noites na Ilha Grande dormindo na barraca de um camping na Vila de Abraão (o principal povoado da ilha). Fiz longas caminhadas e um passeio de barco. Estive não só em locais próximos (não muito distante do Abraão tem um poço de água doce), mas houve um dia em que cometi a loucura de retornar da Praia de Dois Rios utilizando uma trilha proibida até Lopez Mendes onde poderia muito bem ter me perdido ou até sofrido algum acidente.

Naquele janeiro de 1999, eu tinha ainda 22 anos e queria viver com muita intensidade aqueles momentos. Pouco me importava com certos riscos e bebia de maneira alucinada quase toda noite. Estava afastado da Igreja e desviado dos caminhos de Deus. Por sorte, tinha conseguido aprovação no primeiro ano da faculdade de Direito que cursei em Juiz de Fora, no Instituto Vianna Júnior, e estava então transferindo minha matrícula para o campus da Universidade Estácio de Sá, em Nova Friburgo. Com meu filme queimado em Minas, por causa de um crime praticado no mês de junho de 1997, na época em que fora aluno de Administração da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e ainda investigado pela Polícia, pretendia encontrar um novo ambiente nas serras fluminenses, tentando uma outra vida onde passaria a morar sem nenhum parente por perto. Namoradas e amigos eu não tinha. Transava com prostitutas ou com qualquer garota que me desse chance. E, com exceção do consumo exagerado de álcool, saúde era o que não faltava para aquele corpo que, depois de anos de uma infância e adolescência com elevado grau de obesidade, experimentava então o alívio de ter me livrado de 24 quilos no decorrer de 1998 com um simples controle de alimento.

Apesar de todas as loucuras que explodiam dentro de mim, eu estava tentando me relacionar com a vida e aí a Ilha Grande compôs o meu cenário interior durante aqueles dias. Talvez o local representasse a paz que tanto almejasse e a beleza que minha alma precisasse ter. Mas, ao mesmo tempo, acho que também existisse em mim uma necessidade de superação e de auto-afirmação através da conquista de novos lugares que são destinos turísticos, ainda que sem nenhum interesse de registrar o momento através da fotografia (contentava-me em comprar camisetas estampadas ou um barato souvenir).

Penso que, no fim, de toda busca, seja ela fútil ou não, sempre encontramos algo com um maior significado, nem que aquilo nos sirva para um mero aprendizado. Porém, as mensagens que as aulas da vida ao ar livre me comunicaram vieram a fazer parte de um processo pessoal de crescimento para que eu aprendesse a respeitar melhor a existência. Pois, sempre que visitamos um paraíso ecológico, quer sejamos apaixonados pela natureza ou não, ficamos envolvidos de tal maneira pelo ambiente que até um troglodita urbano e materialista, como eu me transformara antes, consegue voltar para casa um pouquinho melhor do que como chegou.

Depois daquela maravilhosa oportunidade que Deus me concedeu, retornei à Ilha Grande por mais uma vez, salvo engano em 2001. Só que, nesta segunda ocasião, eu já tinha um relacionamento com Núbia, atualmente minha esposa. E, antes de me conhecer, ela também já tinha visitado a ilha e passado uma noite de Ano Novo no Abraão na companhia de seus amigos.

Mesmo acompanhado por minha mulher, fiz alguns passeios sozinho. Em outros, estive com ela e tive que conter a ansiedade dos meus pés para não me embrenhar na mata deixando-a para trás. Houve também um dia em que caminhei só do Abraão até o Farol dos Castelhanos e voltei, enquanto Núbia permaneceu no acampamento. Porém, para agradá-la, fomos juntos de barco até a outra ponta da ilha, na Enseada de Araçatiba, perto da famosa Gruta do Acaiá. Numa outra oportunidade, fomos à praia de Dois Rios e posso dizer que tivemos bastante sorte por não ter chovido naqueles deliciosos dias de verão pois as chuvas caíam só no continente, de modo que o tempo estava excepcionalmente bem seco em Ilha Grande.

De todos os pontos da Ilha Grande que conheci, Dois Rios foi sem dúvida o que mais me agradou até agora. Talvez o grande atrativo dali esteja na existência de dois cursos d'água que desembocam na praia cortando uma pequena área de manguezal, além de povoado ser bem pequeno e pacato. Inclusive, era em Dois Rios onde funcionava o antigo presídio até ser destruído pelo então governador Leonel Brizola, o que, na minha opinião, poderia ter sido muito bem aproveitado para ser um curso de Biologia junto com um centro de pesquisas.

Em nenhuma das duas ocasiões que estive na Ilha Grande consegui percorrê-la por inteiro (faltaram muitas praias do lado voltado para o oceano aberto) e talvez os meus desejos por novidades e pela totalidade ainda me motivem a retornar. Então, se Deus permitir, ainda quero conhecer o Provetá (segundo maior povoado da ilha) e a praia do Aventureiro, iniciando uma longa caminhada a partir do Abraão.

Pelas minhas condições de hoje, não sei quando vou conseguir realizar tal projeto visto que minha esposa ainda está recuperando-se dos seus problemas de saúde, a grana está pouca e os compromissos de trabalho com a advocacia costumam me aprisionar o ano inteiro até a época do recesso forense que vai de 20 de dezembro até 6 de janeiro, quando estão os prazos processuais e as audiências focam suspensos, de modo que, desde 2005, já nem sei mais o que é tirar umas férias.

De qualquer modo, sou grato pelas chances que o Criador proporcionou-me de conhecer não só a Ilha Grande como um montão de outros lugares interessantes, tanto longe quanto perto de casa (meus melhores passeios foram feitos aqui na região de Nova Friburgo andando a pé durante a época de estudante). E, mesmo sentindo falta das caminhadas de outrora, continuo agora andando pelas trilhas da espiritualidade, em busca dos corações das pessoas e de Deus. Uma viagem que considero mais íntima e voltada para dentro de mim.