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sexta-feira, 20 de maio de 2016

A polêmica proibição dos passeios de charrete




Soube através de uma nota divulgada pelo portal do Ministério Público Estadual na internet de que o secretário de Governo da Prefeitura do Rio de Janeiro, o sr. Pedro Paulo, na manhã de ontem (19/05), realizou uma operação na Ilha de Paquetá para a retirada dos cavalos utilizados na tração de charretes. O objetivo da medida seria acabar com os maus tratos contra animais e outras supostas infrações que seriam resultantes dessa antiga atividade na localidade.

De acordo com a matéria, a ação seria resultado não de uma ordem judicial, mas, sim, de uma recomendação expedida pela 19ª Promotoria de Investigação Penal ao Município. No documento, destacou a promotora que as infrações praticadas em Paquetá, de forma contínua e repetida, estariam causando prejuízos irreversíveis ao meio ambiente, dentre os quais a poluição hídrica por meio do despejo dos dejetos dos animais in natura na Baía de Guanabara. E que, com a recente Lei Estadual n.º 7.194, de 07 de janeiro de 2016, ficou mais restrita a utilização de animais para situações de fretamento nos municípios do Rio de Janeiro de modo que o transporte na ilha deverá ser substituído por outro meio lícito e devidamente regulamentado, realocando os charreteiros para novo trabalho (clique AQUI pata ler na íntegra).

Sinceramente, a Prefeitura da Cidade Olímpica cometeu uma grande injustiça contra esses humildes profissionais do entretenimento ainda que esteja promovendo a substituição dos cavalos por carrinhos elétricos dos 17 charreteiros cadastrados na ilha. Aliás, há anos que Paquetá foi entregue ao abandono pelo Poder Público de maneira que as atividades turísticas ali desenvolvidas permanecem insustentáveis, sendo muitas delas incapazes de gerar uma renda satisfatória à população do lugar.

Em meus tempos de infância, tanto os pedalinhos como as charretes eram considerados cartões postais da bucólica Paquetá. Conforme bem lembrou Márcio Menasce, em sua matéria no jornal O GLOBO, Retirada de cavalos ocorre sob protestos na Ilha de Paquetá, o desembarque na ilha era "como cruzar um portal do tempo para os sentidos", em que o "cheiro das ruas de terra invadia as narinas, e os olhos logo alcançavam as charretes, que faziam da praça da estação das barcas o seu ponto".

Diferentemente do Rio, o histórico município serrano de Petrópolis prefere manter as suas tradicionais charretes que fazem ponto em frente ao Museu Imperial no Centro da cidade. Aliás, lá a Justiça garantiu a continuidade da atividade conforme uma decisão proferida no dia 30/07/2015, tendo como fundamento a não caracterização de maus tratos aos cavalos e entendendo que existe uma fiscalização pela Prefeitura. Inclusive, a ONG AnimaVida desenvolve há anos um excelente trabalho de proteção a esses animais através do projeto CHARRETEIRO SANGUE BOM. Este, como consta explicado no site da instituição, 

"visa qualificar os condutores das charretes (vitórias) de Petrópolis para cuidarem adequadamente de seus animais, oferecendo a eles um tratamento digno e respeitoso, e para prestarem um serviço de melhor qualidade aos turistas que visitam a cidade. Para isso, a AnimaVida criou o selo de qualidade que será concedido aos charreteiros que melhor aplicarem os ensinamentos recebidos"

Em Petrópolis, o passeio de charrete pelo Centro Histórico dura cerca de 40 minutos, com duas paradas. Do Museu Imperial, a charrete segue pela a avenida Tiradentes no contra fluxo para a faixa exclusiva para as "vitórias". Lá o prefeito Rubens Bomtempo, o Rubinho, tem demonstrado até hoje um considerável respeito pelas tradições históricas de sua admirável cidade, sabendo que os charreteiros não só mostram os pontos turísticos aos visitantes como fazem uma proveitosa publicidade do Município.

Agora que os cavalos foram retirados da Ilha de Paquetá, talvez seja melhor focar todos os esforços no sucesso da decisão tomada para que os charreteiros consigam ganhar dinheiro com os carrinhos elétricos que o governo Eduardo Paes prometeu fornecer. Porém, não dá para negar que essa prematura extinção da atividade foi um equívoco decorrente do abandono pela Prefeitura, a qual não soube trabalhar direito as potencialidades do lugar visto que poderia ter desenvolvido um trabalho melhor de capacitação turística dos comerciantes e ambulantes, envolvendo cada segmento econômico.



OBS: A imagem foi extraída de uma notícia do portal da Prefeitura do Rio de Janeiro conforme consta em http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?id=6141349

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