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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Blogueiro a procura de trabalho

Por esses dias, alguns internautas devem ter percebido minha ausência na blogosfera e principalmente nas redes sociais (geralmente uso mais o Facebook). É que estou por aí atrás de emprego e ainda sem acesso à rede dentro de casa.

Mudar de cidade e ir pra um lugar onde somos desconhecidos não é nada fácil, mas confesso que tenho me dado bem com o povo de Mangaratiba que é muito solidário e receptivo com quem é de fora. Pois, ainda que o município não tenha tantas opções de trabalho como no Rio de Janeiro (os maiores empregadores são a Prefeitura e a Vale do Rio Doce), acredito na possibilidade de conseguir algo de bom por aqui e me estabilizar profissionalmente.

Queixar-me da vida e das coisas ruins que me ocorreram nos últimos meses de nada adianta. Não resolverá minhas necessidades, pode atrapalhar no relacionamento com as pessoas e piorar ainda mais a situação. Logo, o melhor a fazer é sair anunciando que estou a disposição para laborar como coloquei no texto de meu currículo sobre o objetivo e informações básicas:

"Prestar serviços tanto na área administrativa quanto jurídica, atuando externa e internamente, inclusive no atendimento ao público. Sete anos de experiência profissional no campo jurídico com especialidade prática em Direito do Consumidor".

Sexta passada, quando estive no culto da igreja onde tenho congregado aqui em Muriqui (4º Distrito de Mangaratiba), um irmão informou-me haver vaga de frentista num posto de gasolina la localidade vizinha de Itacuruçá. Disse-me ele mais ou menos assim:

"(...) Não sei se te interessa. O salário é de R$ 849,00 mais passagem e alimentação (...)"

Como não sou um cara orgulhoso, estou precisando de dinheiro e combato essa mentalidade latina medíocre de que exercer profissão de base seria "vergonhoso", fui logo segunda-feira (17/09) na empresa e me apresentei para trabalhar. Recebi então o meu uniforme com a marca da Ipiranga com o boné e comecei na terça (18). Meu horário seria de 7 horas da manhã até às 7 da noite em Itacuruçá, bem perto da Capitania dos Portos.

Durante quase todos os dias caminhei a pé para o trabalho afim de poder utilizar o dinheiro da passagem que me adiantaram por catorze dias. Colocava o despertador do celular para tocar às 5:20 da madrugada e ia andando pela linha do trem. Ao chegar no local, vestia o uniforme por cima da camiseta de malha afim de que a roupa de cima não ficasse cheia de suor e separava a marmita trazida na mochila.

Apesar de ter sete anos de experiência como advogado, tudo o que vi no posto foi novidade. Jamais trabalhei como empregado na vida e muito menos com serviço duro. Ali tive que aprender a abrir a loja, abastecer veículos, fazer a limpeza do estabelecimento com pá e vassoura nas mãos, contar estoque e utilizar o sistema de vendas no computador.

Senti logo o peso da responsabilidade daquele trabalho e vi que era bem mais duro do que advogar. Se desse falta de qualquer produto, colocasse alguns centavos a mais no combustível ou algum cliente deixasse de pagar, teria que reparar a perda do meu bolso. Não daria mais para ausentar-me dali e nem dar conta dos processos de meus clientes em andamento, sendo a maioria ações em outras comarcas. Pensei em como conseguiria tempo para ir até o malote do Fórum de Itaguaí e protocolizar a petição.

Por outro lado, conheci várias pessoas em Itacuruçá e fiz novas amizades ali. Pude compartilhar um pouco do Evangelho num local onde há muitas vidas carentes do amor de Cristo e também participei dos sofrimentos do trabalhador brasileiro. Senti na pele o quanto os pequeninos lutam pelo pão de cada dia, precisando dar um jeitinho daqui e dali. Vi que há muita prostituição no local. Moradores da Restinga de Marambaia pediam para que vigiássemos suas compras enquanto eles desempenhavam suas tarefas no continente até a embarcação da Marinha partir no final do dia. E vez ou outra ganhávamos doações de peixes e alimentos.

Na quarta (19), trabalhei num outro posto da empresa dentro do Iate Club de Itacuruçá e foi num dia bem quente. Ali eu tinha que abastecer as embarcações e, quando se tratava de jet-ski era preciso descer até o deck de madeira bem perto do mar. Por isso, acabei retornando no terceiro dia para a loja perto da Capitania dos Portos.

Todos os dias foram bem exaustivos e senti que não estava conseguindo acompanhar o rítimo do serviço. Quando foi ontem (20), refleti sobre continuar ou não no posto de gasolina. Analisei os riscos e as possibilidades de conseguir algo melhor dentro de minha área ou próximo a ela. Cheguei em casa, conversei com a esposa e hoje (21) informei minha gerente sobre a decisão de sair. Ela compreendeu perfeitamente minha situação e então compareci ao escritório da empresa no Centro de Mangaratiba para entregar o uniforme e pedir as contas.

Para não jogar fora o dinheiro da passagem, aproveitei a oportunidade e distribuí meu currículo por Mangaratiba. Deixei um no cartório, outro no balcão de empregos e dois no Fórum. Debaixo de chuva, retornei pra Muriqui e agora estou escrevendo no local coletivo de acesso à internet da Prefeitura. Semana que vem, pretendo procurar trabalho no município vizinho de Itaguaí e continuar esta busca com fé até Deus abrir uma porta.

Bem, se alguém souber de algum trabalho, segue meu telefone celular que ainda é de Nova Friburgo: (22)98111620. E também tem o email rodrigoluz@yahoo.com já que não é possível utilizar redes sociais como Facebook e Orkut aqui nos terminais de acesso à rede da Prefeitura.

Por enquanto é só o que tenho a compartilhar. Desejo a todos que me acompanham um final de semana abençoado e cheio da presença de Deus.

Tenham um feliz descanso com bastante paz.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Protestos injustificáveis contra embaixadas em países islâmicos

Esta semana assistimos pelos telejornais vários protestos sangrentos contra embaixadas dos Estados Unidos em razão de um filme ridicularizando a religião muçulmana. Manifestações explodiram nos continentes da África e Ásia com reações bem violentas em determinados países a ponto de ameaçar as relações diplomáticas entre o Ocidente e o Oriente.

Sinceramente, não dá para compreender a razão dessa atitude de selvageria que é bem covarde e irracional. Pois, além do filme não ser uma produção oficial do governo norte-americano, trata-se da liberdade de expressão de um povo que as constituições democráticas entendem como sendo um direito fundamental do indivíduo. Uma conquista que o Ocidente hoje desfruta graças às sementes plantadas pelos heroicos pensadores iluministas do século XVIII.

Ora, o que os religiosos radicais do Islã desejam que os Estados Unidos façam? Que o Obama imponha uma censura aos cidadãos livres da América?!

Apesar de toda essa estupidez praticada pelo fundamentalismo islâmico, a Casa Branca até que respondeu com bastante sabedoria esta semana e mostrou até agora que sabe oferecer a outra face. Ao considerar como "repugnante" o conteúdo do filme, Obama manifestou qual deve ser o posicionamento de um Estado realmente democrático e que tem por objetivo promover o respeito à liberdade religiosa.

Agora convenhamos. O que seria do mundo se as potências militares do Ocidente resolvessem responder com a mesma ignorância que os manifestantes da Líbia caso alguém fizesse uma produção cinematográfica ofendendo a Jesus, Maria, Paulo, Moisés, Abraao, a Bíblia ou até mesmo o Santíssimo Criador?

Entretanto, muitos ateus já fazem isto na Europa e nas Américas, mas são efetivamente protegidos pelas leis e por inúmeros cristãos. Estes, apesar de não concordarem e considerarem ato de blasfêmia um homem ridicularizar Deus, preferem se auto-limitar nestas horas de conflito do que reagir com violência.

Recordo que, poucos anos atrás, minha caixa postal eletrônica recebia repetidos emails pedindo o apoio de internautas contra a exibição de um suposto filme que mostraria o Senhor Jesus tendo relações homossexuais com os seus discípulos. Eu, embora tivesse verificado a inveracidade daquela informação alarmista, recusei a colocar o meu nome no manifesto virtual por entender necessário respeitar a liberdade de opinião acima das minhas crenças. Pois, ainda que o diretor de uma imbecilidade dessas fosse receber de Deus um castigo, não seria por mãos humanas que o julgamento ocorreria. E aí eu não perderia o meu tempo pedindo às autoridades brasileiras que impedissem a entrada de um filme profano no país, sendo que a própria proibição atrairia mais ainda o interesse do público.

Como seguidor de Jesus entendo que ser até pecado um crente sair por aí agredindo pessoas por causa de uma provocação religiosa. Analisando cuidadosamente as Escrituras, o máximo que a orientação bíblica permite numa situação assim seria a excomunhão temporária conforme prescreveu Paulo quanto ao sujeito que teve relações sexuais com a madrasta na igreja de Corinto (ler 1Co 5:1-5). E, no final do mesmo capítulo daquela epístola, o apóstolo concluiu:

"Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo." (1 Coríntios 5:12-13)

Fora das paredes da congregação, as normas de nenhum grupo religioso se aplicam em país laico. E ainda no âmbito interno de uma seita, existem limites que são as leis do país onde ela se encontra. Deste modo, se a blasfêmia é praticada por alguém oriundo da mesma cultura nacional-religiosa, igualmente não é possível matar, prender, ameaçar, torturar ou castigar fisicamente o apóstata usando o nome de Deus sem que esteja sendo cometido um delito. Pois, segundo o ordenamento jurídico de países livres como o Brasil e os EUA, pode-se afirmar tranquilamente que qualquer fogueira será um crime hediondo.

Num mundo onde coexistem diversos valores éticos em conflito, o caminho mais aceitável parece ser o da tolerância. Deve-se proteger a liberdade de expressão e, ao mesmo tempo, aconselhar aos demais titulares desse direito que o utilizem sabiamente. Afinal de contas, para que sair por aí provocando a onça com vara mesmo sendo esta de longa metragem? Pois, do outro lado do "pau", estão os pobres funcionários das repartições diplomáticas que nada têm a ver com a briga.

Tomara que Obama vença as eleições e não haja retribuição bélica por parte dos Estados Unidos a essa covardia conforme desejam muitos do Partido Republicano.

Oremos pela paz do Oriente Médio e dos demais países islâmicos!


OBS: A foto acima foi extraída da Wikipédia, em http://pt.wikipedia.org/wiki/Atentados_terroristas_%C3%A0s_embaixadas_dos_Estados_Unidos_na_%C3%81frica , e mostra o histórico atentado ocorrido contra a embaixada de Nairobi, dia 07/08/1997, que matou pelo menos 213 pessoas, incluindo 12 americanos e feriu pelo menos outras 4.000.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A violência que ainda consome o Rio


Esta semana o Brasil inteiro está lamentando a morte de seis adolescentes brutalmente assassinados na Baixada Fluminense. Amigos de infância, Josias, Victor Hugo, Christian, Glauber, Douglas e Patrick partiram de suas casas em Nilópolis para um banho de cachoeira no Parque Natural de Gericinó, mas não retornaram. Foram sequestrados por bandidos que controlariam uma comunidade próxima (favela da Chatuba) pelo que acabaram sendo torturados e mortos. Um dos autores do crime, quando atendeu ao telefone de um dos pais dos rapazes, simplesmente respondeu friamente que seu filho "já era".

É triste ver como anda a situação real dos arredores da cidade governada por Eduardo Paes e ajudada pelo governador Sérgio Cabral de seu mesmo partido. A política denominada de "pacificação", com a ocupação de algumas comunidades carentes com as UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), tem se evidenciado como um verdadeiro engodo, uma maquiagem dos lugares mais visíveis do espaço territorial urbano, mais precisamente dos morros do Centro, Zona Sul e da Grande Tijuca que é a área nobre da Zona Norte, além daquelas favelas bem populosas e conhecidas pelo público através da mídia: a Rocinha, a Cidade de Deus (lembram do filme?) e o Complexo do Alemão, onde morreu aquele jornalista da TV Globo - o Tim Lopes.

Entretanto, a maior parte do Rio ainda permanece sob o controle direto do tráfico a exemplo do que se vê na extensa Zona Oeste, no Complexo da Maré e em muitos outros locais da Zona Norte. Pois, deixando o bucólico Grajaú (bairro da Grande Tijuca) em direção aos antigos "subúrbios", avista-se da estação de trem do Méier o Complexo do Lins, o qual se extende até um trecho da estrada que vai para Jacarepaguá, no Morro do Encontro, onde certa vez o carro de um juiz trabalhista foi atingido por tiros. Mais adiante, na região de Madureira (cinco estações depois), muitas comunidades ainda vivem submetidas à ditadura dos comandos criminosos e pude constatar bem de perto esta realidade nos quase dois meses em que minha esposa permaneceu internada numa clínica em Piedade, próxima ao Morro do Urubu, onde atua uma facção do tráfico. Durante o período de 12/07 a 07/09, ouvi falar de mortes ocorridas ali tal como acontecia com frequência nos morros do Andaraí e dos Macacos antes da vinda das UPPs.

Será que o governo do Rio de Janeiro investirá todos os recursos necessários para ampliar essa política de segurança para todo o estado e completará o trabalho iniciado nas comunidades tidas como "pacificadas"?

É justamente aí que podemos avaliar o tamanho do cobertor, que é curto.

Sabedores de que o Rio irá sediar a final da Copa de 2014 e os jogos olímpicos de 2016, nossas autoridades resolveram investir nas áreas de maior proximidade com os roteiros turísticos ou que se tornaram conhecidas mundialmente a exemplo da Rocinha, o Alemão e a Cidade de Deus, já citadas neste texto. Só que as causas do crime organizado não estão sendo suficientemente combatidas de maneira sistêmica sendo certo que, com a ocupação dos antigos pontos de venda de drogas, a bandidagem simplesmente migrou para novos locais. O interior fluminense, anteriormente um refúgio de quem tinha resolvido fugir da violência nos grandes centros urbanos, está com a sua paz ameaçada. Municípios da Baixada, da Costa Verde, da Região Serrana, da Região dos Lagos, do Vale do Paraíba e do Norte Fluminense tornaram-se igualmente perigosos.

Não nego que a política de segurança permitiu que eu pudesse visitar este ano os morros e as matas do Grajaú, bairro do Rio onde fui criado na infância até os sete anos, a ponto de ter explorado livremente várias quedas d'água ali por perto que até bem pouco tempo eram controladas pelos traficantes. Contudo, não me conformo em saber que outras cachoeiras do estado estão se tornando impróprias para banho devido à crescente violência. Lamento que jovens moradores dos municípios de Nilópolis e de Mesquita, amantes do ecoturismo assim como eu, agora precisem evitar futuros passeios às unidades de conservação da natureza. E espero que essa bela região de Muriqui, o 4º Distrito de Mangaratiba, lugar onde estou agora morando, de modo algum tenha os seus recantos ocupados por bandidos.

Finalizo o texto solidarizando-me com a dor das famílias dos seis rapazes assassinados final de semana na Baixada Fluminense e convoco a sociedade brasileira para mobilizar-se contra esse tipo de covardia. Chega de tanta violência! O Rio de Janeiro todo precisa de paz.

A cabeça cortada do monstro que torna a crescer nas eleições


"E vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia. E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio. E vi uma das suas cabeças como ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta. E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?" (Apocalipse 13:1-4; destaquei)


Mais uma eleição se aproxima e novamente o povo brasileiro é convocado a comparecer obrigatoriamente às urnas afim de escolher quem serão os futuros prefeitos e vereadores de suas respectivas cidades pelos próximos quatro anos (2013/2016). Panfletos, cartazes e carros de som estão por todo canto assediando o eleitor de maneira até exaustiva.

Impressionante como que os candidatos em destaque costumam ser os mesmos das eleições passadas! Porém, quando há alguma renovação nas câmaras municipais e prefeituras, os políticos novos que chegam lá, em regra, seguem os mesmos passos de iniquidade dos seus antecessores por eles criticados tão duramente no palanque. Isto quando não são os próprios filhos, cônjuges e apadrinhados dos que já se corromperam no poder, os quais, por mero impedimento legal, não estão podendo disputar reeleição ou cumular cargos, pelo que apoiam alguém feito à sua imagem e semelhança ou que seja osso de seus ossos e carne de suas carnes.

Pois é, amigos. A história da politicagem suja e barata tende a se repetir enquanto o Reino de Deus não estiver plantado nos corações governando a sociedade rumo a uma realidade diferente daquilo que ela vem experimentando passivamente. De pouco adianta as pessoas irem votar em outubro se elas continuam inertes quanto aos problemas do cotidiano e às necessidades coletivas. Só que parece fazer parte da natureza carnal do ser humano aplaudir os perversos como diz o salmista da Bíblia abordando o tema da prosperidade dos maus:

"Por isso o seu povo se volta para eles e bebem suas palavras até saciar-se" (Salmos 73:10)

Em que pese a maldade dos ímpios, ainda assim o povo prefere "beber" as suas palavras mentirosas. Enganado (ou querendo iludir a si mesmo), o cidadão dá crédito ao político que irá oprimi-lo após tomar sua posse no cargo. Vota no cara que desviará o dinheiro público, privatizará as escolas, deixará que os hospitais continuem quebrados atendendo mal os pacientes do SUS, fará da prestação do serviço público um mero favor ao pobre, aumentará a tarifa dos ônibus urbanos em comum acordo com os empresários do transporte, cobrará propina de quem realmente produz, inventará novos impostos e usará até da violência física e institucional para proteger os seus esquemas de corrupção.

Falando mais uma vez da Bíblia, é interessante observar que certos fatos configuram como reincidentes nas Escrituras Sagradas. Em Êxodo, diz o texto que um faraó decidiu afogar no rio Nilo os bebês das mulheres hebreias afim de controlar o aumento populacional da descendência de Abraão no Egito (ver Ex 1:22). E, cerca de um milênio e meio depois, um outro monarca (Herodes, o Grande) resolveu fazer praticamente a mesma coisa mandando exterminar os meninos de até dois anos na cidade de Belém (Mt 2:6). Isto porque o rei intencionava matar o Messias prometido com medo de que viesse a perder o trono de Jerusalém para o legítimo herdeiro da casa real de Davi.

É certo que, nos tempos de Herodes, acreditava-se na vinda de um cristo político cuja missão seria a de restaurar a soberania perdida de Israel. Muitos judeus aguardavam que o Messiah iria liderar o povo na libertação do domínio de Roma, a qual oprimia a nação com sua potente força militar, cobrava pesados tributos, escravizava, estabelecia trabalho forçado nas minas, e punia cruelmente os revoltosos que se opusessem a César. Mas quanto ao desempenho desse papel guerrilheiro, Jesus parece ter frustrado as expectativas de seus compatriotas, inclusive dos discípulos que o seguiam. Principalmente quando resolveu entregar a sua vida voluntariamente em favor da humanidade ao invés de resistir com armas a ponto de Pedro tê-lo negado durante sua prisão mais provavelmente pela vergonha do que pelo medo de morrer junto.

Durante a tentação sofrida no deserto, o diabo chegou a apresentar um atalho a Jesus para este concretizar rapidamente o projeto messiânico, oferecendo-lhe todos os reinos do mundo "se, prostrado, me adorares" (Mt 4:9). Porém, o Senhor rejeitou de plano aquela proposta ilusória de Satanás e seguiu firme no seu ministério valoroso afim de arrancar o mal pela raiz, limpando do coração dos homens toda semente maligna. Sobre este mesmo solo, ele plantou as boas novas de um reino que não é deste mundo e que não funciona segundo a lógica pecaminosa dos governantes visto que o Evangelho busca primeiramente a transformação íntima do ser humano pela via do arrependimento e da conversão sincera. Do contrário, caso Cristo viesse a se tornar um novo rei no lugar de Herodes, os resultados de justiça e de paz pretendidos seriam de curta duração de modo que o seu governo passaria como um dia também passaram os reinados terrenos de Davi, Salomão, Asa, Josafá, Ezequias e Josias, todos estes considerados importantes líderes da nação judaica em sua fase monárquica.

Ora, do que adianta cortarmos uma das cabeças da besta se ela volta a crescer? Pois digo ser necessário expulsar de dentro dos nossos corações aquele monstro do Apocalipse visto que somos os verdadeiros responsáveis pela manutenção desse sistema sujo, o qual embriaga os líderes do mundo com a bebida entorpecedora de sua prostituição. É a nossa própria cobiça, distorsão da realidade, lascívia, impulsividade, omissão e valores egoístas cultivados interiormente que ainda contribuem para manter no poder não apenas as mesmas pessoas, mas também as velhas práticas rotineiras de exploração e de violência.

O Reino precisa estar em nós! É algo que deve ser compreendido no íntimo de cada um e ser posto em prática dentro das relações estabelecidas com o próximo e com a comunidade. E aí, sendo a sociedade alcançada em sua base com o amor sacrificial de Cristo, conseguiremos ver transformada essa dura realidade que ainda nos aflige. Mesmo que contemplemos esta visão pela fé no cumprimento da história.

Que sejamos os agentes desse bendido Reino de Deus e do seu Cristo! Aleluia!


OBS: Ilustração extraída do acervo da Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:La_B%C3%AAte_de_la_Mer.jpg

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A importância de nos congregarmos em igreja



"Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros" (Hebreus 10:25a)

As narrativas bíblicas e a história do cristianismo são testemunhos de que a vida com Deus é um projeto para ser experimentado coletivamente. Não existe e jamais haverá a "igreja do eu sozinho". O próprio nome igreja vem de ekklesia, termo que foi originalmente empregado nas reuniões políticas das cidades gregas, sendo, pois, um sinônimo cabível para a assembleia do povo de Israel mencionada nas Escrituras hebraicas (o Antigo Testamento).

Quando Abraão foi chamado à fé, o objetivo do Altíssimo foi formar uma nação através dele. Não somente uma só nação, mas várias como diz o próprio nome do patriarca. E, se Deus a princípio lhe falou individualmente, foi com a finalidade de incluir outras pessoas no seu plano sagrado de modo que o Eterno esteve tratando também com Hagar, Sara e Isaque em outras passagens, no desejo de ser o Deus de todos aqueles personagens bíblicos (e de todos nós).

No Novo Testamento, também não foi diferente. Jesus buscou fazer discípulos. Não para ter numerosos seguidores atrás dele, mas para iniciar um ministério lidando com gente. E escolheu pessoas comuns do povo, impuros pescadores e coletores de impostos ao invés de contar com escribas, sacerdotes e toda aquela nata moral da Jerusalém de seu tempo. Aí, quando chegou o momento de experimentá-los e ensiná-los a pregar o Evangelho do Reino nas cidades de Israel, o Mestre ordenou que os doze apóstolos (e depois os setenta seguidores) andassem de dois em dois. Jamais saíssem sozinhos por aí.

Também com Paulo, depois que o Senhor revelou-se ao "apóstolo dos gentios", o Espírito Santo não o enviou sozinho pelo mundo. A princípio, Paulo andou junto com Barnabé em sua primeira missão. Na vez seguinte, seu companheiro de ministério foi Silas. E, a partir de então, o livro de Atos passa a fazer menção de diversos nomes novos como Timóteo, Tito, o casal Áquila e Priscila, dentre outros colaboradores.

No comecinho de 2010, li com entusiasmo o "subversivo" livro Por que Você Não Quer mais Ir à Igreja?, de Wayne Jacobsen e Dave Coleman. Fiquei empolgado demais com a desconstrução proposta pelos autores que transmitem uma mensagem através de uma narrativa ficcional no estilo A Cabana. Na obra, o personagem pastor Jake Colsen, sentindo-se interiormente vazio, depara-se com João, um homem que fala de Jesus como se o tivesse conhecido e que percebe a realidade de uma forma que desafia a visão tradicional de religião.

Sem dúvida que as críticas do livro não deixam de ser uma interessante contribuição ao mundo eclesiástico quando levamos em conta a importância da pluralidade de ideias e aceitamos a possibilidade de que a Igreja, por ser formada por homens, é passível de cometer erros. Só que, analisando por outro aspecto, os autores parecem não dar a mínima chance de êxito ao bimilenar trabalho desenvolvido até hoje pelos herdeiros do discipulado de Jesus. É como se tudo aquilo que se vê no presente não prestasse mais para nada e precisasse ser consumido no fogo.

Mas será que nada mais presta na Igreja?! Pois eu penso justamente o contrário e percebo coisas muito positivas que não devem ser descartadas, mas sim aprimoradas, melhoradas, reformadas e apoiadas pelas brilhantes mentes dos críticos da religião.

"E ele disse-lhes: Por isso, todo o escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas." (Mateus 13:52)

Penso que, se temos críticas em relação à Igreja e desejamos mudar seus rumos, não temos que nos afastar dela e muito menos abandonarmos a vivência coletiva da fé que é a comunhão com os irmãos. E também, quando temos em nosso coração a proposta de um ministério inovador, devemos aprender a aguardar em Deus o momento certo de agir tal como fez Paulo quando se congregava em Antioquia e que, provavelmente, já deveria sentir a vontade de levar a Palavra aos gentios da Ásia Menor e de outras regiões, bem como aos judeus da diáspora distantes de Jerusalém.

No começo do ano, tão logo ter deixado de Nova Friburgo, cometi o erro de querer iniciar um ministério sozinho nos curtos meses em que morei no Rio de Janeiro. Minha cabeça estava cheia de conceitos, ideias e propostas, as quais não descarto por serem coisas positivas. Entretanto, em minha vaidade intelectual e tendo grande dificuldade desde os tempos de criança quanto aos trabalhos de grupo, acabei não me congregando em lugar nenhum. Nem mesmo fui capaz de encontrar e me integrar com algum grupo informal de irmãos. Apenas visitei por três ocasiões uma igreja Presbiteriana no bairro onde morava sem que fosse estabelecida uma relação de compromisso. Aí, logo que vieram as lutas, os problemas e as necessidades, acabei ficando só tentando orientar-me para superar as situações. Lancei sementes, mas não pude cultivá-las como deveria. Precisei cuidar da família e, mais recentemente, de minha esposa Núbia.

Já neste semestre, resolvi fazer diferente. Tão logo fui iniciando a minha mudança do Rio para o Município de Mangaratiba, decidi que não continuaria a caminhar só. Deixei meus sonhos ministeriais nas mãos de Deus e fui logo buscando o apoio de meus irmãos em Cristo, pelo que me dispus a procurar a igreja evangélica mais perto de minha casa que está situada na mesma rua Primeiro de Maio aqui no distrito de Muriqui. Deixei de lado o orgulho, os conceitos teológicos adquiridos e fui reunir-me com os novos irmãos pouco importando o fato de se denominarem "batistas pentecostais".

Assim, tenho crescido com meus irmãos nestes últimos dias quando, definitivamente, vim morar aqui em 21/08. Pela manhã, nossa congregação reúne-se para orar diariamente às 07:30 e, por várias vezes, já tomei o meu café da manhã na igreja com a pastora Delvânia e o mano Johnny. Ontem (09/09), fizemos nossa Ceia e temos tido a oportunidade de nos encontrarmos com satisfatória frequência. E, no domingo retrasado (02/09), conheci uma missionária que esteve nos visitando e compartilhou a experiência no seu ministério com os chineses, aqui no Brasil, e de sua marcante viagem à China feita neste ano de 2012.

Não é maravilhoso poder viver num país como o nosso onde ninguém é perseguido pelas autoridades só porque lê a Bíblia ou vai numa igreja?!

Glória a Deus por isto! Mas ainda assim, os crentes daqui no Ocidentes têm caminhado com muito menos assiduidade do que os irmãos da China, sendo que a maioria deles por lá parece se reunir mesmo em congregações clandestinas. No outro lado do mundo, cada oportunidade de se congregar e adorar a Deus é algo de enorme valor.


OBS: Ilustração extraída do acervo da Wikipédia em http://en.wikipedia.org/wiki/File:AugsburgConfessionArticle7OftheChurch.jpg

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O uso irresponsável da lancha e do jet-ski


Estou amando morar em Muriqui, 4º Distrito do Município de Mangaratiba, situado na Baía de Sepetiba, litoral sul fluminense. Durante a semana, isto aqui é uma tranquilidade só. Um paraíso! Porém, aos sábados, domingos e feriados, a localidade fica demasiadamente agitada.

Além do movimento dos carros dos turistas, os pagodões e o funk em alto volume, bem como o lixo que alguns deixam na areia (nada contra pessoas visitarem a região da Costa Verde desde que respeitem o direito do outro), tenho notado algo muito preocupante: o uso de lanchas e de jet-ski próximos à orla marítima. Pois este tráfego de veículos não somente põe em risco a vida e a segurança de banhistas como também está afetando o meio ambiente aquático, sendo certo que as populações tradicionais de pescadores dependem do equilíbrio ecológico para fins de sustento familiar.

Sinceramente, acho uma estupidez pessoas ficarem andando pra lá e para cá de jet-ski sem estarem numa missão oficial ou em áreas destinadas à prática do referido "esporte". Por sua vez, as lanchas deveriam trafegar em velocidade compatível quando estão saindo de uma marina e jamais passarem perto de uma praia.

Todavia, o que mais me irrita é a ausência de fiscalização, algo que interessa à Diretoria de Portos e Costas, Tel.: (0xx21) 2104-5236, mas que também poderia contar com o auxílio de agentes das prefeituras já que o turismo é parte integrante da economia dos municípios praianos do sul do Rio de Janeiro. Afinal, a vida é um bem que não tem preço, sendo que a distância dos banhistas e da orla é um dos "dez mandamentos" de segurança marítima adotado pelos órgãos oficiais:


OS 10 MANDAMENTOS DA SEGURANÇA NO MAR:


- FAÇA A MANUTENÇÃO CORRETA DA SUA EMBARCAÇÃO

- TENHA A BORDO O MATERIAL DE SALVATAGEM PRESCRITO PELA CAPITANIA

- RESPEITE A LOTAÇÃO DA EMBARCAÇÃO E TENHA A BORDO COLETES SALVA-VIDAS PARA TODOS OS TRIPULANTES

- MANTENHA OS EXTINTORES DE INCÊNDIO EM BOM ESTADO E DENTRO DA VALIDADE

- AO SAIR, INFORME O SEU PLANO DE NAVEGAÇÃO AO SEU IATE CLUBE, MARINA OU CONDOMÍNIO

- CONDUZA SUA EMBARCAÇÃO COM PRUDÊNCIA E EM VELOCIDADE COMPATÍVEL PARA EVITAR ACIDENTES

- SE BEBER, PASSE O TIMÃO PARA ALGUÉM HABILITADO

- MANTENHA A DISTÂNCIA DAS PRAIAS E DOS BANHISTAS

- RESPEITE A VIDA, SEJA SOLIDÁRIO, PRESTE SOCORRO

- NÃO POLUA O MAR



Fonte: https://www.dpc.mar.mil.br/esp_recreio/mandamentos.htm


OBS: Imagem extraída do acervo da Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Jetboot_Jetski_DM_2007_Krautsand_2.jpg

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Anúncio de vitória após uma angustiosa caminhada de dois meses

"Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele o fará." (Salmos 37:5)

Incrível, mas eu demorei mais de um mês e meio (uns cinquenta dias) para mudar-me de vez do bairro Grajaú, na cidade do Rio de Janeiro, para Muriqui, 4º distrito do município de Mangaratiba. Só que devemos compreender e aceitar que as coisas ocorrem no tempo de Deus.

Foi no final de junho, após ter sido encontrado pelos bombeiros nas matas do Parque Nacional da Tijuca (ver artigo de 28/06), que eu e Núbia concordamos em nos mudar. Eu já gostava mais daqui do que do Rio por causa da tranquilidade, do espaço amplo da residência, do fato da habitação ser uma casa e não um apertamento, haver um quintal nos fundos para plantar, ter um jardim na frente, a proximidade de três quarteirões com a praia, uma maravilhosa vista com montanhas e ilhas cheias de verde, ar puro, dentre outros benefícios. Então, naqueles dias em que andei perdido pela floresta, já contando com a possibilidade de morrer por lá, refleti sobre qual rumo daria na vida caso ganhasse de Deus uma nova chance. E, quando fui resgatado, decidi viver da melhor maneira possível valorizando as bênçãos recebidas do Pai Celestial na breve existência que o homem tem sobre a Terra.

Em 01º/07, viemos todos para cá carregando apenas umas poucas coisas e a gata Sofia na sua gaiola. Fiquei por uns dias na nova residência e retornei sozinho para o Rio na data da independência dos EUA (04/07) afim de começar a arrumar as coisas, pagar as contas do mês e colocar o imóvel do Grajaú para alugar. E, quando foi na manhã de 07/07, resolvi passar o meu descanso sabático ao lado da esposa ao invés de permanecer sozinho lá no fim de semana.

Infelizmente, quando cheguei aquele dia na nova casa, tive surpresas desagradáveis. Núbia não estava bem. Passei o fim de tarde com ela no posto de saúde de Muriqui e fomos orientados pela médica de plantão para buscarmos tratamento pela rede de seu plano. Dessa vez não tinha mais jeito. Com reincidentes problemas, foi preciso internar minha esposa numa clínica com especialidade no seu problema.

Tive de interromper os preparativos da mudança naquela segunda semana de julho. Minha atenção ficou voltada para conseguir vaga de internação pelo plano de Núbia – o Unimed Rio Personal, cuja abrangência é propositalmente menor do que a do Alfa de modo que nem todos os médicos e estabelecimentos aceitam. Fomos na própria segunda-feira (09/07) pegar o encaminhamento para hospitalização com a sua médica Dra. Amália, na Tijuca, e dali seguimos até o posto de atendimento da operadora na Rua do Ouvidor, no Centro da Cidade Maravilhosa. Só que, ao chegarmos lá, a funcionária da Unimed confirmou não haver vagas, informação esta que eu já havia também levantado junto à única clínica especializada da rede credenciada. Por isso, teríamos que aguardar indefinidamente e eu ainda ficar preso em casa o tempo todo cuidando da esposa numa situação bem crítica.

Entretanto, não permaneci refém da situação. Abri logo uma reclamação junto ao SAC da Unimed em nome de Núbia, alegando ser uma obrigação da operadora, nestes casos, pagar até um outro hospital fora da sua rede de convênios afim de que o paciente não fique sem receber tratamento. Liguei quase que diariamente para a clínica e me dirigi junto com minha esposa à Defensoria Pública, no bairro vizinho de Vila Isabel, para processarmos o plano de saúde (mesmo eu sendo um advogado não me achava em condições de ir ao Fórum para distribuir uma ação e acompanhar o processo). Porém, a defensora não considerou suficientes os termos do encaminhamento assinado pela médica para que a Justiça concedesse a tutela antecipada visto que não estava explicitada a urgência de internação no documento. Aí tivemos que retornar ao consultório, pressionar a Dra. Amália e solicitar um novo papel, o que fizemos em 11/07.

Felizmente, não precisamos processar ninguém. A médica de Núbia já conhecia o dono da clínica especializada e ligou para ele falando em nossa frente pelo telefone. No dia seguinte (12/07), após eu ter entrado em contato mais uma vez com o hospital, retornaram-me ainda na manhã informando que já poderia trazer a minha mulher para lá. Foi um grande alívio sair daquela desagradável situação de incerteza.

Se por um lado tranquilizou-me o fato de Núbia ter obtido internação para tratamento, também entristeceu-me a ausência dela dormindo e acordando ao meu lado todos os dias. Passei a poder vê-la somente nas quatro oportunidades de visita por semana permitidas pela clínica e, ao mesmo tempo, fui preparando a nossa mudança para Mangaratiba. Todas as terças, quintas, sábados e domingos, eu fazia o cansativo percurso do Grajaú até Piedade, quase sempre dependendo dos precários serviços da viação Caprichosa nas linhas 638 e 639, cujos motoristas nem sempre gostam de parar para os passageiros nos pontos de ônibus ali na avenida Barão do Bom Retiro.

Uma das coisas que comecei a fazer naqueles dias foi restaurar a cozinha do apartamento no Rio cujo teto estava parcialmente preto por causa de uma panela de pressão que explodira quando minha avó paterna de 89 anos era viva e ainda morava ali no ano de 2011. A pintura foi feita no dia 19/07 estando eu com os pertences praticamente encaixotados para a mudança. E, em 20/07, vim junto com o caminhão fretado trazendo a bagulhada toda para a nova casa, tendo cometido a burrice de não levar o armário velho de dez portas naquela ocasião por querer economizar dinheiro. Quando os funcionários da transportadora terminaram de descarregar a mobília, retornei com eles para o Rio de Janeiro afim de continuar minhas tarefas trazendo comigo um colchonete para continuar dormindo no apartamento agora quase vazio.

Por indicação da síndica do prédio, procurei um advogado que já administrava duas unidades no condomínio e agendei uma visita dele. Ouvi atento as orientações do Dr. João sobre a importância de reformar todo o imóvel antes de alugar já que uma boa pintura com cores claras não só valorizaria a locação como também me pouparia problemas quando o inquilino viesse entregar as chaves no término do contrato. Liguei então rapidamente para o mesmo profissional que havia já emassado e pintado as paredes da cozinha e lhe pedi um orçamento.

Atualmente, os valores de mão-de-obra de um pedreiro ou pintor no Rio de Janeiro andam bem altos, algo em torno de uns R$ 180,00 ao dia. Seu Zezinho entregou-me o seu primeiro orçamento em mais de R$ 3.000,00. Chorei o preço e ele baixou para R$ 2.800,00 tudo (a mão-de-obra e o material) para por massa na área social do imóvel e pintar todos os cômodos. Precisei fazer um empréstimo consignado no ITAÚ de quase dois contos em nome de Núbia, aproveitando o fato de ela ser beneficiária do INSS por invalidez e conseguindo a compreensão da gerente de sua conta, a qual permitiu que eu levasse os papéis para ela assinar no hospital.

A obra iniciou-se no dia 01º/08 e terminou no dia 15 conforme previsto na contratação. Dormi todos aqueles dias no apartamento junto com a poeira e o cheiro de tinta. Também aproveitava as oportunidades de visita para não deixar de estar com a esposa. Pela manhã, eu tomava café com minha mãe em sua casa de vila no Grajaú (fica num quarteirão vizinho ao do apartamento) e quase sempre também almoçava lá. Vez ou outra, fazia refeições perto da clínica num restaurante simples bem ali perto onde o prato de comida custava-me R$ 7,99.

Os dias passaram, o apartamento ficou lindo e, após ter tratado novamente com o Dr. João, dei a ele uma procuração e assinei o contrato de administração do imóvel. Esvaziei as poucas coisas que ainda restavam no local (o tal armário eu acabei trazendo durante a obra na primeira quinzena do mês de agosto pagando salgados R$ 450,00 para transportá-lo e montar só a parte de baixo mais uns R$ 40,00 para outra pessoa colocar as cinco portas de cima). Precisei negociar uns pisos e azulejos numa loja de varejo a preço de banana afim de não ficar nada entulhando a área de serviço. Deixei umas roupas sujas e dois colchonetes em casa de minha mãe e vim para cá em 21/09. Cheguei em Muriqui de noite após ter visitado Núbia naquele mesmo dia na clínica.

Confesso que me sinto só muitas das vezes sem a companhia da esposa por aqui. Na manhã do dia 22/08, eu me encontrava um tanto deprimido enquanto caminhava pela praia. Mesmo olhando para as montanhas e as ilhas que compõem o cenário da bela baía de Sepetiba, quase não conseguia desfrutar com satisfação de todo aquele ambiente feito pelo Criador. E o sentimento triste ao menos serviu para inspirar-me na postagem anterior do blogue.

Graças a Deus, tenho conseguido reanimar-me. No último final de semana de agosto, trouxe Núbia de licença médica para estar com a família e retornei com ela para a clínica no domingo passando mal. Porém, tomei a decisão em procurar logo os meus irmãos em Cristo por aqui perto (tem uma igreja Batista bem em minha rua) e assim retomar o bom costume de congregar conforme orientam as Escrituras em Hebreus 10:25. Deixei de lado a vaidade de querer iniciar um ministério independente como se fosse dono da razão e sem ter antes a cobertura da Igreja, pelo que resolvi buscar a companhia de irmãos sem me prender a questões doutrinárias ou teológicas. Entendi ser mais valioso o acolhimento, o amor fraternal e a lição duramente ensinada com a experiência tida no Parque Nacional da Tijuca de que não devemos andar sozinhos pelas trilhas da vida.

Quando foi nesta última sexta do mês (31/08), Deus preparou-me uma ótima surpresa. Naquele dia, estando aflitamente preocupado com a minha vida financeira, cheguei a comentar com a sogra sobre a diferença que faria no orçamento doméstico se o apartamento do Rio fosse logo alugado. Pensei nos gastos do mês de setembro que viriam e senti-me angustiado com o fato de não ter dinheiro suficiente para pagar todas as contas a vencer. Tomei meu banho à tarde, agasalhei-me e, quando foi lá pelas 17 horas, resolvi sentar no sofá da sala e ler a Bíblia preparando o coração para a adoração no culto duas horas depois. Resolvi desligar-me dos problemas e me direcionar desde então para louvar o SENHOR. Aí, quando o relógio estava quase dando 18 horas, o telefone tocou. Era o Dr. João noticiando que tinha alugado o imóvel e que, a partir de outubro, o inquilino começaria a pagar o mês vencido.

Fiquei muito feliz com aquela ligação e, principalmente, por ter mais uma confirmação de que Deus nunca desampara os seus filhos deixando-os perecer sem nenhum propósito. Assim como fui milagrosamente ajudado em momentos passados, quando o dinheiro chegou no tempo certo em minhas mãos, eis que, desta vez, não foi diferente. O Eterno provou o seu amor, sua graça, provisão e fidelidade para comigo. E, por mais que eu ainda atravesse mares de luta, o Pai Celestial não me abandona, manifestando a sua bendita Presença nas coisas mais simples da vida. A Ele seja dada toda honra, glória, poder e louvor para sempre em nome de Jesus. Aleluia!


"Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal." (Mateus 6:25-34)