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domingo, 28 de novembro de 2010

O direito do consumidor em ser informado nos restaurantes, bares e lanchonetes


O Código Brasileiro de Defesa do Consumidor (Lei Federal n.º 8.078, de 11 de setembro de 1990) definiu como um dos direitos básicos do consumidor receber informações acerca dos produtos ou serviços dos quais é destinatário. É o que diz o inciso III do artigo 6º do referido diploma legal:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
(…)
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;


Entretanto, quando vamos a um restaurante, tal norma do Código parece que não está sendo devidamente observada por tais estabelecimentos. Inclusive por aqueles que dizem oferecer comidas saudáveis para quem está buscando seguir uma dieta.

Muitas vezes quando pedimos um prato, não sabemos nada acerca da quantidade de óleo utilizada, ou sobre a composição do molho e nem mesmo o que há exatamente de sal, açúcar ou gorduras. Aliás, podemos até mesmo estar ingerindo ingredientes com organismos geneticamente modificados (transgênicos) e as perigosas gorduras trans porque não sabemos com que tipo sw produto foram feitos o creme do doce ou a massa do bolo.

Embora do Código de Defesa do Consumidor seja bem claro acerca do direito de informação, mais de 99% (noventa e nove por cento) dos restaurantes, bares e lanchonetes violam a regra sem sofrerem qualquer tipo de punição ou de orientação pelas autoridades. Estas andam verdadeiramente desatentas quanto à efetivação desse esquecido dispositivo legal. Só que, ainda que um fiscal da vigilância sanitária buscasse punir o estabelecimento infrator, faltam normas mais específicas capazes de impor a obrigação com certos detalhes necessários para orientar a atividade de tais empresas.

A meu ver, precisamos de uma lei que determine aos restaurantes, bares e lanchonetes que especifiquem nos seus cardápios informações suficientes sobre a composição de cada prato ou lanche que são oferecidos, dizendo exatamente as quantidades de calorias, gorduras e açúcares, quais os aditivos químicos colocados, se o alimento está salgado ou não, se há ingredientes com gorduras trans ou saturadas, OGMs (organismos geneticamente modificados) e tudo o que for importante para uma dieta saudável.

Penso também que, com uma lei dessas, até as redes de fast food, que vendem batatas fritas, hambúrgueres e lanches gordurosos, passariam informar o consumidor sobre os venenos que eles estão ingerindo, pois tal medida serviria para desestimular maus hábitos. Inclusive, mesmo que tais empresas venham ver uma obrigação dessas como uma espécie de propaganda negativa de seus produtos e serviços, entendo que, pelo bem da saúde da nossa população seria necessário a exemplo do que já ocorre nas propagandas e nas embalagens de cigarro. Isto porque não podemos jamais esquecer que as doenças cardiovasculares são umas das principais causas das mortes e, geralmente, estão associadas ao consumo de alimentos gordurosos.

Por sua vez, parece-me que uma lei desse tipo precisaria também ser acompanhada de multas e de outros tipos de punição para as hipóteses de descumprimento ou do contrário os estabelecimentos ou do contrário as normas não serão respeitadas. Assim, se, após a aprovação e a vigência da lei, um restaurante não der informações suficientes nos cardápios acerca de seus produtos, o órgão público fiscalizador poderá mandar uma advertência por meio de notificação (ou pela presença do agente estatal no local), multar dentro de valores previamente estabelecidos em unidades fiscais e, persistindo a reincidência, fechar o comércio.

Todavia, antes de qualquer norma ser criada é preciso que a sociedade se movimente e comece a demonstrar interesse por essas questões. Não só as associações de médicos especialistas devem opinar, como também o cidadão comum afim de cobrarmos dos nossos parlamentares a defesa de posições adequadas aos interesses da maioria através da apresentação de um projeto de lei. Temos que levar adiante tais sugestões pelos meios ao nosso dispor e divulgá-las (hoje a internet é um dos principais). Logo, o caminho inicial não é outro senão o da comunicação.

Rodrigo Phanardzis Ancora da Luz

sábado, 27 de novembro de 2010

Jesus, o maior advogado que este mundo já viu!

Nos últimos anos, muitos autores escreveram livros sobre diversos assuntos falando de Jesus. Não só nas livrarias cristãs, como também nas lojas seculares, encontra-se obras com os mais variados títulos voltados para auto-ajuda, dentre os quais posso destacar os seguintes: “Jesus, o Maior Líder Que Já Existiu” (Laurie Beth Jones), “Jesus, o Maior Psicólogo que Já Existiu” (Mark Baker), “O mestre dos mestres – Jesus, o maior educador da história” (Augusto Cury), “Jesus, o homem mais sábio que já existiu” (Steven K. Scott) e “Jesus, o Maior Executivo Que Já Existiu – Lições Práticas de Liderança Para Os Dias de Hoje” (Charles C. Manz).

Todavia, o que dizermos quanto ao fato de ter sido Jesus o maior advogado que o mundo já viu?

Ontem, logo depois que estalou em minha cabeça a ideia de escrever este texto, pesquisei no sistema de busca do Google e não encontrei nenhum livro, ou artigo, que já tivesse se utilizado deste título. Obviamente que há muitas mensagens na internet e fora da rede que mencionam Jesus como o nosso advogado até porque uma passagem bíblica cita-o desta maneira, sendo este o termo que aparece na tradução mais conhecida dentro do idioma português – a versão revista e atualizada de João Ferreira de Almeida.

“Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.” (1 João 2.1-2; ARA)

Pretendo voltar a este versículo mais adiante quando estiver terminando a redação deste texto. Por enquanto, meus pacientes leitores, quero analisar apenas alguns momentos sobre Jesus registrados nos Evangelhos que o qualificam como o Advogado dos advogados, comentando situações em que o ele tomou a defesa de seus discípulos ou de outras pessoas.


- DEFENDENDO OS DISCÍPULOS

Houve uma ocasião descrita na Bíblia em que os discípulos de Jesus foram acusados pelos religiosos da época por não jejuarem. Embora a lei mosaica obrigasse apenas um jejum no dia do Yom Kippur (Levítico 16.29-31), a prática já fazia parte dos costumes dos judeus naqueles tempos que também jejuavam outras vezes no ano. Aparentemente, os fariseus talvez jejuassem umas duas vezes por semana (Lucas 18.12). Porém, com grande sabedoria, o Dr. Jesus defendeu seus seguidores de uma maneira incrível:

“Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Durante o tempo em que estiver presente o noivo, não podem jejuar. Dias virão em que lhes será tirado o noivo; e, nesse tempo, jejuarão.” (Marcos 2.19-20; ARA)

E prosseguiu:

“Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, pois o remendo forçará a roupa, tornando pior o rasgo. E ninguém põe vinho novo em vasilha de couro velha; se o fizer, o vinho rebentará a vasilha, e tanto o vinho quanto a vasilha se estragarão. Ao contrário, põe-se vinho novo em vasilha de couro nova”. (Mc 2.21-22; Nova Versão Internacional – NVI)

Com tais palavras, comparando-se com o “noivo” e também com o “novo”, Jesus esclareceu aos seus questionadores que aquele era um momento especial de celebração, em que as boas novas deveriam ser recebida da mesma maneira que a jubilosa alegria de um casamento onde os convidados da festa não jejuam, mas comemoram junto com o noivo. Afinal, a vinda do Reino de Deus representa a salvação dos homens, um estilo livre e espontâneo de viver, onde não há mais o peso da culpa pelo pecado, de maneira que não fazia sentido que os seguidores do Messias praticassem o jejum.

Por sua vez, como o Reino de Deus significou algo inovador para a humanidade, tornava-se preciso que aqueles religiosos recebessem o Reino como um pano ou um vinho novo, os quais se colocam em roupas e vasilhas de couro novas. Assim, a estrutura religiosa apenas com aparências de piedade e de rituais vazios obviamente não seria mais capaz de conter o “vinho novo” pois o odre (o recipiente) obviamente iria romper-se quando a bebida fermentasse.

Num outro dia, os discípulos de Jesus foram acusados por estarem colhendo espigas nos campos para se alimentarem. E isto aconteceu num dia de sábado, quando ninguém podia trabalhar.

De acordo com a lei mosaica, era permitivo que uma pessoa, com a finalidade unicamente de se alimentar, penetrasse na plantação alheia e arrancasse com as mãos as espigas de cereal (Deuteronômio 23.25). Porém, o Shabat deveria ser observado como um dia santificado de repouso semanal pelos judeus porque representa o descanso de Deus da criação de seis dias (Êxodo 20.11), além de ser uma lembrança da libertação dos israelitas da escravidão no Egito (Dt 5.15). Era assim o quarto mandamento do decálogo e que Moisés aplicou com rigor a ponto de ter proibido que os hebreus acendessem até fogo dentro de casa (Ex 35.3) e quem profanasse este dia estava sujeito à pena de morte (Ex 31.14).

Como Jesus iria defender seus amigos daquela complicada situação? Leiam e se surpreendam:

“Mas Jesus lhes disse: Não lestes o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome? Como entrou na Casa de Deus, e comeram os pães da preposição, os quais não lhes era lícito comer, nem a ele nem aos que com ele estavam, mas exclusivamente aos sacerdotes? Ou não lestes na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa? Pois eu vos digo: aqui está quem é maior do que o templo. Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado inocentes. Porque o Filho do Homem é senhor do sábado.” (Mateus 12.3-8; ARA)

No relato de Marcos sobre o mesmo episódio, há ainda um outro argumento que não constou no trecho acima do Evangelho de Mateus, mas que é de grande relevância:

“E acrescentou: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Mc 2.27)

Magistralmente, Jesus citou as Escrituras hebraicas (o Antigo Testamento) afim mostrar para aqueles fariseus como é que deveriam a Torá, explicando-lhes teleologicamente (finalisticamente) o quarto mandamento cuja razão de existir era para benefício do homem, proporcionando o justo descanso semanal ao trabalhador, não se tratando de uma norma que tivesse fim em si mesma. Deste modo, ao comparar a conduta de seus discípulos com a do heroico rei Davi, Jesus deixou claro o quanto era absurdo impedir que seres humanos satisfizessem uma necessidade básica (a alimentação) apenas por causa de um aparente respeito ao sábado.

Que lição deu Jesus! Através daquele episódio, o Advogado dos advogados ensinou que regulamentos humanos não poderiam estar acima da satisfação das necessidades humanas pois o uso de qualquer lei em sentido contrário a este princípio torna-se uma distorção da norma que tem como objetivo a preocupação com o bem estar das pessoas. Para Jesus, a existência humana está acima de formalidades religiosas que são incapazes de distinguir uma atividade laboral de colheita do simples ato de alguém sair carregando com as mãos uma quantidade bem limitada de espigas necessárias apenas para a preparação do almoço naquele dia.

Além desta passagem, houve uma outra situação em que os fariseus reclamaram com Jesus porque seus discípulos estavam comendo sem antes lavarem as mãos, o que ia diretamente contra as tradições dos anciãos. Mas ao respondê-los, Jesus inicialmente expôs uma das transgressões cometidas por aqueles religiosos com o pretexto de estarem cumprindo suas tradições. Isto porque eles chegavam a violar até o quinto mandamento (honrar pai e mãe) quando permitiam que um filho pudesse consagrar como oferta a Deus aquilo que deveria ser dado aos genitores como sustento destes:

Respondeu Jesus: “E por que vocês transgridem o mandamento de Deus por causa da tradição de vocês? Pois Deus disse: 'Honra teu pai e tua mãe' e 'Quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe terá que ser executado'. Mas vocês afirmam que se alguém disser ao pai ou à mãe: 'Qualquer ajuda que eu poderia lhe dar já dediquei a Deus como oferta', não está mais obrigado a sustentar seu pai dessa forma. Assim, por causa da sua tradição, vocês anulam a palavra de Deus. Hipócritas! Bem profetizou Isaías acerca de vocês, dizendo: “'Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens”. (Mt 15.3-9; NVI)

Será que coisas semelhantes não acontecem até nos dias de hoje dentro das igrejas cristãs em que pessoas são incentivadas a darem suas ofertas enquanto agem negligentemente com os próprios parentes em dificuldade financeira? Muita gente que aprende a louvar a Deus só com a boca, dizendo “glória” e “aleluia” nos cultos, não recebe de seus pastores gananciosos nenhum ensinamento para antes cuidar de um parente próximo já que o dízimo para atender aos interesses financeiros de tais líderes religiosos dos nossos tempos parece vir em primeiro lugar na vida dos crentes.

Jesus naquela ocasião demonstrou não só conhecimento das Escrituras como também poder de argumentação quando citou um trecho do livro do profeta Isaías, o qual se aplicava adequadamente àquela situação de seus dias (e também dos nossos). E concluiu dizendo que aquilo que contamina espiritualmente o homem é o que sai de sua boca, não o que entra (Mt 15.11), tendo depois dado aos seus discípulos a explicação deste significado:

“Não percebem que o que entra pela boca vai para o estômago e mais tarde é expelido? Mas as coisas que saem da boca vêm do coração, e são essas que tornam o homem impuro. Pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias. Essas coisas tornam o homem impuro; mas o comer sem lavar as mãos não o torna impuro.” (Mt 15.17-20; NVI)

- DEFENDENDO A MULHER ADÚLTERA

Todavia, uma das mais emocionantes defesas de Jesus é a cena do apedrejamento da mulher adúltera inserida no Evangelho de João que foi também um tremendo teste. Isto porque o alvo maior dos fariseus não era a mulher, mas sim Jesus:

Ao amanhecer ele apareceu novamente no templo, onde todo o povo se reuniu ao seu redor, e ele se assentou para ensiná-lo. Os mestres da lei e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher surpreendida em adultério. Fizeram-na ficar em pé diante de todos e disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em ato de adultério. Na Lei, Moisés nos ordena a apedrejar tais mulheres. E o senhor, que diz?” Eles estavam usando essa pergunta como armadilha, afim de terem uma base para acusá-lo. Mas Jesus inclinou-se e começou a escrever no chão com o dedo. Visto que continuavam a interrogá-lo, ele se levantou e lhes disse: “Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar a pedra nela”. Inclinou-se novamente e continuou escrevendo no chão. Os que o ouviram foram saindo, um de cada vez, começando pelos mais velhos. Jesus ficou só, com a mulher em pé diante dele. Então Jesus pôs-se em pé e perguntou-lhe: “Mulher, onde estão eles? Ninguém a condenou?” “Ninguém, Senhor”, disse ela. Declarou Jesus: “Eu também não a condeno. Agora vá e abandone a sua vida de pecado”. (João 8.2-11; NVI)

Se você estivesse ali, no lugar de Jesus, o que teria feito? Diria de imediato que a mulher não tinha que ser apedrejada para os fariseus te acusarem de transgressor da lei? Ou negaria todos os seus princípios de misericórdia e perdão ao próximo deixando que aquela mulher fosse apedrejada?

Antes de responder, saiba primeiro que, segundo a lei mosaica, a pena para o adultério é mesmo a morte por apedrejamento, tanto para o homem quanto para a mulher que pecam (Levítico 20.10). E dizer que a mulher não devia ser morta seria contrariar expressamente o texto da Torá que Jesus afirmou cumprir no Sermão da Montanha (Mt 5.17-20).

Confesso que, se eu estivesse ali no lugar de Jesus, teria enormes embaraços para me posicionar diante da situação. Primeiramente iria notar a ausência do homem que devia ter sido conduzido em flagrante junto com ela e, imprudentemente, tomaria a infeliz decisão de questionar a ausência do co-autor do delito para poder absolvê-la pela falta de provas, o que acabaria por piorar a situação adiando o julgamento que, em poucas horas, deixaria Jerusalém inteira alerta. Jesus, porém, agindo sabiamente, soube acabar de vez com aquilo ao transferir a responsabilidade do julgamento para os próprios acusadores, permitindo que eles mesmos resolvessem a questão.

Naquele momento de grande pressão, Jesus conseguiu conduzir com paciência a situação e passou a escrever na areia ao invés de dar uma resposta imediata. Depois, deixou que os próprios acusadores da mulher decidissem o seu destino, porém mudando a base do julgamento. Ou seja, quem nunca tivesse pecado que atirasse a primeira pedra. Com isto, cada um dos homens ali presentes começaram a refletir sobre a sua própria condição e, individualmente, foram deixando o local até restar apenas Jesus e a mulher.


- EM DEFESA DA CORRETA INTERPRETAÇÃO LEI DE DEUS

Além destes episódios até aqui comentados, Jesus também foi um grande defensor do direito divino, explicando aos fariseus e demais religiosos os fundamentos da Torá, cujos mandamentos resumem-se nisto: a prática do amor (a Deus e ao próximo).

“E um deles, intérprete da Lei, experimentando-o, lhe perguntou: Mestre, qual é o grande mandamento da Lei? Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” (Mt 22.35-40; ARA)

Ao dizer isto, Jesus falou daquilo que os escribas e fariseus já conheciam em suas mentes: O Shema de Deuteronômio 6.4-5 e o texto de Levítico 19.18 que, desde os tempos de Moisés, já desestimulava a vingança e a prática da ira. Em outras palavras, Jesus veio conduzir os homens à compreensão exata do Espírito da Torá – a promoção de atos de misericórdia.

Em sua última semana, dias antes de ir para a cruz, os religiosos reuniram-se para tentar pegá-lo em alguma contradição. Quando o questionaram sobre a sua autoridade (na certa referindo-se à expulsão dos vendilhões do templo), Jesus lhes respondeu com outra pergunta afim de evitar um debate que, obviamente, traria consequências contrárias ao seu plano:

“Ele respondeu: “Eu também lhes farei uma pergunta; digam-me: O batismo de João era do céu, ou dos homens?” Eles discutiam entre si, dizendo: “Se dissermos: Do céu, ele perguntará: 'Então por que vocês não creram nele?' Mas se dissermos: Dos homens, todo o povo nos apedrejará, porque convencidos estão que João era um profeta”. Por isso responderam: “Não sabemos de onde era”. Disse então Jesus: “Tampouco lhes direi com que autoridade estou fazendo estas coisas”. (Lucas 20.3-8; NVI)


Brilhante solução trouxe Jesus ao ser indagado se deveria ou não pagar tributo a César. Percebendo a astúcia dos caras, Jesus pediu emprestado uma moeda e perguntou aos ouvintes de quem era imagem a inscrição estampadas naquela pratinha que trazia o rosto do imperador romano. Então sua resposta foi esta célebre frase que frequentemente utilizamos nos nossos dias: “Deem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Lc 20.25).


- O MELHOR ADVOGADO NO BANCO DOS RÉUS

Como se pode ver, Jesus foi um verdadeiro advogado e sempre esteve ao lado de seus seguidores, sem jamais abandoná-los diante dos acusadores. Foi o Parakletos, vocábulo grego que, literalmente, significa “aquele que é chamado ao lado de”. Porém, a palavra pode ser melhor traduzida como advogado, companheiro, consolador, conselheiro, auxiliador, intercessor, alguém que toma as dores do outro. E tal palavra foi também usada no Evangelho de João para referir-se igualmente ao Espírito Santo que é o outro Parakletos que passa a substituir a companhia de Jesus após a sua ascensão aos céus.

Curiosamente, o Advogado dos advogados não atuou em causa própria quando foi levado ao Tribunal de César. Perante as autoridades religiosas do Sinédrio, do procurador Pilatos e do rei Herodes, poucas vezes Jesus abriu a boca, permitindo que fosse injustamente condenado para redimir a humanidade de seus pecados.

“E, levantando-se o sumo sacerdote, perguntou a Jesus: Nada respondes ao que estes depõem contra ti? Jesus, porém, guardou silêncio. E o sumo sacerdote lhe disse: Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste; entretanto, eu vos declaro que, desde agora, vereis o Filho do Homem assentado á direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu. Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou! Que necessidade mais temos de testemunhas? Eis que ouvistes agora a blasfêmia!” (Mt 26.62-65; ARA)

“Herodes, vendo a Jesus, sobremaneira se alegrou, pois havia muito queria vê-lo, por ter ouvido falar a seu respeito; esperava também vê-lo fazer algum sinal. E de muitos modos o interrogava; Jesus, porém, nada lhe respondia.” (Lc 23.8-9; ARA)

“Responderam-lhe os judeus: Temos uma lei, e, de conformidade com a lei, ele deve morrer, porque a si mesmo se fez Filho de Deus. Pilatos, ouvindo tal declaração, ainda mais atemorizado ficou, e, tornando a entrar no pretório, perguntou a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta. Então, Pilatos o advertiu: Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar? Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti maior pecado tem.” (Jo 19.7-11; ARA)

Naquele momento, Jesus não teve nenhum advogado porque todos o abandonaram e ele nem fez questão que algum defensor ficasse ao seu lado. Sua missão, conforme previsto pelas Escrituras hebraicas, era vencer o mal pela própria morte, em que Jesus sofreu na cruz a pena capital que seria a nossa punição porque todos pecamos.

Com isto, um acontecimento ocorrido no mundo físico (o julgamento e a execução de um homem inocente), refletiu-se na esfera espiritual por todas as eras (passadas e futuras). Jesus torna-se então a propiciação pelos nossos pecados e do mundo inteiro, podendo interceder junto ao Pai como o nosso Advogado, conforme a citação bíblica inicial deste texto da primeira carta de João.

Ora, todo advogado para defender alguém precisa apresentar perante o juiz uma peça de contestação que seja suficientemente coerente e de acordo com o ordenamento jurídico aplicável. Se um jogador de futebol assassina a sua amante e os fatos tornam-se incontroversos, não basta o advogado dizer que aquilo não acontecer, inventar que a vítima ainda está viva ou vir com as mais mirabolantes teses jurídicas. Pois, se fica provada a autoria e a ocorrência de um fato delituoso, obviamente que o acusado terá que ser preso e pagar a pena. E aí os bons antecedentes apenas servirão para amenizar a punição, mas não impedem a sentença condenatória.

Pois bem. No nosso caso, por causa do pecado que todos cometemos, éramos indefensáveis perante Deus através dos nossos próprios méritos. A pena, que é a morte, precisava ser aplicada contra todo e qualquer homem. A lei, que fora instituída lá no Éden, não poderia ser de modo algum revogada (Gênesis 2.17). Logo, não restava outra tese defensiva senão assumir a culpa e alguém pagar o preço – Jesus morreu no nosso lugar.

Qual advogado faria isso a ponto de dar a própria vida pelo seu cliente?

Para as nossas leis e para a moral humana é inconcebível que a pena passe da pessoa do condenado. Assim, se eu cometo um crime, não tenho como transferir para outro a consequência do delito. Contudo, para as leis de Deus, a morte substitutiva de Jesus seria possível já que ele era sem pecado e o acontecimento da cruz profetizado desde o momento em que o homem havia pecado neste diálogo do Criador com a serpente:

“Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar.” (Gn 3.15; NVI)

Quem é o "descendente da mulher" senão Jesus, o Messias prometido a Israel, e que nasceu de uma virgem?

Tendo entrado neste mundo sem a semente do pecado, pois foi gerado no ventre de Maria pelo Espírito Santo, Jesus era o único que poderia assumir a pena de toda a humanidade, morrendo por todos os nossos pecados (presentes, passados e futuros).

Uma vez aplicada a nossa pena, embora na pessoa de Jesus, ninguém terá que pagar pelo mesmo castigo que é definitivo. A não ser para aqueles que rejeitarem tão grandiosa graça e orgulhosamente pensarem que serão justificados pelos próprios méritos.


- CONCLUSÃO

Como ocorre com todo advogado, jamais o cliente pode ser obrigado a entregar sua causa ao defensor. Mesmo após ter assinado sua procuração, o cliente pode a qualquer tempo revogar o mandato outorgado tirando todos os poderes daquele que constituiu para representá-lo perante o tribunal ou qualquer outro órgão da administração pública. Assim também, o Dr. Jesus não impõe a ninguém o patrocínio da causa. Ele apenas envia os seus humildes secretários, também assistidos por ele, para que ofereçamos a todos os homens os eficientes serviços de seu escritório sem cobrar qualquer valor a título de honorários, pois sua defesa é de graça.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Como assegurar a observância de prazos pelos provedores de internet para cumprimento de suas obrigações?

A criação do Código Brasileiro de Defesa do Consumidor (Lei Federal n.º 8.078, de 11 de setembro de 1990), trouxe significativas mudanças para o mercado brasileiro. Devido às normas inovadoras desse diploma legal, houve uma considerável melhoria nos produtos oferecidos pelo comércio em geral, sobretudo no que diz respeito à segurança, ao reparo e à informação acerca dos mesmos.

No entanto, mesmo duas décadas depois, nem todos os dispositivos do código têm sido devidamente observados pelas empresas que atuam no mercado nacional. Principalmente pelas que prestam serviços de informática. Foi o que pude constatar recentemente neste mês quando acionei o suporte técnico do meu provedor de acesso à internet que, simplesmente, havia ignorado o inciso XII do artigo 39 da referida lei.

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
(…)
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério.


No começo da tarde do 08/11/2010 (salvo engano), quando solicitei um apoio ao suporte do meu provedor, não foi possível solucionar o problema pelo telefone. A pessoa que me atendeu no outro lado da linha disse que já estaria enviando um técnico da empresa para a minha residência.

Fiquei então em casa aguardando, deixando de fazer outras coisas na rua que tanto adiantariam minha vida. Porém, passaram-se algumas horas e já que não apareceu nenhum representante da empresa, liguei novamente para o suporte do provedor afim de reclamar. Aí me orientaram que continuasse esperando porque, segundo a informação do funcionário, a equipe técnica estava cuidando de outros atendimentos de acordo com a ordem dos chamados.

Lá pelo final da tarde, precisei ir às ruas para fazer compras e aproveitei para reclamar pessoalmente no estabelecimento do provedor, explicando que não poderia permanecer em função da disponibilidade de tempo da área técnica e que necessitava daquele atendimento. Então o funcionário da recepção da empresa reiterou o absurdo posicionamento dado anteriormente por eles no telefone, querendo que eu aceitasse passivamente a ausência de previsão exata para atender a minha solicitação e continuasse esperando.

Naquele dia, ninguém do provedor de internet apareceu em minha residência para verificar o problema. E eu, com tantas outras questões importantes para resolver, logicamente não poderia ficar a semana inteira aguardando indefinidamente pela visita do técnico da empresa. Coloquei o computador na manutenção e fui cuidar de meus afazeres cotidianos.

Uns quatro dias depois, numa sexta-feira, quando eu estava trabalhando na rua e minha esposa fazendo sua fisioterapia na clínica, fui surpreendido com com uma ligação no meu celular do técnico da empresa dizendo que ele estava em frente à portaria de meu prédio para atender ao chamado de reparo. Por óbvio, não foi aquela vez que a internet pôde ser restabelecida pois o computador nem estava em casa e eu numa distância de aproximadamente um quilômetro a pé. Respondi que, por causa daquele abuso sofrido, iria procurá-los para cancelar o serviço.

Após de ter pesquisado um pouco sobre a qualidade das demais empresas de internet a cabo em minha cidade, voltei pessoalmente ao meu provedor em 18/11 afim de formalizar o término do contrato. Foi aí que me colocaram em contato com alguém da área administrativa que desejou saber qual seria o motivo daquele cancelamento e, obviamente, tentou me persuadir a permanecer como cliente.

Aproveitei a ocasião para desabafar e mostrei ao funcionário através de um exemplar do Código de Defesa do Consumidor exposto no balcão o quanto a conduta praticada praticada pela área técnica da empresa se mostrava abusiva, contrariando o inciso XII do artigo 39 da lei. Com alguns minutos de conversa, resolvi entrar em acordo com o provedor que acabou concordando em agendar previamente uma visita da área técnica para o dia seguinte entre das 15 até às 16 horas de 30 minutos, bem como ponderar acerca da norma legal por mim citada.

Dentro da data e do horário acertado, o técnico veio até minha residência e configurou a internet no meu computador de modo que voltei a acessar normalmente a rede. E preferi não mudar de provedor porque já tinha verificado que os serviços prestados pela concorrência em minha cidade não são muito diferentes da empresa da qual sou cliente.

Apesar de ter conseguido que o representante da área administrativa se comprometesse verbalmente a rever os procedimentos da equipe técnica do meu provedor em conformidade com as normas do Código de Defesa do Consumidor, não fiquei satisfeito com a situação. Isto porque o usuário das empresas que prestam serviços de internet têm sido expostos a situações que nos colocam em inegável desvantagem jurídica em face da ausência de normas que fixam prazos razoáveis para o cumprimento de determinadas obrigações específicas, bem como pela inexistência de um órgão regulador capaz de monitorar a qualidade da atuação desses provedores.

Em seus comentários ao item XII do artigo 39 da lei, o jurista paraibano Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamin (um dos autores do anteprojeto do Código de Defesa do Consumidor e que foi indicado pelo Lula para ser ministro do STJ em 2006) considera que o prazo para cumprimento das obrigações pelo fornecedor é cláusula que deve constar no contrato de prestação de serviço:

“Não é raro encontrar-se no mercado contratos em que o consumidor tem prazo certo para cumprir a sua prestação (o pagamento do preço normalmente), enquanto o fornecedor possui ampla margem de manobra em relação à sua contraprestação. Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliários em que se fixa uma prazo certo para a conclusão das obras a partir do início ou término das fundações. Só que para estes não há qualquer prazo. O dispositivo é claro: todo contrato de consumo deve trazer, necessária e claramente, o prazo de cumprimento das obrigações do fornecedor.” (Código brasileiro de defesa do consumidor comentado pelos autores do anteprojeto. 8ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004, pág. 382)

É claro que os contratos podem ser questionados pelos consumidores e pelas suas associações através da via judicial. E, dependendo da situação, desde que haja uma lesão ou ameaça a direitos coletivos, até o Ministério Público pode intervir por intermédio de suas promotorias de tutela coletiva, com grandes chances de propor um termo de ajustamento de conduta capaz de suprir eventuais omissões contratuais.

Por outro lado, é pertinente a reflexão de que avaliar diversos contratos nas relações de consumo não se torna algo prático para os dias atuais, pois isto contribuiria para sobrecarregar mais ainda os promotores de justiça e a briga acabaria sendo um poço sem fundo porque a cada dia iriam surgir novos contratos de provedores de internet ignorando o dispositivo do código, ou tentando burlar a norma a exemplo das empresas de construção civil como bem colocou o respeitável jurista Antônio Herman quando mencionou em seu texto as situações que ocorrem com frequência no mercado imobiliário.

Ora, se a revisão dos contratos dos provedores de internet é tarefa exaustiva para os consumidores, então o que fazer para que tais prestadores de serviços observem prazos razoáveis para o cumprimento de suas obrigações?

A meu ver, tais problemas poderão ser melhor combatidos através da elaboração de normas específicas para cada segmento das elações de consumo conforme já existe no setor de telefonia em que a criteriosa legislação de telecomunicações prevê prazos para situações que envolvem reparo na linha do assinante, a instalação do serviço pela concessionária, sobre o tempo de espera no call center, bem como a obrigatoriedade no fornecimento de um protocolo para as solicitações dos consumidores.

Nos dias de hoje em que a internet tornou-se algo essencial para as comunicações e para o desenvolvimento de inúmeras atividades profissionais, acadêmicas, comerciais e institucionais, já deveria existir não apenas leis regrando o funcionamento dos serviços de acesso à rede prestados aos consumidores como também a criação de uma agência reguladora semelhante à ANATEL (ou um alargamento da competência desta). Sendo assim, não pode o governo federal tratar os provedores apenas como empresas que prestam um serviço adicionado, deixando uma importante atividade aos cuidados de um mero comitê gestor(*) que não possui nenhum poder de fiscalização.

Verdade seja dita que, atualmente, a internet deixou de ser há tempos um luxo de classes privilegiadas como ainda era na primeira metade dos anos 90. E também não são apenas empresas de grande porte que necessitam da rede para suas atividades. Não só pequenos profissionais liberais como eu precisam navegar nas páginas da web (desde meados de 2007 que os processos da Justiça Federal começaram a ser digitalizados) como também até crianças de escola pública precisam pesquisar trabalhos de casa e renovarem suas matrículas anualmente pelo meio virtual.

Portanto, fica aí o compartilhar de minha proposta para que os serviços prestados pelo provedores de internet tornem-se objeto de uma proteção estatal mais satisfatória, incluindo normas de qualidade e atividades eficientes de regulação.


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(*) O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) foi criado pela Portaria Interministerial nº 147, de 31 de maio de 1995 e alterada pelo Decreto Presidencial nº 4.829, de 3 de setembro de 2003, para coordenar e integrar todas as iniciativas de serviços Internet no país, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Composto por membros do governo, do setor empresarial, do terceiro setor e da comunidade acadêmica, o CGI.br representa um modelo de governança na Internet pioneiro no que diz respeito à efetivação da participação da sociedade nas decisões envolvendo a implantação, administração e uso da rede. Com base nos princípios de multilateralidade, transparência e democracia, desde julho de 2004 o CGI.br elege democraticamente seus representantes da sociedade civil para participar das deliberações e debater prioridades para a internet, junto com o governo. (Fonte: http://www.cgi.br/sobre-cg/definicao.htm)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Precisamos nos envolver com o Espírito Santo!

Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, atravessando as regiões altas, chegou a Éfeso. Ali encontrou alguns discípulos e lhes perguntou: “Vocês receberam o Espírito Santo quando creram? Eles responderam: “Não, nem sequer ouvimos que existe o Espírito Santo”. (Atos dos Apóstolos 19.1-2; Nova Versão Internacional – NVI)


Não muito diferente desses discípulos de Éfeso, assim muitos de nós, cristãos do século XXI, temos caminhado ao sermos negligentes quanto ao nosso relacionamento com o Espírito Santo. E tanto os considerados "tradicionais" quanto os que se denominam "pentecostais" (ou "carismáticos") têm ignorado sua voz.

Mesmo numa época onde há belíssimos louvores com melodias que despertam as mais fortes emoções nas nossas mentes, a maioria da Igreja ocidental está preferindo substituir o relacionamento com o Espírito por rentáveis espetáculos gospelizados que, na prática, são mais voltados para a satisfação dos próprios frequentadores de determinadas “igrejas”, os quais comparecem aos eventos evangélicos na expectativa de sentirem algo ao invés de focarem numa autêntica adoração.

Contudo, a verdade é que, por trás de muitos comportamentos da moda Gospel, faltam frutos que caracterizam um andar cheio do Espírito Santo. Uma pessoa pode participar de um show de música crente, pular, dançar, aderir a certas gírias próprias da comunicação utilizada hoje pelos evangélicos, mas ainda assim não estar vivendo um relacionamento contínuo com o Espírito.

Momentos antes de ser preso, Jesus falou com seus discípulos acerca do envio de um outro Conselheiro (gr. Parakletos), conforme pode ser lido em diversas passagens do Evangelho de João. Naqueles últimos ensinamentos, o Senhor estava dizendo que a sua ausência física seria suprida pela presença de um outro Ajudador assim como Ele foi nos tempos de seu ministério.

Jesus falou de Alguém que de fato veio da parte de Deus para ensinar seus discípulos e que passaria a habitar neles, dando testemunho a respeito do Messias. Por isso, o Senhor O chama de Espírito da verdade que "o mundo não pode receber" (conferir com Jo 14.16-17).

Após ter ressuscitado, Jesus apareceu aos seus discípulos, soprou sobre eles e disse: “Recebam o Espírito Santo” (Jo 20.22).

Já em Atos dos Apóstolos, antes de subir aos céus, o Senhor deu-lhes a instrução para que permanecessem em Jerusalém até que recebessem a promessa do Pai – o batismo no Espírito Santo (At 1.4-5).

Através do Espírito Santo foi que a Igreja lutou e venceu naqueles primeiros anos apostólicos. Pedro, João, Tiago, Estêvão, Filipe e Paulo não estiveram sós quando propagaram a fé em Jesus em Jerusalém e por toda aquela região oriental do Império Romano. Inclusive, alguns teólogos chegam comentar que o nome do quinto livro do Novo Testamento poderia muito bem chamar-se Atos do Espírito. Senão vejamos estas passagens a seguir transcritas da NVI:

E o Espírito disse a Filipe: “Aproxime-se dessa carruagem e acompanhe-a”. (At 8.29)

Enquanto Pedro ainda estava pensando na visão, o Espírito lhe disse: “Simão, três homens estão procurando por você. Portanto, levante-se e desça. Não hesite em ir com eles, pois eu os enviei”. (At 10.19-20)

Enquanto adoravam o Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: “Separem-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado”. Assim, depois de jejuar e orar, impuseram-lhes as mãos e os enviaram. Enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.” (At 13.2-4)

Quando chegaram à fronteira da Mísia, tentaram entrar na Bitínia, mas o Espírito de Jesus os impediu. (At 16.7)

Como se pode ver, o relacionamento dos discípulos com a pessoa do Espírito era tão íntimo que a sua Divina Presença no comando da obra do Messias foi muito bem percebida e obedecida naquelas primeiras missões da Igreja. Tratava-se de uma relação real, baseada na dependência exclusiva do Espírito Santo, de maneira que eles compreendiam qual a vontade do Espírito diante das inúmeras situações enfrentadas.

Por esta semana, eu estava numa livraria evangélica aqui de minha cidade quando fixei os olhos num livro do pastor Francis Chan, “O Deus esquecido” (editora Mundo Cristão), o qual fora colocado numa das mais baixas prateleiras, num local onde dificilmente iria ser visto pela maioria dos compradores. Contudo, o tema logo me atraiu e, dentro de poucas horas, estava eu iniciando a deliciosa leitura dentro da minha casa e confrontando o texto, enquanto a esposa assistia TV na sala. Foi então que resolvi destacar este trecho em que o autor encoraja seus leitores a buscarem o Espírito Santo:


“Se empreendermos essa jornada de um modo honesto, tenho a esperança de que poderemos ir além de nossa atual compreensão do Espírito Santo; de que daremos início a uma comunhão mais aberta, vivendo com ele uma experiência a cada dia, ou mesmo a cada momento; de que entraremos em sintonia com ele muito mais em função das coisas que está fazendo agora do que das que ele fez há meses ou anos. Seremos lembrados da força e da sabedoria que o Espírito Santo nos disponibiliza e oraremos diligentemente por mais. À medida que confiamos nas promessas do Espírito, distanciamo-nos do desânimo e passamos a viver uma vida caracterizada pela confiança, pela manifestação do poder de Deus em meio às nossas fraquezas e pelo fruto do Espírito.”


Pergunto: o que significa experimentarmos o Espírito?

Eu diria que isto tem a ver com o nosso crescimento espiritual, em sermos usados por Deus para a sua obra. Para tanto, é necessário desenvolvermos um relacionamento! Aprendermos a ser intensos em tudo aquilo que fazemos, perseverantes na oração e consistentes em cada ato praticado são posturas condizentes com uma vida de relacionamento com o Espírito de Jesus, crendo se tratar da presença do nosso Mestre e Senhor no nosso meio (e em nós).

Não podemos permitir que as coisas ocorram dentro de uma rotina religiosa com palavras ou rituais vazios. Nossa amizade com a pessoa do Espírito deve ser comparada à força de um primeiro encontro amoroso entre dois novos namorados, quando ainda estão motivados por um ter descoberto o outro, sentindo-se verdadeiramente completos por terem descoberto a outra metade com a qual passarão o resto de suas vidas.

Ora, será que o nosso amor em relação a Deus (com quem passaremos toda a eternidade), não pode ser assim?

Para concluir, não acredito que através de uma compreensão meramente intelectual conseguiremos estabelecer algum relacionamento com o Espírito. Creio que se trate de algo que depende de um querer diário da Igreja, incluindo fé, uma vida de entrega, de oração, de meditação na Palavra e de um verdadeiro envolvimento. E, portanto, torna-se necessário praticar uma conduta diária de busca.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Tempos de chuva...


Neste feriadão de 15 de novembro, fez bastante frio aqui em Nova Friburgo.

Não se tratava daquele frio seco do inverno, mas sim de um frio úmido de primavera com uma chuva fina e contínua, com o céu sempre encoberto.

Devido a isto, precisei tirar do armário e das gavetas peças de roupa que imaginava vestir novamente só no outono de 2011. Desde então, estou usando minha calça de moletom, meu suéter e meu agasalho aflanelado.

Domingo deu pouca gente na reunião da igreja e no estudo bíblico foram menos pessoas ainda. É certo que algumas famílias deveriam estar viajando, mas, conforme um irmão desconfiou ao falar comigo ao telefone, a notável ausência seria mesmo por causa do comodismo do povo num dia frio (até eu senti tentado a ficar em casa). Também pelas ruas não encontrei tanta gente esses dias.

Entretanto, na contramão dos friburguenses, minha mãe saiu do Rio de Janeiro para passar o final de semana e o feriado aqui na serra. Ela ficou hospedada na casa de amigos dela e nos encontramos por duas vezes, sendo uma ocasião no sábado à noite (num restaurante perto de casa onde há rodízios de sopa) e a outra na segunda-feira para almoçarmos (desta vez fomos num local onde se tem um bom churrasco a quilo feito na brasa).

Infelizmente minha esposa anda de dieta e ir nesses lugares com ela acaba sendo uma terrível tentação. Semana passada, levei-a numa nova nutricionista, a qual fez um corte radical nos alimentos que Núbia pode comer. Praticamente tudo o que contém gordura e açúcar teve que ser tirado (até o tradicional feijãozinho), o que, devido às suas preocupantes condições de saúde atuais é justificável (minha esposa vem sofrendo de "pedras" na vesícula e de problemas reumáticos que se agravam em razão do excesso de peso).

Apesar da chuvinha e do meu pré-histórico computador, que está no reparo desde semana passada (estou agora escrevendo a partir de um terminal de acesso coletivo), não deixei que o tédio tomasse conta de mim. E acho até que preferi ficar o feriadão sem a internet porque também aproveitei para dedicar mais tempo à leitura, incluindo textos e comentários bíblicos, Caio Fábio e consultas ao livro de Steven K. Scott - "Jesus, o homem mais sábio que já existiu" - publicado no país pela Editora Sextante.

Como Núbia passou a maior parte do tempo deitada na cama (com esse frio, só um cara hiperativo como eu para dormir apenas à noite), minhas maiores companhias foram Deus, Sofia (nossa terrível gata de estimação e os livros). Ou seja, a minha experiência não foi muito diferente da letra da música do Djavan, exceto pela tristeza expressa pelo compositor:

"Um dia frio
Um bom lugar prá ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo"

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Só pela graça!

Estou lendo o livro "Sem barganhas com Deus" do reverendo Caio Fábio. Trata-se de uma obra bem diferente das que costumamos encontrar visto que o autor segue um estilo a princípio não muito conclusivo, mas com mensagens que nos fazem pensar.

Uma das coisas que muito estimo e prezo nas mensagens de Caio Fábio diz respeito à nossa dependência da graça de Deus. Uma dependência que é exclusiva, pois não somos aceitos por Deus pelo que fazemos ou pelo que temos, mas sim pela sua graça manifestada em Jesus, a revelação do seu incondicional amor pela humanidade.

Entender a mensagem da graça não requer longas leituras de livros ou de textos bíblicos. Para compreendermos o que é graça precisamos abrir mão de nossa auto-suficiência, declararmos nossa falência moral e espiritual.

Os evangélicos confessam publicamente que são salvos pela graça, mas nem sempre quem diz crer na graça salvadora já aprendeu a viver debaixo dela. A todo momento, a mente humana é tentada a se auto-justificar, a ter pena de si, achar que merece. Quando uma benção não se materializa de imediato em nossas vidas, precisamos lutar contra certas ideias equivocadas que são contrárias à dependência exclusiva da graça, pois muitos, embora não falem, pensam desta maneira: "Sou um dizimista fiel, não traio minha esposa e nunca falto aos cultos da Igreja, então por que Deus permitiu isto acontecer comigo? Por que estou sendo perseguido? Eu não mereço!"

A verdade é que passamos a nossa vida inteira pensando na graça. Mesmo depois da conversão, o crente é frequentemente testado na sua maneira de encarar a vida, de se relacionar com os irmãos e quanto aos julgamentos que faz. As quedas, os momentos de quebrantamento pessoal, as aparentes derrotas e as respostas de Deus contrariando nossos planos são, por exemplo, momentos para o nosso aprendizado.

Da mesma maneira que não merecemos o favor de Deus, pois todos são pecadores, também não podemos achar que somos isentos de passar por aflições. Aliás, Jesus não nos prometeu que neste mundo viveríamos num mar de rosas e já preveniu seus discípulos em relação às lutas que viriam, assegurando-lhes, porém, que o mundo já estava vencido por Ele.

Não há como barganhar com Deus! Não há... O homem, durante sua caminhada nesta terra, deve unicamente apoiar-se no favor de Deus, em sua misericórdia, na suficiente graça, sabendo que as perdas que enfrentamos são passageiras, que a morte nada mais é do que mera aparência e que já vivemos eternamente com Cristo.

Só pela graça!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Pastor confessa publicamente sua homossexualidade nos Estados Unidos

Não vejo muito sentido em simplesmente publicar no meu blog notícias que circulam na mídia sem ao menos emitir um comentário a respeito do tema. Do contrário para que colocar no ar uma matéria que já está sendo divulgada nos jornais e outros sites que podem ser visualizadas pelo Google, não é mesmo?

Hoje, navegando pelo blog "Esboçando Ideias", que traz textos próprios, vídeos e matérias sobre o mundo cristão, deparei-me com um tópico entitulado "Pastor assume que é gay perante os fiéis durante o culto", questão que atualmente vem sendo alvo de grandes polêmicas nas igrejas norte-americanas.

Penso que há uma diferença entre alguém compreender a sua condição de homossexual e praticar o homossexualismo. O reverendo Caio Fábio tem um vídeo que explica muito bem isto (ainda podem ser encontradas versões antigas no Youtube):

http://www.youtube.com/watch?v=Q-FWxg3v8cU

A meu ver, o fato de um homem sentir atração sexual por outro homem, ou uma mulher ter desejos por outra mulher, deve ser encarado como um problema que tais pessoas enfrentam em suas caminhadas com Cristo. E, se o problema é trazido para a luz, Deus tem poder para tratar da maneira como Ele quer.

Ora, se a pessoa esconde seu problema, ou toma uma posição de defender a prática do homossexualismo como algo correto, mesmo contrariando a Palavra, significa escolher as trevas e querer fazer de Deus um mentiroso.

Sobre o caso do pastor Jim Swilley, que poderá ser lido na matéria a seguir transcrita, pareceu-me que o texto não fala suficientemente a seu respeito (se ele pratica atos homossexuais ou não ou se ele apenas assumiu a sua condição). De qualquer maneira, admiro a coragem daquele homem em ter ter trazido para a luz o seu problema, no sentido de ter confessado publicamente diante da congregação a sua condição e estar preocupado com a situação de jovens homossexuais que, embora dentro das igrejas, estão pensando em cometer suicídio.

Igualmente penso que devemos formar um ambiente seguro de confiança dentro das nossas congregações para que as pessoas hoje em dificuldades nesta área possam pedir socorro. E como tem gente se auto-excluindo das igrejas por causa disto e de outros pecados relacionados à área sexual!!!

Precisamos amar estes irmãos e tratá-los sem preconceitos. São gente como nós, que sofrem, que têm alegria, que se sentem bem em cantar hinos de louvor e adorar a Deus quando estão conosco. Precisamos aprender a ouvi-los ao invés de pré-julgá-los supondo arrogantemente não serem pessoas convertidas, que não se libertaram, etc.

Vamos por fim a esta hipocrisia, irmãos, e parar de jogar pedra em quem de fato está disposto a se tratar ao invés de jogarmos pedras (vejam o texto do Evangelho de João 8.2-11).

Minha preferência sexual é por mulheres, mas não é por isto que me considero melhor espiritualmente do que os homossexuais (para Deus todos são pecadores caídos). Vivi 12 anos desviado e, quando me afastei da frequência dos cultos (1993), eu já estava ajudando o professor da escola dominical da Primeira Igreja Batista em Juiz de Fora. Sofri muito por não ter procurado ajuda, por ter guardado para mim os meus dramas relacionados à fé e aos desejos sexuais. Só que, graças a Deus, Jesus não se esqueceu de mim e mandou que seus anjos (mensageiros) me resgatassem daquela vida sem comunhão a ovelha perdida que havia se desgarrado das noventa e nove.

Deus nos dá o livre arbítrio para escrevermos nossa própria história (escrevi sobre isto mais cedo). Seja a homossexualidade, ou qualquer outra dificuldade, deve-se usar da fé pra que não sejamos controlados por nenhuma situação.

Leiam a reportagem e fiquem livres para emitir a opinião de vocês:


O pastor americano Jim Swilley (51) surpreendeu recentemente os milhares de fiéis da megaigreja Church in the Now, que ele fundou um quarto de século atrás em Atlanta, Geórgia. Pai de quatro filhos e recém divorciado, depois de 21 anos de casamento, ele anunciou durante um sermão no mês passado: “Existem duas coisas em minha vida de que tenho certeza absoluta. Eu não pedi por nenhuma delas. Ambas me foram impostas. Não tenho como controlá-las. Uma é o chamado de Deus na minha vida. A outra é a minha orientação sexual”.

Jim Swilley decidiu assumir sua condição de homossexual em frente a toda a congregação. Disse que já havia conversado com a família, que o apóia, e que Debbie, sua ex-esposa e também pastora da igreja, sempre soube disso. Swilley afirma que sabe que é gay desde a infância e tentou esconder o quanto pôde. Porém, precisava ser sincero com o que ele está vivendo, que a mensagem que prega é “Deus o ama como você é”. Afirma ainda que se a maioria dos membros da igreja saírem, ele começará tudo de novo.

Ele tomou esta decisão depois de ouvir as histórias dos jovens gays americanos que cometeram suicídio recentemente. Swilley assegurou aos fiéis da sua igreja que ser gay não é uma escolha, mas uma condição. Depois, em entrevista à TV WS de Atlanta, declarou: “Sendo pai, penso no que significa ver seu filho de 16, 17 anos se matando. Pensei que deveria dizer algo. Sei de todas as coisas odiosas que estão escrevendo sobre mim, mas não importa. Pensar que pude salvar um adolescente, sim, vou arriscar minha reputação por isso”. Sua expectativa é que assumir publicamente sua condição ajude a diminuir o preconceito contra os homossexuais dentro da igreja.

Recentemente, outro pastor de uma megaigreja também no Estado da Geórgia, Eddie Long, foi acusado por três rapazes de sua igreja: Anthony Flagg (21 anos), Maurice Robinsosn (20) e Jamal Parris (23), de terem sido coagidos por eles a ter relações sexuais.

Long está à frente da igreja New Birth Missionary desde que era uma congregação de cerca de 300 pessoas, em 1987. Atualmente, conta com mais de 25.000 membros. Ele nega os relatos de que teria usado a autoridade para coagi-los quando eram adolescentes. Agora, eles pedem indenização, mas ainda não foram especificados os valores. O processo ainda está em andamento. Na primeira audiência ele rejeitou todas as acusações e que os presentes que deu aos jovens e as viagens faziam parte de um projeto de mentoreamento da igreja. O fato de eles terem dormido no mesmo quarto nessas viagens nunca foi um problema.

“Long desmente veementemente as acusações, afirmando que não têm sentido”, disse seu porta-voz Art Franklin à rede de TV CNN. “Eu nunca em minha vida disse que era um homem perfeito. Mas eu não sou o homem que estão descrevendo na televisão,” disse ele à sua congregação. “Esse não sou eu”.

No mês passado, vazaram na internet fotos do pastor Long em poses consideradas “comprometedoras”, tiradas com seu próprio celular (abaixo) em frente ao espelho, o que reacendeu a discussão. De maneira especial porque o pastor Long ficou conhecido por seus discursos na TV pró-família e de combate ao homossexualismo.

Os casos de Jim Swilley e Eddie Long acendem o antigo debate sobre a relação da igreja com seus membros, e agora também sacerdotes, homossexuais. Uma pesquisa recente do Instituto de Pesquisas da Religião Pública e do Instituto de Notícias Religiosas indicou que, entre os americanos entrevistados em outubro

44% acreditam que o relacionamento homossexual é errado
40% acreditam que a mensagem da igreja da igreja sobre os homossexuais é negativa
40% acreditam que essa mensagem contribui “muito” para uma percepção negativa dos homossexuais
1/3 acredita que, em parte, a mensagem da igreja contribuiu “muito” para a onda de suicídios de adolescentes gays
1/3 acredita que, em parte, a mensagem da igreja contribuiu “um pouco” para a onda de suicídios de adolescentes gays
20% acham que a mensagem da igreja não contribuiu “em nada”
28% acreditam que sua igreja lida bem com a questão gay
5% acreditam que a igreja em geral lida bem com a questão gay

Considerando que historicamente a posição da igreja cristã sempre foi contrária a essa prática e a imagem negativa que isso tem gerado, resta saber como a questão continuará sendo debatida.


Fonte: Advocate, ABC, O Globo, USA Today e CNN / Gospel+
Via: Pavablog
Extraído de: http://www.esbocandoideias.com/2010/11/pastor-assume-perante-fieis-que-e-gay.html#comment-form#ixzz2jOhbur00

Escreva sua história!


"Eu nasci assim, eu cresci assim
Eu sou mesmo assim
Vou ser sempre assim
Gabriela, sempre gabriela (...)"

(Dorival Caymmi)


Muitas das vezes ficamos tristes porque diante de nós há uma montanha. Olhamos para o obstáculo que existe em nossas vidas, desanimamos e aí desistimos de tudo, inclusive de nós.

Uma das piores coisas é alguém achar que nada tem jeito e que jamais sua vida mudará. Trata-se da "síndrome de gabriela", quando compreendida sob este ponto de vista.

Aceitar que as coisas não podem ser mudadas acaba servindo de auto-justificativa para o comodismo. Torna-se uma maneira ao mesmo tempo fácil e difícil de encarar a vida. Digo fácil porque quem diz para si que as cosias não mudarão está optando hoje pela falta de ação diante de um problema. Porém, como consequência da infeliz escolha, a colheita de amanhã poderá ficar bem mais difícil.

Não temos que deixar os outros construírem a nossa realidade. Com exceção da vontade divina que é soberana, os acontecimentos externos não podem determinar como será o nosso futuro.

Ora, o Criador nos deu uma caneta diante de uma folha em branco. O papel é a nossa vida que pertence ao Eterno e a esferográfica representa o nosso poder de decisão dado por Ele. E, mesmo sendo o Todo Poderoso, em momento algum Deus tira de nós a caneta, exceto quando já não há mais papel para escrevermos.

Em seus livros, o terapeuta e escritor Augusto Cury ressalta sobre a importância de sermos autores de nossa própria história. Alguns temas escolhidos por ele para suas obras de auto-ajuda ilustram este pensamento tais como "Revolucione Sua Qualidade de Vida", "Seja Líder de Si Mesmo" e "Treinando a Emoção para Ser Feliz". Porém, os que eu mais aprecio são os cinco exemplares da "Coleção Análise da Inteligência de Cristo", tidos como um best-seller, onde o autor desenvolve suas teorias através de uma abordagem do lado psicológico e comportamental de Jesus.

De fato, Jesus foi livre nas suas escolhas e ninguém neste mundo o moldava. O Mestre dos mestres não era governado por suas emoções, mas desenvolveu a capacidade de refletir antes de tomar cada atitude. Embora pudesse ter todos os motivos para desenvolver um quadro de ansiedade ou de depressão, o Mestre da sensibilidade transmitia alegria, liberdade e segurança aos seus ouvintes. O julgamento injusto não flexibilizou o jeito de ser do Mestre da vida que, utilizando-se do silêncio, de poucas palavras e de seus olhares, gerou grande perplexidade nas pessoas. No auge da dor, quando esteve pregado na cruz, o Mestre do amor conseguiu manifestar o incondicional amor de Deus pela humanidade ao orar para que seus adversários fossem perdoados. E, com seus exemplos incomparáveis, transformou as mentes e os corações de seus discípulos (homens simples e despreparados), tornando-se o nosso Mestre inesquecível.

Em seu texto "Somos a causa e não o efeito", quando escreve acerca do poder do voto, o pensador cabalista Yehuda Berg diz que:

"(...) Tudo na sua vida é de sua responsabilidade. Quando nós não agimos proativamente diante de uma determinada questão, algo em nossa alma se fecha; nós nos tornamos abertos para a depressão, raiva e engano. Em outras palavras, nós acabamos sendo efeitos da situação. Este é o momento mais importante do ano para estar consciente de nosso poder de nos tornarmos a causa em cada aspecto de nossa vida (...)"

De 2006 para cá, divulgou-se intensamente pela internet um vídeo chamado "O segredo" que se tornou depois um filme. A mensagem teve como foco a "lei da atração", uma ideia que já havia sido exposta há mais de um século pelo escritor norte-americano Wallace Delois Wattles (1860-1911), autor do livro "A Ciência para ficar Rico". Várias pessoas então se sentiram entusiasmadas com o que ouviram. Só que, pouco tempo depois daquela grande divulgação sobre o "segredo revelado", uma boa parte do público já se encontrava frustrada e procurando cegamente um sentido para viver. Alguns até foram capazes de mudar hábitos e a maneira de encarar situações, mas ainda assim continuaram carentes de uma motivação maior, pois colocaram como alvos de vida o dinheiro, o sucesso profissional ou artístico, conseguir fama e outras coisas perecíveis, mas que não são eternas.

Jamais desprezo qualquer mensagem de auto-ajuda. Acredito, no entanto, que Deus deve estar no centro de toda pregação, pois sem Ele nada podemos fazer de modo que os nossos alvos pessoais precisam ser também os Dele. Abandonar a "síndrome de gabriela", é um passo importante pois significa supultar a mentalidade reativa de que continuaremos sempre condicionados pelas situações. Então, quando assumimos uma postura pró-ativa, torna-se indispensável ter como base os valores divinos, com uma fé focada em Jesus e sem medo dos desafios. É o que nos ensina esta famosa citação encontrada Mateus 17.20, quando o Senhor fala:

"Eu lhes asseguro que se vocês tiverem fé do tamanho de um grão de mostarda, poderão dizer a este monte": 'Vá daqui para lá', e ele irá. Nada lhes será impossível.". (Nova Versão Internacional - NVI)

Que a exemplo de Davi, não nos acovardemos diante dos gigantes que se levantam em nossas vidas.

Um ótimo final de semana para todos!


Em Cristo,

Rodrigo Phanardzis Ancora da Luz

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Nossos jovens deveriam trabalhar e se casar mais cedo!

Faço constantemente uma pergunta: será que o namoro deveria ser tão prolongado na nossa sociedade?

Ultimamente andei acompanhando alguns comentários e postagens no site Verbo Eterno onde pessoas costumam compartilhar seus problemas íntimos pedindo um aconselhamento pastoral. Ali pude encontrar muitos dramas dos jovens evangélicos relacionados ao sexo e um dos tópicos mais debatidos trouxe a pergunta se "carícias entre namorados é pecado?", contando já com mais de 90 manifestações de internautas até o momento acerca do assunto (a maioria de gente pedindo conselhos).

Dentre os comentários encontrados ali, pude identificar um expressivo número de pessoas se sentindo culpadas por estarem tendo relações sexuais durante o namoro. Outros mostravam-se preocupados porque determinadas carícias e intimidades estavam esquentando demais a relação, conforme relatou este(a) participante anônimo(a) com seu moderno internetês:


"Pastor tow mto angustiada
namoro á um ano e tow percebendo que
as intimidades tão acontecendo e não tow conseguindo me controlar… no começo era mais facil mas agora tow mto complicada em relação a isso… antes eu e ele buscavamos mais a Deus hj nem tanto pq até vergonha de ir a igreja eu tenhu e de tomar ceia também… pq as caricias jah começaram e jah estamos nos alisando nas partes intimas…
preciso de uma ajudaa
jah fui na psicologaa e num adiantou de nadaa
por favor me ajudee…
eu tow sofrendoo mtoo e eu naum qro q o espirito santo esteja triste comigoo"



Ao ler esses dramas, pude recordar dos meus, sobretudo da época de jovem solteiro em que acabei me desviando da Igreja. Tentei responder alguns dos comentários postados mais recentes, tentando passar uma orientação com um pouco de conhecimento bíblico e experiências pessoais que pudessem trazer-lhes conforto. Procurei ao máximo evitar a hipocrisia de um religioso casado para transmitir uma sincera solidariedade.

Olhando para as loucuras cometidas no nosso evangelicalismo, em parte atribuo às lideranças a responsabilidade quanto aos dramas experimentados pelos jovens. As igrejas criaram uma redoma em torno do casamento feito no papel, tratando como pecado toda e qualquer relação fora do matrimônio formal. Criamos uma ideia de pecado individualizada e personalizada geralmente focada na traição conjugal e no sexo ilícito, esquecendo-nos de outros aspectos da integridade pessoal e coletiva.

Sem dúvida que os posicionamentos culturais adotados no meio eclesiástico acabam excluindo do convívio comunitário muitos homens e mulheres que vivem há anos numa harmoniosa relação de companheirismo, proibindo-os de participar de retiros para casados dentre outras atividades específicas. Pessoas que às vezes vivem há anos na união estável, às vezes até com filhos, chegam a ser orientadas a se privarem do contato sexual até a celebração do casamento e aí acabam abrindo uma brecha para a incontinência.

Dentro da visão bíblica, o casamento independe de qualquer formalidade para ocorrer diante de Deus e da comunidade. É claro que na comunidade israelita sempre houve a valorização de atos cerimoniais e as escolhas quase sempre ficavam a critério das famílias, não dos noivos. Logo, era o pai da noiva quem muitas das vezes determinava com quem a filha iria se casar. E as promessas de casamento (o noivado) tinha valor, bem como a celebração religiosa na comunidade.

Hoje os tempos mudaram. As mulheres podem escolher seus maridos e os namoros acontecem sem nenhuma necessidade de aprovação dos pais. Já na adolescência, a garotada já se sente livre para "ficar" com quem deseja, beijar na boca, trocar de parceiro, trocar carícias íntimas, fazer sexo, noivar, casar, divorciar, casar novamente, viver em união estável, ter amantes, praticar o homossexualismo, etc. Contudo, a Palavra de Deus continua sendo o que ela é, verdadeira como sempre, sendo que em sua essência ela continua dizendo qual a vontade do Criador para a humanidade independentemente dos costumes ou da cultura.

Entretanto, o casamento formal precisa continuar sendo valorizado, mesmo que se adote uma teologia ampla de inclusão das igrejas. O matrimônio para a mulher é uma garantia jurídica na maioria dos casos, além de evitar a banalização da quebra de compromissos já que nem todos são capazes de honrar suas juras de amor.

Com base na Palavra de Deus, temos o dever de rever os costumes e modificar a cultura. Precisamos estar atentos ao sentido da instrução espiritual afim de que, diante de cada caso concreto, de cada época ou lugar, os valores corretos prevaleçam. E aí cabe não só aos teólogos e líderes religiosos, mas aos discípulos de Jesus em geral, a formatação de novos hábitos sociais que estarão de acordo com esses princípios bíblicos.

Então, o que fazer?

De acordo com o meu pragmatismo, proponho que os nossos jovens passem a se casar numa idade mais nova, antes mesmo de cursarem uma faculdade.

Penso que a decadência da sociedade ocidental está associada ao improdutivo prolongamento da adolescência em que rapazes e moças permanecem tratados como crianças grandes até se firmarem no exercício profissional. Com isto, tem se tornado cada vez mais comum os homens saírem de casa depois dos 30 anos, comportamento este que se vê não apenas no Brasil, mas também em países europeus como Portugal e Itália. E, por incrível que parece, a Justiça italiana já andou condenando pais idosos a pensionarem seus marmanjos...

Contudo, vejo uma boa solução para isto tudo que é a inclusão cada vez mais cedo do jovem no mercado de trabalho junto com uma educação que forme adultos responsáveis, envolvendo tanto o ensino técnico nas escolas quanto a preparação do indivíduo para a vida (não apenas para consumir). Logo, o casamento numa idade mais nova torna-se um ingrediente fundamental para a criação dessa nova sociedade que fará dos países ocidentais culturas produtivas e com uma taxa de fecundidade (número de filhos por mulher) satisfatória.

Por outro lado, digo que o mercado não perde, pois, neste caso, o consumo tenderia a aumentar. E, quanto aos sistemas previdenciários, seria a grande solução, melhor do que os governos aumentarem a idade mínima para a aposentadoria. Isto porque se tivermos um número maior de jovens trabalhando, haverá um crescimento proporcional da contribuição e, consequentemente, mais recursos disponíveis ao INSS.

Penso que a possibilidade de construir novos hábitos sociais está mais próxima das igrejas cristãs do que do próprio governo.

Se refletirmos bem, as comunidades protestantes e católicas no Brasil têm o poder de mobilizar uma significativa parcela da população do país. Isto porque padres e pastores conseguem se comunicar na linguagem que o povo fala e transmitir mensagens de encorajamento, conforme muito bem analisa o mestre em teologia da Igreja Anglicana em Uganda, Peter Okaalet:


"(...) A igreja se autossustenta; tem audiência leal, que se encontra toda semana; tem liderança previsível; atravessa barreiras geográficas, étnicas, nacionais, de gênero e outras; conta com o apoio popular e fala a linguagem do povo. Mais que isso, pode oferecer esperança além da sepultura e tem a Bíblia, um manual sagrado que já se mostrou eficaz para mudar o comportamento moral. Em tempos de desespero, o povo precisa ouvir que a mensagem da Bíblia é sobre esperança, amor e futuro (...)" - extraído do artigo HIV/aids, publicado no Comentário Bíblico Africano


Em termos morais e espirituais (a parte que mais interessa aos cristãos), percebo que será um grande benefício para os nossos jovens casarem-se numa idade mais nova, mesmo que precisem do apoio da família até se estabelecerem e arcarem com despesas básicas como alimentação, moradia, vestuário, cuidados com a saúde, etc. Uma juventude casada e trabalhadora fica mais resguardada dos perigos da droga, da aids e de inúmeros pecados que tanto prejudicam a convivência humana e a comunhão com Deus.

Comentários sobre o resultado das eleições presidenciais

Se até 1930 fomos a "república do café com leite", eu diria que o Brasil de hoje está se tornando a república do café com côco...

Em 2004, quando FHC elegeu-se presidente, seu vice pefelista era do Nordeste. Em 2002, o PSDB falhou em escolher para vice do Serra uma capixaba do PMDB, enquanto que Lula aliou-se a um rico empresário mineiro sem a necessidade de ter alguém do NE em sua chapa.

Nesses últimos anos, o DEM não tinha mais a mesma força no NE e o vice de Serra foi um carioca. Já o vice de Dilma, um paulista, a candidatura governista esteve fortalecida pela grande influência que a máquina do governo federal impôs ao NE.

O resquício de mineiridade da nova presidente eleita não foi tão esquecida no seu ente federativo de origem já que, no segundo maior colégio eleitoral do país, ela teve 6,2 milhões de votos, o que demonstra o forte bairrismo por lá existente, ultrapassando o conservadorismo entranhado no interior de MG. Só que tal eleitorado foi incapaz de perceber que, com Serra na Presidência, o governo estadual tucano receberia mais recursos...

Em SP, onde Serra ganhou, a diferença neste segundo turno entre os candidatos não chegou a 2 milhões. Aliás, onde o tucano venceu com maior folga foi em SC, PR, MS, AC, RR e RO (neste mais pelo percentual do que pela diferença absoluta).

Mas por que Serra ganhou disparado nesses estados? Eu diria que, além da classe média ser proporcionalmente maior no Sul, há um anseio pelo desenvolvimento regional no Centro-Oeste que não segue a mesma lógica da parte leste do país, tratando-se de uma região onde o meio rural é bem presente na economia e responde pela maior expressão do PIB. Inclusive, em SP, tem-se também uma outra divisão regional pois o comportamento do eleitorado do interior paulista se diferencia da capital e da região litorânea.

Finalmente há que se considerar o alto índice de abstenção. Em SP, cerca de 5,8 milhões de eleitores deixaram de comparecer às urnas enquanto que brancos e nulos, respectivamente, foram de 0,6 e 1 milhões. E, dentre os que se abstiveram, penso que podemos contabilizar um numero expressivo de eleitores da classe média conhecedores dos procedimentos de justificação do voto e que preferem viajar no feriadão de finados.

Teria sido Dilma beneficiada pela enorme abstenção, considerando que a maior parte dos que não compareceram às urnas teriam votado em José Serra?

Bem, acredito que ainda assim o resultado não se modificaria porque dentre os que se abstiveram estavam também os possíveis eleitores de Dilma.

De qualquer modo, não se pode esquecer que a vitória da candidata petista foi mesmo determinada pelo bom desempenho da economia brasileira. Tivemos neste ano um efeito semelhante do que aconteceu nas eleições dos anos de 1994 e 1998 em que FHC, um homem sem carisma, conseguiu aquelas duas vitórias sem precisar concorrer no segundo turno. Em 1993, a vitória de Lula era tida como algo bem provável pelos institutos de pesquisa até que o governo Itamar Franco lançou o plano real passando a controlar a inflação e a proporcionar o acesso do pobre a bens que até então só eram consumidos pela classe média.

Mas e hoje? Será que as coisas são diferentes?

Com o bom andamento da economia brasileira, dificilmente o eleitor terá motivos para mudar. E, apesar do aumento dos gastos públicos, estes ainda não estão atingindo o bem estar do cidadão pois o governo constantemente sangra a Petrobrás para aliviar seus déficits. Com o pré-sal, teremos ainda mais recursos.

Tudo isso seria muito bom se tivéssemos um partido responsável na condução do Brasil. Ter uma mulher na Presidência, diminuir a miséria e o país crescer economicamente seriam coisas maravilhosas se a política externa fosse realmente compromissada com a democracia, o que, infelizmente, não ocorre. Mahmoud Ahmadinejad e seu colega da Venezuela, o caudilho Hugo Chávez, já mandaram lembranças pra Dilma pois na certa estão mesmo apostando numa relação política mais ampla com o Brasil.

É um quadro desanimador, mas como cristão não quero perder a fé e desanimar. Sem arrependimentos, votei na Marina e depois no Serra no segundo turno. Agora só resta orar pela vida da Dilma e pelo meu país, buscando dentro da sociedade defender bons valores.

Que surjam profetas da democracia, da paz e do meio ambiente!