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terça-feira, 26 de julho de 2016

Os avós




Hoje, 26 de julho, é comemorado o Dia dos Avós. Trata-se de uma data que foi escolhida por ocasião dos festejos de Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus de Nazaré, ainda que poucos saibam da origem religiosa dessa comemoração hoje secularizada.

Todavia, não há nos evangelhos canônicos relatos sobre a convivência entre o menino Jesus e seus avós. Tudo o que conhecemos sobre os pais de Maria consta na literatura apócrifa (no Protoevangelho de Tiago ou A Natividade de Maria) que, de algum modo, compõe a tradição da Igreja. Segundo o relato, no século I a.e.c., Ana e Joaquim não tinham filhos, mas sempre oravam pedindo que Deus lhes enviasse uma criança. Então, apesar da idade avançada do casal, um anjo apareceu e comunicou que Ana estava grávida, de maneira que eles vieram a ter uma menina. E, quando Maria completou três anos, os pais deixaram-na no Templo em Jerusalém para ser educada pelos sacerdotes, separando-se da filha.

Na atualidade, o convívio com os avós parece ser bem frequente. Aliás, são eles que têm educado muitas crianças hoje em dia no lugar dos pais que, por razões de trabalho ou falta de compromisso ético, não cuidam suficientemente do descendente. Então, o avô e/ou a avó acaba(m) assumindo a responsabilidade com a guarda do neto e o criando como se fosse mais um filho.

Sem pretender discuti aqui neste artigo sobre ser ou não correta a participação dos avós na criação dos netos, quero tão somente levar em conta um fato que hoje é comum na nossa sociedade visto que diversas famílias brasileiras são constituídas assim. Muitas delas até por vovós solteiras, as quais, antes mesmo de suas filhas seguirem pelo mesmo caminho, também sofreram a experiência de ser mães sem terem com algum homem uma relação matrimonial ou de união estável. São as novas sociedades familiares desse nosso caótico Brasilzão...

Seja como for, qual avô não gosta de curtir os bons momentos com seus netos?! Quando ando pela praia, encontro muitos deles curtindo essas horas de lazer e fazendo todas as vontades das crianças. Aliás, certa vez, o nosso saudoso Rubem Alves (1933-2014) compôs uma crônica para o seu neto Tomazinho antes deste passar a falar. O escritor contou que o menino adorava brincar de cavalinho sentado sobre as suas pernas e dizia: "você brinca de cavaleiro, meus braços segurando os seus, você rindo, querendo sempre mais, e eu cantarolando uma canção que sua bisavó, a Oma, cantava para os netos, em alemão".

Falando um pouco de minha experiência pessoal, tive a oportunidade de conhecer meus quatro avós em vida e com eles conviver durante as fases de infância , adolescência e primeiros anos da época adulta. Apenas comecei a perdê-los já na maturidade, despedindo-me primeiramente do avô paterno Sylvio (2005), depois da avô paterna Darcília (2011) e, pouco meses após esta, enterrei a avô materna Marisa (2012). Porém, recentemente, comemorei meus 40 anos no mês de abril com a presença do octogenário avô materno Georges que viera de Costa Rica para rever parte da família no Brasil.

Penso que, na medida do possível, devemos lembrar dos avós dando a eles um pouco do nosso carinho e respeito. Geralmente é por meio deles que se preserva um pouco da história de cada família já que os mesmos nos entregam os relatos sobre as experiências de seus pais e avós, isto é, dos nossos bisavós e tataravós, atravessando períodos que chegam a ser superiores a um século. Destes entes, em razão do raro ou do inexistente convívio, poderemos até nos esquecer, mas, certamente, iremos trazer na memória os bons momentos com a vovó ou o vovô até chegarmos na nossa velhice.

Minha sugestão é que, caso seu avô ou avó ainda esteja vivo, tente de algum modo contactá-lo(a) mesmo se não for nesta data. Mas, se não tiver mais a companhia física de seu velhinho (se bem que muitos ainda são bem jovens), é bom que, ao menos, sejamos capazes de nos lembrar da pessoa que eles foram para nós. 

Feliz dia dos avós!


OBS: A ilustração acima trata-se de um quadro do pintor britânico George Hardy (1822 - 1909), conforme extraído do acervo virtual da Wikipédia em https://de.wikipedia.org/wiki/Gro%C3%9Feltern#/media/File:George_Hardy02.jpg 

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