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segunda-feira, 13 de junho de 2016

A educação homofóbica recebida




Acompanhando o caso sobre a tragédia ocorrida recentemente na Flórida, EUA, surpreenderam-me os comentários homofóbicos feitos pelo senhor Seddique Mateen (foto), pai de Omar Mateen, o qual matou 50 pessoas numa boate LGBT de Orlando deixando outras 53 feridas. Tendo o genitor do assassino expressado tristeza por seu filho ter realizado o ataque, ele afirmou que "cabe a Deus punir os homossexuais". Senão vejamos as palavras divulgadas num vídeo que ele postou na rede social do Facebook:

"Meu filho Omar Mateen era uma pessoa muito boa. Era casado e pai de um menino. Respeitava sua família. Não sabia que tinha este ódio no coração (...) Estou profundamente triste e anunciei isso ao povo dos Estados Unidos (...) Cabe a Deus punir os homossexuais. Não corresponde a seus servos (...) Que Deus guie a juventude e permita a ela seguir o verdadeiro Islã." - destaquei

Embora nos falte elementos suficientes para melhor avaliarmos como teria sido a educação de Omar, podemos concluir que ele foi criado numa família com valores homofóbicos. O pai, embora demonstre reprovação pela conduta do filho, agravada por ter agido assim no Ramadã (mês sagrado dos muçulmanos), certamente considera um pecado o relacionamento afetivo entre pessoas do mesmo sexo. Tanto é que ele defende, ou aceita, uma vingança divina contra os gays.

Refletindo a respeito, pensei logo na nossa sociedade hipócrita em que o pensamento de muitos cristãos talvez se assemelhe neste aspecto com o que externou o senhor Seddique. A maioria dos evangélicos brasileiros, por exemplo, acredita que os homossexuais, se não se converterem a Cristo e não pararem de agir conforme a orientação sexual que têm, irão para o inferno após morrerem. Aliás, este texto do Novo Testamento a seguir transcrito, referente a uma das cartas de Paulo á Igreja em Corinto, deixa claro como o cristianismo fundamentalista ainda lida com a questão da homossexualidade em relação à salvação:

"Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus." (1ª Coríntios 6:9-11; NVI)

Acredito que, se não fosse o abrandamento feito pela concepção cristã, a Igreja poderia muito bem estar matando homossexuais usando o nome de Deus e procurando sua fundamentação na Bíblia assim como muitos integrantes do Estado Islâmico agem com base nos textos que interpretam do Corão. Bastaria que para tanto se fizesse uma leitura literal desse verso da legislação de Moisés em que a execução dos gays é ali ordenada aos israelitas:

"Se um homem se deitar com outro homem como quem se deita com uma mulher, ambos praticaram um ato repugnante. Terão que ser executados, pois merecem a morte." (Levítico 20:13)

Fica evidente pra mim que nem o pai do atirador e tão pouco a religião muçulmana de sua família influenciaram diretamente na escolha do massacre na boate LGBT de Orlando. Porém, o ambiente no qual Omar vivia poderia ter sido preventivo do mal, caso não estivesse presente em seu meio a homofobia e outros preconceitos.

Por mais que um pai ou uma mãe tenha uma influência limitada sobre o filho, visto que este, com o livre arbítrio, decide o próprio caminho a ser seguido, nunca podemos ignorar a importância da educação. E, sendo assim, considero fundamental que, numa casa, sejam transmitidos para as crianças valores humanizadores de tolerância e de respeito pela diversidade.

Ainda que muitos critiquem os professores por abordarem o tema da homofobia nas escolas, entendo que o assunto deve permanecer em pauta. Pois é nos estabelecimentos de ensino que os alunos precisam aprender a conviver pacificamente com os coleguinhas que sejam diferentes, aceitando como normal algumas pessoas gostarem de gente do mesmo sexo. Do contrário, jamais que a intolerância terá fim no planeta. É como penso.


OBS: A foto acima é uma reprodução do Facebook, extraída do portal G1 em http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/06/pai-do-atirador-de-orlando-afirma-que-cabe-deus-punir-os-homossexuais.html

2 comentários:

  1. O aumento do homossexualismo deve-se ao enfraquecimento da igreja, que tornou-se fria, sem amor, que não ora mais, não jejua, não se santifica, então satanás encontrou o cenário perfeito para sua ação. Após, a série de big brothers, novelas com personagens gay cativantes e hilários, a proliferação de gays cresceu acentuadamente, mas os cristãos jamais cometeram violência contra eles, apenas falamos do amor e o perdão de Deus por suas vidas.
    Agora, diariamente centenas de cristãos são mortos, inclusive crianças, por muçulmanos radicais, sem que a mídia secular manifeste a mínima consternação, e isso dói muito, pois vemos o mundo caminhando para as trevas.

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    1. Olá, amigo.

      Primeiramente quero agradecer por sua leitura e comentários.

      Eu diria que a homossexualidade não aumentou. O que temos visto ultimamente é um número maior de homossexuais assumindo a orientação sexual que antes era reprimida devido aos valores morais-religiosos territorializados, além da violência social e do ambiente de incompreensão quanto às condições do outro.

      No meu ponto de vista a orientação sexual é algo que o indivíduo trás consigo ao nascer, o que não significa necessariamente que todo aquele que pratica atos homossexuais seja gay ou lésbica. Muitos optam por uma vida promíscua enquanto outros se abrem para qualquer tipo de relacionamento, seja com homem ou com mulher.

      Mas o que temos nós com as escolhas de vida de cada um? Pra mim o beijo gay nunca será apreciado e, se fosse pai, desejaria que meu filho fosse hétero, se casasse com mulher, procriasse com ela e constituísse uma família. Só que o problema maior do presente é em relação à homofobia que é a intolerância ainda existente na sociedade contra quem seja homossexual e aí digo que a Igreja anda negligenciando o seu papel.

      A meu ver, mesmo discordando certas condutas (nenhum líder de congregação deve ser obrigado a casar homossexuais), cabe à Igreja se posicionar contra qualquer ato de violência no meio social. Ela não pode se silenciar se uma pessoa usando o nome de Deus resolve agredir, matar ou mesmo cometer pequenos atos de discriminação contra seu semelhante por motivo de orientação sexual de maneira que homofobia também seria um pecado.

      Refletindo a esse respeito, deve um cristão se perguntar como Jesus agiria caso se deparasse com um gay que fosse ser apedrejado ou violentado?

      Será que não havia homossexuais seguindo a Jesus no primeiro século e sendo acolhido pelo Mestre?

      Obviamente que nada também justifica a intolerância religiosa como ocorre em países da África e do Oriente Médio assim como na Coreia do Norte, além da Índia e várias outras nações. Logo, cabe aí um posicionamento inteligente das igrejas no sentido de se solidarizar com os parentes das vítimas desse massacre ocorrido nos EUA e ao mesmo tempo chamarem a atenção do mundo para o sofrimento dos cristãos em outras partes do mundo. E, se o mundo está em trevas, que levemos nós a luz!

      Um abraço.

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