Neste domingo (12/06), quando nós brasileiros costumamos comemorar o "dia dos namorados", fomos surpreendidos pela notícia de mais um massacre praticado por atirador nos EUA, sendo desta vez cometido numa boate destinada ao entretenimento do público homossexual da cidade de Orlando, Flórida. De acordo com as reportagens na mídia, 50 pessoas foram assassinadas e também outras 53 ficaram feridas, sendo que o autor dos disparos foi identificado pelas autoridades como Omar Mateen, um norte-americano de 29 anos que foi morto pela polícia após uma troca de tiros.
Tendo passado um tempinho hoje no Facebook observando as postagens de alguns amigos, surpreendi-me com um comentário que considerei preconceituoso quanto à religião muçulmana. O internauta assim escreveu:
"Desculpe-me quem pensa diferente e eu respeito, mas na minha forma de pensar o país que abrir suas portas aos muçulmanos estará sujeito a isto. No alcorão é pregado que para o messias deles retornar não pode haver estado judeu, ou seja, morte a todos em Israel e morte aos infiéis ( no caso qualquer que não é muçulmano). Portanto tanto faz ser A ou B essa é a doutrinação deles, todos são radicais, não existe meio termo. A intenção é se alastrar com tragédias assim por todo mundo. Não adianta se armar até os dentes e abrir as portas para que eles se instalem no país e é o que o Obama fez. E aqui no Brasil não vai demorar muito para mais uma modalidade de tragédia começar a acontecer, infelizmente..."
Respondi dizendo que não são todos os muçulmanos que agem assim e, tendo a discussão prosseguido, o meu debatedor ainda acrescentou o seguinte sobre os versos do Corão que é o livro sagrado do Islã:
"Pois eu digo a vc com toda a certeza que de pacifico e moderado não existe nenhum, eu fui afundo em conhecer, tempos atrás, e o que existe são muçulmanos que se prestam a fala mansa para que o islã seja aceito em primeira instancia até que haja dominação, não importando quanto tempo leve, veja o exemplo de Londres e varias cidades da França. Pode estar certo que todos sem exceção concordam 100% com a sharia."
Infelizmente, não avançamos no nosso diálogo virtual e, a princípio, não consegui que o internauta refletisse sobre o fato de que os USA já tiveram inúmeros massacres de atiradores dos mais diversos credos e mataram sem ter motivação religiosa-ideológica. Pois, apesar desse episódio de Orlando estar sendo considerado o maior atentado nos Estados Unidos depois do 11 de Setembro, não foi o único caso de matança e a maioria não foi por razões ligadas ao terrorismo islâmico (ler matéria Veja quais são os piores massacres de atiradores ocorridos nos EUA no portal do G1).
Numa entrevista ao canal de TV "NBC", o pai do assassino teria descartado motivações religiosas para o ataque e apontou para homofobia, acrescentando que seu filho havia ficado transtornado, há mais ou menos dois meses, quando viu dois homens se beijando durante uma viagem feita a Miami. Após desculpar-se pelo ocorrido, disse que não era consciente de que Omar "estivesse premeditando algum tipo de ação", mostrando-se chocado com a situação.
A meu ver, independente do atentado na boate gay ter sido ou não uma obra do Estado Islâmico, conforme reivindica o grupo terrorista, o fato é que Omar comprou as armas legalmente numa loja semanas atrás. Pois, como garante a própria Constituição dos EUA, desde a Segunda Emenda de 15 de dezembro de 1791, é garantido o direito do povo de manter e portar armas. Cuida-se de algo tido para os norte-americanos como inviolável, assim como o voto e a liberdade de expressão.
Por aqui, lamento o fato de que a nossa população não seja também adepta do desarmamento. Não duvido que, se qualquer cidadão brasileiro também pudesse adquirir legalmente um revólver, haveria não só um maior número de crimes comuns envolvendo armas de fogo como se tornariam mais frequentes os casos tipo o massacre ocorrido em 07/04/2011 na escola de Realengo, Rio de Janeiro. Foi quando o assassino Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, atirou em vários estudantes dentro de uma sala de aula, tendo sido a maioria das vítimas meninas adolescentes (confira AQUI a matéria publicada no G1).
Espero que o candidato do Partido Republicano à Presidência dos EUA não consiga tirar nenhum proveito eleitoral significativo dessa tragédia. Pois, numa mensagem na rede social Twitter, Donald Trump - que havia defendido a proibição de entrada em território norte-americano para todos os muçulmanos - agradeceu a quem o "felicitou por ter razão sobre o terrorismo islâmico radical". E, infelizmente, há pessoas que se deixam bloquear pelo medo e a ansiedade, tornando-se reféns dos piores discursos demagógicos.
Nesta data, ativistas do movimento homossexual realizaram uma vigília no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) pelas vítimas do massacre em Orlando. O militante Agripino Magalhães, um dos organizadores, disse que o movimento LGBT de São Paulo está "consternado" com a tragédia.
Nesta data, ativistas do movimento homossexual realizaram uma vigília no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) pelas vítimas do massacre em Orlando. O militante Agripino Magalhães, um dos organizadores, disse que o movimento LGBT de São Paulo está "consternado" com a tragédia.
Que prevaleça a racionalidade tanto nos Estados Unidos quanto no nosso vulnerável Brasil e que sejamos solidários aos norte-americanos nesse momento difícil.
OBS: Créditos autorais da imagem acima atribuídos a José Romildo, correspondente da Agência Brasil, conforme consta em http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2016-06/massacre-em-boate-de-orlando-e-um-dos-maiores-da-historia-norte
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