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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Não podemos virar as costas para os refugiados!



"Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos, assentar-se-á em seu trono na glória celestial. Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes. E colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda. "Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo. Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram’. "Então os justos lhe responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar? ’ "O Rei responderá: ‘Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram’. "Então ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Malditos, apartem-se de mim para o fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos. Pois eu tive fome, e vocês não me deram de comer; tive sede, e nada me deram para beber; fui estrangeiro, e vocês não me acolheram; necessitei de roupas, e vocês não me vestiram; estive enfermo e preso, e vocês não me visitaram’. "Eles também responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome ou com sede ou estrangeiro ou necessitado de roupas ou enfermo ou preso, e não te ajudamos? ’ "Ele responderá: ‘Digo-lhes a verdade: o que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos, também a mim deixaram de fazê-lo’. "E estes irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna". (Mateus 25:31-46; NVI)

Nesta segunda-feira (20/06/16) é celebrado o Dia Mundial do Refugiado. Cuida-se de uma data que foi instituída pela ONU desde o ano 2000, tendo por objetivo consciencializar os governos e as populações sobre o grave problema dos que foram obrigados a fugir de suas casas por motivos de perseguição, calamidade ou guerra.

Como sabemos, enfrentamos umas das maiores crises humanitárias da História desde a 2ª Guerra por causa dos conflitos militares na Síria, em que milhões de pessoas no Oriente Médio já morreram e outras tantas não possuem mais uma moradia. Muitas delas estão sobrevivendo agora em campos de refugiados nas regiões de fronteira ou tentando chegar até à Europa arriscando-se nas águas do Mediterrâneo. Cerca de 5 milhões de sírios teriam deixado o país desde o início da guerra civil e, segundo a Organização Internacional para a Migração, pelo menos 3.370 refugiados morreram afogados no mar no ano de 2015.

Entretanto, neste mesmo mês de junho, fui surpreendido quando li na BBC Brasil a notícia Governo Temer suspende negociação com Europa para receber refugiados sírios, publicada dia 17/06. Na matéria, assinada por João Fellet, o repórter informa que:

"O governo brasileiro suspendeu negociações que mantinha com a União Europeia para receber famílias desalojados pela guerra civil na Síria. Pelas tratativas, iniciadas na gestão do ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, o Brasil buscava obter recursos internacionais para alojar cerca de 100 mil pessoas que fugiram do conflito. Duas pessoas que acompanhavam o diálogo disseram à BBC Brasil que a suspensão foi ordenada pelo novo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e comunicada a assessores e diplomatas numa reunião nesta semana. Segundo eles, a decisão segue uma nova - e mais restritiva - postura do governo quanto à recepção de estrangeiros e à segurança das fronteiras."

Sinceramente, este foi um tremendo erro cometido pelas autoridades do nosso país. Pois, embora estejamos atravessando uma crise econômica, esta nem de perto se compara com a situação de outros povos na África, no Oriente Médio e em outras partes da Ásia, além do Haiti. É certo que deve haver sempre uma razoabilidade nessas questões humanitárias internacionais, em que cada Estado, encontrando-se numa situação mais ou menos cômoda, pode colaborar na medida de suas condições de riquezas e de espaço. E, como bem colocou a coordenadora de relações internacionais da ONG Conectas, Camila Asano, citada pela BBC, o "Brasil não pode se furtar a ser parte da solução da crise síria". Ainda mais recebendo recursos da União Europeia!

Embora não siga o catolicismo romano, lembro muito bem de algo muito sábio e amoroso que certa o papa Francisco disse em sua visita ao Brasil (2013) sobre "colocar mais água no feijão", referindo-se o pontífice à ação solidária. E, se refletirmos a partir daí, a mensagem bíblica citada nunca se restringiu aos ricos que habitavam em palácios, pois não creio que Jesus estivesse discursando profeticamente no Monte das Oliveiras tão somente para uma gente opulenta cujo dinheiro sobrasse, visto que estes dificilmente o ouviriam. Antes, tratava-se de um ensino que serve para todos os seres humanos em que precisamos aprender a dividir o pouco que nos resta até na dificuldade.

Por acaso o Mestre não iniciou o milagre da multiplicação tendo recebido cinco pães e dois peixes?! Vamos pensar...

Enfim, acredito que dá para o Brasil acolher algumas dezenas de milhares de famílias sírias, sendo que aqui é um inegável paraíso para quem encontra-se fugindo de uma sangrenta guerra civil em sua terra. E nunca é demais dizer que estamos tratando de uma gente igual a nós em direitos, porém sem possuir mais um teto seguro para abrigar-se junto com os seus familiares, devendo, portanto, se tornar objeto da nossa caridade humanitária.

Que o governo brasileiro não retroceda em seu posicionamento original e jamais nos esqueçamos dos refugiados de qualquer nação, pois acolhê-los é como fazer um benefício ao próprio Senhor Jesus.



OBS:  Créditos autorais das imagens acima atribuídos a Syria Freedom/Creative Commons, conforme extraído de uma página de notícias do portal EBC em http://www.ebc.com.br/noticias/internacional/2013/01/onu-numero-de-refugiados-sirios-chega-a-600-mil

Um comentário:

  1. Dentro desse tema, sugiro aí um artigo bem sensato publicado no jornal Folha de S. Paulo, de Maria Laura Canineu:

    http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/06/1783571-por-que-o-brasil-deveria-acolher-os-refugiados-sirios.shtml

    Vale a pena conferir!

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