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quinta-feira, 23 de junho de 2016

Estaremos assistindo ao surgimento de uma nova Cuba?!




Nesta quinta-feira (23/06), o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o líder do grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias das Colômbia (Farc), Rodrigo Londono, reuniram-se em Havana para assinar um acordo de cessar-fogo bilateral definitivo, abrindo caminho para um tratado de paz que dê fim ao conflito que já dura mais de meio século. No episódio ocorrido na data de hoje, o grande mediador foi nada menos que o presidente cubano Raul Castro.

Refletindo a cerca da notícia, pensei como que Cuba conseguiu conquistar hoje uma posição tão importante no cenário internacional, tendo sido a sua capital escolhida para celebrar um acontecimento que podemos considerar como histórico para a nação colombiana? Afinal, até algumas décadas atrás, não era de lá que partiam os guerrilheiros "revolucionários" financiados pela ex-URSS, os quais perturbavam a ordem na América Latina e também em outros lugares do mundo!

O fato é que a sorte de Cuba mudou com a simpatia inteligente de Barack Obama que, em março deste ano, visitou a ilha. Na ocasião, o presidente dos Estados Unidos, Barack prometeu em seu discurso que iria trabalhar com o Congresso americano para derrubar o embargo econômico ao país ao mesmo tempo em que pediu mais liberdade para o povo cubano.

Desde 24 de fevereiro de 2008, quando Fidel Castro renunciou por motivo de saúde, o seu irmão Raúl tem promovido importantes reformas econômicas, como o incentivo a mais investimentos estrangeiros e mudanças estruturais a fim de que o país possa produzir mais alimentos, reduzindo a dependência das importações (ainda que o regime ainda esteja fechado no campo político). Trata-se de algo que devemos considerar como um verdadeiro avanço.

Posso estar me equivocando, mas não descarto a hipótese de que, dentro dos próximos anos, os cubanos possam surpreender o mundo e ainda se colocarem à frente dos Estados hispano-americanos seguidores de regimes ditos "bolivarianistas", tais como Bolívia, Equador, Nicarágua e Venezuela. Neste país vizinho, o ditador Nicolás Maduro continua buscando a todo momento criar manobras para se manter no poder a fim de impedir que a oposição possa ir conquistando legitimamente os espaços.

Todavia, apesar do mal estar que Colômbia e Venezuela tiveram num passado recente (quando Hugo Chávez chegou a atuar como aliado da Farc), Raul Castro provou hoje que deseja promover a paz no continente, sendo hoje um estadista que não trás mais consigo os resquícios da ultrapassada Guerra Fria. Por isso, é fundamental que o governo interino do Brasil saiba reconhecer a nova Cuba que está surgindo a fim de que a nossa diplomacia não cometa um ato burro de direitismo reacionário azedando as suas relações com a nação cubana.

Concluo esse texto chamando a atenção para a importância da abertura econômica para que um país possa ir se abrindo politicamente. Acredito que Cuba já poderia ser hoje uma democracia caso os Estados Unidos tivessem acabado, desde os anos 90, com o vergonhoso bloqueio imposto ao país porque favoreceria o diálogo, fazendo com que as próprias lideranças cubanas começassem a rever seus posicionamentos. Porém, como a História não se escreve com a partícula "se", espero ver uma mudança positiva ocorrendo nos rumos tanto de Cuba como das Américas.


OBS: Créditos autorais da imagem acima atribuídos à Alejandro Ernesto/EPA da Agência Lusa, na qual aparecem o Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e o líder das Farc, Rodrigo Londoño Echeverri, cumprimentando-se em frente ao presidente de Cuba, Raúl Castro.

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