Um incêndio numa subestação da Companhia Energética de Brasília deixou na data de ontem (27/06) o Senado Federal completamente sem luz a ponto de ter provocado o encerramento antecipado dos trabalhos da Comissão Processante do Impeachment. Além do Congresso, o metrô do Distrito Federal e os prédios no lado norte da Esplanada ficaram sem o fornecimento de eletricidade, o que inclui os ministérios da Justiça, da Educação, da Fazenda e da Defesa, por exemplo.
Entretanto, esse episódio soou para mim como um acontecimento emblemático, demonstrando a notória falta de sabedoria e de ética da maioria dos nossos legisladores, valores estes que são representados simbolicamente pela luminosidade. Pois basta refletirmos sobre os últimos acontecimentos noticiados pela mídia para tirarmos as conclusões. Um deles seria a absurda demora na cassação do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, como bem comentou a este respeito Mailson Ramos em seu artigo publicado no portal Nossa Política:
"O que acontece em Brasília, amigos e amigas navegantes, é um apagão de ética. Não é um simples blecaute que se resolve com manutenção técnica. Vivemos um momento ímpar de hipocrisia em que um deputado que se diz evangélico tentar salvar na CCJ da Câmara o inidôneo Eduardo Cunha." (extraído do artigo Blecaute no Congresso é apagão da ética, em 28 de junho de 2016)
É provável que várias pessoas tenham tido impressões semelhantes ainda que com diferentes pontos de vista quanto ao que anda faltando na política brasileira. Em minha observação, além do envolvimento de inúmeros parlamentares com os crimes investigados pela Operação Lava Jato, considero também a tremenda falta de bom senso quanto aos gastos públicos nesse momento tão difícil que o país atravessa. Aliás, ontem mesmo o Jornal Nacional noticiou que a Câmara pretende gastar R$ 320 milhões em obras de ampliação das instalações da Casa, informando a crescente elevação das despesas do órgão (im)popular do Legislativo:
"Só com pessoal e encargos sociais, subiram de quase R$ 3,7 bilhões em 2013 para mais de R$ 4,2 bilhões em 2015. Dinheiro público. E vêm mais gastos por aí. Apenas um mês depois de o Congresso aprovar um rombo nas contas do governo de R$ 170,5 bilhões em 2016, o primeiro-secretário já fez até vistoria do início de uma nova obra na Casa. A Câmara quer construir o novo anexo onde hoje é uma garagem. O prédio vai ter quatro andares e seis pavimentos de subsolo, 122 novos gabinetes para os deputados, auditórios, restaurante, café, um terraço, jardim e garagens. A construção deve durar quatro anos e, para isso, a Câmara diz que vai gastar R$ 320 milhões." (extraído de http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2016/06/camara-dos-deputados-vai-gastar-em-obra-de-ampliacao-r-320-milhoes.html)
A reportagem da TV Globo também mostrou que, sem quórum, a sessão de segunda-feira da Câmara teve que ser cancelada. E pior! Os ausentes deputados nem sofrerão desconto em seus respectivos pagamentos, apesar de cada um dos nossos representantes eleitos receber um modesto salário de pouco mais de R$ 33 mil por mês, pagos pelo contribuinte.
Lamentável essa situação que vivemos no cotidiano da política tanto a nível nacional quanto regional e local, sendo um motivo de sobra para a população comparecer às ruas e protestar contra os abusos cometidos traiçoeiramente pelas nossas autoridades, as quais preferem legislar e governar em causa própria esquecendo-se da coletividade. Aliás, muitos dos nossos atuais congressistas nunca mais deveriam ser votados pelo cidadão de bem.
Vamos renovar, Brasil!
OBS: Créditos autorais da foto acima atribuídos a José Cruz da Agência Brasil em http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/galeria/2012-10-19/problema-em-linha-de-distribuicao-de-energia-causou-apagao-na-cidade
Já contando com a baixa probabilidade de alcançar um quórum adequado para tocar as votações por conta das festas juninas que mobilizam os parlamentares do Norte e Nordeste em suas bases, a Câmara dos Deputados cancelou as sessões deliberativas desta semana. Além de impedir a deliberação de matérias que aguardavam votação, o cancelamento da ordem do dia também pode influenciar nos trabalhos das comissões, já que sem a necessidade de marcarem presença, os parlamentares podem se ausentar também das votações nesses colegiados. Seria o caso, por exemplo, do indispensável projeto que retira a obrigatoriedade de a Petrobras de participar de no mínimo 30 por cento das explorações de campos do pré-sal.
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