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sábado, 6 de agosto de 2016

Visitando uma obra olímpica na minha Muriqui




Jamais poderia imaginar que a bela queda d'água de Muriqui pudesse ficar mundialmente conhecida como ocorreu nesta primeira semana do mês de agosto. Na última terça-feira (02/08), conforme noticiou o jornal O GLOBO, a artista internacional Mariko Mori inaugurou mais um de seus famosos anéis bem pertinho do lugar onde moro aqui no 4º Distrito de Mangaratiba, litoral sul do Rio de Janeiro:

"Aos cinco anéis olímpicos que simbolizam a união dos continentes, a artista japonesa Mariko Mori propõe mais um. 'Ring: one with nature', instalação que ela inaugurou na terça-feira sobre a cachoeira Véu de Noiva, em Mangaratiba, no quilômetro 422 da Rodovia Rio-Santos, é um círculo em acrílico, de quatro metros de diâmetro e 1,5 tonelada. Assim como os aros, sua obra também sugere conexão. No caso, a dos homens com o meio ambiente, laço que, lamenta a artista, vem se perdendo com rapidez no mundo moderno (...) 'Ring' faz parte de um projeto ambicioso de Mariko Mori, de construir seis grandes instalações em pontos de natureza intocada do planeta. A do Rio é a segunda. A primeira, 'Primal rhythm', já teve uma das duas obras que a compõem, 'Sun pillar', instalada na ilha Myako, no Japão, em 2011. Todo o programa é bancado pela Faou Foundation, criada por ela, com apoio de patrocinadores. Na terça-feira, havia ainda uma grande estrutura em ferro apoiando a peça. Mas em 15 dias ela será retirada, e a obra poderá ser vista como foi concebida: apenas duas hastes curvas de aço sustentarão o anel, dando a impressão, a quem o vir de baixo, de estar flutuando sobre a queda d’água, a 58 metros de altura." (extraído de http://oglobo.globo.com/cultura/artes-visuais/mariko-mori-inaugura-obra-olimpica-em-mangaratiba-19841611)

Entretanto, apesar da aprovação de seu projeto pelo INEA, algumas pessoas da sociedade mangaratibense queixaram-se dizendo ter sido surpreendidas quando, no mês passado, helicópteros começaram a descer no local trazendo o material da obra. Pois, infelizmente, o órgão ambiental parece não ter buscado um diálogo prévio com a comunidade através de reuniões locais. E, se fez alguma audiência pública, certamente deixou de promover uma ampla divulgação para que os cidadãos interessados do Distrito e do restante Município opinassem a respeito durante o processo de licenciamento.

Apesar de tudo, resolvi verificar com os meus próprios olhos como ficou o trabalho de Mariko Mori. Neste sábado (06/08), eu e os meus companheiros da Coligação Resgatando Mangaratiba fomos visitar os bairros de Cachoeira I e II na companhia do nosso vereador Alan Bombeiro (PSDB) a fim de conversarmos com os moradores do lugar. Marcamos um encontro a partir das 9 horas no campinho do Distrito, atravessamos a movimentada BR-101, e subimos o morro, deixando para trás os dutos enterrados da Transpetro, prosseguindo pela mata até alcançarmos o alto do Véu de Noiva.

Infelizmente, o pessoal não pôde adentrar no local onde foi instalado o Ring, o qual ainda não se encontra liberado para o acesso do público por questões de segurança. Vimos como a captação de água da CEDAE se achava desprotegida pondo em risco a saúde dos consumidores de Muriqui e, logo depois, descemos até à parte de baixo da cachoeira onde fizemos ali uma oração.




  







Todavia, a nossa visita não terminou ali. Além de prestigiar a bela natureza com a qual Mangaratiba e o Brasil foram privilegiados, fomos atrás de uma das espécies que também habita esse ambiente  - o ser humano. E, deste modo, nos dispomos a conversar com os moradores desses dois bairros de encosta que, apesar de situados numa área tão bonita, carecem de muita assistência do Poder Público, tendo eles que conviver com o risco fatal de deslizamentos de terra durante o período chuvoso do verão. Constatamos que a população local reclamou da questão do lixo já que nem todos os frequentadores e residentes têm a consciência de preservar a limpeza ambiental. 









Quanto à obra de Mariko Mori, não ouvi nenhuma reclamação sobre o trabalho dela por quem mora na Cachoeira, exceto uma senhora que nos falou da falta de transparência do órgão ambiental bem como das conhecidas omissões da Prefeitura de Mangaratiba. E a opinião que formei é que o trabalho da artista japonesa agrega valor turístico ao lugar e poderá evitar o seu gradual abandono, atraindo para lá novos visitantes.

Como havia exposto há três anos atrás no artigo A cachoeira de Muriqui merece mais atenção!, publicado no blogue Propostas para uma Mangaratiba melhor, o lugar poderia ser mais bem cuidado e turisticamente potencializado com a construção de uma estrutura capaz de incentivar a visitação de pessoas, junto com placas orientando o caminho até a última queda d'água e avisos para que o meio ambiente seja respeitado por quem faz uso do local. E agora, graças a essa brilhante iniciativa, temos ali uma curiosa obra olímpica que será conhecida no mundo inteiro.

Certamente que, junto com a definição desse notável ponto turístico, podem ser desenvolvidos nos bairros Cachoeira I e II projetos educativos que recrutem jovens moradores da comunidade a fim de que a população local, inclusivamente, venha a se tornar uma excelente parceira nas atividades. A construção de um estacionamento, a criação de um espaço para as cocadeiras de Muriqui realizarem suas atividades econômicas (para que não permaneçam irregularmente expostas no acostamento da Rio-Santos), o cercamento da captação de água da CEDAE, a completa sinalização da trilha que vai até à Serra do Piloto e uma guarita do Parque Estadual do Cunhambebe com guardas florestais seriam soluções capazes de beneficiar em muito a comunidade.

Tendo em vista todas essas questões, é importante que o cidadão procure ver com carinho quem realmente se importa com o seu Município. Para tanto, precisamos exigir dos nossos gestores compromisso verdadeiro com o meio ambiente e com os anseios da população, a fim de que busquemos sempre o melhor para o coletivo assim como o cuidado de cada parcela do espaço territorial.

Tenham todos uma excelente semana!


OBS: Créditos autorais da primeira imagem atribuídos a Leo Aversa/Divulgação, conforme extraí da matéria do jornal O GLOBO, sendo que as demais fotos foram feitas por mim na presente data.

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