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domingo, 14 de agosto de 2016

Justiça histórica, ainda que tardiamente




Um dos episódios mais dignificativos das Olimpíadas Rio-2016 ocorreu neste domingo (14/08). Trata-se da realização da cerimônia em memória dos 11 integrantes da delegação israelense mortos em atentato terrorista nos Jogos de Munique de 1972. 

Durante o evento, ocorrido no Palácio da Cidade, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, o nosso ministro das Relações Exteriores, José Serra, considerou a homenagem como um progresso para o lema dos Jogos Olímpicos que é a união entre os povos.

"Eu vejo como um avanço. Eu creio que o Comitê Olímpico Internacional se omitiu, de alguma forma, desde 1972. É a primeira vez que faz o reconhecimento, uma homenagem, algo dentro da própria Olimpíada e vejo isso com alegria. A homenagem a essas pessoas que foram assassinadas é um dever nosso. Foram assassinadas pelo fanatismo, foram assassinadas pelo terrorismo, e nós temos todos que nos perfilar homenageando-os porque isso significa chegar ao ponto mais essencial das Olimpíadas, que é a integração de todos os povos pacificamente com algo que sinaliza para um futuro melhor para toda humanidade"

Sem dúvida que um dos momentos mais emocionantes da solenidade foi o acendimento de 11 velas que representavam os israelenses mortos no atentado de 44 anos atrás. Entre as pessoas escolhidas para ascender as chamas estavam autoridades brasileiras e israelenses e integrantes da delegação de Israel nos Jogos Olímpicos do Rio, como Fernando Lottenberg, presidente da Confederação Israelense no Brasil; Yoram Arenstein, secretário de honra de Israel; e Paulo Maltz, presidente da Federação Israelense do Rio de Janeiro. 

Estiveram também no evento as viúvas de dois técnicos da delegação israelense que morreram em Munique. Ankie Spitzer, que era a esposa do treinador de esgrima morto no atentado, expressou o quanto o  reconhecimento e a cerimônia são muito importantes para os familiares das vítimas:

"Se você esquece a história, você não tem futuro. Se você esquece a história, você poderá fazer a mesma coisa de novo. É extremamente importante porque nós sentimos que esses atletas pertencem a uma família olímpica internacional e eles não os reconheciam. Ninguém fazia questão de lembra-los, ninguém queria falar sobre isso. Depois de 44 anos nós pensamos que eles são membros de uma família olímpica e eles devem ser lembrados"

Na cerimônia, o  presidente do Comitê Olímpico de Israel, Igal Carmi, também destacou, durante o seu discurso, a importância do reconhecimento do Comitê Olímpico para o episódio nos Jogos de Munique. E, por sua vez, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzmann, ressaltou a necessidade de se homenagear às vítimas do atentado para as novas gerações:

"Com esse trabalho nós vemos que todos somos iguais. Eles também nos lembram que no mundo nós queremos viver sem espaço para o ódio. Nós podemos construir uma batalha mundial pelos valores olímpicos. Um mundo de paz e solidariedade"

A meu ver, achei bem oportuno que essa reparação histórica do Comitê Olímpico Internacional ocorresse durante os jogos do Rio 2016. Pois, além de ser uma resposta à intolerância no mundo, como assistimos aqui semana passada no caso de um atleta egípcio de judô que se recusou a apertar a mão do rival israelense, eis que a solenidade marcou a reaproximação entre Brasil e Israel que, há muitas décadas, são países amigos.


OBS: Imagem acima extraída da página do ministro José Serra no sítio de relacionamentos do Facebook, conforme consta em https://www.facebook.com/JoseSerraOficial/photos/a.10150399710078196.367105.124815588195/10153904783078196/?type=3&theater

2 comentários:

  1. Homenagens assim são sempre de louvar

    Deixo um carinho

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    Respostas
    1. Oi, Lenita.

      Sem dúvida foi um marco importante na história das Olimpíadas.

      Obrigado pela visita e comentários. Volte sempre que desejar.

      Bjs

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