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sábado, 13 de agosto de 2016

A importância do pai




É no segundo domingo de agosto que, desde os anos 50, nós brasileiros temos comemorado o Dia dos Pais, ocasião esta que ajuda a aquecer as vendas do comércio. Entretanto, outros povos festejam esse momento em outras datas como, por exemplo, em 19 de março. Seria o caso da vizinha Bolívia, assim como de Portugal e Bélgica. 

Para quem não sabe, 19/03 corresponde ao dia em que o catolicismo homenageia São José, o qual foi o esposo de Maria e o pai adotivo de Jesus. Trata-se de um importante personagem do Novo Testamento que, no comecinho dos evangelhos de Mateus e de Lucas, protagoniza as respectivas narrativas agindo como um homem íntegro, discreto, obediente, sempre um protetor de sua família.

Se meditarmos na História de José, tal como apresentada nas Escrituras Sagradas, ele não foi o pai biológico de Jesus visto que Maria teria engravidado por uma concepção sobrenatural. Porém, ao ser avisado em sonhos por um anjo a respeito do plano divino, ele se dispôs a fazer o papel do pai terreno do prometido Messias, cumprindo com as responsabilidades paternas melhor do que muitos genitores dos dias atuais.

Uma reflexão que faço, com base nesse cativante relato bíblico, seria sobre a importância da presença paterna na vida do filho. Pois, considerando a crença cristã na filiação divina de Jesus, a Providência concedeu ao Cristo um pai terreno a fim de que o menino tivesse não só todos os cuidados financeiros como quem sabe até um referencial masculino em sua formação.

Todavia, a família de hoje se acha bem modificada em relação ao padrão religioso estabelecido sendo muitas as crianças que nem tiveram a oportunidade de conviver com seus pais ou ao menos conhecê-los. Uns porque se tornaram órfãos, enquanto outros, por motivo de separação conjugal, uma concepção descuidada da mãe (quando esta se relacionou com algum homem desconhecido) ou até nos modernos casos de "reprodução independente" em que o doador do gameta masculino permanece anônimo.

Certamente que, a exemplo da história do menino Jesus, o pai não precisa ser necessariamente o genitor. Porém, considero que ele deve existir na vida da criança, convivendo com o filho até à saída deste do lar e mantendo depois um amigável relacionamento pelos anos da maturidade até a morte. Aliás, pelo ciclo natural das coisas, é bom que a orfandade só ocorra mesmo quando o pai for avô de netos já crescidos, podendo então orientar o filho na educação de suas crianças pela troca de experiências.

Penso que, numa sociedade cujos membros convivam congregacionalmente, a eventual ausência paterna consegue ser melhor suprida por pessoas da comunidade e aí hei de reconhecer a importância da Igreja. Neste caso, não falo de mais uma instituição humana, mas, sim, do corpo coletivo de homens e mulheres que se amam fraternalmente. Pois é num ambiente de irmandade espiritual entre os entes onde pode haver o compromissado apadrinhamento numa possível perda do pai (ou da mãe).

No segundo domingo deste mês, acho muito importante cada filho poder estar com seu pai. Porém, devemos sempre lembrar das crianças que, de algum modo, estejam órfãs, mesmo de genitores vivos, a fim de que as comemorações de amanhã (14/08) não sejam para elas um grande sofrimento. E aí torço para que novos Josés se prontifiquem para acolher esses pequeninos nos seus corações.

Um feliz dia para todos os papais!


OBS: A ilustração acima refere-se ao quadro pintado pelo artista barroco italiano Guido Reni (1575  — 1642), conforme extraído do acervo virtual da Wikipédia em https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Jos%C3%A9#/media/File:Saint_Joseph_with_the_Infant_Jesus_by_Guido_Reni,_c_1635.jpg

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