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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Afinal, que legado é esse para o meio ambiente?!




Nesta segunda-feira (08/08), iniciam as apresentações olímpicas de vela, com as primeiras regatas masculinas. Ao todo, serão 11 dias de provas, com 120 competições divididas em cinco categorias masculinas, quatro femininas e uma mista, as quais ocorrem na Marina da Glória, em quatro áreas dentro da Baía de Guanabara e três fora dela.

O governo do estado garante que as condições de balneabilidade das águas estão seguras para os atletas, mas a esperada despoluição da Baía de Guanabara, como os cariocas bem sabem, ficou só na promessa. As autoridades estaduais afirmam que o saneamento na área passou de 12% em 2005 para 50% atualmente. Porém, os ambientalistas e pesquisadores questionam tais números. Segundo relatou à Agência Brasil um dos integrantes do movimento Baía Viva, Sérgio Ricardo, o governo considera como tratado o esgoto que, na verdade, é lançado em mar aberto pelo emissário submarino de Ipanema, o qual possui somente cerca de 4 quilômetros de extensão.

"O ministro do Esporte disse esses dias que trata 55%, o relatório enviado ao COI pelo comitê organizador afirma que a gente passou de 10% para 50%. Isso não é verdade, pesquisadores da Uerj  mostram que não tratam nem 20%. A Cedae e o governo do estado colocaram no relatório do COI que toda a zona sul tem tratamento de esgoto, o que não é verdade. Tem o emissário marinho, não existe nenhuma estação de tratamento de esgoto. O que tem hoje atinge algo em torno de 18%"

Informa também a matéria da Agência Brasil que o projeto de despoluição da baía recebeu gordos financiamentos do BID e do Japan Bank for Internacional Cooperation (JBIC). Segundo a reportagem, foram investidos US$ 800 milhões em 15 anos, entre 1991 e 2006, sendo construídas quatro estações de tratamento de esgoto, mas os troncos coletores para levar os efluentes até lá não foram concluídos até hoje! Ou seja, começaram o serviço de saneamento básico pelo final sendo que, em muitas residências, nem o afastamento sanitário existe...

A meu ver, essa talvez seja uma das maiores vergonhas para a Cidade Maravilhosa nesses dias em que o mundo inteiro volta os seus olhos para o Rio, sendo impossível mascarar a realidade. E, apesar da bela cerimônia de abertura que assistimos pela TV na sexta-eira (05/08), há muito o que ser feito como  bem compartilhou ontem a internauta Lurdinha Henriques em sua página no sítio de relacionamentos Facebook:

"Linda abertura. Falhas sérias na organização. Excesso de problemas nas obras: prazos, valores superfaturados, qualidade precária, insegurança. Mas gostaria de ressaltar duas coisas. A questão ambiental, tão importante e há tanto tempo relegada ao fim da fila, na contramão da tendência mundial. E o real legado para os esportes, não só em equipamento, ou em medalhas, ainda não confirmadas, mas em oportunidades futuras: descobrir talentos e neles investir; fortalecer as organizações existentes, com geração de atividades permanentes que colocassem o Rio na ponta dessa atividade. Oportunidade perdida. Deve levar a reflexões sobre o futuro que queremos para o Rio." (destaquei)

Acredito que a Baía de Guanabara só deixará de ser um depósito de esgoto a céu aberto quando as nossas autoridades políticas entenderem a importância do saneamento básico. Para tanto é preciso que nós, os cidadãos eleitores, tomemos a consciência de que não podemos atentar apenas para as obras que são visíveis. Afinal, termos uma praia, uma lagoa ou um rio limpos significa ganho de qualidade de vida assim como maior desenvolvimento nas áreas de turismo e de entretenimento para uma cidade que é considerada cartão postal do Brasil.


OBS: Créditos autorais da imagem acima atribuídos a Tomaz Silva/Agência Brasil, conforme consta em http://agenciabrasil.ebc.com.br/rio-2016/noticia/2016-08/promessa-olimpica-despoluicao-da-baia-de-guanabara-deve-levar-25-anos

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