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sábado, 1 de junho de 2013

As aproximações entre católicos e evangélicos



Dando um melhor direcionamento a algumas reflexões surgidas nos comentários à postagem anterior, na qual escrevi sobre o feriado de Corpus Christi, decidi então publicar este outro texto falando sobre a necessidade do diálogo entre protestantes e católicos já que todos fazemos parte de um mesmo Corpo.

Apesar dos lamentáveis conflitos até hoje existentes na Irlanda do Norte entre seguidores de ambos segmentos religiosos, bem como em outras partes do mundo, vejo possibilidades de que a cristandade possa dialogar melhor neste novo século. Ainda mais agora com o atual papa.

O terceiro milênio começou mal com um presidente belicista nos EUA incitando suas guerras contra ao mundo islâmico e um papa sectário que acabou renunciando. Politicamente conservador, Ratzinger fora um desconstrutor das comunidades de base inspiradas pela Teologia da Libertação em décadas anteriores e esteve por trás das guinadas direitistas de João Paulo II. Ao assumir a liderança do patriarcado romano, ele muito contribuiu para causar retrocessos quanto ao ecumenismo cristão buscado por João XXIII e também por João Paulo, o qual, em 1982, chegou a receber a visita do pastor batista norte-americano Billy Graham.

Por outro lado, não se pode culpar apenas os católicos pelo diálogo com  os protestantes ter esfriado. O proselitismo religioso agressivo e a intolerância de muitas igrejas evangélicas foram e continuam sendo empecilhos ainda maiores. Principalmente quando se cultua uma aversão demonizante ao universalismo religioso a ponto de um pastor que se aproxima de um padre ser acusado de apostasia. E  não foi o que enfrentou o quase centenário Graham?

Embora a união global entre católicos e evangélicos seja algo bem distante de acontecer e nem me parece benéfico restabelecer a falsa unidade anterior à reforma protestante sob o comendo e representação de um papa, penso pelo menos em ações locais. Considero proveitoso que, numa mesma cidade, pastores e padres conversem entre si para solucionarem os problemas comunitários.

Por acaso a saúde da população, a nossa juventude viciada em crack, o alcoolismo, a prostituição, a pobreza, a fraca assistência aos portadores de necessidades especiais, a exclusão social dos presidiários, as tragédias ambientais e os conflitos familiares já não seriam razões de sobra para as lideranças do cristianismo começarem a se entender?

Até quando os que dizem pastorear o rebanho do Senhor continuarão lucrando com o massacre das ovelhas e se esquecendo de suas necessidades?

Vamos continuar deixando de dar tratamento as problemas coletivos para aumentarmos mais ainda a divisão da sociedade brasileira através do sectarismo de agremiações religiosas?

Sei que essa é uma questão conflituosa mas que precisa ser superada. Inclusive entre os próprios protestantes também. Recordo que, enquanto eu ainda morava em Nova Friburgo e sofremos aquela enchente de janeiro de 2011, com um rastro de centenas de mortos e de milhares de desabrigados, o conselho de pastores (COPENF) voltou a se reunir. Por alguns meses, as igrejas evangélicas de lá tiveram que cuidar de um problema bem grave prestando apoio aos desamparados. E, durante algumas oportunidades, um pastor chegou a sugerir nas reuniões que fizéssemos trabalhos também com os católicos e até com os espíritas. Porém, no decorrer daquele mesmo ano, houve uma acomodação e a desmobilização das lideranças pastorais. Não demorou muito para o conselho voltar a ser um organismo ausente.

Todavia, não fico desanimado pelos frustrantes resultados que até hoje assisti e acredito que a união do Corpo de Cristo se passa pelas comunidades nas quais as congregações encontram-se estabelecidas. E hoje em dia, com questões bem sérias em pauta e a internet quebrando muros, surge um novo cenário propiciador do diálogo entre religiões a começar pela cristandade. E assim, revolucionando a Igreja de baixo para cima, ou por todos os lados, pode ser que diversos grupos do cristianismo venham a se unir através do regime de uma colegialidade de representantes. Não pela religiosidade, mas sim pelas pessoas atuantes sem que haja primeiros e últimos ou tão pouco grandes e pequenos.

OBS: A foto acima mostra Billy Graham e João Paulo II num encontro ocorrido entre os dois no Vaticano. Graham esteve lá em 1982 e em 1990.

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