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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Após conseguir diminuição da tarifa, é preciso dar uma pausa nos protestos



Assistindo às notícias do dia, logo no começo da tarde, achei bem sensato e maduro o posicionamento do Movimento Passe Livre em suspender novas convocações de protestos na cidade de São Paulo. Foi o que declarou Douglas Beloni, integrante do grupo, numa entrevista à rádio CBN, conforme extraído do site do Jornal do Brasil:

"O MPL não vai convocar novas manifestações. Houve uma hostilidade com relação a outros partidos por parte de manifestantes, e esses outros partidos estavam desde o início compondo a luta contra o aumento e pela revogação (...) Nos últimos atos pudemos ver pessoas pedindo a redução da maioridade penal e outras questões que consideramos conservadoras. Por isso suspendemos as convocações (...) Continuaremos lutando pela tarifa zero, colhendo assinaturas para viabilizar um projeto de lei nesse sentido.

Penso que o objetivo agora das manifestações que continuarem deva ser a conquista na redução das passagens de ônibus em todas as demais cidades. Aqui onde moro, em Mangaratiba, cidade do litoral sul fluminense, está sendo organizado um protesto para esta próxima terça-feira (25/06). Pretendo participar pois, afinal de contas, pagamos muito mais caro para andar de ônibus no município do que nas cidades capitais do país. Injustificável!

Entretanto, sei que os movimentos no interior acabam sendo bem diferentes do que nos grandes centros urbanos pois a política local não se conecta totalmente com as questões nacionais. Por isso, considero sensato pedir o começo dos protestos aqui e propor o fim deles nas cidades onde seus respectivos prefeitos já concordaram em reduzir o preço dos transportes.

Neste sentido, entendo ser necessário que a sociedade brasileira faça uma avaliação de tudo o que aconteceu nos últimos dias, dê uma pausa, respire fundo e aguarde uma resposta das instituições oficiais. Pois, se os prefeitos e governadores já se dispuseram a reduzir as tarifas, é uma sinalização de que estão dispostos a dialogarem quanto às outras reivindicações também.

Amanhã é sábado. Dia de jogo e de descanso semanal. Não é razão para irmos às ruas protestar. Os que estão inconformados com os altos gastos de dinheiro investido nas reformas dos estádios podem muito bem fazer isso um outro dia sem atrapalharem a diversão das demais pessoas. Aliás, a sociedade já mostrou suficientemente a sua indignação contra o desperdício dos recursos públicos por causa da Copa de 2014. Agora temos que deixar as autoridades se pronunciarem.

Portanto, aproveitemos o final de semana e vamos torcer juntos pela seleção. Que seja o povo brasileiro duplamente vitorioso: no campo e na política.

Um feliz descanso a todos com bastante paz!


OBS: Foto da Agência Brasil que mostra a manifestação do Movimento Passe Livre em São Paulo.

2 comentários:

  1. Rodrigo,
    penso que não devemos parar... afinal, tarifas de transportes são na verdade o estopim palpável destas manifestações. Algo concreto, algo mensurável... os demais são muito imensuráveis...como acabar a corrupção? Corrupção se dá em vários setores e precisa primeiro ser totalmente assimilada pela população que deve fazer também o mea culpa...corrompidos e corruptores.
    Saúde? Dificilmente teremos o diagnóstico para se ter a solução que passa também pela corrupção...
    Educação? Como? Primeiro devemos identificar os problemas, pautar os entraves nas comunidades escolares de todo país, passar por uma unificação da grade escolar e ...passar também pela corrupção!

    E em todas as reivindicações, temos que criar conceitos éticos, normatizar o controle, promover a participação popular e principalmente termos o direito de sermos ouvidos e caminhar com uma justiça não emperrada e um legislativo livre!!!!

    Parar agora que o grito na garganta está saindo? Mesmo que seja esganiçado?
    Não para! Não para!

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    1. Bom dia, Leila.

      Há uma diferença entre dar uma pausa e parar de vez. Não proponho apertar o stop do DVD, mas sim respirarmos um pouco, ouvirmos o que cada governo e as lideranças do Legislativo terão a dizer. Ao mesmo tempo que uma pauta de trabalhos e de audiências seria organizada, como deu para entender pelo discurso da presidenta Dilma, os participantes do movimento precisam se reunir para uma avaliação do que pretendemos para o momento.

      Penso que o protesto é apenas uma das maneiras de nos expressarmos e não a única. O recado das ruas já foi dado e os governos ouviram. A redução das tarifas de ônibus nas grandes cidades foi a sinalização de que há disposição para uma conversa e para mudanças reformadoras. Não concorda?

      Você colocou questões específicas da educação e coisas assim merecem ser debatidas. Por isso, até mesmo para que a vontade popular seja melhor conhecida, nossas manifestações precisam tomar um outro rumo. Já não seria protestando, mas debatendo e trocando ideias. Cada tema precisa ser aprofundado e aí precisamos da tranquilidade necessária para pensarmos, refletirmos, interagirmos e elaborarmos as propostas.

      É o que penso.

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