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domingo, 12 de maio de 2013

A missão sacrificial de Cristo



"Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (Evangelho de João 3:16; ARA)


Certo dia, enquanto caminhava pela linha do trem indo de Muriqui até Praia Grande, ambas localidades distritais do município de Mangaratiba (RJ), pensei em como poderia ter sido a história do nosso Senhor  Jesus, caso ele tivesse feito outras opções de vida.

Com uma mente tão brilhante e dotado de grande sabedoria, Jesus provavelmente iria destacar-se como um mestre de seu povo tanto em matéria de religião quanto de política. Ensinaria a muitos sobre a Torá de Moisés e a interpretação das Escrituras de maneira surpreendente. Sucederia o ancião Hillel (grande rabino liberal que o precedeu) e não demoraria para que, sob sua liderança, os judeus conquistassem uma maior autonomia junto ao Império Romano. Aliás, talvez a elite sacerdotal e quem sabe até o próprio imperador Tibério, que não o conheceu, veriam nele um importante aliado para que ocorresse a tão almejada pacificação da Palestina?

Entretanto, Jesus tinha um alvo muito mais elevado do que simplesmente conquistar os reinos deste mundo. Vale lembrar que esta foi uma das propostas oferecidas pelo diabo durante a tentação no deserto (Mt 4:8-10). Pois entendo que o papel do Messias ultrapassa a celebração de um formal tratado de paz, ou de restabelecer as fronteiras territoriais de uma nação. Por isso, o nosso Salvador focou na conquista dos corações humanos pelo uso não impositivo da palavra afim de libertar a todos da escravidão do pecado e da morte.

Não é difícil encontrarmos por aí pessoas endinheiradas e cheias de bens materiais mas que são infelizes, presas a todos os tipos de vícios ou com comportamentos destrutivos. Preferem o entusiasmo com distrações terrenas do que com a eterna celebração comunitária em comunhão com o Pai numa alegria verdadeira para a qual o homem sempre foi chamado desde a sua criação.

Pregando para uma sociedade rude, faminta, oprimida, mal tratada pelos dominadores estrangeiros, bem como injustiçada pelos seus próprios compatriotas ricos, machistas e moralistas, Jesus veio falar de vida eterna. Fez de sua existência uma nascente viva no meio de um deserto. Como uma linda rosa plantada durante o mais duro combate militar em meio a uma sangrenta batalha. E propôs aos homens que olhassem para além do horizonte e contemplassem o gracioso amor divino.

Tarefa difícil, não? Ainda mais quando o sofrimento nos obstrui a visão.

Só que para completar sua missão, Jesus precisava morrer. A cruz era o castigo que lhe esperava e ele não deveria fugir daquele destino trágico por mais que desejasse continuar vivo. Tratava-se do momento estabelecido por Deus para entregar eu Filho unigênito pelos nossos pecados, concretizando a missão do "servo sofredor" profetizado em Isaías 53. O seu sacrifício foi a mensagem que aquela geração (e os que a precederam até hoje) precisava ouvir. Sem a cruz, as boas novas não fariam sentido para o coração endurecido do homem.

Quando criança, eu ficava muito triste ao ler os Evangelhos da Bíblia e chegava na parte em que Jesus é preso, torturado e depois entregue aos soldados para ser crucificado. Alegrava-me com a sua ressurreição e desejava que aqueles quarenta dias com os seus discípulos não passassem mais. Aí, quando chegava o dia de sua ascensão aos céus, eu me lamentava no meu silêncio porque não iria mais encontrá-lo pessoalmente até a sua segunda vinda, ou até morrer. Certamente não compreendendo na época que a nossa comunhão com Deus e com Cristo permanece em todo o tempo no Espírito Santo.

Se a humanidade não tivesse se metido em tantas encrencas, afastando-se desobedientemente do seu Criador, certamente que a morte sacrificial de Cristo Jesus não seria necessária. Só que o nosso pecado e ignorância em relação à vida causaram tudo aquilo. Muitos séculos antes, o homem já sentia uma necessidade expiatória. Tanto é que os antigos israelitas sacrificavam animais (bem como outros povos para agradar os deuses por eles inventados). Existiram tribos e civilizações em que outros seres humanos tornavam-se a vítima oferecida sobre o altar e esse comportamento jamais tinha fim porque ninguém sabia tratar graciosamente o problema do pecado.

Com Jesus Cristo, temos um único e suficiente sacrifício para acabar com os demais de uma vez por todas. Voltando a sua compreensão para a cruz, o homem tem a oportunidade de se ver definitivamente perdoado e buscar uma nova mentalidade capaz de dar um sentido à sua vida. A violência da cruz denuncia a nossa estupidez, a nossa crueldade e a nossa covardia. Porém, ela também nos mostra ali a aceitação incondicional dos pecadores pelo Criador. Perdão este que deve repercutir no nosso trato com o próximo, cancelando todas as dívidas morais que os outros têm para conosco porque já não devemos mais nada a Deus.

Como insisto em dizer, a mensagem da cruz não se restringiu à época de Jesus e nem à cultura do Oriente Médio. Hoje, quando pensamos em nos auto-penitenciar de alguma maneira, sentindo-nos rejeitados, infelizes e sem boas expectativas nos relacionamentos com as pessoas, precisamos erguer a cabeça e olhar para a cruz. Precisamos mais uma vez dizer sim a esse amor divino encarnado por Jesus deixando que o Espírito nos oriente pelas veredas da vida. Por isso é que as igrejas cristãs devem celebrar a Ceia do Senhor de tempos em tempos para manter viva de forma bem lúdica a memória do Calvário. Pois, assim fazendo, estamos anunciando a importância e significado dessa morte "até que ele venha"  (1ªCo 11:26). Até que haja a restauração de tudo no tempo previsto por Deus após a aguardada transformação da humanidade, o que, poeticamente falando, significa "novos céus e nova terra".

Maranata! Vem Senhor Jesus!


OBS: A imagem usada acima refere-se ao quadro do pintor flamengo Peter Paul Rubens (1577-1640) da época do Barroco. Usando a técnica de óleo sobre a madeira, o artista retratou Jesus Cristo na cruz entre os dois ladrões. A obra encontra-se no Museu Real de Belas Artes de Antuérpia e a ilustração eu a extraí do acervo virtual da Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Peter_Paul_Rubens_-_Christ_on_the_Cross_between_the_Two_Thieves_-_WGA20235.jpg

2 comentários:

  1. BEM FRACO O BLOG, CITAR SANATÁS COMO SER VIVENTE, FALTA CONTEÚDO TEOLÓGICO... INFELIZMENTE,COLEGA.

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    1. Caro participante anônimo,

      Peço que, quando as pessoas forem emitir suas opiniões aqui, elas se identifiquem e procurem fundamentar o que dizem. Nossa Constituição veda anonimato e eu apenas permito que mensagens sejam publicadas anonimamente quando elas pretendem falar de coisas íntimas delas buscando uma espécie de conselhamento coletivo. Neste caso, o anonimato serve para resguardar a intimidade. Não para a manifestação do pensamento de opinião que deve ser assinado.

      Sendo assim, reservo pra mim o direto de não debater com internautas anônimos mesmo sendo sobre temas teológicos. Ainda mais aqueles que não são objeto desse texto como o caso da existência ou não do diabo.

      Tenha uma boa semana!

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