"Vendo Jesus sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse: Mulher, eis aí teu filho. Depois, disse ao discípulo:
Eis aí tua mãe. Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa." (Evangelho de João 19:26-27; ARA)
Amanhã (12/05/2013), segundo domingo de maio, é comemorado o dia das mães. Uma data muito bem trabalhada pelo comércio brasileiro mas que não deve passar esquecida por nós. Mesmo por aqueles que já não desfrutam mais da companhia física de suas mães biológicas.
Assim que alguém aceita a Jesus Cristo como o Salvador de sua vida, o neófito na fé ganha uma infinidade de mães. Eu diria que não só em relação às novas ancestrais espirituais da Bíblica, como Sara ou Maria, mas também quanto às mulheres que convivem conosco em nosso tempo. Algo que vai muito mais além dos limites da tradição religiosa.
Quando Jesus disse ao discípulo amado que Maria era sua mãe, ele buscou despertar o sentimento de cuidado que devemos ter uns pelos outros, suprindo as ausências de filhos e de pais. Naquele momento de enorme aflição, em que nosso Senhor estava morrendo, não fazia mais sentido que os sobreviventes permanecessem ali expondo suas emoções a dor. Era preciso que as pessoas se consolassem mutuamente e alguém assistisse aquela corajosa mulher guerreira.
Considerar as mulheres mais velhas como mães, as de nossa faixa etária como irmãs e as jovens como filhas tem a ver com o comportamento a ser desenvolvido dentro de nossas igrejas. Pois significa fazer parte de uma nova família planetária em que deve haver profundo respeito e amor fraternal entre todos os seus membros. Seria por isso uma concepção revolucionária nas relações entre as pessoas capaz de minar os conceitos da sociedade mas que, no decorrer da história eclesiástica, acabou virando mesmo foi mera formalidade religiosa nos batizados através das figuras cada vez mais esquecidas do padrinho, da madrinha e do afilhado.
Por outro lado, estabelecemos fortes identificações com algumas pessoas no decorrer de nossa peregrinação como pode ter ocorrido também entre o discípulo amado e a mãe de Jesus. O amor de Deus, na prática, é concretizado na relação com o próximo e aprofundado com aqueles que passam a fazer parte de nossas vidas. Assim, muitas mulheres acabam amando novos filhos e homens permitem que sejam amados por novas mães.
Atualmente, nas disputas judiciais que versam sobre paternidade, existem magistrados que, justificadamente, chegam a negar o pedido de reconhecimento ao pai biológico apesar deste ter obtido um laudo favorável no exame de DNA. Isto porque o conceito de pai é algo muito mais amplo do que simplesmente ter produzido o esperma que contribuiu para a geração da criança no ventre de uma mulher. Ser pai é amar o filho, dispensar os devidos cuidados com a criança, educar e ter um mínimo de presença.
Igualmente, o mesmo pode ser dito em relação ao que vem a ser mãe. Carregar o futuro bebê por nove meses na barriga é apenas uma parte da maternidade. Logo, a mulher que cria, ainda que não seja a genitora, torna-se mãe também. A amiga da mãe, que mesmo sem ser madrinha no batizado católico auxilia na educação da criança, não deixa de desempenhar semelhante papel.
Num momento bem crítico da nossa sociedade em que as famílias vão se tornando cada vez menores, urge retomarmos a proposta extensiva de Jesus. Os atuais discípulos do grande Mestre precisam levar o seu amor aos que se encontram abandonados pelas situações ruins da vida. Lembro que, há uns dois anos atrás, um pastor de visão progressista disse que a Igreja não tem moral para ir contra à adoção por casais homossexuais. Segundo ele, se cada família cristã assumisse pelo menos um menor abandonado, não haveria mais tanta criança na rua!
Para finalizar, quero ressaltar que, embora o Evangelho traga uma nova proposta de família para a humanidade, jamais pode ser esquecida a nossa relação com a mãe biológica e que deve ser reconciliadora em todos os casos. Um filho ou uma filha não deve dizer à mulher que o gerou "você não é minha mãe" porque se ressente dos traumas do passado. Antes é preciso resgatar aquilo que se perdeu no decorrer da nossa própria história de vida pela via da compreensão mútua e do perdão.
Eis aí tua mãe!
Desejo que Deus abençoe todas as mães do mundo. Tenham um ótimo domingo!
OBS: A ilustração acima refere-se a uma das obras do pintor italiano
Pietro Perugino (1450-1523), datada de 1482, conforme extraído do acervo da Wikipédia em
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Pietro_Perugino_040.jpg
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