Na atualidade brasileira, quando uma minoria de desmemoriados históricos defendem coisas esdrúxulas, tipo uma "intervenção militar" no Brasil, eles certamente se esquecem das insanidades (e atrocidades) que um regime autoritário é capaz de cometer.
Estava há pouco assistindo um vídeo da Guerra das Malvinas, sobre a qual recordo haver assistido nos noticiários do início dos anos 80 quando era criança, embora não compreendesse suficientemente do que se tratasse. E, com meus seis anos de idade, ouvia falar do conflito tal como também escutava o Cid Moreira, apresentador do Jornal Nacional, mostrar os horrores no Oriente Médio envolvendo Irã versus Iraque (1980 - 1988) bem como a longa briga interna no Líbano (1975 - 1990).
Entretanto, a questão das Malvinas foi algo muito pertinho de nós e que gerou uma imbecil guerra aeronaval de dois meses entre a vizinha Argentina e o poderoso Reino Unido nos mares do Atlântico Sul por causa de duas porções insignificantes de terra que se achava debaixo do domínio inglês dese 1833. Mas foi algo que ceifou a vida de centenas de militares de ambos os lados, com mais baixas entre os sul-americanos, terminando com uma humilhante derrota para os invasores das ilhas Falklands.
Ora, o fato relevante era que a Argentina vinha sendo governada por uma Junta Militar tal como ocorreu em praticamente todos os países da América Latina com o apoio dos EUA objetivando conter o avanço do socialismo. Só que, num determinado momento, as coisas não saíram como as potências do mundo capitalista esperavam.
Não raras vezes, governos militares exacerbam quanto ao nacionalismo e se apegam demasiadamente ao poder. Quando se vêem em crise, ao invés de dialogarem equilibradamente com os setores diversos da sociedade, muitos generais apelam para o delírio bélico das massas de modo que o teatro da guerra se torna um meio para desviarem as atenções de uma população insatisfeita.
Não tenho dúvidas de que a 3ª Junta Militar da Argentina acabou por afundar o próprio país que já estava mal das pernas. A guerra piorou ainda mais a economia e significou um severo golpe para a moral do país. E, se teve alguma consequência positiva foi mais no sentido de acelerar o processo de redemocratização, permitindo que o poder fosse finalmente entregue em 1983 a Raúl Ricardo Alfonsín (1927 – 2009), primeiro presidente eleito pelo voto popular desde o golpe de Estado de 1976.
No caso do regime militar brasileiro, felizmente nenhum dos cinco generais que governaram nossa República enveredou-se pelo caminho do belicismo. Porém, foi durante o período de Ernesto Geisel, de 1974 a 1979, que o nosso país construiu a sua desnecessária usina nuclear em Angra dos Reis e denunciou o tratado militar que tínhamos com os EUA. Aliás, no seu mandato, a política externa do Brasil procurou ampliar a presença brasileira na África e com os demais países do Terceiro Mundo (incluindo nisso os vizinhos de América Latina), evitando o alinhamento incondicional aos norte-americanos.
Sendo assim, para que possamos refrescar a nossa memória, compartilho a seguir o vídeo que assisti pelo YouTube sobre a Guerra das Malvinas, o qual considero útil para que não percamos a nossa consciência histórica. Afinal, são os governos democráticos que, por permitirem um amplo debate com a sociedade, podem evitar a tomada de decisões estúpidas.
OBS: Ilustração acima referente ao cruzador ligeiro ARA General Belgrano, minutos antes de afundar em maio de 1982, na Guerra das Malvinas, com atribuição de autoria a Martín Sgut (1951 - 2010), conforme extraído de https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_das_Malvinas#/media/File:ARA_Belgrano_1982.PNG
Passando meu querido amigo para deixar um beijinho e votos de um fim de semana muito feliz.
ResponderExcluirObrigado pela visita, Lenita. Ótimo final de semana para você também. Beijos.
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