Finalmente terminou na noite desta segunda-feira (12/09) o demorado processo contra o ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Por 450 votos a favor, 10 contra e 9 abstenções, o Plenário da Casa Legislativa cassou o mandato do deputado.
A princípio, as consequências imediatas dessa decisão são:
- O parlamentar torna-se agora inelegível por oito anos a partir do fim do mandato. Ou seja, Cunha está impedido de disputar eleições até 2026!
- Deixando o cargo, o ex-deputado perde também o chamado "foro privilegiado" de modo que os inquéritos e ações a que responde na Operação Lava Jato deverão ser enviados para a primeira instância da Justiça Federal. Em outras palavras, Cunha pode cair nas mãos de Sérgio Moro conforme o STF vier a decidir a seu respeito (pode ser que as investigações e ações sejam remetidas para o juízo de outros estados e não do Paraná).
- Toma posse no lugar de Cunha o suplente Marquinho Mendes (PMDB-RJ), sendo o mesmo candidato à Prefeitura de Cabo Frio, município da Região dos Lagos.
Entretanto, o discurso do ex-parlamentar e ex-presidente da Câmara trás em si uma certa ameaça. Cunha, embora tenha atacado o PT, disse ao Plenário que o mesmo destino poderia suceder também aos seus colegas:
"Não é com o Eduardo Cunha, não! Amanhã, será com qualquer um de vocês! Da mesma forma como os 160 que possuem ações ou inquéritos, amanhã, será com vocês também! Porque qualquer um na disputa política aqui vai chegar e vai colocar uma representação — e se quiser, vai cassar —, vai acontecer a mesma coisa, vai afastar qualquer Deputado! (...) Ah, é contra o Eduardo Cunha, vamos embora! Amanhã, será contra vocês! E aí, há várias situações. Nós vivemos aqui um processo puramente de natureza política, eu não tenho dúvida disso. Nós estamos debaixo das eleições, estamos debaixo da vingança, do troféu que querem obter."
A meu ver, o deputado cassado não só teria dito que, agindo de tal maneira, quem estava votando pela perda de seu mandato corria o risco de sofrer algo semelhante, como ele pode ter dado um outro recado de que, caso fique abandonado diante da Justiça, talvez entregue alguns de seus pares em delação premiada...
Pelo que se observa, o fim do mais longo processo da Câmara poderá ser o começo de mais uma nova ferida no apodrecido PMDB, partido do presidente Michel Temer. Provavelmente, muitos parlamentares torcerão para que Cunha consiga responder a seus processos em liberdade e, se condenado, pegar uma pena branda. Do contrário, considero bem provável que ele venha a abrir o bico pro doutor Moro.
Aguardemos!
OBS: Créditos autorais da imagem acima atribuídos a Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil conforme consta em http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-03/presidente-da-camara-fala-na-cpi-da-petrobras-sobre-operacao-lava-jato
Sempre atento às politicas. Parabéns pelo texto!
ResponderExcluirBjos
http://deliriosamoresexo.blogspot.pt/
Obrigado, Larissa, por sua leitura e comentários.
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