De 1999 a 2011, tive o privilégio de morar na cidade serrana de Nova Friburgo da qual tenho muitas saudades em razão de seu agradável clima, das belezas naturais e da boa oferta de serviços que o mercado de lá oferece. Nesse período, fiz belíssimas caminhadas ecológicas na região, tornei-me um defensor das causas ambientais, concluí a faculdade de Direito no campus da Estácio, casei-me com Núbia e fiz várias amizades.
Um dos locais que muito frequentei em Friburgo foi a região de Lumiar onde fiz diversas caminhadas e passeios nas áreas rurais. Principalmente na região do rio Macaé, cujo comitê de bacia hidrográfica ajudei a criar no começo da década passada quando fiz parte da ONG Instituto Planeta Vivo.
Recordo que, no ano de 2001, houve a fracassada tentativa de se aprovar o projeto de construção de uma pequena central hidrelétrica (PCH) no rio Macaé defendida pelo Grupo Monteiro Aranha, mas que foi barrado pelas comunidades de Lumiar e Casimiro de Abreu. A ideia, na época, era edificar uma barragem na localidade de Santa. Luzia e desviar as águas através de um túnel de 7 quilômetros pela rocha até onde seria a casa de força, prevista para ser instalada perto do "Bar do Moisés", em Figueira Branca.
Se tal proposta tivesse sido efetivada, o rio Macaé certamente secaria no inverno entre a barragem e a casa de força, afetando os povoados de Cascata, São Romão e Barra do Sana e, evidentemente, rebaixaria o nível do rio Sana e de outros afluentes que deságuam nesse trecho. Tanto o turismo quanto a preservação do meio ambiente sofreriam irreversíveis impactos, além das comunidades ali existentes e os pequenos produtores rurais.
Foi em meio a essa luta contra a PCH que conheci o saudoso professor Elmo da Silva Amador (1943 - 2010). Incansável militante das causas ambientais, tendo sido um heroico defensor da Baía da Guanabara por longos anos, ele havia se tornado um dos proprietários rurais na região de Lumiar e Casimiro de Abreu. Costumava transitar pela RJ-142 em seu jipe, na época em que parte da estrada ainda era de terra, sendo que foi uma das principais lideranças contrárias ao projeto do grupo Monteiro Aranha.
Para a minha surpresa, fiquei sabendo primeiramente por uma divulgação no Facebook de que, neste ano, um outro projeto estaria novamente ameaçando causar danos ambientais ao rio Macaé. A postagem fazia menção de uma notícia de 09/09 no jornal friburguense A Voz da Serra (clique AQUI para ler) que, por sua vez, remetia a uma petição online de Diego Meyer tendo esta o seguinte texto:
"O rio Macaé é um dos rios mais importantes e conservados do Estado do Rio de Janeiro, um patrimônio coletivo de grande valor socioeconômico e ambiental. Recentemente a empresa ALUPAR Investimentos S.A apresentou ao Comitê de Bacias Hidrográficas do rio Macaé a proposta de construção de 3 pequenas centrais hidrelétricas visando gerar 65 mw/h. Para a PCH - 1 está prevista a vazão máxima turbinada de 12 mil litros por segundo (12m3/s),para a PCH 2 uma vazão de 18 m3/s e para a PCH 3 a vazão de 27 m3/s, todas com túnel de 4m x 4m e aproximadamente 5 km de comprimento escavados na rocha. Os impactos são significativos à vazão de água no trecho entre o poço verde, (pouco acima do encontro dos rios até o final das corredeiras no baixo curso). A água que restaria no rio (em todo o ano) seria a metade (50%) da vazão mínima de referência (Q7/10), ou seja, 50 % da vazão mínima de 7 dias de duração e 10 anos de tempo de recorrência (com um risco de 10% ocorrer valores menores ou iguais a este em qualquer ano). Todo o turismo na região depende do rio conservado. Os danos são graves para a geração atual e para as gerações futuras...Não precisamos e nem queremos PCHs no rio Macaé.Vamos defender o rio, sua liberdade e saúde!!! O rio é um patrimônio coletivo!!! Assine a petição e diga NÃO a esse ganancioso empreendimento privado."
Apesar de ter deixado Nova Friburgo há, praticamente, cinco anos, considerei a relevância dessa briga que não interessa apenas a um, dois ou três municípios fluminenses, mas se encontra relacionada com a preservação de um dos últimos rios limpos do nosso estado. Sem esquecer de que o novo empreendimento afeta tanto a Mata Atlântica quanto a Serra do Mar, ambas consideradas patrimônio nacional, segundo a Constituição Federal (§ 4º do art. 225). Por isso, não só resolvi assinar a petição virtual como também declarar meu apoio à causa, buscando os meios cabíveis para barrar essa insanidade.
Assim, fica aqui registrada a minha posição contra a construção de qualquer PCH no rio Macaé, o qual deve ser preservado para as futuras gerações como uma área de turismo, lazer e conservação do ecossistema nativo. E peço aos interessados que assinem a petição do Avaaz clicando AQUI.
Em memória das corajosas lutas do Elmo Amador e também do professor Rosalvo de Magalhães, outro grande ambientalista de Nova Friburgo e fundador do Centro de Estudos e Conservação da Natureza (CECNA), torço que a população mais uma vez defenda o seu rio contra a loucura de investidores gananciosos.
Tenham todos uma ótima semana!
Valeu Rodrigo
ResponderExcluirObrigado pela lembrança e referência ao meu pai Elmo Amador, foi uma mobilização muito bacana na época que conseguiu barrar o projeto mas o fantasma ficou e agora vem nos assustar novamente, precisamos de uma solução definitiva para isso.
A luta continua...
um abraço
André Amador
Caro André,
ExcluirEu que agradeço por sua visita e comentários no blogue.
Tive a oportunidade de conhecer seu pai já em seus últimos anos de militância. Não cheguei a acompanhar a luta dele na Baía de Guanabara à frente do instituto que representava, mas vi o quanto ele batalhou contra o projeto da hidrelétrica pelo que precisamos enfrentar a má disposição da Prefeitura de Nova Friburgo em consentir com aquela insanidade.
Mais uma vez o fantasma torna a assombrar e precisamos ficar de olho já que, na atualidade, o INEA não tem sido transparente e nem democrático quanto a muitos projetos que lá tramitam. Porém, acredito que vamos vencer mais esta.
Um abraço