Uma década de casamento

Nesta sexta-feira (04/03/2016), eu e Núbia comemoramos nossos dez anos de casamento, muito embora já estejamos juntos há dezessete carnavais.

Uns dizem que esse considerável período de convivência a dois na relação conjugal corresponde às "bodas de estanho" enquanto para outros seriam as "bodas de zinco". E, obviamente, deve haver um sentido específico para a escolha desses metais como elementos representativos de uma década de matrimônio.

Quanto ao estanho, segundo pesquisei na Wikipédia, trata-se de "um metal prateado, maleável, sólido nas condições ambientais, oxidando-se facilmente com o ar e resistente à corrosão". Diz ainda o site que seu uso se destina a "produzir diversas ligas metálicas utilizados para recobrir outros metais para protegê-los da corrosão". Por isto, pode ficar exposto à água, inclusive do mar. Mas corre o risco de ser atacado por ácidos fortes, bases e sais ácidos

Elaborando então uma breve analogia, não seria equivocado afirmar que as bodas de dez anos caracterizariam-se por reunir ao mesmo tempo resistência e vulnerabilidade. Logo, trata-se de uma relação atravessando ainda um processo de aprimoramento. E, apesar do tempo de experiência, devem ambos os companheiros ser zelosos no que diz respeito aos seus interesses, emoções, sentimentos, condutas, etc.

Ter a consciência dos "ataques de ácidos" capazes de prejudicar o casal é de grande importância para que haja uma permanente reciclagem relacional. São problemas que jamais podem ser negados, porém admitidos para que sejam sanados. Ou melhor dizendo, para que tanto o marido quanto a esposa desenvolvam a habilidade de lidar com situações adversas cujos resultados são desgastantes.

O fato é que a fase de lua de mel num casamento pode durar poucos anos ou, às vezes, menos de 12 meses. Entretanto, cabe aos cônjuges reinventarem a relação a cada dia procurando inspirações para que não se tornem reféns dos problemas e dificuldades. E aí o diálogo aberto com intimidade tem muito a contribuir.

Nesses dez anos com Núbia, tive momentos muito dolorosos quanto aos seus problemas de saúde e que afetam as nossas finanças. Não vou me recordar dessas situações agora expondo-as aqui ainda que traga em minha memória as feridas que ainda fazem parte do nosso momento e, por isso, ainda não viraram cicatrizes. Só que toda essa luta de algum jeito contribuiu para o nosso fortalecimento como casal.

Sem ter a pretensão de me tornar um mestre de outros cônjuges, até porque tenho muito o que aprender, ressalto aqui mais uma característica do estanho que é a de "recobrir outros metais para protegê-los". Pois tendo o tempo como o nosso professor, é certo que os fatos bons e ruins acontecem e, se duas pessoas que se amam conseguem se manter unidas diante das "tempestades", elas vão acumular uma experiência de vida capaz de confortar e de encorajar casais mais jovens.

Na presente data, o que quero é continuar caminhando, ter dias mais felizes ao lado de minha esposa, ver minha consorte com saúde, iluminar meu entendimento para tentarmos sair do sufoco que estamos atravessando nos últimos anos e aproveitar o hoje da melhor maneira conforme as condições permitem. Pois, mesmo sendo uma comemoração humilde e limitada, a ocasião jamais perde o seu significado.

Um abraço a todos os meus leitores que torcem por nós e tudo de bom!