Achei bem sábio e sensato o posicionamento feito pelo Comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, durante um evento na região amazônica, ao comentar sobre o esdrúxulo pedido de "intervenção militar" feito por alguns manifestantes minoritários nos protestos contra o governo. Segundo ele, trata-se de um tipo de atitude que seria "lamentável":
"Eu acho lamentável que, num país democrático como o Brasil, as pessoas só encontrem nas Forças Armadas uma possibilidade de solução de crise. Mas Isto não é extenso nem generalizado e, felizmente, está diminuindo bem a demanda por intervenção".
Na sua opinião, a situação de hoje não se compararia com a de 1964 pela ausência do "fator ideológico", ao considerar que, na época, o país vivia o contexto da Guerra Fria e que "a sociedade brasileira cometeu o erro de permitir que a linha de fratura da Guerra Fria a dividisse". Considerou também que, na atualidade, temos "instituições sólidas e amadurecidas, com capacidade de encontrar os caminhos para sair dessa crise".
Concordo com as colocações do general, combatendo apenas a possível ideia de que, há 52 anos atrás, fosse necessária uma intervenção militar, a qual me pareceu implícita nas suas palavras. Entendo que a adoção de um regime de exceção até hoje assombra a nossa História juntamente com as memórias do colonialismo e da escravidão. Isto porque o período de repressão (1964-1985) foi péssimo para o desenvolvimento sócio-cultural brasileiro, formando um cidadão incapacitado para tomar parte na vida política da nação.
De qualquer modo, apesar das Forças Armadas ainda não admitirem o erro histórico cometido em seu passado quase distante (talvez seja até estratégico manterem mais um pouco esse posicionamento), hoje ela valoriza a democracia e as instituições civis. E, neste sentido, considero benéfico até mesmo a discrição dos nossos militares quando comentam sobre a vida política do país. É como podemos observar na Campanha pela Moralidade Nacional, defendida pelo Clube Militar, em que se nota um caminhar progressista da categoria cada vez mais aberta a uma visão plural a ponto de ter como um de seus colaboradores o escritor nada convencional Fernando Gabeira.
De acordo com o comandante, a sociedade "sente-se carente" quanto aos valores éticos e morais das Forças Armadas, bem como em relação à sua eficiência. Porém, acredito que tal demanda se explique pelo nosso processo de aprendizado rumo à maturidade democrática tal como ocorre com o jovem ao iniciar a vida adulta quando já não pode mais contar com as orientações do pai ou de um tutor. E, neste sentido, temos hoje tanto no Exército, como na Marinha e na Aeronáutica instituições estabilizadoras que, certamente, ajudarão na preservação do Estado Democrático de Direito dando estímulos para os próprios civis tocarem o barco.
Para quem imagina serem os nossos militares do século XXI adeptos do golpismo encontra-se redondamente enganado. Aliás, as pessoas precisam se informar mais sobre o pensamento atual das Forças Armadas e desconstruírem a visão estereotipada que muitos ainda têm dos generais, a qual é resultante de uma equivocada generalização.
É isso mesmo Rodrigão. O general jamais vai entrar nessa fria (intervenção). Contudo, não deixou de dar uma bem aplicada cutucada (rsrs) ao dizer: "... a sociedade sente-se carente quanto aos valores éticos e morais das Forças Armadas".
ResponderExcluirÉ isso mesmo Rodrigão. O general jamais vai entrar nessa fria (intervenção). Contudo, não deixou de dar uma bem aplicada cutucada (rsrs) ao dizer: "... a sociedade sente-se carente quanto aos valores éticos e morais das Forças Armadas".
ResponderExcluirBom dia, Levi.
ResponderExcluirRealmente dá para perceber pelos comentários feitos pelo comandante que ele, assim como outros militares do alto escalão das Forças Armadas, parecem olhar com simpatia os movimentos cívicos contra a corrupção muito embora não estejam nem um pouco dispostos a tomarem parte.
Melhor assim, não acha?
Caro Rodrigo,
ResponderExcluirQuanto tempo, hem... Percebo implícito no pronunciamento do general que, acima de todas as divisões políticas, está a nossa nação brasileira. Foi nela que nascemos, nela haveremos de morrer. Portanto, mesmo no auge da luta política, lembremo-nos de que é preciso resguardar a Petrobras. Expurguemos os corruptos, sejam de que partido forem, mas não destruamos a empresa brasileira que descobriu o Pré-Sal, garantia de nosso futuro. Uma das maiores qualidades dos militares sempre foi o nacionalismo. Eles hão de compreender que o Pré-Sal é e tem que continuar a ser nosso, qualquer que seja o resultado da luta política. Não joguemos fora a criança junto com a água do banho!
Bom dia, Marcos!
ResponderExcluirConcordo com o que colocou. Temos que recuperar aquela que por décadas tem sido a maior empresa brasileira. Ainda que daqui uns tempos a atividade petrolífera deixe de ser menos importante devido ao uso de outras fontes energéticas mais limpas e o preço do produto esteja baixo no mercado internacional, a Petrobrás continua sendo fundamental para o Brasil nesse momento.
Feliz Páscoa e fico feliz em reencontrá-lo no Blogger depois dos calorosos debates que tivemos se, não me engano, no Café História
Abraços.