Páginas

terça-feira, 8 de março de 2016

E se o LULA for preso?




Na semana passada, correspondi-me por e-mail com o cientista político e ex-prefeito do Rio Dr. Cesar Maia, o qual mantém um informativo na internet chamado Ex-Blog do César Maia. Oportunamente, eu havia questionado-o quanto à sua tese sobre um possível licenciamento da presidente Dilma constante na edição de 29/02 e recebi a seguinte resposta:

"Numa conjuntura de crise como essa, é dificil ter precisão.
A minha é uma hipótese.
A sua outra hipótese distinta.
Ambas possíveis.
Agradeço seus comentários.
Apenas lembro: Lula é a peça chave. Não há PT sem Lula.
É o interesse de Lula que vai prevalecer." (destaquei)

Meditando em suas conclusões, fiquei pensando sobre como a praga do lulismo poderia ser exorcizada da política brasileira e se, de fato, uma triunfal prisão do elemento poderá produzir resultados positivos para o desenvolvimento da nossa democracia.

Há momentos em que nós advogados e operadores do Direito precisamos fazer uma análise não jurídica da situação. Principalmente quando estamos lidando com delicadas questões políticas capazes de dividir uma sociedade e que podem levar anos ou décadas para cicatrizarem.

Certamente que um homem não se destrói prendendo-o e nem matando-o. Pois mesmo depois do sepultamento físico, a imagem do falecido ainda sobrevive por uns tempos no meio social por meio de suas obras e pensamentos. Seria o caso do pai dos CIEPs (Brizola), do construtor de Brasília (Juscelino) e do presidente que estabeleceu direitos para os trabalhadores urbanos (Vargas). Também no meio internacional poderíamos citar alguns nomes que marcaram o século XX como Nelson Mandela, Martin Luther King e Gandhi, além daqueles que se fazem presentes há milênios: Jesus, Confúcio. Sócrates, Platão, Aristóteles, Buda, Moisés, etc.

Ora, os maus espíritos também assombram ainda que a "ressurreição" deles dure um breve período como ainda podemos falar de Hitler e de muitos ditadores até hoje cultuados em seus países. Aí devemos ter em mente que a memória humana é capaz de guardar tanto as coisas boas quanto as más, assim como vilões podem se passar por heróis.

No atual momento crítico atravessado pelo País, duas coisas me causam preocupação sobre o que pode ocorrer depois de um possível triunfo da oposição. Uma delas seriam as más interpretações do cada vez mais próximo impeachment da Dilma e a outra diz respeito a uma iminente prisão do Lula.

Quanto ao afastamento da presidenta, compartilhei recentemente no artigo Anular as eleições é preferível do que impeachment, publicado aqui anteontem, sobre a necessidade de deixar o próprio povo escolher se quer manter o PT no poder ou optar pelo caminho da mudança. Termos novas eleições presidenciais em 2016 seria o melhor remédio para não haver o sentimento de que houve mais um "golpe" no Brasil. Logo, sou pela procedência da ação movida pelo PSDB perante o TSE, o que machucaria menos do que haver um outro processo de impeachment na nossa história republicana.

Acontece que essa pretendida disputa precisaria muito da presença do senhor Lula! Pois não terá a mínima graça ver a oposição ganhando com o ex-presidente preso ou impedido de concorrer ao pleito na condição de "ficha suja". Isto porque é necessário que o eleitor rejeite o PT nas urnas e tenha a oportunidade de manifestar-se para que todo esse processo de faxina ética se revista de legitimidade democrática.

Contudo, se houver impeachment e Lula for preso, o Brasil pode explodir em revoltas. Nas cidades, teríamos mobilizações da CUT enquanto, no campo, invasões do MST. No começo, poderia ser só uma meia dúzia de partidários mas, depois, o povo começaria lentamente a aderir. E o pior resultado seria o descrédito das instituições estatais já desgastadas bem como uma sobrevida ao lulismo cuja duração pode ir além da sua morte física alimentando um nefasto populismo de esquerda.

Suponho que a estratégia do PT seja segurar o poder o máximo de tempo. Dificilmente Dilma renunciaria a fim de deixar o cargo livre para Temer a ponto de entregar a máquina estatal faltando uns poucos meses para as eleições municipais. Porém, caso os petistas precisem concorrer com os tucanos tendo lá poucas chances de êxito, substituir Dilma por Temer bem que se tornaria uma alternativa para que sejam colocados panos quentes. Aliás, o PMDB está tão envolvido quanto o partido da presidenta e conseguiria acalmar a oposição bem como as investigações.

Tomara que tenhamos logo novas eleições!


OBS: Artigo originalmente publicado no blogue da Confraria dos Pensadores Fora da Gaiola em 07/03. Ilustração acima sobre o Pixuleco (o boneco do Lula) extraída de uma página do portal Política com K, conforme consta em http://www.politicacomk.com.br/pixuleco-boneco-de-lula-deve-voltar-as-ruas-em-brasilia-no-dia-7-de-setembro/

OBS 2: Em seu informativo de ontem, César Maia comentou:

"(...) Dilma está totalmente isolada em seus palácios, enquanto Lula se despe da roupagem do “Lulinha paz e amor” e conclama suas tropas para a guerra. A possibilidade de impeachment de Dilma é cada vez mais real e a próxima etapa do processo deve ocorrer nas ruas. As bandeiras vermelhas, em minoria, vão tentar ganhar no grito – ou na pancadaria."

É possível que daqui pra frente o PT passe a mostrar sua face fascista e intolerante com a sua meia dúzia de militantes nos movimentos de rua. Para que isto não cresça, há que se ter cautela com a estratégia de vitimização de Lula adotada pelo "sapo barbudo" que virou "jararaca".

Nenhum comentário:

Postar um comentário