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sexta-feira, 16 de março de 2018

A perda de um amigo



Na tarde desta sexta-feira (16/03), ao retornar da rua com Núbia, recebi uma triste notícias mas que já aguardava que não demorasse muito a acontecer. Assim que voltamos para casa, minha cunhada Sandra veio logo nos contar que o nosso gato Tigrão (foto) havia morrido pela manhã.

É a primeira vez que perco um animal por motivo de velhice, pois os outros bichos que tive geralmente sofreram algum acidente ou ficaram doentes. Ou então, foram doados para outra família cuidar deles.

No caso do Tigrão, esse gato tem uma longa história que começou há mais de 17 anos quando Núbia o encontrou numa caçamba de lixo em Niterói, cidade onde morava em 2001. Foi o que ela contou na postagem publicada em seu blogue dia 02/12 do ano passado:

"Achei esse gato ao lado de uma caçamba de lixo. Ele miava muito, tinha os olhinhos fechados e estava ainda com o umbigo. Levei Tigrão para a casa onde na época morava com meus pais e mais alguns gatos e um cachorro no bairro Fonseca, em Niterói, e fiquei cuidando dele. Dei banho e leite misturado com água com a ajuda do conta gotas." (Extraído de https://cantinhodanubia.wordpress.com/2017/12/02/vigesimo-oitavo-dia/)

Na época, a gente já namorava fazia uns dois anos. Por isso, o animal não veio morar comigo de imediato. Apenas passou uns dias numa casa que eu alugava em Amparo, distrito de Nova Friburgo. Aliás, isto ocorreu logo depois que ela achou o felino que ainda era um filhotinho.

Até que eu e Núbia nos casássemos em março de 2006, sua família mudou-se algumas vezes de residência dentro de Niterói, levando com eles o Tigrão que sempre se manteve apegado aos donos. Meu sogro, seu Francisco, faleceu em meados de 2002 e chegou a conviver com o gato por mais de um ano. Só depois, em 2011, é que a mãe de Núbia, dona Nelma, e a Sandra vieram para o bairro Kosmos, na região de Campo Grande, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. 

Nos tempos de moradia em Niterói, novamente o Tigrão quase morreu. Só que ao invés de ser triturado por um caminhão de lixo, o gato comeu algo envenenado. É o que Núbia também relatou no blogue dela ano passado:

"Certo dia, quando saí bem cedo para malhar na academia, encontrei Tigrão evacuando verde e tendo cólicas fortíssimas. Mandei minha irmã ligar para o veterinário dele, o qual chegou em vinte minutos vindo de um bairro longe. E, mostrando-se muito preocupado com  quadro, falou que era caso de envenenamento por chumbinho, sugerindo que rezassemos. Pois, segundo suas palavras, “só um milagre” salvaria o gato. Após três dias de internação, nossas orações para São Francisco foram ouvidas. Tigrão voltou para casa saudável e cheio de amor para dar. E eu com a conta da internação para pagar…"

Finalmente, no final de 2011, sendo Tigrão já um animal idoso, foi que ele chegou a Muriqui, sua última residência. Faltando menos de um ano para que eu e Núbia viéssemos para cá, dona Nelma e Sandra adiantaram-se na mudança após a curta passagem delas por Campo Grande. E, nesses seis anos e pouco, o bichano teve o período mais tranquilo de sua vida pois já nem ousava sair de dentro do quintal. Aliás, ele ficava quase sempre próximo à casa e costumava dormir na varanda da parte de trás. Pela manhã, afastava-se um pouco indo instintivamente para um local descampado a fim de apanhar sol.


Pouco antes de vir morar em Muriqui, na segunda metade de agosto de 2012, trouxe comigo a gata Sofia que já convivia comigo e com Núbia desde os tempos de Nova Friburgo, mais precisamente desde o Natal de 2007. No começo, Tigrão e ela se estranharam, rosnando um para o outro, tendo ele sido várias vezes atacado pela hostil nova moradora até que ambos se acostumaram.

Nos últimos meses, dava para notar que Tigrão estava mesmo perdendo as suas forças. Como um humano velhinho de seus noventa e tantos anos, ele ficava bem quietinho num canto qualquer escolhido, quase imóvel. Foi como minha esposa registrou em dezembro:

"Meu gato já não tem a mesma vitalidade da juventude. Não pula mais de lugares altos (nem baixos). Não corre e anda com as pernas trêmulas (...) Quando damos carninha, temos que picar em pedaços bem pequenininhos pois hoje ele não tem mais a mesma força para mastigar e já perdeu uma presa."

Nas últimas semanas, notamos um adoecimento normal da idade e já não estava fácil fazê-lo comer. Minha cunhada chegou a levar Tigrão a uma veterinária, a qual indicou um tratamento por meio de suplementos. Ela chegou a comprar umas vitaminas, mas Núbia achou melhor que suspendesse a medicação e deixasse o amigo partir naturalmente sem ficar prolongando o sofrimento dele.

Quando recebemos a notícia de sua passagem nesta sexta, não esperávamos que seria logo hoje, mas já sentíamos que o momento dele estava próximo e que não comemoraríamos outro Natal com Tigrão. Talvez só a Páscoa, os nossos aniversários em abril e uns acréscimos de meses, mas ele se foi. E, quando chegamos em casa, Sandra já o tinha enterrado.

De qualquer modo, considerei que a vida de Tigrão foi feliz. Pois, além de Núbia haver salvado o gato pelo menos duas vezes, ela lhe proporcionou afeto, abrigo e alimento. E eu, por mais de cinco anos e meio, tive a honra de sua companhia, em que ele se aproximava de mim estava no lado de fora da casa para contemplar a natureza do quintal. E ás vezes me chamava junto à porta dos fundos com seus insistentes miados quando queria comida ou simplesmente um pouco de atenção.

Agora descanse, Tigrão! E muito obrigado pelos anos de seu companheirismo.

2 comentários:

  1. olá, Rodrigo e Núbia!

    tão lindo e esclarecedor esse seu texto!
    Tigrão partiu, mas deu e recebeu mto carinho.

    beijos para ambos.

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    1. Olá, CEU.

      Obrigado por seu comentário.

      Realmente o Tigrão foi um gato muito bom e dócil que tínhamos.

      Amizades dos bichos geralmente são as mais sinceras e espontâneas que temos neste mundo e que podem superar muitos humanos.

      Um abraço e ótimo final de semana!

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