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segunda-feira, 5 de março de 2018

Comemorando os 12 anos de casados com uma viagem histórica



Praticamente todo ano costumo postar algo sobre as comemorações de meu matrimônio com Núbia em que, dentro das possibilidades, procuramos festejar o momento. E, desta vez, decidimos fazer uma viagem.

Quando foi no sábado (03/03) resolvi surpreender Núbia chamando-a para passar uns dias fora de casa, coisa que ela topou na hora. Há muito tempo que não viajávamos, sendo que os dois últimos passeios para longe foram em duas visitas familiares, nos anos de 2015 e de 2016, ambos em Brasília, onde minha mãe mora. Depois disto, só saímos juntos da região para fins de consultas ou tratamentos médicos. E, desde que viemos morar em Mangaratiba, no segundo semestre de 2012, praticamente paramos de fazer turismo. Só dentro do Município em poucas ocasiões voltando no mesmo dia...

A princípio, neste último final de semana, eu pretendia passar uma só noite numa pousada que tem na região da Serra do Piloto, 5º Distrito de Mangaratiba, pensando em acrescentar uma visita ao Parque Arqueológico de São João Marcos, situado no município vizinho de Rio Claro, que Núbia ainda não conhecia. Porém, tive a bendita ideia de estender um pouco a viagem indo até o município seguinte de Bananal, uma cidade histórica, depois da divisa do Estado do Rio de Janeiro, já entrando em São Paulo. E, deste modo, pude conhecer um lugar novo onde as plantas de meus pés até então ainda não tinham tocado.

Entretanto, até chegarmos a Bananal, foi uma grande aventura ter mostrado a Núbia os lugares de interesse histórico existentes na rodovia RJ-149 que é parte da estrada que ia de Mangaratiba a São João Marcos, construída em meados do século XIX pelos escravos para transportar a produção cafeeira até o litoral. E, no caminho, registramos em imagens os pontos de interesse histórico como o Mirante Imperial, o Bebedouro da Barreira e a Cachoeira dos Escravos, todos ainda no meu Município.




Ainda na Serra do Piloto, tão logo chegamos à sede do Distrito, não perdemos a oportunidade de experimentar o gostoso café orgânico e artesanal produzido ali por perto. Acabei comprando meio quilo de pó moído na hora e tirei fotos de peças de artesanato bem como de uma cerveja puríssima fabricada pelo sócio do artesão dono do estabelecimento onde paramos.






No Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, a chuva não nos impediu de conhecer o lugar que, no passado, foi uma próspera cidade. E, se não fosse por causa da construção da Represa de Ribeirão das Lages, no início da década de 40 do século XX, ainda existiriam até hoje pessoas morando nas suas residências que, por ordem do governo Vargas, foram todas destruídas assim como a Igreja Matriz e a velha casa do Capitão Mor.





Núbia adorou ter conhecido esse lugar que, por coincidência ou não, corresponde à região onde dona Nelma, a mãe dela, nasceu, em meados anos 30, pouco antes da destruição de São João Marcos. Só que ninguém de sua família havia chegado a visitar o lugar. Nem mesmo a mãe que fora criada em sua infância no Centro de Mangaratiba por uma outra família. Já o avô de Núbia, com quem ela nunca teve contato, possuía uma terrinha na zona rural do extinto município.

Enfim, chegamos no final da tarde a Bananal e, depois de nos instalarmos na Pousada Trilha do Ouro, situada numa histórica rua cheia de casarões antigos do século XIX, não nos faltou ânimo para circular na night. Tomamos um banho e fomos fazer a nossa refeição num restaurante com música ambiente. E, quando saímos de lá, pegamos novamente bastante chuva como em São João Marcos.


Já no domingo (04/03), exatamente doze anos depois que nos casamos em 2006, fizemos um passeio por antigas fazendas de Bananal cujas construções são datadas dos séculos XVIII e XIX. Claro que não foi possível percorrer todas num único dia, porém tivemos a oportunidade de conhecer três glebas, das quais duas delas oferecem o serviço de visita guiada e a outra hoje é um hotel rural com restaurante.

A primeira visita foi na Fazenda dos Coqueiros, que fica bem próxima ao Centro de Bananal. Na casa grande, além dos móveis e dos utensílios da época, bem como das obras de arte, observamos os antigos instrumentos de tortura dos trabalhadores escravos. Pois, no passado, ali foi um lugar muito doloroso de modo que algumas pessoas mais sensíveis chegam a compartilhar um pouco dos sofrimentos experimentados pelos cativos. Inclusive eu fiquei perplexo com o apertado espaço da senzala onde os escravos domésticos dormiam debaixo da casa. Até Núbia que tem pouco mais de um metro e meio precisou se abaixar para entrar lá.





Durante a visita guiada, a atual proprietária nos recebeu de maneira bem receptiva e contou um pouco da História do que se passou naquela fazenda, quem foram os seus antigos donos, os vários tipos de escravos existentes (usavam os negros até para lamber feridas) e ainda nos mostrou as alcovas que eram quartos sem janelas onde moças virgens ficavam confinadas para que tivessem a "honra" preservada. E recebemos uma excelente aula!

Partindo em seguida para a Fazenda Loanda (primeira foto da postagem), a qual, no passado, pertenceu a antigos traficantes de escravos, recebemos uma outra maravilhosa explicação sobre aqueles tempos terríveis, em que o outro lado das riquezas da produção cafeeira do século XIX jamais poderá ser esquecido. Sendo uma construção de mais de 700 metros quadrados, datada ainda do século XVIII (antes da Independência do Brasil), a gleba chegou a ter uma igrejinha dedicada à Santa Terezinha até hoje preservada onde um padre rezava missas. E, além dos vários móveis e utensílios da época, pude fotografar um piano alemão que ninguém hoje em dia consegue mais afinar e uma liteira, na qual pessoas eram carregadas pelos explorados trabalhadores da fazenda.








Já na última propriedade, na Fazenda Boa Vista, não ficamos tanto tempo como nas anteriores pois atualmente ela se trata de um hotel fazenda sem oferecer visitas guiadas. No entanto, o lugar já foi cenário de algumas filmagens famosas da TV GLOBO assim como algumas outras propriedades de Bananal. Só que, na falta de um guia e estando Núbia a se sentir um pouco cansada, preferimos retornar para a cidade onde almoçamos, descansamos na pousada (ela dormiu e eu não) e, no começo da noite, aproveitamos para dar uma outra volta pelo centro histórico.




Assim, festejamos os doze anos de matrimônio comendo pizza e depois tomando um pouco sorvete. Foi, como já coloquei, uma comemoração a dois como há tempos não tínhamos. E estávamos mesmo a precisar de um momento assim, conhecendo novos ambientes.

Confesso que há anos estava doido para visitar Bananal. Não só por se tratar de um lugar de interesse histórico, sendo o município paulista mais próximo de Mangaratiba (mais perto do que ir ao Centro do Rio de Janeiro), com belas cachoeiras e um parque ecológico magnífico, como também pelos incríveis roteiros de caminhadas que ali existem. Só que, desta vez, abri mão de fazer aventuras no meio da floresta para poder estar com Núbia, de modo que, para uma outra oportunidade, desejo retornar à região a fim de subir até à Serra da Bocaina e quem sabe fazer a famosa "Trilha do Ouro" que ligava o litoral ao Vale do Paraíba, várias décadas antes do desenvolvimento da produção cafeeira no século XIX.

Nossa volta nesta segunda-feira (05/03) para Muriqui foi tranquila. E, ao invés de irmos novamente por Rio Claro e pela Serra do Piloto, fomos até Barra Mansa onde almoçamos e de lá descemos a Serra das Araras pela via Dutra. Passamos rapidamente por Piraí, Seropédica e Itaguaí até chegarmos em casa ainda com o dia claro, faltando menos de uma hora para o sol se despedir.

Futuramente, se a saúde e as finanças nos permitirem, quero ter novas experiências de viajar com Núbia. Nem que seja uma vez por ano rumo a algum lugar não muito distante. Porém, posso dizer que o momento vivido no fim de semana já valeu para esta comemoração. Pois, afinal é o aqui e o agora que de fato importam.





Ótima semana, meus amigos! E muito obrigado pela leitura de vocês.

4 comentários:

  1. Fiquei impressionada com a Fazenda dos Coqueiros. Senti uma energia totalmente diferente ao estar ali. Cheguei a chorar. Foi muita tristeza pelo que as pessoas sofreram no passado.

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  2. Foi umas das melhores viagens que fizemos recentemente.

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