É simplesmente ridícula essa "repactuação" proposta pelos articuladores do PT no Congresso a fim de evitarem o impeachment da Dilma. Com o desembarque do PMDB, o governo agora propõe cargos em troca de voto. Na última sexta-feira (01/04), o ministro-chefe de gabinete da presidente, Jaques Wagner, afirmou que "chegou a vez" de os "pequenos partidos" terem "os melhores ministérios" na Esplanada.
A que ponto chegou o PT?! E a que têm se destinado os cargos públicos, os quais, ao invés de serem ocupados por pessoas capazes e honestas, tornaram-se moedas de troca para o governo garantir os 172 votos na Câmara dos Deputados?! Como noticiou hoje o Jornal Nacional, a aposta da semana é sobre o PP e o PR:
"O Planalto espera que até quinta-feira (7), os dois partidos declarem apoio a Dilma. Leia-se votos contra o impeachment. Não estarão fechados, mas poderão chegar a 65 votos mais ou menos. Em troca, o governo promete um ministério para cada um. E, assim, o Partido Progressista passaria a ter duas pastas e o PR duas também." (clique AQUI para ler a reportagem toda)
Aqui no Rio de Janeiro, o governador em exercício Francisco Dornelles (PP) já tem se antecipado em defender a presidenta contra o impeachment, conforme declarou numa recente entrevista concedida ao jornal O DIA, apelando inteligentemente para o medo das pessoas (leiam AQUI na íntegra):
"Não vejo o governo radicalizando. Mas acho que pode radicalizar. Acho que, se houver o impeachment da Dilma, vamos ter uma instabilidade. Porque o PT não sabe governar, mas sabe fazer oposição muito bem. E o governo que assumir dentro da linha conservadora vai tomar medidas muito impopulares. Pode aumentar o desemprego, o custo de vida, cortar alguns benefícios sociais. Pode tornar esse país ingovernável, o caos (...) Considero a Dilma uma pessoa séria, honesta. Uma pessoa que contra ela não se pode alegar qualquer desvio de conduta"
Quanto aos cargos, o vice do Pezão não teve nenhum pudor em comentar a respeito quando perguntado se o seu partido ocuparia o Ministério da Saúde:
"Estão oferecendo dois ministérios ao PP: Integração Nacional e Saúde. Integração já temos, mas eles querem mudar o ministro. Parece que é Cacá Leão. Para a Saúde, está aparecendo o Ricardo Barros. Eu o indicaria para qualquer ministério porque tem uma capacidade de articulação grande, é trabalhador, e votou no Aécio (Neves)."
Obviamente que há muito mais coisas em jogo e umas das estratégias do Planalto tem sido incluir nas negociações, além dos cargos de ministérios, segundo e terceiro escalões, também a ausência do parlamentar em plenário no dia de votação. Isto porque, para a oposição aprovar o impeachment, serão necessários 342 votos de modo que a falta de um deputado significa voto a favor da presidenta.
Como se já não bastasse essa grande "liquidação", ainda assistimos hoje a apelativa defesa do advogado-geral da União. Segundo o ministro José Eduardo Cardozo, o processo de impeachment teria sido aberto por "vingança" do presidente da Câmara. Ou seja, o motivo seria porque o PT votou pela continuidade de processo que investiga Cunha no Conselho de Ética.
Fica evidenciado o desespero do governo ao ver os seus dias contados e, por isso, os seus articuladores deverão mandar a coerência e a ética às favas tentando a presidenta se segurar no poder o máximo que puder. E mais ainda, não seria equivocado dizer que o PT já se encontra numa inegável pré-campanha política para 2018 ao querer plantar na cabeça das pessoas a absurda ideia do "golpe".
OBS: Foto acima extraída de uma das páginas da EBC com atribuição de autoria a Douglas Fernandes/Flickr/CCBY, conforme consta em http://radios.ebc.com.br/reporter-nacional/edicao/2015-10/dez-novos-ministros-tomam-posse-hoje
Fico pensando com os meus botões. Será essa a política que queremos para o nosso país?! Por que os manifestantes idealistas da esquerda que vão às ruas contra o impeachment não se auto-questionam sobre essa aliança comprada do PP e do PR enquanto eles mesmos tomam as dores de um governo, decadente como se Dilma estivesse sendo vítima de um "golpe"? Fala sério, galera do PSOL, PCO, CUT, MST, UNE e outros grupos mais. Vamos acordar! Se o impeachment for barrado, ainda não será o trabalhador quem irá governar o Brasil...
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