Após a vitoriosa votação na Câmara dos Deputados, o processo de impeachment seguirá seu curso no Senado sendo provável que, por maioria simples, Dilma venha a ser afastada em maio pelo prazo de até 180 dias.
Desse modo, o vice-presidente Michel Temer já está articulando o seu futuro governo que poderá ter na pasta da saúde o tucano José Serra. Políticos e empresários andam a procurá-lo tanto na sua residência em São Paulo quanto no Palácio do Jaburu e, nesta manhã, ele rebateu as acusações de Dilma na imprensa internacional de que o impeachment seria "golpe", conforme respondeu numa entrevista à CNN:
"O processo de impeachment é legal e constitucional. A visão no exterior atualmente é de que o Brasil é uma pequena república, que é capaz de um golpe. Por isso, eu digo que não há golpe, nem tentativa de violar a Constituição. Sessenta e dois por-cento da população brasileira são favoráveis ao impeachment. Então, que conspiração eu estou liderando? Eu tenho poder para convencer 367 deputados e mais da metade da população brasileira? Acho que é mais um equívoco"
Verdade é que, embora mais da metade da população apoie o impeachment, a maioria dos eleitores também não é simpatizante do vice da Dilma. Uma recente pesquisa do IBOPE, realizada do dia 14 a 18 deste mês, mostrou que 62% dos 2.022 entrevistados nos 142 municípios preferem novas eleições presidenciais. Vejamos, pois, como tais pessoas se posicionaram sobre qual seria a melhor forma de superarmos a crise política, a qual diverge da solução da maioria dos nossos deputados:
62% - Dilma e Michel Temer saírem do governo e ocorrerem novas eleições para presidente;25% - Dilma continuar seu mandato com um novo pacto entre governo e oposição;8% - Dilma sofrer impeachment e o vice-presidente Michel Temer assumir a presidência;3% - Não sabe/não respondeu;2% - Nenhuma dessas/outra.
O fato é que existe uma crise econômica, a qual antecede a política. Seriam a falta de crescimento do país e o desemprego que, aliados à perda da credibilidade institucional, fazem a popularidade de qualquer governante despencar. E para tanto vai ser preciso que o Planalto tome medidas impopulares visto que não existe mágica, sendo óbvio que, se Temer não aumentar impostos, precisará demitir funcionários, cortar programas sociais, mexer nas regras da Previdência, atrasar a execução de obras, diminuir os repasses de recursos para os municípios e estados, etc. Empresários mais realistas já duvidam que o PMDB será capaz de tirar do papel as propostas do documento "Uma ponte para o futuro".
Ora, considerando que, no julgamento de Dilma, sua cassação não dependerá de maioria simples, mas, sim, de dois terços, considero pouco previsível se, até o fim de novembro, a oposição conseguirá assistir ao despejo da presidenta do Palácio da Alvorada. Temer precisará ser nesse breve período um articulador bem cauteloso precisando agradar toda a sociedade, a mídia e formar uma base aliada. Seu desafio não será nada fácil até porque, como mostrou o IBOPE, o seu comando na presidência com o impeachment tem menos de um terço da aceitação quanto à permanência da atual mandatária.
Todavia, a única vantagem de Temer é que não existe uma rejeição consolidada à sua pessoa. O que temos seria uma falta de credibilidade generalizada, não havendo na sociedade grandes expectativas quanto ao vice-presidente. Logo, talvez o melhor para ele seja permanecer humilde, aparecendo pouco e, no último trimestre, mostrar os pequenos resultados obtidos apesar da ferrenha oposição que surgirá por parte do PT, da CUT, MST, PCdoB, UNE, PSOL etc. Por isso, não convém adotar medidas de impacto agora. Só mesmo depois que as coisas estiverem encaminhadas.
OBS: Imagem acima extraída de uma página da EBC com atribuição de créditos autorais a Antônio Cruz da Agência Brasil.
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