Em Mangaratiba,
o Natal não chega apenas pelo calendário.
Ele nasce devagar,
entre a serra e o mar,
no verde que insiste em viver,
na água que corre,
na gente que permanece.
Aqui, o nome já diz tudo:
terra de abundância,
lugar onde a vida encontra solo
e decide ficar.
O presépio se espalha
pela Mata Atlântica que resiste,
pela restinga que protege,
pelas praias onde o azul aprende a ser esperança.
Entre trilhas, cachoeiras e ilhas,
a criação inteira parece sussurrar
que Deus gosta de nascer onde há cuidado.
Mas Mangaratiba não é só paisagem.
É história viva.
É memória indígena,
é caminho antigo de tropeiros,
é porto, roça, fé e travessia.
É também território de resistência.
Nas comunidades quilombolas,
na Ilha da Marambaia e além,
o Natal se reconhece
na ancestralidade que ensina a esperar,
na partilha,
na luta silenciosa por dignidade.
Ali, o nascimento é coletivo,
e a esperança tem raiz profunda.
Talvez por isso a cidade inspire canções.
Porque cada planta precisa do seu habitat,
cada gente do seu chão.
E Mangaratiba é esse lugar
onde a vida encontra abrigo
para crescer do seu jeito,
com identidade,
com memória,
com afeto.
O Natal também mora
na Igreja de Nossa Senhora da Guia,
erguida com fé antiga;
no pescador que conhece o tempo do mar;
na mesa simples que reúne;
no gesto anônimo que cuida
sem esperar aplauso.
Aqui, famosos passam,
mas o que fica
é o essencial:
o povo,
a cultura,
a história compartilhada.
Que neste Natal
a estrela não nos aponte para longe,
mas para dentro:
para nossa responsabilidade com a terra,
com a memória,
com quem caminha ao nosso lado.
Que Mangaratiba continue sendo
habitat natural da vida,
da esperança
e do amor que insiste.
Feliz Natal.
Que o Menino nasça,
mais uma vez,
entre nós.
📝 Nota: Mangaratiba integra a Costa Verde fluminense e abriga áreas preservadas de Mata Atlântica, o Parque Estadual do Cunhambebe e a APA Marinha do Boto-Cinza. O município reúne comunidades tradicionais — incluindo os quilombolas da Marambaia e de Santa Izabel/Santa Justina — e um patrimônio histórico que remonta ao período colonial, com destaque para a bicentenária Igreja de Nossa Senhora da Guia.

Nenhum comentário:
Postar um comentário