Pode haver vantagens e desvantagens quando alguém "perde a fé". Sejamos racionais!
Se,
por um lado, o ex-crente se sente aliviado por se livrar das
recompensas e punições da religião, tornando-se mais conectado à
realidade, eis que tal pessoa já não encontra o mesmo amparo psicológico
das vezes quando costumava dobrar os joelhos em oração acreditando numa
intervenção divina para os seus problemas. Diante de um desafio da
vida, o descrente apenas conta consigo mesmo, isto é, com sua capacidade
e habilidade para a superação dos obstáculos.
Assim
sendo, já não existe mais para ele rituais que consigam dar jeito na
coisa, quer sejam rezas, oferendas, leituras de cartas, banhos de erva,
azeite ungido, a fogueira de Israel feita pelos pastores da IURD, os
três pulinhos na festa do ano novo, jejum, etc. Trata-se de matar o leão
ou ser comido pela fera, sabendo que, em qualquer dia desses, vamos
acabar de algum jeito devorados pelos vermes dentro de um túmulo.
Certa
vez um pregador falou em púlpito que "difícil não é ser crente", mas
"ímpio", referindo-se ele aos não crentes. E, sem dúvida, ele falou de
algo bem pertinente pois viver não dependendo mais de milagres requer
uma enorme maturidade do indivíduo.
Obviamente
que nem todas as religiões ou segmentos religiosos alimentam a crença
no "sobrenatural". Dentro do próprio cristianismo, há grupos que
entendem ter já se passado o tempo dos milagres, com o final da era
apostólica no primeiro século, e uma minoria desses considera o aspecto
meramente simbólico dos atos miraculosos de Jesus relatados nos
evangelhos da Bíblia. Porém, o fato é que a grande maioria de religiosos
ao redor do planeta prefere a ambiguidade de pedir ajuda aos céus e, ao
mesmo tempo, procurar soluções práticas no mundo material mesmo
contrariando os princípios da fé seguida. Por exemplo, conheço um
comerciante, membro de uma igreja pentecostal, que justificou o seu
pagamento de propinas aos agentes da fiscalização do Poder Público em
defesa de suas atividades empresariais...
Mas será que um ateu "perde" a fé totalmente?
Em algum momento, ele não se sentirá tentado a falar com o Papai do Céu quando estiver diante de uma situação difícil ou praticamente impossível de resolver?
Como lidar com o sentimento de eternidade diante da inevitável morte física (do próprio corpo ou de alguém próximo)?
Tenho
pra mim que um descrente acaba de algum modo encontrando os seus novos
significados para a vida, caso não caia nas armadilhas da embriaguez ou
da revolta ressentida contra tudo e todos. Permanece nele o desejo de se
religar ou de se harmonizar com a realidade, buscando o sentido da
existência. Logo, todas as desconstruções quanto à religião não
importariam na "perda" da fé mas, talvez, em reencontrá-la.
E você? Qual a opinião que tem acerca do assunto?
Acredita que alguém, quando deixa a religião, "perde" a ré ou a reencontra?
OBS: Artigo publicado primeiramente no blogue da Confraria dos Pensadores Fora da Gaiola conforme consta em http://cpfg.blogspot.com.br/2016/01/perder-fe.html
OBS: Artigo publicado primeiramente no blogue da Confraria dos Pensadores Fora da Gaiola conforme consta em http://cpfg.blogspot.com.br/2016/01/perder-fe.html
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