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terça-feira, 30 de outubro de 2018

Análise crítica das eleições



"Continuo na minha trincheira de luta pela democracia, pela República, pela liberdade, pela verdade, contra a corrupção, contra a discriminação, pelos direitos das minorias, aceitando o resultado das urnas. Desejo o melhor para o Brasil e para o meu RJ. Êxito para os eleitos." (Luiz Paulo Correa da Rocha, deputado estadual, eleito pelo PSDB/RJ)

Passadas as eleições, faço a minha breve análise dos resultados do segundo turno dos pleitos para presidente e governador aqui no Rio de Janeiro.

Não dá para negar que tanto a vitória de Jair Bolsonaro quanto de Wilson Witzel refletem o anseio da população brasileira por mudanças. Como li hoje numa nota no blogue "Notícias de Itacuruçá", editado pelo professor Lauro Santos

"O cenário que possibilitou a eleição do capitão reformado do Exército com retórica autoritária vem se desenhando há pelo menos 5 anos. Em 2013, a revolta “contra tudo que está aí” se materializou nas jornadas de junho, série de protestos iniciados pelo aumento de 20 centavos nas passagens do transporte público de São Paulo. Mas não era só pelos 20 centavos, como diziam os manifestantes de então." (extraído de https://itacrio.wordpress.com/2018/10/30/30-de-outubro-de-2018/)

O fato é que o povo brasileiro, cansado da velha política, resolveu mudar. Não soube identificar que tipo de mudança seria e o desespero junto com o medo fez com que as pessoas se identificassem com as propostas simplistas de um deputado que sempre esteve no baixo clero da Câmara Federal. Logo, deu no que deu.

Com o êxito eleitoral de Bolsonaro, vários novos parlamentares e governadores foram eleitos este mês, sendo a vitória do juiz Wilson Witzel um reflexo dessa febre de direita que varreu o país. Pois o eleitor não se contentou em fazer apenas um presidente no seu estilo e creio ter passado pela cabeça das pessoas a ideia de darem sustentabilidade ao futuro governante bem como escolherem representantes em sintonia com essa nova política.

Realmente tanto o PT quanto os partidos tradicionais já estavam perdendo a sua conexão com eleitor. Há cinco anos que a população vinha exigindo mudanças, melhorias nos serviços e atendimento às suas reivindicações, porém o ensurdecimento continuava geral no meio político. Tivemos as eleições de 2014 e depois as de 2016, sendo que nada mudou. Passamos pelo impeachment, e a corrupção no Brasil não acabou mostrando-se ainda pior sob a direção de Michel Temer.

Entendo, todavia, que faltou um bom projeto para solucionar os problemas com realismo e o cidadão brasileiro, refém de suas emoções, deixou-se seduzir por quem nunca foi mudança. Escolheram o retrocesso, pensando que se trataria de um avanço. E, irrefletidamente, lançaram-se num profundo abismo.

Creio que boa parte desse eleitorado irá arrepender-se amargamente em menos de um ano. Pois, se não tivermos um crescimento econômico capaz de promover o desenvolvimento da nação, com uma satisfatória distribuição de renda, a tendência é que toda essa empolgação em favor do presidente eleito venha a cair por terra, transformando-se numa das maiores decepções da nossa História.

Como brasileiro, não quero o pior para o país e já me coloco no lado oposto. Farei uma oposição construtiva, concordando com o que for bom e denunciando aquilo que estiver errado, além de que apoiarei as ações de controle da sociedade civil quanto aos atos dos novos governos do Rio de Janeiro e do Brasil.

Portanto, faço minhas as palavras do deputado Luiz Paulo que citei logo no início deste texto adiantando que também me encontrarei na "trincheira de luta" contra todos os retrocessos à vista. Mas para tanto, torço que as forças democráticas e progressistas sejam capazes de se unir, de se reinventarem e reconquistarem o coração da população brasileira nesse dinâmico processo dialético de idas e vindas.

Ótima noite de terça-feira a todos!

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