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quinta-feira, 4 de outubro de 2018

A quem deve ser dado o "voto útil"?



Daqui a três dias, 140 milhões de brasileiros estarão indo às urnas a fim de escolher o próximo presidente do Brasil. Ou, conforme indicam as pesquisas de opinião, quem serão os dois nomes que irão disputar o segundo turno das eleições previstos para 28/10.

Nessa reta final, surge então a ideia do chamado "voto útil", também conhecido como voto tático, que seria a definição do eleitor por um determinado candidato que não seja de seu interesse apenas para que um outro concorrente rejeitado deixe de vencer o pleito. Trata-se, pois, de uma estratégia que muitas das vezes pode dar certo ou ser um "tiro no pé".

Segundo a pesquisa IBOPE divulgada nesta quarta-feira (03/10), na qual foram ouvidos 3.010 eleitores na segunda-feira e na terça-feira, estes foram os seguintes resultados que, a princípio, isolam os dois primeiros colocados dos demais presidenciáveis:

- Jair Bolsonaro (PSL): 32%

- Fernando Haddad (PT): 23%

- Ciro Gomes (PDT): 10%

- Geraldo Alckmin (PSDB): 7%

- Marina Silva (Rede): 4%

- João Amoêdo (Novo): 2%

- Henrique Meirelles (MDB): 2%

- Alvaro Dias (Podemos): 1%

- Cabo Daciolo (Patriota): 1%

- Guilherme Boulos (PSOL): 0%

- Vera Lúcia (PSTU): 0%

- João Goulart Filho (PPL): 0%

- Eymael (DC): 0%

- Branco/nulos: 11%

- Não sabe/não respondeu: 6%  

Ocorre que tanto o primeiro colocado quanto o segundo já acumulam uma alta rejeição. A de Bolsonaro seria de 42% enquanto a do petista 37%. Ou seja, há eleitores que não aceitam a figura grotesca do deputado do PSL, considerado uma mistura do Presidente norte-americano com o filipino, Rodrigo Duterte (conhecido por encorajar os cidadãos a matarem toxicodependentes), ao mesmo tempo em que outros não suportariam a volta do PT.

Assim, devido a esse isolamento dos dois primeiros colocados, há eleitores que já se antecipam numa prematura decisão por Bolsonaro, o qual vem pedindo o voto útil contra o PT com a justificativa de se evitar um "desgaste" no segundo turno: 

"Você tem como pegar até dentro da própria família, alguém que vai anular o voto ou vai votar em branco ou em outro candidato, que pratique o voto útil, vote na gente. Nós devemos resolver essa fatura no primeiro turno, para não termos o desgaste no segundo turno" 

Porém, trata-se de um raciocínio equivocado! Pois, conforme as simulações das pesquisas, Bolsonaro perderia para Haddad no segundo turno, assim como não ganharia de Ciro Gomes e nem de Alckmin. Senão vejamos os números de hoje do IBOPE divulgados pelo portal de notícias G1, com margem de erro de dois pontos percentuais:




Por sua vez, fica evidenciada que um nome de centro teria mais chances de êxito, sendo que Bolsonaro ainda não teria condições de definir já no primeiro turno a sua vitória. Isto porque, se formos calcular os votos válidos, em que são excluídos da amostra os votos brancos, os nulos e os eleitores que se declaram indecisos, os números seriam estes:

- Jair Bolsonaro (PSL): 38%

- Fernando Haddad (PT): 28%

- Ciro Gomes (PDT): 12%

- Geraldo Alckmin (PSDB): 8%

- Marina Silva (Rede): 4%

- João Amoêdo (Novo): 3%

- Henrique Meirelles (MDB): 2%

- Alvaro Dias (Podemos): 2%

- Cabo Daciolo (Patriota): 2%

- Guilherme Boulos (PSOL): 1%

- Vera Lúcia (PSTU): 0%

- João Goulart Filho (PPL): 0%

- Eymael (DC): 0%

Portanto, como o Bolsonaro não terá condições de receber mais da metade dos votos válidos para vencer no primeiro turno, fica bem claro que o melhor candidato para derrotar Haddad, em  dia 28/10, seria um concorrente de centro. Porém, teria que ser o terceiro ou o quarto colocado nas pesquisas, desde que o presidenciável se mostre capaz de unir o país.

Verdade seja dita é que nenhuma pessoa de bem quer ver o Brasil novamente governado pelo PT e tão pouco passando por um indesejável retrocesso histórico de extrema direita. Incluive, como bem expôs Geraldo Alckmin a um grupo de empresários em São Paulo, Bolsonaro poderá ser ainda pior do que se Haddad vencer.

De qualquer modo, mesmo considerando que nenhum presidenciável deverá abrir mão de sua candidatura em benefício de outro, continua sendo prematuro dar o voto útil em favor de um dos dois primeiros. Pois todos os que estão na disputa precisam pontuar em termos de sufrágios e fazer dos números obtidos em primeiro turno um quantitativo de negociação de apoio para uma nova composição de forças visando a obtenção de um resultado prático na votação de 28/10 tanto para presidente quanto para governador. E aí, mesmo se não for possível ter um candidato moderado no segundo turno, pode-se pensar em temperar as duas candidaturas.

Que haja sensatez e sabedoria do eleitor nestes últimos dias que antecedem as eleições!


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