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segunda-feira, 23 de abril de 2018

O problema de se ideologizar problemas

Na semana passada, o comandante do Exército, general Villas Boas, muito bem expressou a sua lúcida opinião quando disse que a corrupção, a impunidade e a "ideologização dos problemas nacionais" constituem uma ameaça à democracia.

Nesta postagem, vou deter-me mais na última parte da fala quando o militar tocou no delicado assunto da ideologização dos problemas nacionais, algo que, a meu ver constitui um recado tanto para a esquerda quanto para a direita da política brasileira. Se é que de fato ainda podemos fazer uso de tal conceituação nos dias de hoje quando o mundo não mais se divide entre os blocos capitalista e socialista.

Não sou fã do Lula e menos ainda do Jair Bolsonaro, porém ambos os pretensos candidatos à Presidência da República são mestres em explorar a nefasta ideologização dos problemas. Pois, apelando para sofismas e para argumentos com fortes apelos emocionais, cada qual busca a concordância de seus respectivos eleitores sem incentivar o uso da racionalidade. Agem de uma maneira a ponto de deturparem a percepção de causa é efeito do destinatário de suas mensagens.

Um dos debates em que as pessoas mais fogem da realidade diz respeito justamente à problemática da violência. E, nestas horas, surge o oportunismo dos politiqueiros da "bancada da bala" que propõem medidas tipo a liberação do armamento para a população. Como se o fato de mais cidadãos andarem nas ruas portando uma pistola irá reduzir a criminalidade diante de facções do tráfico de drogas que hoje importam fuzis.

Ao contrário do que se prega, é certo que teremos um aumento absurdo de homicídios e de outros delitos mais quando o acesso à arma de fogo tornar-se facilitado no país. Isto porque, diante de meros desentendimentos de trânsito, brigas de bar, traições amorosas, discussões nas filas e suspeitas de assaltos, cidadãos de bem poderão ser baleados. Sem contar com a hipótese de menores utilizarem indevidamente o revólver do pai para atirar nos coleguinhas da escola conforme ocorreu ano passado em Goiás onde o autor dos disparos era filho de um policial.

Todavia, vejo que erros semelhantes são cometidos também pela esquerda radical quando, por exemplo, alguns falam levianamente das desconhecidas causas da morte da vereadora do PSOL do Rio de Janeiro, Marielle Franco, a ponto de levantarem suspeitas de associação dos fatos do delito à intervenção federal no RJ. Pois, se bem refletimos, o covarde assassinato da vítima em nada tem a ver com a presença das Forças Armadas na unidade federativa cujo objetivo é restabelecer a segurança das pessoas na tentativa não só de recuperar territórios do controle do crime organizado como também reestruturar as polícias fluminenses.

Para finalizar, quero dizer que não tenho nada contra o cidadão ter um seguimento ideológico pois é o prisma pelo qual ele irá entender a política e buscar um ideal de sociedade. Porém, diante da compreensão de um problema, torna-se indispensável procurarmos entender a realidade tal como de fato ela é, formulando respostas dentro da mais ampla racionalidade.

Que, nas eleições deste ano e no acompanhamento dos problemas que atormentam a vida nacional, o bom senso nunca nos falte. E que sejamos capazes de encontrar sempre soluções maduras e tomando decisões com base em fatos provados, números verdadeiros e em raciocínios plausíveis.

Ótima segunda-feira a todos!

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