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domingo, 22 de abril de 2018

O dia do encontro

Por esses dias, várias datas são comemoradas no Brasil, sendo algumas delas feriado enquanto outras não.

Em 19/04, temos o Dia do Índio que foi o primeiro habitante deste continente. Dois dias depois, como já comentei em postagens anteriores, é o feriado de Tiradentes, o mártir da Inconfidência Mineira (primeiro movimento emancipacionista no Brasil enquanto colônia) e hoje comemora-se o "Descobrimento".

Não gosto do termo descobrimento. Pois a ideia que o vocábulo nos passa é que teria sido com as caravelas de Pedro Álvares Cabral que o homem teria chegado a essas terras como, na verdade, já havia inúmeros povos morando pela extensão do território brasileiro. E também houve a presença de europeus antes de 1500 e Colombo (1492). Pois, além da presença dos vikings na América do Norte, por volta dos séculos X e XI, há quem considere que os romanos, gregos e fenícios teriam cruzado o Atlântico em algumas viagens marítimas.

Seja como for, há uma longa História não contada sobre as Américas que inclui não só o desenvolvimento de povos tribais como de civilizações mais avançadas, muito embora estas se situassem fora do limites do atual território brasileiro a exemplo dos incas, maias e astecas. E, no caso dos incas, estes construíram um verdadeiro império no Peru.

Todavia, podemos avaliar tal momento da História sob outra ótica. O índio brasileiro, "descoberto" em 22/04/1500, poderia ser considerado bem adiantado pelos seus valores e modos de vida adaptados à natureza. Afinal, eles sabiam conviver com a floresta sem destruí-la, respeitavam os animais, as águas e os tempos. Viviam num igualitarismo exemplar em que compartilhavam entre si os bens concedidos pela natureza que, por sua vez, eram devolvidos à Terra da qual se consideravam "filhos".

Não quero criar aqui uma ideia muito romantizada dos nossos índios. Porém, no conjunto de tudo, considero que eles eram mais avançados em sabedoria do que os brancos de 518 anos atrás (e acho que do presente também). E, na época, nada precisavam de nós de modo que o Dia do Encontro  (prefiro falar assim) foi para eles uma experiência deficitária.

Entretanto, eis que, na atualidade, os povos indígenas precisam muito desenvolver intercâmbios positivos com o homem branco para que possam sobreviver nesse mundo hostil, o qual temos cada vez mais desequilibrado com os impactos da nossa economia desigual. Pois, numa era em que o conhecimento científico tornou-se essencial, mais do que nunca os habitantes originais do continente precisam se atualizar, enviar seus filhos para as universidades, eleger representantes para os parlamentos e participar democraticamente da gestão territorial. Já não podem mais viver confinados em reservas e devem ter o direito de optar pelo desenvolvimento das suas glebas transformando-as em municípios e, futuramente, constituindo regiões autônomas.

Coincidência ou não, a data de hoje é considerada pela ONU como o Dia da Terra e entendo ser de grande importância a sua valorização. Logo, podemos entender que a conquista marítima de Cabral feita há 518 anos agora começa a ser redescoberta com os bons valores que os povos indígenas podem influenciar a humanidade dita civilizada quanto ao seu melhoramento evolutivo e na relação de cuidado que precisamos estabelecer com o planeta, incluindo nao só o homem como todas as manifestações de vida existentes.

Ótimo domingo a todos!

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