Uma semana após a prisão de Lula e o anúncio da pré-candidatura de Joaquim Barbosa pelo PSB, foi divulgada neste domingo (15/04) uma pesquisa do Instituto Datafolha pelo jornal "Folha de S.Paulo" com os índices de intenção de votos para a eleição presidencial de 2018.
Com uma margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, as 4.194 entrevistas realizadas entre 11 e 13 de abril, em 227 municípios, verificaram que o ex-presidente passou a ter 31%, enquanto Bolsonaro (PSL) ficou nos 15% e Marina Silva (Rede) 10%, seguidos por Joaquim Barbosa com 8%, Geraldo Alckmin (PSDB) com 6%, Ciro Gomes (PDT) com 5%, Álvaro Dias (Pode) com 3%, Manuela D'Ávila (PCdoB) 2%, Fernando Collor de Mello (PTC) 1%, Rodrigo Maia (DEM) 1%, Henrique Meirelles (MDB) 1% e Flávio Rocha (PRB) 1%, sendo que os demais não pontuaram.
Confesso que estou surpreso com o desempenho de Marina que, a meu ver, manteve-se bem colocada mesmo com a entrada de Joaquim Barbosa na disputa presidencial. Aliás, ele parece ter tirado mais votos do Alckmin e do Ciro Gomes, fazendo com que estes dois caíssem de colocação. E pode afetar o desempenho do Bolsonaro também.
Ao que tudo indica, a disputa maior deve ficar pelo terceiro lugar que, na verdade, acabará se tornando o segundo tendo em vista que os votos dados a Lula serão anulados devido à sua situação jurídica atual. Aliás, se o PT tentar registrar o seu nome junto ao TSE, certamente a candidatura deverá ser impugnada pelas coligações adversárias e pelo próprio Ministério Público Eleitoral de maneira que os votos recebidos pelo petista restarão zerados, indo o segundo e o terceiro colocados para o segundo turno.
Fato é que, segundo a pesquisa divulgada neste domingo pelo referido jornal, 54% dos entrevistados consideram que a prisão do ex-presidente Lula foi justa e injusta apenas para 40%, enquanto 6% não sabem. Ou seja, há uma concordância da maioria com a decisão determinada pelo Juiz Sérgio Moro.
Por sua vez, a entrada ou saída de Michel Temer nas eleições pouco afeta o quadro. E tão pouco o ingresso de Fernando Haddad no lugar de Lula ajudaria o PT já que o ex-prefeito da capital paulista ficaria com apenas 2%. Isto porque quem mais se beneficiaria com um cenário sem Lula seria o Ciro Gomes mas que ainda assim ficaria distante de Marina Silva.
Mais interessante ainda é vermos que, num eventual segundo turno entre Marina e Bolsonaro, a situação se inverte. Se a disputa entre os dois fosse hoje, Marina passa a ter 44% enquanto Bolsonaro 31%, o que dá uma diferença entre 11 e 15 pontos percentuais considerando a margem de erro.
Será que 2018 será a vez de Marina após duas tentativas perdidas anteriormente?
Teremos pela terceira vez consecutiva uma mulher eleita presidente?
Importante destacar que, nessa pesquisa (num cenário construído com Lula lançado candidato mesmo sendo "ficha suja"), os votos em branco, nulo ou em nenhum candidato somariam 13%, sendo que 3% não souberam em quem vão votar. Ou seja, como estamos ainda em abril e a campanha só se inicia em agosto, ainda há tempo para que os votos indefinidos sejam conquistados de modo que seria muito cedo para Marina comemorar. Inclusive porque, em 2014, ela acabou "batendo no teto" muito rapidamente com a morte de Eduardo Campos e caiu.
Acredito que, caso Marina vença o pleito, aí sim poderemos considerar uma verdadeira vitória feminina conquistada meritoriamente por alguém não produzida por um antecessor. Vamos aguardar para ver e torço que a moderação ganhe o jogo com o Brasil recuperando o seu bom senso e evitando radicalizações à "esquerda" ou à "direita".
Ótima semana a todos!
OBS: Créditos autorais da imagem acima a André Richter e Agência Brasil/EBC