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quinta-feira, 30 de abril de 2015

Um país que massacra os seus professores!




Nas últimas horas, um amigo meu publicou uma mensagem no Facebook escrevendo que "a diferença entre um país desenvolvido e um atrasado, está na forma com que trata seus professores. Enquanto no primeiro os professores são honrados, no segundo, são atacados por cachorros" (José Lima).

Será que as cenas vistas ontem em Curitiba, durante a repressão à greve dos professores no Paraná, podem ser consideradas como um mero confronto entre manifestantes e a polícia? Ou não teria sido aquilo um verdadeiro massacre a ponto de transformar o local do conflito numa praça de guerra?! Pois foi o que também comentou um outro amigo na citada rede social:

"Chamar um massacre como este que ocorre contra os professores no Paraná de confronto é sintoma maior da canalhice do jornalismo corporativo brasileiro que serve ao poder constituído contra o povo." (Marcelo Castañeda)

Felizmente encontro pessoas sensatas na internet condenando as ações da PM na tarde de ontem em Curitiba, sendo certo que a polícia agiu daquela maneira recebendo ordens das autoridades superiores, isto é, de seus chefes, incluindo o próprio governador do estado, o Sr. Beto Richa. Pelo menos 170 manifestantes saíram feridos dos quais 45 foram levados para unidades de pronto-atendimento (UPAs) e hospitais da região. Os agentes da repressão usaram bombas de gás, balas de borracha e jatos de água para dispersar os professores. Estes chegaram a recuar, mas ainda assim a PM continuou jogando bombas de efeito moral.

Não podemos nos calar diante de tanta covardia! A ação policial contra os professores foi inegavelmente truculenta, como bem reagiu a direção do Sindicato dos Professores do Paraná (APP-Sindicato). É algo que não podemos aceitar sendo que os nossos mestres não são vândalos, black blocks ou baderneiros para serem tratados daquele jeito. São trabalhadores lutando por uma vida digna afim de terem melhores condições para continuarem educando os nossos filhos.

Em greve desde segunda-feira (27/04), os professores da rede estadual de ensino e de universidades do Paraná ficaram acampados em frente à Assembleia Legislativa. O protesto foi organizado contra um projeto de lei em votação, o qual havia sido encaminhado pelo Executivo para alterar a previdência estadual em prejuízo da categoria. O governo paranaense quer tirar 33 mil aposentados com mais de 73 anos do fundo financeiro, sustentado pelo tesouro estadual em situação deficitária, e transferi-los para o fundo de previdência estadual, pago pelos servidores e pelo governo, o qual encontra-se superavitário.

Mais do que nunca considero que os professores paranaenses precisam receber um apoio solidário não apenas dos demais educadores do país como de todo o restante da sociedade. A luta deles é também nossa, sendo certo que o ensino no país não poderá melhorar qualitativamente sem que o professor seja devidamente valorizado. Por isso, sugiro uma campanha nacional condenando o massacre de ontem em Curitiba e exigindo melhores condições para esses nobres profissionais.


OBS: Imagem acima  atribuída a Joka Madruga/APP-Sindicato, tendo sido extraída de uma página da Agência Brasil de Notícias em  http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-04/protesto-em-curitiba-deixou-pelo-menos-170-manifestantes-feridos

2 comentários:

  1. Rodrigo, infelizmente os brasileiros que ainda acreditam na força do protesto e da reivindicação com intrumentos da democracia, devem ter em mente que, como eu disse, infelizmente para todos nós, existem black blocks não só entre os manifestantes mas tambem entre os policiais, agem pela mesma motivação uma revolta doentia que por enqunato não existem argumentos ou ações que possam neutralizar sua atuação deleteria. No caso da policia é mais nociva ainda, visto que são agentes pagos, equipados e treinados por nós para manter a ordem.

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  2. Bom dia, Gabriel! Tenho a minha suspeita de que muitos desses black blocks sejam pessoas infiltradas pelos próprios apoiadores dos governos com o intuito de enfraquecer o movimento dos grevistas. Não há da parte dos professores o interesse de promover violência numa manifestação que é pacífica. Pode haver um ou ouro elemento radical, mas que não representa a categoria ali presente.

    Particularmente vejo o protesto como um instrumento válido assim como a greve. Não são os únicos meios para que o nosso direito seja reconhecido, mas, em determinados momentos quando a morosa Justiça age insatisfatoriamente, cabe ao trabalhador fazer uso desses recursos que a Constituição, a princípio, disponibiliza admitindo-os. Hoje, infelizmente, temos visto o oposto acontecendo com decisões judiciais limitando o direito de greve e oprimindo cada vez mais os trabalhadores, bem como os próprios parlamentares votando em projetos de lei contrários aos interesses das diversas categorias profissionais. É o que se vê no Congresso Nacional e nas assembleias estaduais. Mais do que nunca os nossos professores precisam voltar às ruas e terem junto o apoio da população.

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