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sexta-feira, 1 de maio de 2015

Uma sexta-feira de apoio aos nossos professores




Hoje é 1º de maio, data em que se festeja o Dia do Trabalhador. No entanto, a maioria dos brasileiros não tem muito o que comemorar, principalmente os nossos professores que, nesta mesma semana, foram violentamente reprimidos pela polícia do governador paranaense Sr. Beto Richa (ler meu artigo de ontem Um país que massacra os seus professores!).

Entretanto, não são apenas os professores do Paraná que estão se manifestando! Há mais movimentos dos profissionais da educação ocorrendo por outros estados da federação. Na noite de ontem, os professores da rede pública de São Paulo, em greve desde 13 de março, realizaram um protesto em frente à sede da Secretaria Estadual da Educação. Eles chegaram ao local depois de uma caminhada que começou na Avenida Paulista, onde ocorreu uma assembleia no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), que decidiu pela manutenção do movimento. Concentrados na Praça da República (onde fica a secretaria paulista), carregavam pacotes de sal para demonstrar insatisfação com os salários, dando uma verdadeira aula de história e de cidadania para o país. Foi o que explicou a presidenta do Sindicato dos Professores no Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Sra. Maria Izabel Azevedo Noronha:

"O sal significa a relação com o salário. É daí que vem a origem da palavra salário. Tem a ver com alimentação e com vida"

Observo que a educação no Brasil apresenta como seu principal problema a baixa remuneração paga aos professores. Com salários insuficientes para proporcionar uma vida digna, temos hoje uma evasão de profissionais na educação e uma insatisfação permanente de quem trabalha cotidianamente nas salas de aula tentando transmitir algum conteúdo e princípios às nossas crianças. O ato de ensinar, coisa que pode ser feita até debaixo de uma árvore, jamais se concretiza sem o trabalho do docente, o qual necessita de condições adequadas de existência para a produção do conhecimento, experimentar novos métodos de aprendizagem, reciclar suas próprias ideias, participar de palestras e congressos, bem como descansar, estar com a família, colocar comida em casa, cuidar da saúde, educar os próprios filhos, etc. Por isso os professores fazem seus respectivos pedidos de reajuste salarial específicos em cada estado que, no caso de São Paulo, seria a reposição de 36,74%.

A principal reivindicação dos profissionais tem sido o cumprimento da Lei do Piso Nacional dos Professores da Rede Pública. Pela norma vigente, o piso salarial nacional do magistério da educação básica é R$ 1.567,00 e deve ser pago em forma de vencimento inicial. Fora isto, a categoria pede a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), que direciona as políticas para a área nos próximos dez anos, a destinação de 100% dos royalties do pré-sal para o setor, e a definição de diretrizes nacionais de carreira para os profissionais da educação básica.

Penso que toda essa crise no ensino (um problema que vem de muitas décadas) pode ser superada com um pouco de vontade política e o envolvimento do restante da sociedade nas reivindicações. Nossos governantes têm hoje a oportunidade de ouro de escrever uma nova história para a Brasil. Mesmo com a economia passando por turbulências e as vergonhosas roubalheiras na Petrobrás, o dinheiro dos royalties nos próximos anos do pré-sal parece-me suficiente para revolucionar a educação no país. Isto se houver seriedade na administração dos recursos e os profissionais sejam devidamente valorizados.

Assim, mais do que nunca devemos nos sensibilizar com a causa dos professores de todos os estados dando a eles o devido apoio. Ao invés das pessoas se queixarem que seus filhos estão sem aula por causa das greves, os pais de alunos deveriam comparecer aos protestos na companhia dos estudantes sabendo que a luta desses profissionais é também a nossa. Pois, sem educação, não conseguiremos jamais nos tornar uma nação de primeiro mundo com trabalhadores qualificados e um povo incapaz de ser facilmente manipulado por políticos espertalhões. Portanto, em nossas mãos encontra-se a caneta do futuro em que temos a chance de redigir com determinação e garra as próximas páginas desse livro chamado Brasil.

Um ótimo dia a todos os trabalhadores e que possamos comemorar essa data com consciência e coragem.


OBS: Ilustração acima extraída de uma página da Agência Brasil de Notícias em http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/sites/_agenciabrasil/files/gallery_assist/27/gallery_assist670232/11052011MCA_7876.jpg

2 comentários:

  1. só a educação para se derrotar a estupidez e a barbárie

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    1. Sem dúvida não há outro caminho. Do contrário, a nossa cultura vai desaparecer.

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