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domingo, 26 de abril de 2015

Trilhos abandonados...



Neste último sábado (25/04), fiz mais uma caminhada pelo interior do município vizinho de Rio Claro, indo de um ponto da histórica Estrada de São João Marcos (RJ-149) até Lídice, através da bucólica região rural da Várzea. Após andar por cerca de três horas, subindo e descendo morros, bem como abrindo e fechando porteiras, finalmente cheguei ao meu local de destino por volta de meio dia. Com fome, fui almoçar num restaurante de comida mineira e, antes que começasse a chover forte, resolvi conhecer uma desativada estação de trem no meio da Serra do Mar (foto).

Lamentei muito em encontrar aquela centenária ferrovia abandonada e com o mato crescendo entre os trilhos. Muito triste!

Como se sabe, a estação de Lídice, originalmente denominada Capivary, fora inaugurada em 1910 e fazia parte de um ousado empreendimento da companhia Estada de Ferro do Oeste de Minas, a qual pretendia ligar o sul de Goiás a Angra dos Reis, passando por Barra Mansa. Chegou a transportar passageiros até 1979/1980 e, durante um curto período da década de 90 (parece que entre 1992 e 1996), abrigou um trem turístico sob a direção da saudosa RFFSA. Só que, com a entrada da concessionária FCA, apenas os cargueiros continuaram a trafegar pela linha, situação esta que durou até o verão de 2010, quando as fortes chuvas que caíram naquele ano inviabilizaram o prosseguimento da atividade ferroviária. Desde então, os trens nunca mais voltaram a apitar por aquelas serras.

Caso houvesse mais alguém comigo na caminhada e não estivesse chovendo, bem que eu tentaria percorrer alguns quilômetros pela estrada de ferro afim de contemplar os belos cenários existentes no trajeto, o qual cruza rios cristalinos e cachoeiras com águas refrescantes. Nos 47,5 quilômetros entre Lídice e Angra dos Reis, em meio ao verde intenso da Mata Atlântica do Parque Estadual do Cunhambebe, encontra-se mais de uma dezena de túneis e de pontes de tirar o fôlego, com locais que garantem uma vista inesquecível voltada para o litoral. Grupos de ecoturistas costumam acampar por ali e concluem o trekking em dois dias, sendo recomendável visitar a matéria Travessia Angra x Lídice na página do Clube dos Aventureiros para quem tiver o interesse pelo passeio a pé ou ao menos deliciar-se com as maravilhosas fotos.

Daquele ponto, embarquei num ônibus indo até à sede do município que é a cidade de Rio Claro. Porém, o tempo estava desfavorável e não achei nada de representativo que pudesse ver lá já que até a Casa de Cultura encontrava-se fechada. Deste modo, resolvi antecipar minha volta para casa e refleti sobre o que poderia ser feito para incentivar o turismo na região da Costa Verde que compreende Paraty, Angra e a minha esquecida Mangaratiba.

Infelizmente, nossos governantes não costumam levar o turismo a sério. Mesmo estando nós tão perto das duas maiores metrópoles do país, eis que muito pouco do nosso potencial é aproveitado para proporcionar um desenvolvimento sustentável que gere emprego e renda para as populações. Enquanto no Paraná a ferrovia Curitiba-Paranaguá é preservada como um patrimônio histórico do estado, encontrando-se bem harmonizada com a conservação e o uso ecoturístico Parque Estadual do Marumbi, o mesmo não se verifica aqui pelos municípios fluminenses interioranos.

Ora, com uma paisagem tão bonita quanto a citada ferrovia paranaense, bem que poderia haver uma linha turística que fosse de Angra dos Reis a Barra Mansa! Ou, pelo menos, se fosse do litoral angrense até Lídice já seria um ótimo atrativo para aumentar o tempo de permanência dos visitantes aqui na Costa Verde. Assim, muita gente que fosse caminhar na Ilha Grande, ou andar pelas ruas antigas de Paraty, teria como opção dar uma voltinha de trem pela serra de Rio Claro. Junto com a viagem, a empresa que viesse a explorar a linha ofereceria também pacotes que servissem para os vários tipos de gostos e de bolsos tal como faz a Serra Verde Express, companhia hoje atuante não só no Paraná como também nos estados do Mato Grosso do Sul (Pantanal) e no Espírito Santo.

Portanto, deixo aí minhas sugestões para que os governantes Dilma e Pezão não deixem a ferrovia de Lídice abandonada, sugerindo aos prefeitos da Costa Verde que abracem também a ideia. Aliás, algo parecido desejo também para o meu município. Pois como já havia publicado em duas ocasiões no Propostas para uma Mangaratiba melhor, outro blogue que escrevo, defendo que, juntamente com o transporte de minérios, haja também aqui passeios turísticos ferroviários (ler as postagens No aguardo da chegada do trem turístico, de 10/05/2013, e Mangaratiba bem que poderia ter um VLT..., 11/02/2015). São projetos que, no meu entender, só dependem de um pouco de vontade política, sendo certo que as cidades da região vão precisar de um apoio maior vindo das esferas estadual e federal.

Um ótimo domingo para todos!

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