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sexta-feira, 2 de março de 2012

A reprodução humana em laboratório precisa de limites!

Lamentavelmente, muitos estão comemorando um caso noticiado este mês sobre a paternidade de dois homossexuais como sendo um grande avanço científico e social.

Tratam-se de dois empresários gays, que já viviam há anos em união estável, e resolveram ceder seus espermatozoides para serem fecundados em óvulos de um banco de doadoras. Tiveram, assim, uma menina e, ao final, conseguiram registrar a criança como sendo filha de ambos.

Como sou homem de não esconder o que penso, não me prendendo ao moralismo hipócrita dos conservadores e nem estou afim de fazer média com o movimento homossexual, compartilho abertamente que reprovo esta experiência de reprodução em laboratório feita em Pernambuco. Principalmente por causa do interesse da criança, não dos pais ou muito menos da mulher que doou os óvulos.

Deve-se lembrar que a menina nascida desta fecundação em laboratório é oriunda do espermatozoide de um deles (nunca de ambos), do óvulo de uma mulher desconhecida e da gestação de uma terceira mulher que, segundo uma matéria encontrada na internet, teria sido a prima de um dos companheiros.

Até aí tudo parece aceitável para os padrões de uma sociedade que busca humanizar-se sem preconceitos. Mas o que considero preocupante seria o afastamento do vínculo da criança com a mulher que a gerou por nove meses em sua barriga e ainda precisa amamentá-la dando outros cuidados que só uma mãe pode dar. Senão vejamos o que diz o texto:

"(...) O vínculo da criança com a prima que emprestou o útero terminou já na maternidade, quando os pais saíram da unidade de saúde com Maria Tereza nos braços. A mulher, que pediu para não ter o nome divulgado, tomou medicamentos para evitar a produção de leite materno (...)"
(http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/geral/noticia/2012/03/01/casal-gay-pernambucano-registra-filha-gerada-in-vitro-34143.php)

Pois bem. Não podemos nos esquecer que o aleitamento materno é um direito inegociável do bebê, não sendo justo uma mulher deixar de amamentar a criança se o seu organismo ainda é capaz de produzir leite.

O leite humano é muito diferente do leite adaptado como é o caso do leite em pó. Pois o leite materno contém todas as proteínas, açúcar, gordura, vitaminas e água que um bebê necessita para crescer saudável. Além disso, contém determinados elementos que o leite em pó não consegue incorporar,
tais como anticorpos e glóbulos brancos, motivo pelo qual o leite materno protege o bebê de certas doenças e infecções.

É por este motivo que, após uma mulher ter filhos, existe a concessão da licença maternidade, período em que não apenas a sua saúde será restabelecida como também proporcionará um convívio maior com a criança em seus primeiros meses após o parto. E, como bem sabemos, a licença maternidade não dura apenas um mês, sendo que, no funcionalismo público estadual daqui do Rio de Janeiro, a mãe ainda pode solicitar uma prorrogação por até noventa dias em caso do aleitamento materno.

Ora, por que este casal homossexual não se inscreveu para adotar uma criança abandonada?! Afinal, está em jogo a saúde física, mental e psíquica do menor, além da própria mulher que amamenta, a qual, no caso da matéria, ainda agrediu o seu organismo tomando medicamentos para inibir a produção de leite.

Sinceramente, nada tenho contra casais homossexuais adotarem crianças que estão nos orfanatos carentes de um pai ou de uma mãe. Acho a adoção um verdadeiro ato de amor e de consciência pois permite que crianças que hoje vivem em instituições possam crescer desenvolvendo uma relação filial com alguém disposto a cuidar delas. E acho que esta orientação deve valer também para os casais heterossexuais que não podem ter filhos.


OBS: A ilustração acima foi extraída da página do Ministério da Saúde na internet em http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=1251

11 comentários:

  1. Ponto para ti, meu amigo. Além dos motivos apresentados, é preciso muito cuidado com essas novidades. O que importa é uma vida que se inicia com um diferencial cuja repercussão se desconhece no futuro.

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  2. Rodrigo, é a primeira vez que apareço por aqui e só vim parar aqui por conta de um post seu no facebook...
    Bom, em primeiro lugar, se me permite, gostaria de dizer que não existe um movimento homossexual, e sim um movimento lgbtt. Quanto ao texto, provavelmente a menina foi registrada pelos dois pais pq eles já viviam juntos e não devido ao fato de que ambos doaram esperma, já que, como você mesmo elucidou, somente um deles é, de fato, pai biológico da criança. Seu texto me pareceu mais crítico à experiencia em si do que o fato de que ela se deu com pais homossexuais e por isso achei desnecessário a parte do "fazer média com o movimento...". Da sua preocupação com o rompimento do vínculo bebê-mãe gestacional eu concordo plenamente que isto não é salutar,mas há que se recordar que muitas outras crianças neste país, mesmo de pais héteros tem esse direito violado. Além disso, creio que podemos levar em consideração a violação dos direitos intra-ulterinos e das crianças que tem sua vida interrompida por abortos. Assim,não vejo como a interrupção da amamentação mais ou menos importante que estas outras questões. Para casos semelhantes a este, existem bancos de leite humano justamente para mães que não possuem leite, ou leite suficiente, ou crianças que não tenham mães que possam prover esse alimento, indispensável até os 6 meses de vida. A questão da adoção é uma questão pessoal, e não é porque eles são homossexuais que devem ver somente a adoção como alternativa de ter filhos. Se um casal adota um filho, isso deve vir de uma motivação pessoal, independente de o casal se hétero ou homossexual. Seria o mesmo que sair por aí perguntando a todos os pais que tiveram filhos biológicos porque eles não quiseram adotar! Saúde física, psiquica e mental de qualquer menor está nas mãos dos pais (ou responsáveis) sempre. Será que todos os pais heterosexuais se preocupam sempre com a saúde física, psiquica e mental de seus filhos? Não posso afirmar com certeza, mas pelo que tenho visto, acho que não. Espero ter contribuído para o debate ^^

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  3. Isso tudo é lamentável.

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  4. Caso polêmico esse heim? Creio que uma alternativa seria o banco de leite como escreveu o anônimo, mas também concordo que o vínculo do bebê com a mãe seria interessante.

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  5. Olá amigos,

    Muito obrigado pela participação de vocês.

    Como sabemos, um erro não justifica outro erro e precisamos pensar no bem estar das crianças que serão geradas caso "a moda pegue". Pois sabemos que um bebê não é um brinquedinho. É uma nova vida que colocamos no mundo, sendo que a vida existe desde a concepção do espermatozoide com o óvulo...

    Em síntese, há dois itens racionalmente relevantes aí: (i) a amamentação; e (ii) o vínculo do bebê com a mulher que o gerou independentemente de ter os genes ou não da criança.

    Será que um banco de leite, por si só, supriria a carência que o bebê tem do afeto materno?

    É certo que não. E mesmo que um dos pais vá até um banco de leite e coloque a substância num peito de borracha pra criança mamar, jamais substituiria a mãe geradora.

    Vejo a escolha de ter um filho biológico em lugar da adoção como falta de visão mais socialista num planeta em que já temos 7 bilhões de habitantes configurando um quadro preocupante de super população. E aí não concordo muito com o fato de casais impossibilitados de gerar filhos buscarem métodos artificiais de fertilização in vitro.

    Já foi observado nos gays a aptidão inclusiva de cuidar dos seus sobrinhos. Entre o povo das ilhas Samoa, no Pacífico, foi constatado que os homossexuais cuidam melhores dos sobrinhos do que os homens heterossexuais e as mulheres de lá a ponto de serem vistos lá como um "terceiro sexo", sendo curiosamente baixa a homofobia entre eles.

    Assim, penso que é o comportamento altruísta de adoção de crianças que precisa ser incentivado entre os homossexuais masculinos, não os métodos de reprodução artificial. Afinal, o gay deve aceitar a sua condição de que, independentemente de gostar de pessoas do mesmo sexo, ele é um homem desprovido de útero e de glândulas mamárias, sendo um absurdo não se conformarem com o fato de que a maternidade só cabe às mulheres.

    Abraços.

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  6. Rodrigo, o que deixa a entender é que casais homossexuais masculinos adotam crianças como se estivessem adotando um cãozinho de estimação. O animalzinho humano passa a ser uma aberração da natureza.
    Por que eles não adotam crianças abandonadas com capacidade de entender suas homossexualidades?
    No reino animal os frangos capões cuidam melhor dos pintinhos do que os galos, nem porisso eles põem ovos e os pintos crescidos lhes são indiferentes.
    Os homossexuais dificilmente irão se conformar com sua condição de híbridos.

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  7. Como eu creio que este é um espaço para a discussão saudável (e não imposição de ideiais), vou me limitar a postar somente mais este comentário. Eu também não acredito que os bancos de leite supram as necessidades de afeto materno, mas também não creio que seja esta sua finalidade. O afeto materno é negado, em algumas vezes, mesmo por mães que não necessitem recorrer à bancos de leite. Acredito que ter ou não uma visão socilista de mundo,não está associada à vontade de adotar uma criança, afinal em nossa sociedade somos criados para validar nossa existência com os filhos biológicos. Se determinada pessoa afirma que não deseja ter filhos, ela é vista como "diferente" do restante da sociedade, se for mulher então...
    Quanto a sua opinião sobre fertilização in vitro, ela já fica clara no próprio texto. Eu entendo e respeito isso, mas te deixo um questionamento (só pra reflexão mesmo): se fosse vc que não pudesse ter filhos biológicos de forma natural, se vc tivesse a chance de ter um filho por fetilização e não tivesse nenhuma vontade de adotar, vc se contentaria em não ter filhos?
    Sobre o povo citado no seu comentário, só penso que existe uma grande diferença entre ser o 'tio-cuidador' e o 'pai' de uma criança. Discutir habilidades para cuidar de crianças é relativo e não justifica que gays tenham que se contentar a cuidar de sobrinhos, ainda que sejam, teoricamente, melhores nisso. Seria justo que fizéssemos então um teste de habilidade de paternidade e de maternidade para casais heteros que saíssem, com o recém-nascido, do hospital? Será que todos os pais tem essa habilidade? Certamente não, mas isso não os impede de serem também pais.
    Eu sou gay e também concordo com a adoção, independentemente da orientação sexual. Só que não concordo que esta deva ser a única opção pra quem é gay.
    Só pra que fique claro, os homens não são desprovidos de glândula mamárias. Como todos os mamíferos elas estão presentes, só não são desenvolvidas a ponto de produzirem leite. A presença ou não de útero tem a ver com o corpo, não com a capacidade de educar e criar uma criança de forma adequada. Homens viúvos não criam seus filhos?
    Pra finalizar, Altamirando, na natureza não existem aberrações. No campo biológico, as ditas "aberrações" só são menos frequentes que as não-aberrações. Sempre existiram e sempre vão existir. Não existe totalidade na naturalidade. A questão de cuidar ou não melhor das crias não está relacionada a capacidade de gerá-las biológicamente. Se formos analisar somente pelo comportamento de frangos, fica fácil. Mas na natureza existem muitos outros arranjos pra definir quem vai se acasalar, quem vai gerar, quem vai cuidar e quem alimentar e cuidar da prole. Que um homem gay não tem estrutura biológica para engravidar, isso é fato. Agora questionar sua habilidade de ser o referencial parental é outra história...

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  8. Prezado participante anônimo,

    Lúcidos e racionais são os seus comentários. Respeito o seu posicionamento e antecipo-me em dizer que o meu objetivo com o uso da internet é mesmo promover uma discussão saudável.

    Em outros momentos de minha vida, já fui homofóbico, já alimentei repulsas quanto aos homossexuais, além de preconceitos religiosos. Hoje, porém, tento compreender a situação sem levar em conta dogmas da religião ou da sociedade. E pelo que pôde perceber, o foco da minha preocupação está sendo o bem estar do menor.

    As colocações do Altamirando, com toda a sua crítica ácida, não seriam totalmente descartáveis. Tanto homossexuais quanto quaisquer outros pais podem encarar o filho como "um cãozinho de estimação". Mães, por exemplo, gostam de engravidar através de uma produção independente para terem um bonequinho vivo. E o mesmo equívoco podem cometer casais homossexuais. Por que não?

    No caso concreto em comento, quem sou eu para julgar os dois pais sobre suas motivações para terem a Maria Tereza?! Acredito até que a atitude deles deve ter sido bem refletida e que possam ter sentido a necessidade de amarem uma nova vida e não somente como consumidores de uma experiência. De qualquer modo, questiono por que a mãe de aluguel resolveu tomar remédios para que, dentro de um mês, deixasse de produzir leite? Seria isto correto?

    Agora respondendo à pergunta do nosso participante anônimo:


    "se fosse vc que não pudesse ter filhos biológicos de forma natural, se vc tivesse a chance de ter um filho por fetilização e não tivesse nenhuma vontade de adotar, vc se contentaria em não ter filhos?"

    Bem, neste caso, como a resposta exige um posicionamento subjetivo, não fique perplexo se eu levar em conta valores religiosos.

    Primeiro é que não concordaria que meu esperma fosse colhido através de um ato que ocasione a ejaculação em um recipiente que não seja o órgão genital feminino. Neste ponto ainda sou bem tradicional quanto ao meu modo de viver, mesmo sem ficar dizendo aos outros que atos sexuais deste ou daquele jeito seriam pecaminosos.

    Segundo é que não aceitaria ter uma mãe de aluguel e concordar que a criança venha a perder todos os vínculos com a mulher que a gerou. E sei também que, se o vínculo não for cortado, existiria a possibilidade de que, no futuro, conflitos venham a existir entre minha esposa e a mãe de alguel além dos problemas psicológicos de uma criança que vive dentro de uma sociedade onde o comum é ter um pai e uma mãe. Então, não quero de maneira alguma brincar com os sentimentos dela.

    Finalmente, compartilho que, por mais que eu respeite os direitos dos homossexuais, ainda tenho como pecaminoso um homem transar com outro, despertando em mim um sentimento de repulsa que tenho tentado trabalhar. Um homem dormir com outro homem é algo que não se encaixa nos padrões bíblicos, ainda que hoje eu busque incluir gays e héteros dentro da comunidade de Cristo e tente compreender o fato de existir animais homossexuais. Só que ainda não entrou em minha cabeça de que seja algo benéfico para o comportamento social a ponto de eu concluir se devo sair por aí abençoando uniões homoafetivas na qualidade de pastor como se fosse celebrar um casamento. Pode até ser que amanhã mude de ideia porque tenho considerações que medito acerca da homossexualidade já que, se eu sentiria repulsa em tansar com outro homem, não posso condenar um gay ou uma lésbica por não ter vontade de se relacionar com gente do sexo oporto.

    Enfim, quero evoluir e não estagnar. Mas eu não mudo meus conceitos de uma hora pra outra. Não modifico a minha maneira de pensar para agradar tendências dentro da sociedade que ganham espaços na mídia e muito menos para ficar concordando com a visão conservadora dos religiosos. E, quando penso no interesse da criança, vejo que a nossa reflexão ainda não se encontra suficientemente madura para permitirmos que o modo de reprodução da sociedade seja tão radicalmente alterado, havendo ainda inúmeros pontos de grande relevância para serem esclarecidos.

    Um abraço a todos!

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    1. Parabénz Rodrigo, você acabou dando um coice de porco na homossexualidade, na adoção homoafetiva e na reprodução anti natural. Eu não sou tão polido mas conjugo o mesmo verbo.

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    2. Parabénz Rodrigo, você acabou dando um coice de porco na homossexualidade, na adoção homoafetiva e na reprodução anti natural. Eu não sou tão polido mas conjugo o mesmo verbo.

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  9. Olá, Altamirando.

    Acho que a causa GLBT quanto á defesa dos direitos humanos destas minorias é certamente válida.

    No entanto, os excessos não podem passar pelo sensor da razoabilidade.

    Esta ideia de produção independente parece-me um dos maiores absurdos e que transforma a criança num objeto de consumo.

    Quase tão ruim quanto a reprodução independente, parece-me a ideia de colocarem no mundo uma menina sem mãe em que o vínculo com a mulher geradora, por algum motivo desconhecido, foi rompido após um mês do nascimento.

    Enfim, a reprodução humana não pode ser conduzida ao livre sabor dos consumidores das tecnologias genéticas...

    Nada especificamente contra os homossexuais.

    Abraços.

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