Embora as unidades de pronto-atendimento (UPA) criadas pelo governo Sérgio Cabral sejam elogiadas como se funcionassem satisfatoriamente bem, eis que a realidade dos fatos é bem diferente do marketing oficial financiado com o dinheiro público.
Que o atendimento melhorou para casos simples tipo uma crise de vesícula, uma gripe ou um ferimento leve, certamente não podemos negar. Porém, se o problema for grave e surge a necessidade de transferir com urgência o paciente para algum hospital devidamente estruturado, aí a UPA não passa de uma ilusão eleitoreira.
Através de uma central de regulação, as UPAs e os hospitais encontram-se articulados no Rio de Janeiro. Tudo poderia funcionar muito bem, caso o sistema correspondesse. Pois, sempre que há a necessidade de remoção de um paciente para algum hospital, esbarra-se no crônico problema de indisponibilidade dos leitos hospitalares e na falta de ambulâncias.
Nesta segunda-feira (05/03/2012), minha avó materna, Sra. Marisa de Albuquerque, precisou ser internada na UPA da Tijuca, situada na Praça Sans Peña, Zona Norte do Rio. Ela chegou à unidade apresentando um quadro preocupante de anemia profunda e pneumonia nos dois pulmões, além de constipação intestinal e duas bolas (caroços?) estranhas na cabeça. Segundo os médicos de lá, vovó está precisando urgente de uma transfusão de sangue.
Contudo, um procedimento como a transfusão de sangue só pode ser feito em outra unidade de saúde melhor estruturada do que as UPAs a exemplo do Hospital Pedro Ernesto, situado no bairro vizinho de Vila Isabel. Só que aí a remoção do paciente fica na dependência de haver vaga disponível no nosocômio de destino, bem como de haver ambulância para poder conduzir a pessoa enferma.
Ocorre que, assim como a minha avó materna, também existem inúmeros outros idosos neste ente federativo vivendo situações semelhantes. Muitos deles até morrem na própria emergência da UPA por falta de tratamento adequado, o que é algo inaceitável num estado riquíssimo como o Rio de Janeiro que nada nos royalties do petróleo. Só que mesmo com tanto dinheiro, nosso governo oferece serviços de saúde de péssima qualidade com hospitais caindo aos pedaços.
Diante de casos como este, indago até quando o povo vai ficar votando em políticos como Sérgio Cabral, Eduardo Paes e Garotinho? Pois enquanto o dinheiro público está sendo muito mal gasto com a caríssima reforma do Maracanã, que custa centenas de milhões de reais, a ambulância da UPA da Tijuca encontra-se quebrada e estacionada dentro daquela unidade.
Ora, falando em Copa de 2014 e também nos jogos olímpicos de 2016, pergunto onde ficará a máscara dos políticos que governam o Rio de Janeiro se turistas estrangeiros passarem mal, morrerem pelos corredores de algum hospital público e isto vier a ser noticiado no exterior?
Sei que, no momento, tem muitos podres sendo colocados por debaixo dos panos. Mas quando passar 2014, a oposição do novo Congresso eleito certamente vai pedir a instauração de uma CPI da Copa. E motivos para escândalos não vão faltar!
Meus amigos, acho lamentável a situação daquela que é chamada de Cidade Maravilhosa. Espero, entretanto, que algum dia a nossa sociedade fique consciente de que sua saúde não vai nada bem e se mobilize em prol desta relevante causa. Não apenas aprendendo a votar, mas também fiscalizando o ano inteiro os atos de seus governantes eleitos.
OBS: A foto acima foi extraída do site da Fiocruz na internet, em http://www.ensp.fiocruz.br/radis/revista-radis/83/reportagens/
Igual ao SUS (SISTEMA ÚNICO DE SOFRIMENTO). A saúde no Brasil anda ruim das pernas...
ResponderExcluirDo jeito que os cruzeiros estão ficando insalubres, e com certeza teremos muitos por aqui, na época da copa, onde colocaremos os possíveis pacientes deles, sem contar com os nossos doentes que já estão espalhados pelos corredores dos hopitais, em cima de macas duras e frias?
ResponderExcluirTemos que contar com a imprevisibilidade no caso de grandes eventos como a copa e as olimpíadas. Nunca sabemos o que pode acontecer! E com o governo irresponsável que temos ficaremos na expectativa, e com o terço na mão, pé de coelho, sei lá o quê...
ResponderExcluirOlá, amigos.
ResponderExcluirObrigado pela mensagem de vocês.
Estou buscando providências junto à Ouvidoria da Secretaria de Saúde e outros meios cabíveis para resolver a situação particular de minha avó.
Na verdade, ela foi internada na UPA há mais tempo, desde 05/03/2012, não em 06/03. E já corrigi esta in formação no texto, tendo também acrescentado a declaração que o médico me deu hoje sobre o seu estado e a necessidade de transfusão de sangue.
Peço que orem por ela pois minha avó hoje à tarde estava muito caidinha, conforme pude constatar na visita das 15 às 16 horas.
Saúde e paz pra todos vocês!
Em tempo!
ResponderExcluirOntem à noite, consegui, através de decisão judicial, durante o plantão noturno do Tribunal, que minha avó fosse removida da UPA. A Central de Vagas colocou-a no Hospital Municipal Ronaldo Gazzola, em Acari. Segue o trecho da ordem judicial:
"Tratam os autos de Ação de Obrigação de Fazer, com pedido de tutela antecipada, movida por MARISA DE ALBUQUERQUE, representado por seu neto Rodrigo Phanardzis Ancora da Luz. É o breve relatório. Passo a decidir fundamentadamente Defiro gratuidade de Justiça ante a evidente hipossuficiência econômica da parte autora, atestada pela Defensoria Pública. Nomeio Curadora Especial o neto da autora, MARISA DE ALBUQUERQUE, na forma do art. 9º, I do CPC, posto que os elementos dos autos evidenciam que a parte autora, internada para tratamento de saúde, está sem representante legal. A parte autora comprova estar internada com diagnóstico de Dor torácica atípica associada a parada de gases e fezes, demência senil, necessitando de hemotransfusão. O Município e o Estado, entes federativos integrantes do Sistema Único de Saúde, são devedores do tratamento médico de que necessita a parte autora, na forma dos arts. 196 e 198, parágrafo único da CF/88. A jurisprudência é uníssona neste sentido. A questão se aquilata em razão da idade da parte autora, que é idosa, e portanto, merece proteção especial do Estado. Diante disso, presentes as condições do art. 273 do C.P.C., especialmente o risco de dano irreparável na demora do provimento jurisdicional, e sendo verossimilhantes as alegações da parte autora, defiro a antecipação dos efeitos da tutela pleiteada para DETERMINAR aos réus que PROMOVAM A IMEDIATA REMOÇÃO da parte autora em UTI móvel avançada, para internação em Hospital com Suporte para Serviço de Hemotransfusão em um dos Hospitais da Rede Pública Municipal ou Estadual, adequado para a sua recuperação.. Inexistindo vagas na rede pública de saúde DETERMINO que a parte autora seja internada em qualquer hospital da rede privada, arcando os réus com todos os custos do tratamento, bem como cirurgias, exames e outros procedimentos necessários, sob pena de multa diária no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Intime-se à Central de Vagas. Após, à livre distribuição. Rio de Janeiro, 09 de março de 2012. - 20:00 h." (decisão proferida pelo Juioz de Direito Dr. GUSTAVO HENRIQUE NASCIMENTO SILVA nos autos do processo n.º 0076799-62.2012.8.19.0001)
Lamentavelmente, o sistema público de saúde só funciona em determinados casos na base da paulada mediante ordem judicial. Porém, antes sendo desta maneira do que deixar a pessoa morrendo.
Agora minha avó está precisando de doações de sangue que podem ser feitas em seu favor no HERORIO, na Rua Frei Caneca, n.º 08, Centro do Rio de Janeiro, no horário entre 7:00 e 18:00 horas.
Abraços.
Amigo, obrigado pela publicação da decisão. Muito me ajudou em caso semelhante de familiar (3 anos de idade) com dengue hemorrágica que não foi devidamente atendido na UPA. Não diagnosticaram a doença, somente tendo assim ocorrido em hospital particular. Ocorre que a conta do hospital já passa de 25.000,00, pois não há contrato com seguradora de saúde. Era deixar morrer ou peitar o sistema para que a criança fosse atendida. Agora, quero ver como vai ser para pagar a conta. Ao menos a decisão publicada deu uma luz no fim do túnel. Valeu. Pais desempregados e de vida simples.
ExcluirOlá!
ExcluirFico feliz que meus escritos aqui na internet estejam ajudando pessoas.
Importante buscarmos todos os meios para salvar uma vida. Seu esforço é válido! Deve, por enquanto, focar na cura do seu filho. Quando tudo estiver mais calmo, procure a Defensoria Pública e tome as devidas providências contra Estado e Município. Eles é que terão que pagar a conta do hospital, no meu entender, porque não disponibilizaram um serviço adequado para atender o cidadão. Afinal, você só procurou a rede privada porque o SUS não funcionou corretamente.
Recentemente, foi publicada no Diário Oficial a Lei Federal n.º 12.653, que torna crime a exigência de qualquer garantia financeira, como cheque caução, para atendimento de emergência em hospitais particular. A lei, de autoria dos ministérios da Saúde e da Justiça, estabelece pena de prisão de três meses a um ano, além de multa, aos responsáveis por estabelecer exigência de cheque caução, nota promissória ou qualquer garantia, inclusive o prévio preenchimento de formulários administrativos, como requisitos para o atendimento médico-hospitalar emergencial. Se a negativa de atendimento ocasionar lesão corporal de natureza grave a pena é dobrada, já em caso de morte é triplicada. De acordo com o texto, os hospitais particulares ficam obrigados a colocar cartaz, ou equivalente em local visível, informando que “constitui crime a exigência de cheque caução, de nota promissória ou de qualquer garantia, bem como do preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial, nos termos do Artigo 135-A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal”.
Enfim, é com as pessoas lutando pelos seus direitos, reivindicando que o artigo 196 da Constituição Federal deixa de ser letra morta para ter efeito no nosso cotidiano.
Abraços e melhoras pro seu filho.
Rodrigo, estimo melhoras para sua avó.
ResponderExcluirA saúde pública no Brasil é uma vergonha. No Rio então, um Estado tão rico como você comentou, é inadmissível. As UPAs foi uma boa iniciativa, um bom projeto. Elas são específicas para emergências médias, mas tem muita gente em estado muito grave sendo levados para lá e isso complica ainda mais a situação pois tal paciente terá que ser removido para um hospital.
Mas ainda assim, os hospitais tanto da prefeitura como do Estado ou Federais, deixam muito a desejar. Com esses grandes eventos se aproximando, a situação é preocupante.
E o que está saindo de dinheiro pelos ralos da corrupção nos projetos da copa não está no gibi. O chute na bunda foi bem dado pela Fifa à organização da copa que até agora, não cumpriu nada do que tinha que cumprir.
Obrigado pela mensagem, Edu!
ResponderExcluirNo momento, tenho buscado acompanhar durante umas poucas horas do dia o sofrimento de minha avó internada no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari. E confesso que não está nada fácil a situação dela. Está faltando fechar o diagnóstico e já não é mais possível covnersar direito com ela.
Tendo sido ela fiel por anos à IURD, agora ela está lá sem o apoio fraterno desta seita, tornando-se um anti-marketing do Gézuiz curandeiro dos (in)vangélicos. Membros da igreja chegaram a me dar aquela indireta de que a situação de doença dela teria sido porque vovó, nos últimos anos, trocou a IURD do bispo Pedir Mais Cedo pela IMPD do "apóstolo" Valdomiro. E, na IMPD, certamente querem mais é abafar o caso de que uma irmã dizimista fiel está morrendo num hospital.
Nestas horas, restam só mesmo pessoas verdadeiramente próximas e gente de alma boa sem nenhuma vinculação religiosa-institucional que, eventualmente, dá algum apoio. Tem até uma pessoa da igreja dela que a ajudou bastante, tirando parte de seu tempo para auxiliar a família a dar banho nela quando vovó ainda estava em casa. Mas os pastores dessas seitas não estão nem aí. O negócio deles é tirar a grana das pessoas e alimentar ilusões que, em momentos como este, aumentam mais ainda o sofrmento do doente.
Atualmente, já sem poder conversar com ela, ouço tão somente gemidos de dor, palavras sobre morte (não sei se ela quer morrer ou se sente medo da morte). Cheguei a oivi-la pedir socorro a Jesus e também aos seus falecidos pais. Porém, o Gezuiz das seitas neopentecostais nada faz nestas horas. Apenas pede o dízimo das pessoas e as ameaça com um inferno abrasador...
Em tempo!
ResponderExcluirMelhor seria para o Brasil que não tivéssemos a tal da Copa do Mundo e as Olimpíadas. Mas acredito que a máscara dos nossos políticos corruptos e safados vai cair por causa desses eventos. Os holofotes da mídia inernacional não estarão apenas em cima dos jogadores e demais esportistas. A pobreza, o descaso que acontece diariamente nos hospitais e o transporte coletivo urbano lotado com gente andando igual sardinha nos vagões do Metrô.
Este ano mesmo teremos a conferência RIO+20, duas décadas após a ECO-92, e que será aqui na Cidade Maravilhosa. E como não acredito que o mundo se acabará em 2012, quem viver verá a mídia internacional mostrando nossos rios ainda poluídos de esgoto, a Amazônia sendo queimada, o aumento das emissões de CO² pela indústria brasileira, mais áreas do nosso litoral ocupadas pela especulação imobiliária e problemas sociais causando a degradação do meio ambiente.
Abraços.
Bom dia, Rodrigo!
ResponderExcluirSou Assessora de Imprensa do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla e gostaria de ficar a disposição da família para solucionar qualquer problema que, porventura, possa ocorrer em nossa unidade.
Meu email de contato é imprensa@gpstotal.com.br
Fernanda Freitas
Olá, Fernanda.
ResponderExcluirSeja bem vinda ao meu blogue!
Quero antes de mais nada agradecê-la pelo seu contato e já estou entrando em contato contigo pelo email que indicou, encaminhando minhas demandas em relação ao estado de saúde de minha avó e também questões de interesse coletivo que talvez eu venha a abordar de maneira mais ampla aqui no blogue, dentre as quais od direitos de acompanhamento do paciente nos hospitais, a regularidade das visitas de familiares e amigos, etc.
Participe sempre que desejar quanto às minhas postagens nesta página na internet e fico no aguardo de um retorno seu (rodrigoluz@yahoo.com).
Abraços.
SERÁ QUE ESTE É O MOMENTO DE BRIGAR OU DE PRESTAR ASSISTÊNCIA?
ResponderExcluir"MOMENTO DE BRIGAR OU DE PRESTAR ASSISTÊNCIA?"
ResponderExcluirMomento de brigar o necessário para que a assistência possa ocorrer suficientemente já que o sistema de saúde é injusto é desumano.
É também momento de não perder o foco na briga quando o objetivo é remover obstáculos para que a assistência possa ser prestada a um paciente enfermo que necessita tanto do apoio das pessoas como de cuidados médicos.