Neste 1º de março, o Rio de Janeiro está completando 447 anos, desde a sua fundação em 1565 por Estácio de Sá.
A criação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro certamente não teve uma origem pacífica. Segundo se sabe pela nossa sangrenta História, os portugueses exterminaram os índios tamoios que viviam na região da baía da Guanabara e também expulsaram os comerciantes franceses instalados por aqui desde 1555. Os tamoios, nome que significa “os velhos, os idosos, os anciãos” formavam um dos mais tradicionais povos do grupo dos tupinambás e não se sujeitaram à escravidão para trabalharem na cultura da cana-de-açúcar dentro dos engenhos.
Após o grande massacre ocorrido na segunda metade do século XVI, o povoamento português desenvolveu-se no extinto Morro do Castelo. Ali, os antigos cariocas viveram confinados numa cidadela murada e fortificada. Construíram no local a Igreja de São Sebastião, a qual veio a se tornar a primeira catedral da cidade, permanecendo durante muitos séculos até à época da reforma urbana do Rio na primeira metade do século XX.
Considerado pelo então prefeito Carlos César de Oliveira Sampaio como sendo “um espaço proletário, repleto de velhos casarões e cortiços no centro da cidade”, as autoridades brasileiras da década de 1920 simplesmente resolveram desmontar o Morro do Castelo. Muitos entendiam que o local também inviabilizava o crescimento da cidade, obstruindo a circulação dos ventos e o livre escoamento de água, como se o meio ambiente tivesse que se adaptar ao homem e não o contrário.
Algumas décadas se passaram e a região central do Rio de Janeiro também tornou-se um lugar desvalorizado, sujo e morto. Morar junto às praias da Zona Sul virou um símbolo de status para o carioca. De preferência se fosse fora das águas da Guanabara em lugares de mar aberto como Copacabana, Ipanema e, finalmente, a Barra da Tijuca. E esta tendência de depreciação manteve-se até o final dos anos 90, quando ideias de revitalização dos antigos espaços foram ganhando receptividade na sociedade.
Eu diria que, nestes últimos tempos, o carioca tem passado a correr atrás do que foi perdido e procurado resgatar a sua identidade. Aos poucos a preservação de ruas, praças, parques, árvores, rios e construções antigas começa a ser despertada. Na alma de cada cidadão vai brotando o desejo pela paz, por não consentir que uma parte da geografia urbana continue sob a opressão do regime dos comandos do tráfico ou das milícias, fazendo com que todas as classes sociais estejam unidas com um propósito idêntico neste sentido.
Creio que há muito por ser feito ainda no Rio e isto não depende só dos nossos governantes, mas também da iniciativa do cidadão. É preciso que as pessoas estejam dispostas a lutar pela qualidade de vida e busquem não segregar, mas sim as comunidades carentes por meio de projetos sociais entre bairros vizinhos. Para tanto é preciso desfazermos dentro de nós aquele muro erguido desde a época do início da cidade lá no Morro do Castelo para separar os cariocas dos tupinambás, afim de que pobres e ricos consigam viver em harmonia desfrutando do mesmo ambiente.
Que o nosso quadro negativo possa se reverter!
Parabéns, Rio!
OBS: A ilustração acima, Estudo para Panorama do Rio de Janeiro, refere-se ao quadro do pintor catarinense Victor Meirelles de Lima (1832-1903) no qual se tem uma vista panorâmica do extinto Morro do Castelo. Acredita-se que a obra foi feita por volta de 1885 e se encontra no Museu Nacional de Belas Artes, situado no Rio de Janeiro. Quanto à foto ao lado, refere-se ao célebre artista brasileiro, o qual era especializado em pintura histórica.
Warum haben wir die derzeitige gefährliche Situation erreicht?
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Leonardo Boff Es ist eine Binsenweisheit, dass
wir uns im Zentrum einer großen Zivilisationskrise befinden. Sie ist nicht
region...
Há 19 horas
Rodrigão, com tantos projetos em mente e sensibilidade para perceber o contexto, porque não candidatar-se a um cargo público nas próximas eleições? Taí uma dica!
ResponderExcluirBrother, eu não me iludo mais com o sistema. Sei que, se estivesse lá, talvez faria muito menos do que aqui fora. Principalmente se eu chegar ao poder comprometido. Confesso que já tive esta ilusão até que um dia, imaginando-me já ocupando o cargo, concluí que seria o primeiro a decepcionar-me comigo mesmo. Ali meus defeitos ficariam ainda mais expostos. Por outro lado, compreendo que não podemos fugir das nossas responsabilidades em relação ao coletivo.
ResponderExcluirAs próximas eleições, depois das que devem ocorrer neste ano, serão em 2014. Uns três meses após ter acabado a Copa, os cariocas vão decidir se quererm a reeleição da Dilma, bem como quem vai substitui Cabral e os seus senadores, deputados estaduais e federais. E aí confesso que não seriam eleições pra mim ainda. Se alguém quer ingressar na carreira política, talvez o melhor seja começar concorrendo para vereador e antes desenvolver um trabalho comunitário em associação de moradores, ONG, órgãos públicos, empresa, etc. Sou contra jogadores de futebol e gente que nunca trabalhou pela sociedade querer cargos políticos.
Mas te agradeço pelo incentivo, Franklin.
Abração.