A parábola do Joio e do Trigo (Mateus 13.24-30), assim como a do Semeador (Mt 13.3-9; Mc 4.3-9; Lc 8.5-8) são as únicas em que a interpretação é dada através das palavras de Jesus constantes no texto bíblico. Porém, no que se refere à alegoria do joio, há um detalhe curioso que não é explicado no Evangelho.
“Jesus lhes contou outra parábola, dizendo: 'O Reino dos céus é como um homem que semeou boa semente em seu campo. Mas enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e se foi. Quando o trigo brotou e formou espigas, o joio também apareceu. Os servos do dono do campo dirigiram-se a ele e disseram: 'O senhor não semeou boa semente em seu campo? Então,d e onde veio o joio?' 'Um inimigo fez isso', respondeu ele. Os servos lhe perguntaram: 'O senhor quer que o tiremos?' Ele respondeu: 'Não, porque, ao tirar o joio, vocês poderiam arrancar com ele o trigo. Deixem que cresçam juntos até a colheita. Então direi aos encarregadores da colheira: Juntem primeiro o joio e amarrem-no em feixes para ser queimado; depois juntem o trigo e guardem-no no meu celeiro'”. (Mt 13.24-30; Nova Versão Internacional – NVI) – destaquei
Ao dar a interpretação da parábola aos seus discípulos (ler Mt 13.36-43), Jesus revela-lhes que: o “semeador” é ele mesmo (o “Filho do Homem”); o “campo” é o mundo; a “boa semente” (o trigo) corresponde ao “filhos do Reino” (os justos); o “joio” aos “filhos do Maligno” (os ímpios); o “inimigo” é o diabo; a “colheita” representa o fim do mundo; e os ceifadores os anjos. Então, a conclusão da história é explicada pelo castigo dos ímpios e salvação dos justos no julgamento final.
Acontece que nada é esclarecido diretamente no texto do Evangelho acerca da proibição dos servos do Semeador quanto à proposta de arrancarem o joio do campo cultivado. A tarefa da separação das duas espécies vegetais é deixada apenas para os ceifadores e no final da colheita.
Mas, afinal, por que o joio não pode ser arrancado antes da colheita? E qual seria o(s) motivo(s) de relevância espiritual da advertência dada por Jesus?
Posso dizer que este ponto de alta indagação nas Escrituras desperta em mim um certo grau de interesse para reflexões pessoais.
Como se sabe, o joio (cizânia) é uma erva daninha que, a princípio, parece muito com o trigo. As raízes de ambas as espécies chegam a se entrelaçar na terra e, apenas no momento da colheita, é que os ceifeiros terão condições de fazer a necessária distinção entre as duas para finalmente lançar o joio no fogo separando o trigo para o consumo.
Meditando sobre a parábola, tenho a impressão de que o plano astuto do inimigo em semear o joio no campo de trigo teve por objetivo justamente tentar os servos do semeador induzindo-os a danificar a lavoura. Pois estes, ao perceberem o joio misturado na plantação, propõem ao senhor arrancar a erva daninha antes do tempo da colheita, o que coloca em risco a sobrevivência dos pés de trigo comprometendo o sucesso do cultivo.
Ora, como saberemos qual é o joio e onde estará o trigo? Ou melhor, quem é “filho do Reino” ou “do Maligno” já que todos estamos vivendo um processo de formação e crescimento espiritual? Sem dúvida que julgamentos deste tipo não competem a nós, servos e plantação do Semeador, pois, do contrário, poderemos cometer as maiores injustiças contra os nossos irmãos.
Segundo Joe M. Kapolyo, teólogo batista zambiano e mestre em exegese do Novo Testamento pela Universidade de Aberdeen (Escócia), devemos ser bem cautelosos nas atitudes que tomamos na espera do cumprimento dos propósitos divinos, ensinando que:
“Sempre haverá joio na plantação. Além disso, às vezes é muito difícil distinguir entre os que fazem parte do reino e os que não fazem. Portanto, não devemos ser precipitados em julgar, pois podemos errar e danificar a boa semente. É preciso exercitar a paciência e a precaução até que Deus, o único juiz, finalmente decida encerrar a história e fazer a distinção final entre os que são dele e os que não são”. (Comentário Bíblico Africano – CBA, pág. 1165)
Recordo-me que o pastor da igreja onde congrego, o teólogo Robson Rodrigues, já pregou que a recomendação para que o joio não seja arrancado pelos servos do Semeador é para que se torne trigo. E, quanto a esta interessante visão da parábola, encontrei também um texto do monsenhor Jonas Abib, extraído do volume dois de seu livro “O Pão da Palavra”, cujo trecho pertinente à alegoria de Jesus foi publicado na internet sob o título “Só o Senhor pode transformar joio em trigo”:
“O mais lindo é que aquele que é joio pode se tornar trigo. Bendito seja o Senhor! Enquanto este mundo for mundo, é possível esta transformação: o joio pode tornar-se trigo. Só o Senhor pode fazer com que isso aconteça. É por isso que Ele vai se delongando e deixando que o tempo passe, para que aquele que é joio se torne trigo. O Senhor quer converter a todos. Se em sua vida ainda há muito joio é tempo de se deixar transformar pelo Senhor. Você não pode ficar apontando o dedo para os outros e dizer: “Este é o joio; aquele é joio”. Não, pois ainda é tempo de serem convertidos.”
(http://www.cancaonova.com/portal/canais/pejonas/informativos.php?id=2134)
Está claro para mim que os servos do Semeador, justamente por não saberem distinguir com certeza entre o joio e o trigo, devem concentrar-se em ações construtivas que, no contexto da parábola, seria cuidar da lavoura, agindo sem preconceitos ou discriminação. E esta tarefa de certo modo assemelha-se com a Parábola da Rede onde o pescador não se ocupa em selecionar previamente no mar os bons dos ruins, mas sim em procurar peixes na água:
“O Reino dos céus é ainda como uma rede que é lançada ao mar e apanha toda sorte de peixes. Quando está cheia, os pescadores a puxam para a praia. Então se assentam e juntam os peixes bons em cestos, mas jogam fora os ruins. Assim acontecerá no fim desta era. Os anjos virão, separarão os perversos dos justos e lançarão aqueles na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes”. (Mt 13.47-50; NVI)
Assim, podemos dizer que Jesus nos chama para sermos “pescadores de homens” e cuidarmos com amor de seu campo cultivado, colaborando com o crescimento espiritual das pessoas afim de que elas se tornem a “boa semente” de trigo e fiquem prontas para o tão aguardado dia da colheita - a volta do nosso Senhor.
Oremos pela conversão dos nossos semelhantes, não nos esquecendo que também somos plantação de Cristo, o que envolve um permanente processo de transformação do joio em trigo existente na vida de cada um.
“Jesus lhes contou outra parábola, dizendo: 'O Reino dos céus é como um homem que semeou boa semente em seu campo. Mas enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e se foi. Quando o trigo brotou e formou espigas, o joio também apareceu. Os servos do dono do campo dirigiram-se a ele e disseram: 'O senhor não semeou boa semente em seu campo? Então,d e onde veio o joio?' 'Um inimigo fez isso', respondeu ele. Os servos lhe perguntaram: 'O senhor quer que o tiremos?' Ele respondeu: 'Não, porque, ao tirar o joio, vocês poderiam arrancar com ele o trigo. Deixem que cresçam juntos até a colheita. Então direi aos encarregadores da colheira: Juntem primeiro o joio e amarrem-no em feixes para ser queimado; depois juntem o trigo e guardem-no no meu celeiro'”. (Mt 13.24-30; Nova Versão Internacional – NVI) – destaquei
Ao dar a interpretação da parábola aos seus discípulos (ler Mt 13.36-43), Jesus revela-lhes que: o “semeador” é ele mesmo (o “Filho do Homem”); o “campo” é o mundo; a “boa semente” (o trigo) corresponde ao “filhos do Reino” (os justos); o “joio” aos “filhos do Maligno” (os ímpios); o “inimigo” é o diabo; a “colheita” representa o fim do mundo; e os ceifadores os anjos. Então, a conclusão da história é explicada pelo castigo dos ímpios e salvação dos justos no julgamento final.
Acontece que nada é esclarecido diretamente no texto do Evangelho acerca da proibição dos servos do Semeador quanto à proposta de arrancarem o joio do campo cultivado. A tarefa da separação das duas espécies vegetais é deixada apenas para os ceifadores e no final da colheita.
Mas, afinal, por que o joio não pode ser arrancado antes da colheita? E qual seria o(s) motivo(s) de relevância espiritual da advertência dada por Jesus?
Posso dizer que este ponto de alta indagação nas Escrituras desperta em mim um certo grau de interesse para reflexões pessoais.
Como se sabe, o joio (cizânia) é uma erva daninha que, a princípio, parece muito com o trigo. As raízes de ambas as espécies chegam a se entrelaçar na terra e, apenas no momento da colheita, é que os ceifeiros terão condições de fazer a necessária distinção entre as duas para finalmente lançar o joio no fogo separando o trigo para o consumo.
Meditando sobre a parábola, tenho a impressão de que o plano astuto do inimigo em semear o joio no campo de trigo teve por objetivo justamente tentar os servos do semeador induzindo-os a danificar a lavoura. Pois estes, ao perceberem o joio misturado na plantação, propõem ao senhor arrancar a erva daninha antes do tempo da colheita, o que coloca em risco a sobrevivência dos pés de trigo comprometendo o sucesso do cultivo.
Ora, como saberemos qual é o joio e onde estará o trigo? Ou melhor, quem é “filho do Reino” ou “do Maligno” já que todos estamos vivendo um processo de formação e crescimento espiritual? Sem dúvida que julgamentos deste tipo não competem a nós, servos e plantação do Semeador, pois, do contrário, poderemos cometer as maiores injustiças contra os nossos irmãos.
Segundo Joe M. Kapolyo, teólogo batista zambiano e mestre em exegese do Novo Testamento pela Universidade de Aberdeen (Escócia), devemos ser bem cautelosos nas atitudes que tomamos na espera do cumprimento dos propósitos divinos, ensinando que:
“Sempre haverá joio na plantação. Além disso, às vezes é muito difícil distinguir entre os que fazem parte do reino e os que não fazem. Portanto, não devemos ser precipitados em julgar, pois podemos errar e danificar a boa semente. É preciso exercitar a paciência e a precaução até que Deus, o único juiz, finalmente decida encerrar a história e fazer a distinção final entre os que são dele e os que não são”. (Comentário Bíblico Africano – CBA, pág. 1165)
Recordo-me que o pastor da igreja onde congrego, o teólogo Robson Rodrigues, já pregou que a recomendação para que o joio não seja arrancado pelos servos do Semeador é para que se torne trigo. E, quanto a esta interessante visão da parábola, encontrei também um texto do monsenhor Jonas Abib, extraído do volume dois de seu livro “O Pão da Palavra”, cujo trecho pertinente à alegoria de Jesus foi publicado na internet sob o título “Só o Senhor pode transformar joio em trigo”:
“O mais lindo é que aquele que é joio pode se tornar trigo. Bendito seja o Senhor! Enquanto este mundo for mundo, é possível esta transformação: o joio pode tornar-se trigo. Só o Senhor pode fazer com que isso aconteça. É por isso que Ele vai se delongando e deixando que o tempo passe, para que aquele que é joio se torne trigo. O Senhor quer converter a todos. Se em sua vida ainda há muito joio é tempo de se deixar transformar pelo Senhor. Você não pode ficar apontando o dedo para os outros e dizer: “Este é o joio; aquele é joio”. Não, pois ainda é tempo de serem convertidos.”
(http://www.cancaonova.com/portal/canais/pejonas/informativos.php?id=2134)
Está claro para mim que os servos do Semeador, justamente por não saberem distinguir com certeza entre o joio e o trigo, devem concentrar-se em ações construtivas que, no contexto da parábola, seria cuidar da lavoura, agindo sem preconceitos ou discriminação. E esta tarefa de certo modo assemelha-se com a Parábola da Rede onde o pescador não se ocupa em selecionar previamente no mar os bons dos ruins, mas sim em procurar peixes na água:
“O Reino dos céus é ainda como uma rede que é lançada ao mar e apanha toda sorte de peixes. Quando está cheia, os pescadores a puxam para a praia. Então se assentam e juntam os peixes bons em cestos, mas jogam fora os ruins. Assim acontecerá no fim desta era. Os anjos virão, separarão os perversos dos justos e lançarão aqueles na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes”. (Mt 13.47-50; NVI)
Assim, podemos dizer que Jesus nos chama para sermos “pescadores de homens” e cuidarmos com amor de seu campo cultivado, colaborando com o crescimento espiritual das pessoas afim de que elas se tornem a “boa semente” de trigo e fiquem prontas para o tão aguardado dia da colheita - a volta do nosso Senhor.
Oremos pela conversão dos nossos semelhantes, não nos esquecendo que também somos plantação de Cristo, o que envolve um permanente processo de transformação do joio em trigo existente na vida de cada um.
OBS: a foto foi extraída do site da Embrapa, em http://www.cnpso.embrapa.br/index.php?op_page=376&cod_pai=1
Caro amigo Rodrigo
ResponderExcluirAo ler o teu profundo texto, lembrei-me de um ensaio postado por mim em fevereiro de 2008, em que fiz uma analogia dessa parábola com os meus tempos de crente fundamentalista, quando pensava que meu roçado era só de trigo.(rsrs).
Coincidentemente, a foto do topo é a mesma que você colocou no cabeçalho do seu ensaio.
Querendo dar uma conferida, ai vai o link:
http://www.genizahvirtual.com/2010/09/quando-sou-joio-e-quando-sou-trigo.html
Amigo Levi,
ResponderExcluirObrigado pela indicação do artigo.
Compartilho que um outro ponto de vista sobre a parábola não abordado em meu texto está na compreensão de que nossas vidas não é feita só trigo, mas também de joio, visto que não é apenas a boa semente de Jesus que nos influencia. Logo, devemos ter a consciência das duas tendências opostas que interagem conosco.
Quero ler o que escreveu!
Mais uma vez, obrigado por participar e contribua sempre que desejar.
Abraços.
Joio será sempre joio!
ResponderExcluirAos nossos olhos míopes, em que não podemos saber com certeza qual é o joio e o trigo, penso que, aparentemente, uma espécie pode transformar-se na outra. Já aos olhos de Deus, que inscreveu os nomes dos filhos do Reino antes da fundação do mundo, tal visão do Eterno foi vedada aos simples mortais. É neste sentido que compreendo as sábias palavras do Pe. Jonas. Abraços.
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