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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A reencarnação e a graça divina

Recordo-me que, nos meus tempos de adolescente, aprendi na igreja que a crença na reencarnação seria uma negação da cruz de Cristo e uma mentira diabólica para as pessoas irem para o "inferno". Ensinaram-me que pelo fato dos espíritas acreditarem ser preciso renascer outras vezes num corpo físico estariam eles rejeitando a salvação proposta por Deus através da graça. Esta, conforme me diziam, só seria alcançada mediante a aceitação do sacrifício substitutivo de Jesus acompanhada de um arrependimento sincero de pecados mais uma confissão pública de fé, a qual então se confirmaria pelo batismo nas águas e por atos condizentes com uma vida regenerada.

Com o passar do tempo, vim a compreender que tinha uma visão muito empobrecida da graça de Deus. Questões sobre como se "salvariam" aqueles aos quais jamais foi anunciado o Evangelho de Cristo (ou da Igreja) permaneciam em aberto. Também em relação aos israelitas que viveram antes de Jesus nascer pairava outra dúvida já que eles desconheciam o salvador e tinham uma concepção messiânica distinta do que consta na doutrina baseada no cânon oficial do Novo Testamento.

Ora, mas será que Deus seria capaz de mandar a alma de uma pessoa para o "inferno", destinando-a a sofrer eternamente, só porque ela não escutou o discurso salvífico de um crente ou deixou de compreender a mensagem que lhe foi pregada a ponto de ir à frente da congregação quando o pastor fez o apelo no fim do culto? Que divindade sádica e injusta seria esta inventada pelos cristãos fundamentalistas que condenaria a própria criação pra assar num lago de chamas?!

Felizmente a própria vida e a realidade complexa das coisas vieram a me ensinar sobre o quanto a graça divina é rica para com todos, indo muito além da nossa compreensão restrita. Pois tal graça opera independentemente da ação ministerial daqueles que se consideram portadores das boas notícias salvíficas e alcança a todos os seres na condição em que cada um se encontra. E aí pouco importam as nossas convicções pessoais sobre a Divindade ou qual o conjunto de crenças de cada indivíduo.

Neste sentido, hoje admito não só a salvação dos reencarnacionistas como também penso que eles estão debaixo da cobertura da graça de Deus. Nem mesmo aqueles que seguem a corrente científica da conscienciologia fundada pelo médico Waldo Vieira e que negam a religião, baseando-se em estudos sobre o parapsiquismo e aplicando às suas pesquisas aquilo que chamam de "princípio da descrença".

Admitindo como mera hipótese a reencarnação, apenas para fins de raciocínio e reflexões, pergunto se, neste caso, uma Inteligência Superior não estaria por trás de todo o sistema existencial crido pelos espíritas e outras inúmeras tradições religiosas do planeta? Pois, se as pessoas normalmente nascem, crescem, reproduzem, envelhecem, morrem e depois retornariam renascendo em outro corpo, quem estaria regendo todo este ciclo acima da vontade pessoal de cada um? Como conceber a existência de um sistema que seria anterior ao homem sem admitir a existência de Deus?

Outrossim, por mais que muitos tentem negar, eu vejo a operação da graça dentro da visão reencarnacionista e que jamais seria anulada pelo carma. Porque mesmo que a consciência desencarnada precise retornar à Terra para poder evoluir, tentar reparar o mal que fez ao outro na vida passada ou então simplesmente compreender mais um pouco sobre si mesma, estaria a graça ausente? E aí, se pensarmos bem, Deus, na visão de muitos espíritas, torna-se até mais gracioso do que nas palavras arrogantes de certos pastores evangélicos que tentam fazer do Evangelho uma coação baseando-se em partes da Bíblia para que seus ouvintes "aceitem Jesus":

"Céu ou inferno? Onde você vai querer passar o resto da eternidade?"

Todavia, tenho uma questão que vai contra o que a maioria dos evangélicos fala e também em relação ao que vários espíritas dizem de outra maneira. Entre estes, há quem afirme ser a Terra um lugar de sofrimentos, pelo que nós estaríamos aqui porque precisaríamos sofrer o carma de vidas passadas. E, por sua vez, tem predominado no meio evangélico a noção de que o mundo em breve vai acabar e só nos restaria esperar por uma nova Terra. Só que eu sou radicalmente contra estes pensamentos pois são concepções que não buscam considerar o lado bom da vida aqui no presente e projetam a felicidade humana para um momento futuro.

É nessas horas que o Evangelho do Reino de Deus cai como uma luva para as nossas necessidades verdadeiras afim de convocar a humanidade inteira para que transforme a triste realidade na qual ela se encontra hoje. O Evangelho que considera a graça nos seus múltiplos aspectos busca é dialogar com cada religião e cultura diferente afim de instigar uma transformação social unida à espiritualidade, confirmando aquela frase da criação que, com frequência, é repetida no capítulo um de Gênesis:

"Deus viu que isso era bom".

Para abraçar o Evangelho do Reino não é preciso tornar-se cristão e nem aceitar um conjunto de crenças religiosas. Até a Bíblia torna-se dispensável por mais que ela contenha valiosíssimos ensinamentos. Porque basta que o homem compreenda a importância de contribuir para a transformação do planeta e encontre dentro de si mesmo a paz, sabendo que é amado por Deus incondicionalmente, sem precisar dar nada em troca. Nem mesmo a sua fé Nele.

Concluindo, se existe reencarnação ou não, trata-se de um mistério que pouco deve nos importar. Por alguma razão maior a fisicalidade oculta do homem os caminhos pelos quais percorre a alma, ainda que alguns tenham suas experiências subjetivas do mundo espiritual por meio de fenômenos paranormais. Porém creio que basta a revelação da instrução divina para que a ponhamos em prática e assim estejamos bem aqui, sendo que é nesta vida que precisaremos tomar atitudes aprendendo a ser felizes em harmonia com o bem estar do próximo.

Que a graça de Deus seja com todos!


OBS: A ilustração usada neste artigo e que aparece em diversas páginas na internet eu a extraí do seguinte site http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/reencarnar.htm

16 comentários:

  1. Rodrigão, vc é um herege que muito admiro pela sensatez...

    "...visão muito empobrecida da graça de Deus". CREIO QUE ESSA É A TÔNICA DA QUESTÃO!

    Ora, mas será que Deus seria capaz de mandar a alma de uma pessoa para o "inferno", destinando-a a sofrer eternamente, só porque ela não escutou o discurso salvífico de um crente ou deixou de compreender a mensagem que lhe foi pregada a ponto de ir à frente da congregação quando o pastor fez o apelo no fim do culto?

    EU CREIO PIAMENTE QUE NÃO!!!

    "COAÇÃO" (Marketing neurótico e terrorismo psicológico), mecanismos sem os quais a religião cristã não subsiste!

    "Até a Bíblia torna-se dispensável por mais que ela contenha valiosíssimos ensinamentos". ASSINO EM BAIXO!

    Limitar e cercear a Graça de Deus em construções teológicas e institucionais de um gueto: ISSO SIM QUE É HERESIA!!!

    Cara, precisamos criar um e-book com alguns textos seus selecionados e direcionados à UNIVERSALIDADE DA GRAÇA! Pensa nisso!!!

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  2. Seguir seus instintos è facil, o dificil è seguir o Caminho Estreito da Cruz, renunciar seu proprio Ego, e seguir o Caminho da renuncia de seus proprios interreses...
    Jesus nunca ensinou reencarnaçao, mas a purificaçao de pecados pelo Seu Sangue na Cruz...

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  3. Penso como voce. Eu tambem fui descobrindo ao decorrer da minha vida que religião é uma coisa e espiritualidade é outra... E vamos continuando NESTA VIDA, pensando, fazendo, escrevendo o que de melhor há. Sejamos felizes em harmonia com o próximo e com o Universo. Abraço de Luz Rodrigo!

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  4. Caro Franklin,

    Gostei desta definição que colocou para coação.

    Tá apoiada a ideia do livro virtual!

    Vamos ao e-book.

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  5. Prezado(a) participante anônimo(a),

    Por que não se identificou?

    Concordo sobre "seguir o Caminho Estreito da Cruz, renunciar seu proprio Ego, e seguir o Caminho da renuncia de seus proprios interreses". Isto tem tudo a ver com a importância de elevarmos o nível da nossa consciência.

    No entanto, é debaixo da pedagogia da graça que o homem consegue por em prática um padrão elevado de espiritualidade. Jamais sob a coação de que "não serei salvo", "estou afastando-me do Nirvana" ou "precisarei retornar aqui outras vezes".

    Concordo que não há nenhum ensino expresso de Jesus nos evangelhos sobre reencarnação. Quando um espírita cita João 3 para justificar a doutrina que segue com base na ideia do "novo nascimento", eu logo o questiono. Porém, o Evangelho de João não fala de um amor tão universal assim e aí deixo muitos católicos, evangélicos e espíritas confusos. Talvez a parte dos evangelhos que melhor serviria para argumentar em favor da reencarnação seria a respeito da volta de Elias como João Batista, mas ainda assim não me parece claro que o autor estivesse falando neste sentido.

    Sendo assim, simplesmente prefiro não queimar meus neurônios em debater se reencarnação tem base bíblica ou não. Nestas horas, reporto-me a Deuteronômio 29.29 que assim diz:

    "As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei." (ARA)

    A respeito de alguém seguir seus instintos é uma coisa, mas buscar dentro de si a direção do Espírito de Deus torna-se bem diferente. E aí digo que, se não buscarmos dentro de nós o direcionamento, corremos o risco de idolatrar livros sagrados e sermos mortos pela letra ao invés de vivificados pela Palavra. Esta não é aquilo que está escrito. Ela está em todo o Universo e fala ao nosso coração.

    Paz!

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  6. Carmen,

    Concordo com você!

    Deve-se distinguir a religião da espiritualidade.

    Muita luz pra você também, querida, e seja bem vinda ao meu blogue.

    Abração!

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  7. Em tempo!

    Só acrescentando sobre o que coloquei acerca da diferença entre seguir nossos instintos e ouvir a voz do Espírito de Deus, trago aqui estas sábias palavras atribuídas a Buda:


    “Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque esta escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o.”


    Um bom descanso a todos com bastante graça e muita paz!

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Rodrigo, eu assim como vc tinha esse pensamento de que trata-se de uma doutrina diabólica, mas quando não conhecemos algo, criamos muitas resistências, mas basta ler um pouco, questionar um pouco para ver que nem tudo que nos dizem é a verdade. Assim como a doutrina evangélica o espiritismo tem muitas coisas boas,coerentes e outras nem tanto. De qualquer forma, eu me sinto muito confortada com a filosofia dessa religião, embora nunca tenha vivenciado a religião na prática.
    A reencarnação é graciosa também pois nos fala de um Deus que não se fecha para nós assim que morremos. Ela não rejeita Jesus, ela permite que Jesus e sua mensagem seja aceita em qualquer momento de nossa existência, nessa ou em uma outra que venhamos a trilhar, afinal Deus é Deus dos vivos e dos mortos.
    Gostei de sua postagem. Um grande abraço! Fica com Deus.

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  10. Gostei de mais do seu texto Rodrigo. Claro que ele despensa qualquer complemento. Mas o comentário da Mari trouxe ainda mais luz ao propósito estabelecido por você.

    Abraços. Bom fim de semana!

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  11. Rodrigo,

    sua tese da Graça que tudo envolve e atraí é libertadora. Mas como vocês já sabem, eu sou praticamente um agnóstico. Não o sou tecnicamente pois acredito que toda a realidade está imersa numa REALIDADE maior, que cria e transforma o universo desde sempre e não tenho problema em nomear tal Realidade de Deus ou de Uno.

    Acho toda a tese espírita da reencarnação(que de fato é bem anterior ao espiritismo) furada. Assim como acho furada a crença de que Jesus morreu para nos libertar dos nossos pecados, coisa que ele jamais explicou nos evangelhos.

    Mas ao mesmo tempo, sou fascinado pelo poder humano em construir essas relações de crenças para explicar o desconhecido. Mas para mim, em minha prática de vida, o Desconhecido não se explica, exatamente por ser, desconhecido.

    Admiro a tradição de Jesus, a sua espiritualidade e paixão como caminho existencial, mas os dogmas da cristandade(e de qualquer religião) não me servem, apesar de frequentemente, escrever sobre eles sem procurar refutá-las a ferro e fogo.

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  12. Prezados Mariani e Donizete,

    Antes de mais nada, muito obrigado pela participação de vocês.

    Não sou um reencarnacionista, mas também não ignoro esta hipótese, assim como considero hipotético que, depois de nossa morte física, venhamos a ser unidos com o Todo Universal, considerando, neste caso, que seríamos apenas manifestações da Vida, embora como uma consciência.

    "e o pó volte à terra, como o era, e o espírito (ruah volte a Deus, que o deu" (Eclesiastes 12.7; ARA)

    De qualquer modo, concordo com nossa amiga quando ela diz:

    "A reencarnação é graciosa também pois nos fala de um Deus que não se fecha para nós assim que morremos. Ela não rejeita Jesus, ela permite que Jesus e sua mensagem seja aceita em qualquer momento de nossa existência, nessa ou em uma outra que venhamos a trilhar, afinal Deus é Deus dos vivos e dos mortos."

    Por sua vez fico feliz pelo fato de que a Mariani esteja analisando a reencarnação e a doutrina espírita sem envolver-se religiosamente. Pois esta é a vantagem que vejo nos espiritualistas em relação aos espíritas.

    Em meu artigo, citei o Dr. Waldo Vieira e posso dizer que, mesmo não estando afinado com os estudos dele sobre reencarnação e parapsiquismo, muito tenho aprendido no que diz respeito à cosmoética e pela maneira madura, sem dogmas, como a conscienciologia tem abordado inúmeras questões à luz de uma visão científica e não religiosa.

    Abraços.

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  13. Caro Edu, meu confrade "quase agnóstico", (rsrsrs)

    A maneira como falou de sua crença (ou descrença) lembrou-me Leonardo Boff. Este precioso pensador da Teologia da Libertação muitas vezes refere-se a Deus como sendo a Suprema Realidade.

    Contudo, quando você fala em Realidade Maior, eu às vezes penso numa Vida Maior. Então, se analisarmos bem, podemos estar dizendo coisas com palavras um pouco distintas e pontos de vista também.

    Quanto à crença de que "Jesus morreu para nos libertar dos nossos pecados", mesmo que tenha sido desenvolvida pela Igreja, e com base nos textos epistulares, além do Evangelho de João, mas não havendo clareza nos sinóticos, eu confesso que aprecio tal visão.

    Acho um fundamentalismo pobre o grosso da cristandade considerar literalmente que, durante a crucificação de Jesus, Deus estava transferindo todos os pecados da humanidade para o Seu Filho, fazendo com que ele cumprisse a nossa pena. Pois pra mim, isto seria mais uma figura, um simbolismo da inesgotável graça do Criador. Graça esta que já estava liberada antes da criação do mundo porque a bondade do Eterno sempre existiu e nos envolveu.

    Sendo assim, quando o cristão crê que Deus enviou Seu Filho amado ao mundo parar morrer pelos nossos pecados, ou que Deus tenha se tornado homem através da encarnação de Jesus, eu vejo nisto um forte símbolo da graça. Como se Deus tivesse punido em sua própria carne a pena do pecado ou, em outras palavras, anulado a nossa culpa (culpa criada por nós mesmos?).

    É certo que, em outras tradições do monoteísmo abraâmico, o sacrifício de Jesus não é facilmente aceita. Para os judeus em geral, torna-se questionável um Deus que não aceitou o filho de Abraão como oferenda ter permitido que o Seu próprio Filho morresse. E, quanto aos muçulmanos, eles entendem que a benevolência de Allah não teria permitido que Jesus sofresse a pena de morte, pelo que, segundo o Corão, um outro malfeitor teria sido crucificado em seu lugar.

    De qualquer modo, para que possamos apreciar as imagens e o simbolismo de cada religião, precisamos aprender a praticar a transcendência cultural. Precisamos deixar de lado a nossa própria visão de mundo para buscar compreender como o outro vê a realidade. E aí, nós que viemos do meio cristão evangélico e passamos a questionar a doutrina eclesiástica, não podemos permitir que agora todos aqueles ensinamentos que aprendemos na EBD percam o seu "sabor". E, igualmente, precisamos ser cautelosos para que os resquícios da doutrinação do passado nos impeçam hoje de degustarmos as coisas das outras religiões, as quais antes demonizávamos.

    Deste modo, pergunto se realmente a reencarnação e o sacrifício de Jesus seriam teses "furadas"? Pois digo que nada é furado. Nem mesmo a ideia de que Jesus seja Deus encarnado que é rejeitada pelos espíritas, testemunhas de Jeová, muçulmanos e, principalmente, os judeus. Porém, digo que a natureza divina de Jesus é para mim algo que ensina a existência do Divino na minha vida e de todos os seres humanos. E, se, segundo Paulo, Deus estava reconciliando o mundo consigo em Jesus, isto me mostra que é em mim, ou em cada um, que a reconciliação com Deus precisa ser feita (ou aceita) pelo despertar da natureza divina já presente em nós.

    Portanto, livres de dogmas, vale a pena apreciarmos todas as construções.

    Paz!

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  14. Em tempo!

    Mesmo eu vendo hoje a crença no sacrifício substitutivo de Cristo mais como um símbolo da graça do que um acontecimento literalmente histórico, minha nova cocnepção não me impede de participar da Santa Ceia quando estou reunido com meus irmãos evangélicos em alguma igreja. Celebro-a conforme o discernimento que faço do corpo e do sangue, apesar de ter minhas divergências sobre a maneira como lidam com as crenças.

    Valeu!

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  15. Rodrigo faço das palavras da Mariana lima as minhas, não preciso dizer mais nada, a não ser pedir meus irmãos evangélicos que se quiserem criticar estão livres para isso mas, leiam estudem não falem só porque todos falam e acima de tudo respeitem a todos.muito bom rodrigo.por laerciomr.

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  16. Caro amigo,

    Seja bem vindo ao meu blogue!

    Geralmente os evangélicos repelem de imediato a ideia da reencarnação com base numa interpretação feita da epístola aos Hebreus que assim diz:

    "E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação." (Hb 9.27-28; ARA)

    A leitura desta passagem feita pela doutrina cristã ortodoxa, tanto católica quanto protestante, busca excluir a hipótese da reencarnação. Contudo, eu tenho pra mim que o autor não estava a discutir este tema. Foi uma metáfora ocasional, baseada no fato de que, nesta dimensão existencial apenas morremos uma só vez, o sacrifício de Cristo foi único e suficiente. Enfim, dizer que estes versículos rejeitam em definitivo a ideia reencarnacionista seria tão equivocado quanto alguns espíritas alegarem que Jesus estivesse defendendo a reencarnação quando falou do "novo nascimento" a Nicodemos.

    Pra mim, a reencarnação é tão somente uma hipótese. Eu não a absolutizo e nem a rejeito. Muito menos penso que ela seria incompatível com o perdão que podemos compreender pelo sacrifício de Cristo na cruz, conforme defendem muitos evangélicos mais fundamentalistas. E, considerando a hipótese reencarnacionista para fins de construção de um raciocínio, eu não diria que o fato de uma consciência retornar à terra nascendo em outro corpo signifique castigo ou pagamento de supostos pecados cometidos em vidas passadas. Pra mim, a fisicalidade é boa e eventos como a morte e o sofrimento devem ser vistos com naturalidade como partes integrantes da existência do Universo.

    A meu ver, a morte de Jesus na cruz foi a integração de toda a realidade que era vista de maneira deturpada por muitos de seus contemporâneos. Na concepção teológica da época, o homem morria por causa de um pecado cometido. Mas se Jesus sofreu e morreu, suportando a infâmia de um criminoso, sendo ele um homem justo, estava então desfeita a teologia de que apenas os maus sofrem. E, com isto, já não há mais morte. Poeticamente falando, Jesus tirou de Satanás as chaves da morte e do inferno. É o rompimento da visão dualista e, com isto, os dias do diabo chegaram ao fim, sendo que a "atuação deste ser maligno no mundo" deve-se apenas ao fato das pessoas ainda darem prosseguimento a um dualismo segregador.

    Diferente de Platão, não sou um dualista. Logo, considero a fisicalidade e qualquer encarnação algo muito bom, pelo que agradeço a Deus pela vida, mesmo que ela seja reflita aquela minha idealização pessoal de como deveria ser o mundo.

    Abraços e participe sempre que desejar com seus comentários.

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