Josué até então não voltara a sentir admiração pela sua mãe Maria Aparecida cujo nome de guerra era Lolita.
O NASCIMENTO DE JOSUÉ
Ora, o nascimento de Josué foi assim...
Tendo Maria perdido a virgindade aos 12 com um poderoso fazendeiro da região, ela foi expulsa da cidade por seu pai e também pelo padre local afim de que não restassem vestígios dos pecados cometidos pelo coronel. Ninguém acreditou na versão de abuso sexual contada pela pobre menina. O delegado não a ouviu considerando “fantasioso” o relato e talvez este tenha sido o principal motivo pelo qual uma cafetina da capital da província a levou, atendendo uma sugestão do prefeito nas horas em que a criança ainda vagava aos prantos pela estrada com sua boneca na mão. Sua “mãe” nada fez.
Sob os cuidados da nova “mãe”, Lolita foi instruída na arte de seduzir e de satisfazer homens. Em pouco tempo, virou a principal atração do bordel. Dentro de um ano, passando de braço em braço, tornou-se a preferida de um influente deputado. E, tendo dele engravidado, apesar de todos os cuidados, mandaram-na abortar porque o homem era casado e muito bem respeitado.
Amedrontada e desejando proteger a vida que no ventre carregava, a desaparecida Maria decidiu pegar carona com José, um amigo caminhoneiro e frequentador de outras meninas menos procuradas da casa, as quais vieram festejar sua fuga para terem de volta a clientela. Então, com cinco dias e meio de viagem, Aparecida chegou ao Rio de Janeiro, cidade onde jamais imaginava conhecer.
Vivendo agora numa favela e morando num barraco de madeira de frente para a imagem do Cristo Redentor com os seus braços sempre abertos, Lolita não se sentiu amada e respeitada pelo motorista que viera a se tornar o seu primeiro e último companheiro. Depois de ser agredida, ameaçada e várias vezes humilhada, já que faltavam vagas para ela nos orfanatos da Igreja, a adolescente procurou abrigo na casa de encontros da dona Ivete, sua terceira “mãe”. Ali, no meio de meretrizes profissionais e de travestis nasceu Josué.
A INFÂNCIA DE JOSUÉ
Mesmo sendo mãe muito nova, antes dos 15, Maria resolveu não seguir os conselhos das amigas sobre dar o filho para outra família criar. Muitos eram os meninos e meninas que, naquela época, serviam de mão-de-obra quase que escrava para a gente rica dos subúrbios carioca. Aparecida, contudo, decidiu não seguir os caminhos de seus pais e fez de tudo para cuidar do filho, omitindo sempre dele e de todos a verdadeira identidade do seu inescrupuloso pai.
Com o dinheiro que Lolita ganhava no bordel, ela sustentou Josué dando-lhe roupas, comida e remédios. Porém, quatro anos depois do menino entrar na escola, cuja mensalidade lhe custava mais do que a das outras crianças, Maria Aparecida foi demitida da casa onde trabalhava pela sua terceira “mãe” sem nenhum direito trabalhista. Um acidente no rosto tornava de pouco valor uma puta com 24 anos e ela não quis tentar a sorte com outras prostitutas no mangue para atender os clientes pobres sem adequadas condições de higiene.
Apesar de tudo, o menino sempre foi amado e querido pela sua mãe, ainda que nenhum afeto fosse capaz de superar as dores causadas pela discriminação de ser o filho de uma meretriz. Desempregada e sem nenhuma instrução, Maria retornou para a favela com Josué onde alugou outro barraco de madeira sem água encanada. Graças à indicação de uma vizinha idosa, dona do terreno onde estava construída sua residência, Cida conseguiu trabalho sem carteira assinada num apartamento na Zona Sul e ela não teve outra alternativa senão deixar Josué em casa sem nada para fazer.
O BATISMO E O MINISTÉRIO DE JOSUÉ
Cansado de tomar banho de balde e desejando uma vida melhor e diferente de sua mãe, Josué aproximou-se do padre da igreja onde costumava jogar futebol com outros meninos da favela. E, tendo o sacerdote notado a inteligência e o interesse religioso do menino, batizou-o com água na cabeça em nome da Santíssima Trindade, persuadindo-o a ingressar num seminário católico.
Respeitando a vontade do filho, embora muito triste, Cida despediu-se de Josué fazendo um simples bolo de fubá com o dinheiro da passagem de ônibus do dia seguinte. Porém, o menino nada comeu visto que estava embriagado com os doces que o padre comprava para ele na padaria com parte das ofertas arrecadadas pela paróquia. Então, saindo de estômago vazio, mas com o coração cheio de orgulho, Josué fez as malas sem nem ao menos dar um beijo naquela que fora muito mais do que sua genitora, tendo acenado somente com o olhar.
A religião ainda iria azedar mais a relação entre o filho e a mãe. Aprendendo no seminário que o discípulo de Cristo deveria deixar a família para receber as recompensas de um suposto reino celestial, Josué resolveu cortar todos os laços com seu passado. Foi para Minas Gerais estudar sem dar nenhum aviso, tornando-se depois padre de uma cidadezinha interiorana, tão hipócrita quanto à terra semi-árida de Maria com suas grandes injustiças sociais.
Uma década e meia depois, Aparecida soube onde se encontrava o filho ao assistir uma notícia na TV do boteco onde então trabalhava. Vendeu metade das férias ao patrão e, com o adiantamento, embarcou num ônibus para o estado onde nascera Tiradentes, carregando no prato um outro bolo de fubá. Chegando ao destino, procurou por Josué, mas ele não a recebeu. Com arrogância, o padre mandou ao sacristão que despedisse sua mãe e a conduzisse até à rodoviária da cidade com um bilhete. No papel havia apenas uma citação bíblica do verso 35 do capítulo 3 do Evangelho de Marcos:
“Quem faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
Aquela dor causada no coração de Maria seria capaz de superar qualquer parto. Sentiu-se como a sua xará judia quando viu o corpo do filho morto na cruz pelos soldados romanos. Pois era como se Josué tivesse decidido morrer para ela, estando totalmente incapaz de reconhecer o amor materno.
Porém, ainda assim, Aparecida jamais desistiu de arrancar Josué do madeiro eclesiástico. Sempre que encontrava o grosseiro caminhoneiro que a trouxera para o Rio de Janeiro, pedia-lhe que enviasse notícias suas ao filho por intermédio de outros motoristas que viajavam pra Minas.
E assim o tempo passou. Mãe e filho, que não tinham tanta diferença de idade, envelheceram. Ela sempre lhe mandava recados sem respostas, os quais eram sempre transmitidos ao amoroso sacristão da paróquia, ou então por telefone para uma simpática freira, a qual havia dado o número para o caminhoneiro que viera a mando de Maria. Enquanto Josué levava uma vida asceta e amarga, averso a tudo o que lembrasse sexo e tentando se destacar no serviço da Igreja, Maria tentava se contentar em apenas saber que a saúde do fruto de seu ventre ia bem, passando a compreendê-lo melhor.
O DESPERTAMENTO DA PAIXÃO MATERNA DE JOSUÉ
Um certo dia, o padre Josué sentiu-se muito decepcionado com a religião e a nova mãe que escolhera – a Igreja. Um outro sacerdote da castidade duvidosa, por ser cantor bem popular, filho de uma família influente de Minas e amigo do bispo, foi promovido em seu lugar na hierarquia eclesiástica. Triste, Josué não se conformava pela desvalorização de seu trabalho duro nas paróquias mineiras já que fora preterido em razão do vergonhoso marketing religioso dos católicos na concorrência com os evangélicos pelo mercado de crentes. Surpreendido com a notícia, prostrou-se no altar com o templo de portas fechadas e ali ficou por horas.
Naquele mesmo instante, o telefone tocou. A jovem freira que lhe auxiliava atendeu e veio trazer a notícia ao padre. Era um recado sobre dona Aparecida que se encontrava gravemente acamada em sua casa na favela. Sua mensagem foi bem curta e dizia:
“Meu filho, se não puder me visitar, responda-me ao menos que sim ou que não e eu entenderei.”
Emudecido, Josué sentou-se nas escadas do altar e a madre, conhecendo a história secreta do sacerdote, apenas lhe disse:
- “Vá e cumpra o quinto mandamento honrando sua mãe. Creia que a Virgem vai se alegrar lá no céu ao lado do Senhor Jesus”.
Antes de escurecer, Josué foi para o Rio de Janeiro sem batina e dirigindo um automóvel do convento, chegando lá nas primeiras horas da manhã. Dona Aparecida com seus cabelos todos branquinhos e magérrima, estava em seu leito esperando o filho com um bolo de fubá sobre a mesa, feito desta vez com a ajuda da filha da vizinha. Josué entrou na casa e foi logo reconhecido pela mãe:
- “Meu filho, que bom você ter vindo! Coma uma fatia do bolo.”
- “Como soube de minha chegada, senhora?”
- “Uma amiga de Minas me contou. Sente-se e me dê um abraço.”
José beijou secamente sua mãe e esta segurou firme no braço do filho apesar da pouca força. Pelo intervalo de quase meia hora, ambos permaneceram mudos, olhando um pra cara do outro.
- “Estou morrendo, José.”
- “Não diga isto, senhora.”
- “Sinto que o meu momento é chegado e sou grata à vida por ter conseguido aguentar até você chegar.”
- “Não fale bobagens, senhora! Tenha um pingo de fé nesta hora em que lhe darei a extrema unção para que seja salva.”
- “Meu filho, por favor não faça isto comigo. Ao invés de rituais, falemos de coisas sinceras, reais e que tenham a ver com a nossa vida. Saiba que o meu amor por você sempre foi sincero”
- “Bem, senhora, já que é pra falarmos de coisas reais, então me diga olhando dentro de meus olhos contando quem é meu pai? Onde ele está?! Quero conhecer a verdade a meu respeito!”
- “Meu filho, se você ainda tem um pingo de caráter, certamente não gostará de saber quem foi seu pai e nenhum de seus avós. Nem do meu lado e muito menos do dele. E estão todos mortos e enterrados agora.”
- “Eu imploro, senhora. Diga-me quem foi este homem que sempre escondeu de mim! Era o caminhoneiro que te trouxe do Piauí ao Rio de Janeiro? Ou foram muitos os amantes que usufruíram de seu corpo sujo de pecados a ponto da senhora nem poder saber? Lamentavelmente a senhora só me decepcionou. Tenho vergonha de ter nascido de você!”
Com as emoções fora do controle por causa das duras palavras ditas pelo filho, Maria resolveu responder:
- “Seu pai, Josué, é o genitor deste político corrupto que hoje é sanador e candidato à Presidência do país, em primeiro nas pesquisas. Quando fomos apresentados, seu pai era deputado estadual e tinha mulher e filho. A família dele era de autoridades bem influentes no estado de onde vim. Quiseram que eu abortasse para não manchar o nome deles. Aí conheci o Zé e com ele fugi para o Rio...”
Nesta hora, Maria começou a tossir e a sentir falta de ar com sinais de que estava infartando. Josué gritou:
- “Minha mãe!”
- “Meu filho! Eu te amo e perdoo! Tenho orgulho porque veio até aqui e disse tudo o que pensava a meu respeito.”
Desesperado, José levantou-se e começou a pedir socorro aos vizinhos. Tentou ligar para o 192 do seu celular, mas o telefone estava fora de área por causa do relevo acidentado da favela que dificultava o sinal de pegar. E, impotente diante daquela situação, vendo-a dar seu último suspiro, não lhe restou outra opção a não ser voltar-se para a sua mãe a começar a beijá-la incessantemente.
- “Também te amo, mãezinha. Por favor, não vai!”
E assim mãe e filho despediram-se, tendo ainda muita coisa para ser dita de um para o outro. Maria Aparecida morreu.
A RESSURREIÇÃO ESPIRITUAL DE JOSUÉ
Ao velório de dona Maria Aparecida compareceram muito padres e religiosos para prestarem solidariedade a Josué. Inclusive autoridades eclesiásticas do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.
Desta vez, ao contrário das ocasiões anteriores, Josué não se envergonhou de sua mãe. Comeu a fatia do bolo de fubá que estava sobre a mesa junto com um copo de guaraná e pediu para que um frei amigo seu rezasse uma missa no dia seguinte antes do enterro, concedendo-lhe a palavra por uns instantes. Assim, Josué fez o seu último discurso como padre:
- “Conta uma lenda do Talmude babilônico que o nosso Senhor Jesus Cristo não teria sido concebido sobrenaturalmente, mas sim teria nascido por causa de um estupro. E procurando dar algum significado a esta crítica judaica ao cristianismo, fico imaginando os soldados romanos invadindo a pobre aldeia de Nazaré em que um deles teria violado o corpo de Maria contra a sua vontade. Depois disto, o homem saiu dali e se tornou senador de Roma ou procurador de alguma província...”
Furioso, o bispo olhou fulminantemente para Josué rangendo os dentes e ameaçando se levantar. Mesmo assim, percebendo a reprovação do seu superior, ele prosseguiu na fala:
- “Fico imaginando Maria sendo expulsa pelos pais, com o noivado rompido e tendo que fugir para o Egito afim de proteger o fruto de seu ventre daqueles que queriam tirar a vida do menino por razões morais ou políticas. E, sem José, fica evidente que não restaria outra alternativa para uma jovem judia daquela época senão prostituir-se pelas ruas de Alexandria...”
Indignado, o bispo interrompeu o padre Josué, acusando-o de blasfêmia e de insanidade. Depois, retiraram-se todos dali, permanecendo apenas o padre mais chegado a Josué e os amigos de Maria Aparecida que escutaram-no até o final em suas conclusões:
- “Meus irmãos. Apesar de não ser provada esta história do Talmude e a religião cristã não reconhecê-la, exceto se for para usá-la como confirmação da alegada existência de Jesus até hoje sem provas científicas, resolvi dar a ela um novo significado. Pois imaginemos que, por hipótese, esta tenha sido a versão verdadeira do nascimento de Jesus. Neste caso, é certo pensar que Maria perdeu a sua dignidade apenas porque deixou de ser virgem e precisou se prostituir para sustentar o filho? Pois hoje reconheço que a minha mãe foi uma guerreira tão combativa quanto as inúmeras Marias existentes neste nosso pobre país. E aí pouco me importa ou não se Maria concebeu Jesus sobrenaturalmente ou se foi virgem o resto da vida. Mas tem valor o fato de que ela sempre se preocupou com o bem estar do filho a ponto de impedi-lo de prosseguir em seu ministério que, certamente, só iria levá-lo à cruz, como nos contam os evangelistas. Por isso, hoje peço perdão aos céus por ter me envergonhado de minha mãe e me afastado de seu convívio até à velhice.”
Todos os convidados que permaneceram no velório aplaudiram de pé o discurso de Josué enquanto que os demais padres ficaram do lado de fora com o bispo discutindo o que fazer acerca daquele episódio escandaloso.
A ASCENSÃO DE JOSUÉ
Suspenso por tempo indeterminado de suas funções pela cúpula da Igreja Católica e proibido de pregar em público, Josué resolveu deixar o ministério religioso e ir morar no barraco onde sua mãe residia ao invés de apelar pro papa. Retornou à paróquia em Minas Gerais só para buscar os seus pertences, tendo nesta ocasião encontrado a freira e o sacristão muito tristes.
- “Irmão, iremos contigo pra favela”, disse a freira.
- “Mas eu estou deixando a igreja em definitivo, minha irmã.”
- “Não importa! Seguiremos a Cristo de um outra maneira sem sermos mais religiosos.”
- “E eu serei o seu discípulo”, complementou o sacristão.
Olhando para os dois com ternura, Josué lhes orientou:
- “Amigos, vocês ainda são jovens. Eu estou velho. Se estão dispostos a deixar a vida religiosa, retornem para seus pais. Cumpram a missão de vocês ao lado de seus familiares. Não se isolem da sociedade e procurem o casamento.”
- “José, eu quero casar com você”, declarou a freira.
- “Não faça isto, minha filha! Estou bem idoso e não posso te oferecer nada mais do que um relacionamento platônico. Neste caso você já tem um esposo melhor do que eu que é Jesus Cristo. Joguei fora o vigor da minha juventude trancando-me num seminário por não querer lidar com as minhas culpas, recalques, frustrações e transtornos emocionais. Agora vou seguir meu rumo e transmitir ao mundo as boas novas do esclarecimento e da inclusão social que só aprendi agora na velhice. Vão em paz e sigam a Deus no coração de vocês livres das amarras da religião! Aliás, os dois formariam um casal perfeito. Uma pena não poder contar o que este rapaz [o sacristão] falou-me sobre seus sinceros sentimentos no confessionário...”
Depois desta, o sacristão casou-se com a freira e ambos vieram a fundar uma ONG escola para educar crianças de condição humildade. Depois o ex-padre Josué veio a se juntar a eles no desenvolvimento de um projeto para a educação e conscientização de mulheres envolvidas com a prostituição através de aulas gratuitas de supletivo que eram lecionadas em horário especial. Todos os anos, era ele quem dava a palestra inaugural na abertura do novo período letivo, ensinando todos a viverem eticamente dentro da sociedade com ênfase na preservação da família.
Assim, Josué não foi abandonado na velhice, tendo ganhado uma nova família. Depois disto, ele ainda viveu por uma década, alcançando quase a idade de sua mãe ao desencarnar já que a diferença de idade não era tanta entre os dois.
OBS: A ilustração acima trata-se do célebre quadro La Nativité pintado pelo artista italiano Lorenzo il Vecchio Costa, o qual viveu entre 1460 e 1535. No caso, apaguei propositalmente a figura de José para tornar a imagem condizente com o texto. Informo que o material foi colhido atravé da Wikipédia, tratando-se de uma obra de domínio público e, portanto, livre de direitos autorais. Segue o endereço do site de onde extraí a gravura: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Nativit%C3%A9_de_Costa.jpg
Warum haben wir die derzeitige gefährliche Situation erreicht?
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Leonardo Boff Es ist eine Binsenweisheit, dass
wir uns im Zentrum einer großen Zivilisationskrise befinden. Sie ist nicht
region...
Há 22 horas
Bem aventuradas as prostitutas que precedem as "santas" no reino dos céus!
ResponderExcluirBem aventurados os Josés que honram as calças que vestem.
Bem aventurados os sacristãos que fazem do segredo alheio confissão para a própria vida.
Texto refinado Rodrigão. Impressões para a vida!
Fala aí, Franklin!
ResponderExcluirConcordo com o irmão.
Verdade é que a santidade está no interior, não numa vida baseada em regras aparentes de castidade, seja esta celibatária ou mesmo matrimonial.
Quem poderá jogar qualquer pedra numa mulher que para prover o sustento do filho precise vender o corpo nas esquinas, bares e boates de prostituição?
Hoje talvez a necessidade econômica seja até menor por causa dessas bolsas do governo. Porém, como sabemos bem, o apoio estatal ainda é pouco num país onde o custo de vida anda bem elevado.
Por mais que consideremos errada esta opção, nestas horas é preciso que a sociedade reflita sobre a sua parcela de responsabilidade quanto a situações deste tipo. E aí a conta dos pecados que a nação e as autoridades cometem é muito maior do que a conduta das mulheres que rodam bolsinha por aí. Aliás, acho que nem mesmo é possível imputar a elas a destruição de lares visto que são os homens quem as procuram espontaneamente.
Não concorda?
Abração!
Gostei, Rodrigo
ResponderExcluirVocê pintou um Josué tão humano, mas tão humano que ofuscou a história que os evangelhos contam a respeito do messias.
Mas eu vou ser meio atrevido em tentar advinhar seus pensamentos (rsrsrs):
Enquanto escrevia essa história, passou por sua cabeça algo como: Ah, como seria bom para acabar com a hipocrisia de muitos, se essa história tivesse como personagem principal, o JOSHUA (Jesus) ao invés do Josué? (rsrs)
Há vários pontos idênticos entre Josué e Jesus:
1.Líder de Israel
2.Ambos tinham uma missão de Paz
3.Josué convocou 12 homens
4.Jesus convocou 12 apóstolos
Caro Levi,
ResponderExcluirConfesso que esta minha história de ficção não chega nem aos pés dos evangelhos e ela nem existiria se não fossem os relatos bíblicos do Novo Testamento. Porém, não escondo que um dos meus objetivos é o de aproximar e de humanizar as ideias que fazemos sobre o Cristo.
Concordo com as semelhanças que apontou entre Josué, filho de Num, e Jesus, sendo que ambos, no hebraico, se chamam Yeshua. Assim, o Messias do cristianismo surge com o mesmo nome em grego do maior conquistador de Israel. E, inegavelmente, o nome é bem adequado para o Cristo. Não concorda?
De qualquer modo, muitos Yeshua existiram na Palestina dos séculos I e II e que, na certa, foram crucificados pelos romanos por não aceitarem a opressão estrangeira. Logo, um milênio e alguns séculos depois do Josué sucessor de Moisés, a salvação parece vir de alguém do povo ou quem sabe até do próprio povo. E vale lembrar que "salvar" corresponde ao significado das quatro letras hebraicas Yod, Shin, Vav e Ayin, as quais compõem o nome de Yeshua.
Fica no ar a indagação se, originalmente, a criação do arquétipo cristão, antes de ser apropriado pelos gregos, não teria surgido de um encorajamento dos primeiros seguidores para que o povo reconhecesse em si mesmo mesmo o seu papel messiânico com base na vida de um homem simples chamado Yeshua.
Abraços.