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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Que a tua luz brilhe!

A luz, criada no primeiro dia da criação, representa não apenas a claridade que vemos, mas também a luz de vida e alegria derramada sobre o universo. E este derramar de luz é mesmo um ato de bondade do Deus Eterno. É a base de toda a existência e que envolve todos os atos da poética narrativa bíblica caracterizando o hino de tradição sacerdotal que inicia o Bereshit (Gênesis).

Ainda dentro das Escrituras hebraicas, esta luz é também relacionada à Torá, vocábulo que não significa apenas o Pentateuco ou a "lei", mas sim a "instrução" e "orientação" divinas.

"Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho." (Salmo 119.105; ARC)

Tempos depois, Jesus veio ao mundo nos ensinar que somos "luz do mundo". Ele, o Filho do Homem, não só teria se declarado como luz do mundo, mas também disse que os demais homens também são luz:


"Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus."
(Mateus 5.14-16; ARC)


Pode-se dizer que a proposta de Jesus aqui seria corrigir a ocultação da luz, o que pode ser entendido como causa dos problemas da humanidade. Durante o célebre Sermão da Montanha, o Mestre sugere que tornemos exposta a nossa luz afim de que o seu brilho chegue até os lugares mais sombrios da Terra que são os corações dos homens distantes de Deus e imersos em conflito.

Curiosamente Jesus não estava falando de nenhuma luz que não fosse aquela que nós mesmos já contemos, mas que se encontra encapsulada e oculta no nosso íntimo. Logo, posso entender que o dito atribuído a Jesus no 1º Evangelho fala sobre o despertar das centelhas de bondade, aquela mesma luz divina derramada no começo da criação.

Neste sentido, podemos compreender que toda a desarmonia e "escuridão" existentes hoje no mundo seriam projeções de um conflito que há dentro de nós, visto que somos o foco de emanação e origem desse desequilíbrio. Um conflito que está latente em nosso inconsciente, mas que ignoramos e não tratamos.

Portanto, eis a chave para mudarmos o mundo: removermos o conflito de dentro de nós. Pois esta é a consciência que Jesus veio despertar em seus ouvintes no Sermão do Monte ou, do contrário, seremos cegos tentando conduzir outro cego.

A seguir, compartilho uma motivadora música do cantor Asaph Borba, Deixa tua luz brilhar, disponibilizada no Youtube pela Adorarnet.


OBS: Mensagem originalmente postada no blogue Café com Gente em 02/05/2011 sob o título "Que resplandeça a luz existente no teu interior!" - http://cafecomgente.blogspot.com/2011/05/que-resplandeca-luz-existente-no-teu.html

6 comentários:

  1. E aí Rodrigão, como vão os estudos?

    Olha, o problema é quando a mente religiosa faz a leitura reducionista desse texto tentando aplicá-la a comportamentalidade "vejam a vossa obra".

    Jesus deixa claro no sermão que essa iluminação deve ter seu reflexo a priori na vida do outro pois só assim ela se plenifica.

    Se não for assim ela ganha a característica de masturbação moral narcisista, ou seja, auto-satisfação que se vangloria no próprio desempenho.

    Pra fechar, não poderia escolher um cantor melhor, o Asaph é um cara sensato.

    Valeu meu mano!

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  2. rodrigo,

    me veio a mente conteúdos da cabala...rssss

    que "haja luz" em nosso ser. e como você bem disse, o haver aí é apenas acendê-la, pois ela já está lá.

    adorei ouvir de novo o asapf, fazia tempo que não o ouvia.

    abraços

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  3. Prezado Franklin.

    Concordo com suas observações de que não podemos fazer uma interpretação restrita às condutas praticadas e também estou de acordo que a plenificação se dá na vida do outro.

    Minha ideia a respeito da passagem é que já temos luz no nosso interior e que, quando nos desobstruímos internamente, tal chama irá se manifestar iluminando outras pessoas. Só que antes precisamos vencer uma guerra que há dentro de nós.

    Você perguntou sobre como vão meus estudos e aí posso te dar um bom exemplo disto a partir da arrumação que fiz no meu quarto onde fica o computador e a antiga cama de solteiro na qual dormia antes de me casar.

    Pois bem. Quando tomei a decisão de entrar no cursinho e me preparar para a prova do Tribunal de Justiça, promovi uma arrumação no local e aquilo me ajudou em outros aspectos da minha vida pessoal. Poir era como se eu tivesse arrumando a bagunça do meu interior também, muito embora as causas ainda estejam lá e precisem ser tratadas.

    De qualquer modo, chego à indagação se as coisas não acontecem simultaneamente? Digo, se a arrumação do exterior não acontece juntamente com a limpeza do interior? Ou se, quando me disponho a organizar o exterior, não estou também tratando do interior mesmo inconscientemente? Assim, não descarto a ideia de que somos também moldados pelas atitudes que tomamos, muito embora ninguém faça nada se antes não tomar uma decisão, a qual ocorre primeiro na esfera interna.

    Parece ambíguo e acho que tais pensamentos têm a v er com o que a carta de Tiago nos diz: "a fé sem obras é morta".

    Abraços.

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  4. Fala, Edu!

    Suas colocações foram bem interessantes e cabe aí uma boa questão:

    Será que Jesus foi influenciado pelo pensamento cabalista de seu tempo?

    Enquanto para boa parte dos evangélicos o cabalismo seja visto como algo diabólico e esotérico, eis que o judaísmo não tem preconceitos deste tipo. Por exemplo. Um rabino, quando estuda a Torá, ele tanto vai consultar o racionalista Maimônides (1135 ou 1137/1138 — 1204) como a cabalista Nachmânides (1194-1270), assim como outros exegetas de correntes diferentes. Com isto, muitos cristãos acabaram empobrecendo suas visões das Escrituras.

    Assim, prefiro admitir minhas fontes e não nego que o meu pensamento de hoje também analisa a Cabala, mesmo que eu venha a ser chamado de "herege" ou seguidor da "Nova Era" pelos fundamentalistas cristãos.

    Nossa luz já está lá. Deus SEMPRE esteve habitando o interior do nosso ser, antes mesmo de qualquer ato de conversão, ritual religioso, experiências consideradas "sobrenaturais" ou filiação a alguma instituição religiosa, corrente de pensamento filosófico, grupo de pessoas, etc. Logo, cabe a cada um deixar que sua luz brilhe, dar ouvidos à voz que clama dentro de nós, muitas vezes num tom bem suave, a qual o profeta Elias percebeu que não se achava no fogo e nem no vento ao se refugiar na caverna do Monte Horebe.

    Que a tua luz brilhe, meu irmão!

    Valeu!

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  5. Em tempo!

    Gosto muito do Asaph.

    Ele faz muita diferença nesses lamentáveis tempos de histeria gospel.

    Além de suas boas músicas, Asaph contribui com sua postura autenticamente missionária e que não segue este mercantilismo repugnante no qual muitos cantores e pregadores têm se perdido.

    Quando Asaph vei a Nova Friburgo (salvo engano uns 6 anos atrás), achei interessante ele ter compartilhado com o pessoal reunido na igreja sobre um louvor que compôs também em árabe (acho que é "Eu nasci para adorar").

    Não sei exatamente como foram as experiências dele no Egito, Jordânia e Israel. Tenho um vídeo que mostra o Asaph passeando pelas velhas ruínas de Jerusalém e outras paisagens da Palestina. Todavia, a impressão que tenho é que ele busca mais compartilhar do que chegar numa terra estranha e impor seu pensamento ou ideologia.

    Mas, de qualquer modo, música é música. E eu me identifico bastante com várias músicas do Asaph.

    Abração!

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  6. Jesus disse: "Assumi meu lugar no mundo e revelei-me a eles na carne. "Encontrei todos embriagados. Não encontrei nenhum sedento, e minha alma ficou aflita pelos filhos dos homens, porque estão cegos em seus corações e não têm visão. Pois vazios vieram ao mundo e vazios procuram deixar o mundo. Mas no momento eles estão embriagados. Quando superarem a embriaguez, então mudarão sua maneira de pensar." (Evangelho de Tomé 28)

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